domingo, 25 de maio de 2014

CARDEAL LEONARDO SANDRI: presença do Papa Francisco na Terra Santa reforça presença cristã (23.05.2014)


O Prefeito da Congregação para as Igrejas Orientais, Cardeal Leonardo Sandri
 
Lembremos irmãos as palavras do Senhor na última terça-feira: “Naquele tempo, disse Jesus a seus discípulos: “Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou; mas não a dou como o mundo. Não se perturbe nem se intimide o vosso coração. Ouvistes que eu vos disse: ‘Vou, mas voltarei a vós’. Se me amásseis, ficaríeis alegres porque vou para o Pai, pois o Pai é maior do que eu. Disse-vos isto, agora, antes que aconteça, para que, quando acontecer, vós acrediteis.” (Jo 14,27-29)
Compreendamos com estreita atenção a entrevista feita com a participação do Cardeal Leonardo Sandri, Prefeito da Congregação para as Igrejas Orientais no Vaticano. É bastante esclarecedora.
 
A Terra Santa não é um conjunto de monumentos, mas um lugar em que as "pedras vivas" são os cristãos, aos quais Francisco dará nova coragem. Essa é a convicção do prefeito da Congregação para as Igrejas Orientais, Cardeal Leonardo Sandri, o qual, na vigília da chegada do Papa Francisco à terra de Jesus, reflete sobre o significado da peregrinação a partir do momento central, quando o Bispo de Roma abraçará o Patriarca ecumênico de Constantinopla, Bartolomeu I. Entrevistado pela Rádio Vaticano, eis o que disse o purpurado argentino:

Cardeal Leonardo Sandri:- "A peregrinação do Papa é muito, muito significativa para toda a Igreja, porque chama novamente ao compromisso incessante, duradouro, sempre, na Igreja – obviamente com mais insistência após o Concílio Vaticano II – em favor da unidade da Igreja e, em particular, da relação entre a Igreja Católica e as Igrejas ortodoxas. Portanto, se evocamos o encontro entre Paulo VI e Sua Santidade Atenágoras, veem à tona todos estes elementos, o caminho que se fez até aquele momento e o caminho que se fez depois até agora, em que Francisco, o Papa, encontra novamente o sucessor de Atenágoras, Sua Santidade Bartolomeu I. Portanto, será um momento de grande significado para avaliar o caminho feito e chamar novamente toda a Igreja ao compromisso e, diria, à obrigação de ouvir a voz de Jesus, "que todos sejam um", mas, em particular, entre a Igreja Católica e as Igrejas ortodoxas."

RV: O senhor é responsável pelo dicastério vaticano que se ocupa das Igrejas orientais: para elas, o que significa este novo abraço entre o Bispo de Roma e o Patriarca de Constantinopla?

Cardeal Leonardo Sandri:- "O encontro ecumênico entre o Papa Francisco e Sua Santidade Bartolomeu I se dá, para nós, para os católicos, no contexto de convivência contínua com os nossos irmãos ortodoxos na vida cotidiana da Terra Santa e dos países do Oriente Médio. Assim como os católicos devem viver uma dimensão que eu chamaria real, de vida cotidiana, em favor do diálogo inter-religioso – porque são eles que vivem lado a lado, por exemplo, com os muçulmanos em todos estes países e, portanto, devem passar das declarações teóricas à convivência cotidiana –, do mesmo modo, há essa convivência cotidiana com nossos irmãos ortodoxos que, devemos dar graças a Deus, é levada adiante com grande espírito de amor, de compaixão e até mesmo de estudo, por exemplo, em busca de uma data comum para a Páscoa. Para as nossas comunidades católicas os gestos do Papa Francisco, os gestos ecumênicos e o encontro com Sua Santidade Bartolomeu I são, ainda mais, um convite às Igrejas católicas – que são de diferentes ritos e, em particular, a mais numerosa é a Igreja latina da diocese latina do Patriarcado de Jerusalém – a viverem concretamente este ecumenismo, mais ainda com as muitas iniciativas que existem para se ter uma só voz, inclusive diante dos muitos problemas que os cristãos da Terra Santa devem enfrentar. Podemos fazer isso sozinhos, mas, fazê-lo juntos dá mais força a nosso compromisso na vida de todos os dias. Obviamente, a comunidade católica espera o Papa para ter este entusiasmo não somente em recebê-lo, mas para ter, ainda mais, espírito de alegria para levar adiante a sua missão do ponto de vista do anúncio evangélico, com a palavra, com o testemunho e com todas as obras sociais que a Igreja Católica leva adiante."

RV: Nunca é demais falar sobre os cristãos na Terra Santa: uma peregrinação do Papa àquelas terras é uma ocasião privilegiada para recordar a situação deles. O senhor obteve testemunhos ou reações às vésperas desta viagem do Santo Padre:

Cardeal Leonardo Sandri:- "Ouvimos as palavras do Patriarca Latino de Jerusalém, sua Beatitude Fouad Twal, mas ouvi e vi também, mediante a imprensa, as reações de fiéis comuns, pertencentes à Igreja Católica, que esperam do Papa este encorajamento que vem do Bispo de Roma e que dá à vida na Terra Santa uma característica verdadeiramente singular. Não podemos reduzir a Terra Santa a uma terra de monumentos, de museus, de pedras, mas de "pedras vivas" que são os nossos fiéis católicos e todos os cristãos. Também as peregrinações de nossos católicos de todas as partes do mundo são para eles um grande encorajamento para ajudá-los a manter firme este desejo de permanecer e de não fugir da terra de Jesus."

RV: Ao apresentar esta viagem, o Papa Francisco disse: irei também para rezar pela paz na Terra Santa. E os encontros que terá com as autoridades jordanianas, israelenses e palestinas serão uma ocasião direta e concreta para fazer isso. Quais suas expectativas a esse respeito?

Cardeal Leonardo Sandri:- "Penso que a presença do Papa na Terra Santa é muito importante para a paz e não somente para a paz entre israelenses e palestinos, mas para todo o Oriente Médio. Em particular, penso que a palavra do Papa se estenderá à Síria e, obviamente, também ao Iraque e aos outros países que vivem situações muito dolorosas nestes momentos de guerra, de violência, de desrespeito pela dignidade da pessoa humana, das mulheres, das vítimas... Portanto, para mim é imperioso que o Papa, que representa Jesus Cristo, leve uma palavra de paz não somente às autoridades civis dos países visitantes, mas a toda a região do Oriente Médio. Consequentemente, será também uma mensagem de paz, uma mensagem de concórdia, de unidade e de respeito pela dignidade humana."




 





 

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