“Naqueles dias,
Estêvão disse ao povo, aos anciãos e aos doutores da lei: 51 “Homens de cabeça dura,
insensíveis e incircuncisos de coração e ouvido! Vós sempre resististes ao
Espírito Santo e como vossos pais agiram, assim fazeis vós! 52 A qual dos profetas
vossos pais não perseguiram? Eles mataram aqueles que anunciavam a vinda do
Justo, do qual, agora, vós vos tornastes traidores e assassinos. 53 Vós recebestes a Lei, por
meio de anjos, e não a observastes!” 54
Ao ouvir essas palavras, eles ficaram enfurecidos e rangeram os
dentes contra Estêvão. 55Estêvão,
cheio do Espírito Santo, olhou para a céu e viu a glória de Deus e Jesus, de
pé, à direita de Deus. 56 E
disse: “Estou vendo o céu aberto, e o Filho do Homem, de pé, à direita de
Deus”. 57 Mas
eles, dando grandes gritos e, tapando os ouvidos, avançaram todos juntos contra
Estêvão; 58 arrastaram-no
para fora da cidade e começaram a apedrejá-lo. As testemunhas deixaram suas
vestes aos pés de um jovem, chamado Saulo. 59 Enquanto o apedrejavam, Estêvão clamou
dizendo: “Senhor Jesus, acolhe o meu espírito”. 60 Dobrando os joelhos, gritou com voz forte:
“Senhor, não os condenes por este pecado”. E, ao dizer isto, morreu. 8,1ª Saulo era um dos que
aprovavam a execução de Estêvão. (At
7,51-8,1a)
Como todas as manhãs, o Papa Francisco
celebrou a Missa na capela da Casa Santa Marta. A homilia do Pontífice foi
inspirada no martírio de Santo Estevão, narrado nos Atos dos Apóstolos. Francisco
comentou o caminho que levou o primeiro mártir da Igreja à morte. Também ele,
como Jesus, explicou o Papa, encontrou “o ciúme dos dirigentes que queriam”
eliminá-lo, sofrendo falsas acusações e juízos apressados. “Mas aquelas pessoas
não estavam tranquilas, não havia paz em seus corações. Havia ódio que foi
semeado pelo demônio.” Por outro lado, prosseguiu o Pontífice, Jesus já dizia
que é bem-aventurado aquele dá a sua vida por Ele. Eis porquê “o demônio não
pode ver a santidade de uma Igreja ou a santidade de uma pessoa sem causar
problemas. É o que aconteceu com Estevão, que morreu como Jesus, isto é,
perdoando. Martírio é a tradução da
palavra grega que significa também testemunho. E assim podemos dizer que, para
um cristão, o caminho é percorrer as pegadas desse testemunho, seguir o rastro
de Jesus para testemunhá-Lo e, muitas vezes, este testemunho acaba dando a
vida. Não se pode entender um cristão que não seja testemunha. Nós não somos
uma ‘religião’ de ideias, de pura teologia, de coisas belas, de mandamentos.
Não, nós somos um povo que segue Jesus Cristo e oferece testemunho. Depois
da morte de Estevão - lê-se nos Atos dos Apóstolos – “desencadeou-se uma grande perseguição contra a Igreja que estava em
Jerusalém”. Essas pessoas, observou Francisco, se sentiam fortes,
impulsionados pelo demônio. Assim, os cristãos se dispersaram pelas regiões da
Judeia e da Samaria. Mas a perseguição, comentou o Papa, fez com que essas
pessoas fossem para longe e explicassem o Evangelho, dando testemunho de Jesus.
Deste modo, teve início a missão da Igreja. Muitas pessoas se converteram
ouvindo os cristãos. Francisco citou um dos Pais da Igreja, que dizia: “O
sangue dos mártires é semente de cristãos”. Com o seu testemunho, pregam a fé: O testemunho, seja na vida cotidiana, com
algumas dificuldades, seja na perseguição, com a morte, é sempre fecundo. A
Igreja é fértil e mãe quando testemunha Jesus Cristo. Ao invés, quando a Igreja
se fecha em si mesma, acredita ser – digamos assim – uma ‘universidade da
religião’, com muitas boas ideias, belos templos, belos museus, mas que não
testemunha, se torna estéril. E o mesmo acontece com o cristão. Estevão,
prosseguiu o Papa, do“estava repleto Espírito Santo”. E advertiu que “não se
pode dar testemunho sem a presença do Espírito Santo em nós”. “Nos momentos
difíceis – quando devemos escolher a estrada correta, quando devemos dizer
‘não’ a tantas coisas que tentam nos seduzir – devemos recorrer ao Espírito
Santo, e Ele nos faz fortes para percorrer o caminho do testemunho”: E
hoje, pensando nesses esses dois ícones – Estevão, que morre, e os cristãos que
fogem da perseguição violenta– devemos nos questionar: como é o meu testemunho?
Sou um cristão testemunha de Jesus ou sou um simples numerário desta seita? Sou
fecundo porque dou testemunho, ou sou estéril porque não sou capaz de deixar
que o Espírito Santo me leve avante na minha vocação cristã?
Estela Márcia - adaptações
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