“22Celebrava-se, em Jerusalém, a festa da Dedicação do Templo. Era
inverno. 23Jesus
passeava pelo Templo, no pórtico de Salomão. 24Os judeus rodeavam-no e disseram: “Até quando
nos deixarás em dúvida? Se tu és o Messias, dize-nos abertamente”. 25Jesus respondeu: “Já vo-lo
disse, mas vós não acreditais. As obras que eu faço em nome do meu Pai dão
testemunho de mim; 26vós,
porém, não acreditais, porque não sois das minhas ovelhas. 27As minhas ovelhas escutam a
minha voz, eu as conheço e elas me seguem. 28Eu dou-lhes a vida eterna e elas jamais se
perderão. E ninguém vai arrancá-las de minha mão. 29Meu Pai, que me deu estas
ovelhas, é maior que todos, e ninguém pode arrebatá-las da mão do Pai. 30Eu e o Pai somos um”. (Jo 10,22-30)
“Não se pode entender as coisas de Deus só com a cabeça; é preciso abrir o
coração ao Espírito Santo”. Foi o que disse o Papa
Francisco na missa celebrada na manhã do dia 13de maio, na Casa Santa Marta. O
Pontífice sublinhou que a “fé é um dom de Deus, mas não pode ser recebida por
quem vive ‘separado’ de seu povo e da Igreja. Observando as leituras do dia,
Francisco falou que existem “dois grupos de pessoas”. A Primeira Leitura mostra
aqueles que se dispersaram por causa da perseguição desencadeada depois da
morte de Estevão. “Foram dispersos com a
semente do Evangelho e a levaram a todos os lugares”. No início, falavam
somente aos judeus. Depois, “de modo
natural, alguns deles, ao chegarem a Antioquia, começaram a falar também aos
gregos”. “Assim, lentamente” - o Papa continuou - “abriram as portas aos gregos, aos pagãos. Quando a notícia chegou a
Jerusalém, Barnabé foi enviado a Antioquia para uma visita de inspeção e todos
ficaram contentes porque uma multidão foi acrescentada ao Senhor”. “Este
povo – destacou Francisco – não disse ‘vamos primeiro aos judeus, depois aos
gregos, aos pagãos, a todos!’ Não! Deixou-se levar pelo Espírito Santo, foi
dócil ao Espírito Santo”. Depois, uma coisa leva à outra, e “acabaram
abrindo as portas a todos: inclusive aos pagãos, que segundo sua mentalidade,
eram impuros. Abriam as portas a todos”. Este é o primeiro grupo de
pessoas, dóceis ao Espírito Santo. “Algumas vezes – acrescentou Francisco –, o
Espírito Santo nos leva a fazer coisas fortes, como levou Filipe a batizar o
ministro etíope; como levou Pedro a batizar Cornélio”. “Outras vezes, o
Espírito Santo nos conduz, suavemente, e a virtude é justamente deixar-se levar
por ele, não fazer resistência, ser dócil ao Espírito Santo. E o Espírito Santo
age hoje na Igreja, age hoje em nossa vida. Vocês podem me dizer: “Eu nunca o
vi!”; “Preste atenção, têm na cabeça coisas boas?”. É o espírito que convida a
percorrer aquele caminho! É preciso docilidade ao Espírito Santo!”. O
segundo grupo que as Leituras nos apresentam “são os intelectuais” que se
aproximam de Jesus no templo: são os doutores da Igreja. Jesus, observou o
Papa, sempre teve problemas com eles, “porque queriam sempre entender:
refletiam sobre as mesmas coisas, pois acreditavam que a religião era somente
algo de cabeça, de leis”. Para eles, era necessário “cumprir os mandamentos e
nada mais. Não imaginavam que o Espírito Santo existisse”. Interrogavam Jesus,
“queriam discutir. Estava tudo na cabeça, tudo é intelecto”. “Nessas pessoas,
acrescentou Francisco, não há coração, não há amor e beleza, não há harmonia”,
querem somente “explicações”: “E você explica e eles, não convencidos,
voltam com outra pergunta. E assim: rodam, rodam… Rodaram em volta de Jesus
toda a vida, até o momento que conseguiram pegá-lo e mata-lo! Eles não abriram
o coração ao Espírito Santo! Acreditavam que inclusive as coisas de Deus podiam
ser compreendidas somente com a cabeça, com as ideias, com as próprias ideais.
Eram orgulhosos. Acreditavam que sabiam tudo. E aquilo que não entrava em sua
inteligência, não era verdade. Um morto podia até ressuscitar diante deles, mas
não acreditariam!”. Francisco destacou que Jesus foi além e disse algo
forte: “Vocês não acreditam porque não são parte das minhas ovelhas! Não
acreditam porque não são o povo de Israel. Abandonaram o povo. Estão na
aristocracia do intelecto”. Esta atitude, advertiu o Pontífice, “fecha o
coração. Eles renegaram o seu povo”: “Essas pessoas se distanciaram do povo
de Deus e, por isso, não podiam acreditar. A fé é um dom de Deus! Mas a fé
chega se estiver no povo, se acreditar que esta Igreja é Povo de Deus. Ao
afastar-se da Igreja, comete-se o pecado de resistir ao Espírito Santo”. Há
“dois grupos de pessoas”, retomou o Papa, os da doçura, das pessoas doces,
humildes e abertas aos Espírito Santo”, e outro grupo, “orgulhoso, suficiente,
soberbo, distante do povo, aristocrático do intelecto, que fechou as portas e
resistiu ao Espírito Santo”. “E não
se trata de teimosia, disse Francisco, é muito mais: “É ter o coração duro! E isso é ainda mais perigoso”. Olhando esses
dois grupos de pessoas, “peçamos ao Senhor a graça da docilidade ao Espírito
Santo para prosseguir na vida, para sermos criativos e alegres”. E quando “há
muita seriedade, o Espírito Santo não está presente”. Peçamos, portanto, “a
graça da docilidade e que o Espírito Santo nos ajude a nos defender deste
espírito da suficiência, do orgulho, da soberba e do fechamento do coração ao
Espírito Santo”.
Estela Márcia (adaptações)
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