sexta-feira, 16 de maio de 2014

“Acreditar com o coração, não só com o intelecto”, diz Papa Francisco (13.05.2014)


“22Celebrava-se, em Jerusalém, a festa da Dedicação do Templo. Era inverno. 23Jesus passeava pelo Templo, no pórtico de Salomão. 24Os judeus rodeavam-no e disseram: “Até quando nos deixarás em dúvida? Se tu és o Messias, dize-nos abertamente”. 25Jesus respondeu: “Já vo-lo disse, mas vós não acreditais. As obras que eu faço em nome do meu Pai dão testemunho de mim; 26vós, porém, não acreditais, porque não sois das minhas ovelhas. 27As minhas ovelhas escutam a minha voz, eu as conheço e elas me seguem. 28Eu dou-lhes a vida eterna e elas jamais se perderão. E ninguém vai arrancá-las de minha mão. 29Meu Pai, que me deu estas ovelhas, é maior que todos, e ninguém pode arrebatá-las da mão do Pai. 30Eu e o Pai somos um”. (Jo 10,22-30)

“Não se pode entender as coisas de Deus só com a cabeça; é preciso abrir o coração ao Espírito Santo”. Foi o que disse o Papa Francisco na missa celebrada na manhã do dia 13de maio, na Casa Santa Marta. O Pontífice sublinhou que a “fé é um dom de Deus, mas não pode ser recebida por quem vive ‘separado’ de seu povo e da Igreja. Observando as leituras do dia, Francisco falou que existem “dois grupos de pessoas”. A Primeira Leitura mostra aqueles que se dispersaram por causa da perseguição desencadeada depois da morte de Estevão. “Foram dispersos com a semente do Evangelho e a levaram a todos os lugares”. No início, falavam somente aos judeus. Depois, “de modo natural, alguns deles, ao chegarem a Antioquia, começaram a falar também aos gregos”. “Assim, lentamente” - o Papa continuou - “abriram as portas aos gregos, aos pagãos. Quando a notícia chegou a Jerusalém, Barnabé foi enviado a Antioquia para uma visita de inspeção e todos ficaram contentes porque uma multidão foi acrescentada ao Senhor”. “Este povo – destacou Francisco – não disse ‘vamos primeiro aos judeus, depois aos gregos, aos pagãos, a todos!’ Não! Deixou-se levar pelo Espírito Santo, foi dócil ao Espírito Santo”. Depois, uma coisa leva à outra, e “acabaram abrindo as portas a todos: inclusive aos pagãos, que segundo sua mentalidade, eram impuros. Abriam as portas a todos”. Este é o primeiro grupo de pessoas, dóceis ao Espírito Santo. “Algumas vezes – acrescentou Francisco –, o Espírito Santo nos leva a fazer coisas fortes, como levou Filipe a batizar o ministro etíope; como levou Pedro a batizar Cornélio”. “Outras vezes, o Espírito Santo nos conduz, suavemente, e a virtude é justamente deixar-se levar por ele, não fazer resistência, ser dócil ao Espírito Santo. E o Espírito Santo age hoje na Igreja, age hoje em nossa vida. Vocês podem me dizer: “Eu nunca o vi!”; “Preste atenção, têm na cabeça coisas boas?”. É o espírito que convida a percorrer aquele caminho! É preciso docilidade ao Espírito Santo!”. O segundo grupo que as Leituras nos apresentam “são os intelectuais” que se aproximam de Jesus no templo: são os doutores da Igreja. Jesus, observou o Papa, sempre teve problemas com eles, “porque queriam sempre entender: refletiam sobre as mesmas coisas, pois acreditavam que a religião era somente algo de cabeça, de leis”. Para eles, era necessário “cumprir os mandamentos e nada mais. Não imaginavam que o Espírito Santo existisse”. Interrogavam Jesus, “queriam discutir. Estava tudo na cabeça, tudo é intelecto”. “Nessas pessoas, acrescentou Francisco, não há coração, não há amor e beleza, não há harmonia”, querem somente “explicações”: “E você explica e eles, não convencidos, voltam com outra pergunta. E assim: rodam, rodam… Rodaram em volta de Jesus toda a vida, até o momento que conseguiram pegá-lo e mata-lo! Eles não abriram o coração ao Espírito Santo! Acreditavam que inclusive as coisas de Deus podiam ser compreendidas somente com a cabeça, com as ideias, com as próprias ideais. Eram orgulhosos. Acreditavam que sabiam tudo. E aquilo que não entrava em sua inteligência, não era verdade. Um morto podia até ressuscitar diante deles, mas não acreditariam!”. Francisco destacou que Jesus foi além e disse algo forte: “Vocês não acreditam porque não são parte das minhas ovelhas! Não acreditam porque não são o povo de Israel. Abandonaram o povo. Estão na aristocracia do intelecto”. Esta atitude, advertiu o Pontífice, “fecha o coração. Eles renegaram o seu povo”: “Essas pessoas se distanciaram do povo de Deus e, por isso, não podiam acreditar. A fé é um dom de Deus! Mas a fé chega se estiver no povo, se acreditar que esta Igreja é Povo de Deus. Ao afastar-se da Igreja, comete-se o pecado de resistir ao Espírito Santo”. Há “dois grupos de pessoas”, retomou o Papa, os da doçura, das pessoas doces, humildes e abertas aos Espírito Santo”, e outro grupo, “orgulhoso, suficiente, soberbo, distante do povo, aristocrático do intelecto, que fechou as portas e resistiu ao Espírito Santo”.  “E não se trata de teimosia, disse Francisco, é muito mais: “É ter o coração duro! E isso é ainda mais perigoso”. Olhando esses dois grupos de pessoas, “peçamos ao Senhor a graça da docilidade ao Espírito Santo para prosseguir na vida, para sermos criativos e alegres”. E quando “há muita seriedade, o Espírito Santo não está presente”. Peçamos, portanto, “a graça da docilidade e que o Espírito Santo nos ajude a nos defender deste espírito da suficiência, do orgulho, da soberba e do fechamento do coração ao Espírito Santo”.

Estela Márcia (adaptações)



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