domingo, 18 de maio de 2014

Nos passos de Paulo VI - Sobre a Peregrinação do Papa Francisco a Terra Santa



Embora se trate de um momento de fé, a Peregrinação do Papa Francisco à Terra Santa será também um momento importante para o diálogo inter-religioso, exatamente como fez o Papa Montini (Papa Paulo VI)  há 50 anos atrás. O destaque desta viagem será o cumprimento do desejo do Papa Francisco, que ele mesmo anunciou no dia 6 de janeiro: “Se Deus quiser, eu vou fazer uma peregrinação à Terra Santa”. O objetivo principal é comemorar o encontro histórico entre o Papa Paulo VI e o Patriarca Atenágoras, que ocorreu exatamente 50 anos atrás. Assim, ‘Nos passos de Paulo VI’, que será declarado Beato em outubro próximo, Francisco, - depois de São João Paulo II, de Bento XVI, e seguindo também outro Francisco, - parte em peregrinação na próxima semana à Terra que meia humanidade chama de Santa.
A viagem do Papa à Terra Santa (de 24 a 26 de maio de 2014) será “muito breve e muito intensa” como foi a viagem de Paulo VI em 1964, disse nos dias passados o Diretor da Sala de Imprensa, Padre Federico Lombardi, durante coletiva de imprensa. Ele explicou a falta de algumas etapas típicas das viagens papais do programa e destacou, no entanto, uma série de pontos em comum entre as duas viagens de Bergoglio e Montini, começando pelos três dias comuns e pelo encontro com o Patriarca Bartolomeu. O Papa e Bartolomeu no Santo Sepulcro participarão de um “encontro ecumênico”, durante o qual comemoração a morte e a ressurreição de Jesus e rezarão juntos o Pai Nosso, “uma oração comum num lugar sagrado de Jerusalém, em particular no Santo Sepulcro, é algo que nunca aconteceu até agora”. Durante a viagem o Papa falará sempre em italiano e não utilizará “nem papamóvel, nem carros blindados”, mas um “carro normal ou jeep aberto”. Nenhuma missa pública em Jerusalém (Bento XVI, por exemplo, celebrou em 2009 no Josafat Valley) e na Galileia. Papa Francisco quis esta viagem na perspectiva da comemoração daquela realizada por Paulo VI. Ainda no âmbito da viagem, o Papa Francisco vai fazer uma oração silenciosa e colocar uma mensagem entre as pedras do Muro das Lamentações em Jerusalém. Na viagem, o Papa será acompanhado por dois amigos argentinos, o rabino Abraham Skorka e o líder islâmico Omar Abboud. É uma maneira concreta de falar do diálogo inter-religioso. O foco da visita será o encontro histórico com o Patriarca Ecumênico, em Jerusalém, a visita à Igreja local e ao povo palestino. Uma viagem importante que se insere no âmbito do movimento ecumênico, mas que também olha para a solidariedade com os que sofrem e para a Igreja local. A Terra Santa durante três dias terá as luzes dos holofotes do mundo sobre si, e quem sabe, dessas luzes, dessa viagem, não se conseguia fazer passar um lume de esperança, para iluminar a vida e o futuro de tantas pessoas que ainda esperam a paz.
Desde a manifestação do desejo do Papa Francisco, no início do ano, a Terra Santa começou a se preparar para este evento histórico, e todos, cristãos e não cristãos, hebreus, muçulmanos, em vários momentos ao longo destes últimos meses expressaram a sua alegria e deram a boas-vindas ao Papa. Os irmãos cristãos da Igreja ortodoxa de Constantinopla, da Grécia, de Jerusalém e da Igreja Armênia, aguardam ansiosos essa visita e o encontro que será o foco central da viagem; o encontro ecumênico no Santo Sepulcro no domingo, dia 25. “Somos chamados a ser um e o Papa vem para nos lembrar disso e renovar o espírito de unidade e de amor fraterno”, disse o Patriarca latino de Jerusalém, Dom Fouad Twal.
O logotipo e o lema que foram escolhidos para esta peregrinação se concentram neste desejo de unidade: “Para que todos sejam um”, e o logotipo mostra o abraço dos Santos Apóstolos Pedro e André, patronos da Igreja de Roma e da Igreja de Constantinopla. O Santo Padre, vai se reunir com os fiéis da Terra Santa, mais particularmente nas celebrações da Santa Missa – em Amã e em Belém. Em Jerusalém, na cena da Última Ceia, vai celebrar uma missa especial com os Ordinários Católicos da Terra Santa. Também haverá ocasiões para ele se reunir com diferentes grupos de fiéis: deficientes, refugiados, religiosos e religiosas, seminaristas e sacerdotes. O Papa Francisco, prestará também homenagens aos irmãos e irmãs muçulmanos e hebreus, visitando a esplanada das Mesquitas, e o Muro das Lamentações. Certamente mais um incentivo para o diálogo, para conhecê-los melhor e trabalhar juntos em prol da justiça, da paz, do perdão e reconciliação numa terra tão machucada.
O Papa Francisco visitará três realidades políticas – Jordânia , Palestina e Israel. Em cada um desses lugares vai se reunir com os chefes de Estado, para incentivar cada um e a todos para um governo justo em benefício de todos os cidadãos com o convite a trabalharem juntos, para superar todos os obstáculos que se interpõem no caminho do bem-estar e da prosperidade de todos. Brota assim a esperança de que Francisco, como o pobrezinho de Assis que também caminhou nestas terras inspire maior unidade para que todos sejam mais corajosos para quebrar as barreiras de inimizade.
Estela Márcia (Adaptações)





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