sábado, 19 de abril de 2014

Sábado Santo: “Um grande silêncio e uma grande solidão” rumo ao Glória Pascal


 
Atualizando o Tríduo Pascal – Com a Ceia do Senhor, na quinta-feira santa; A Leitura da Paixão e a Adoração da Santa Cruz; Caminhando em procissão com a Santíssima Virgem e Mãe das Dores, Senhora da Soledade e Saudade - na manhã deste sábado santo mergulhamos no Ofício das Trevas.

Fazendo-se a voz do silêncio de nossas almas, assim foram introduzidas as profundas leituras de nossa meditação: “Jesus, Senhor supremo, do mundo redentor, na cruz salvastes todos, da morte vencedor! Mantende, suplicamos, em nossos corações, os dons que conquistastes por todas as nações. Cordeiro imaculado, pregado sobre a cruz, lavastes nossas vestes em vosso sangue e luz. Aqueles que lavastes com sangue de Homem-Deus, convosco ressurgidos, levai-os para os céus. Ó povos redimidos, ao Deus do céu louvai, Jesus nos fez, morrendo, um reino para o Pai.” (Hino do Ofício das Leituras) “Chorando vos cantamos um hino de louvor; as faltas perdoai-nos, de todos Redentor! Vencestes o inimigo, morrendo sobre a cruz: marcada em nossas frontes, é o sol que nos conduz. Jamais venha lesar-nos o antigo tentador: lavou-nos no batismo o sangue redentor. Por nós descer quisestes da morte à região: aos pais que aguardavam trouxestes salvação. Vireis no fim dos tempos, Senhor, Juiz e Rei, então recompensando quem segue a vossa lei. Curai nossas feridas, pedimo-vos, Senhor, a vós e ao Pai louvando e ao Espírito de amor.” (Hino das Laudes)

Rezando com a Igreja o Ofício das Leituras - Salmos 4, 15 e 23; e Laudes - Salmodia 63; Cântico Is 38,10-14.17-20; Salmo 150 e o Benedictus - com seus salmos e importantes meditações da Igreja, refletindo sobre o diálogo de Nosso Senhor Jesus Cristo e Adão na mansão dos mortos: “Que está acontecendo hoje? Um grande silêncio reina sobre a terra. Um grande silêncio e uma grande solidão. Um grande silêncio, porque o Rei está dormindo; a terra estremeceu e ficou silenciosa, porque o Deus feito homem adormeceu e acordou os que dormiam há séculos. Deus morreu na carne e despertou a mansão dos mortos (...) Eu sou o teu Deus, que por tua causa me tornei teu filho; por ti e por aqueles que nasceram de ti, agora digo, e com todo o meu poder, ordeno aos que estavam na prisão: ‘Saí!’; e aos que jaziam nas trevas: ‘Vinde para a luz!’; e aos entorpecidos: ‘Levantai-vos!’ (...) Adormeci na cruz e por tua causa a lança penetrou no meu lado, como Eva surgiu do teu, ao adormeceres no paraíso. Meu lado curou a dor do teu lado. Meu sono vai arrancar-te do sono da morte. Minha lança deteve a lança que estava dirigida contra ti. Levanta-te, vamos daqui. O inimigo te expulsou da terra do paraíso; eu, porém, já não te coloco no paraíso mas num trono celeste. O inimigo afastou de ti a árvore, símbolo da vida; eu, porém, que sou a vida, estou agora junto de ti. Constituí anjos que, como servos, te guardassem; ordeno agora que eles te adorem como Deus, embora não sejas Deus. Está preparado o trono dos querubins, prontos e a postos os mensageiros, construído o leito nupcial, preparado o banquete, as mansões e os tabernáculos eternos adornados, abertos os tesouros de todos os bens e o reino dos céus preparado para ti desde toda a eternidade”. (Trechos de uma antiga Homilia no grande Sábado Santo - “A descida do Senhor à mansão dos mortos” - Séc.IV)

Diante de tamanha riqueza, atualizamos as dores com a Santa Mãe pela ausência de seu Santo Filho, porém, com o próprio Jesus, penetramos na grandeza do silêncio da mansão dos mortos, para com Ele ressurgirmos na Vigília Pascal, ainda no sábado santo. Porém, jamais podemos esquecer da advertência de São Paulo no Ofício das Leituras: “Irmãos: 1Tenhamos cuidado, enquanto nos é oferecida a oportunidade de entrar no repouso de Deus, não aconteça que alguém de vós fique para trás. 2Também nós, como eles, recebemos uma boa-nova. Mas a proclamação da palavra de nada lhes adiantou, por não ter sido acompanhada da fé naqueles que a tinham ouvido, 3enquanto nós, que acreditamos, entramos no seu repouso. É assim como ele falou: “Por isso jurei na minha ira: jamais entrarão no meu repouso.” (...) 11Esforcemo-nos, portanto, por entrar neste repouso, para que ninguém repita o acima referido exemplo de desobediência. 12A Palavra de Deus é viva, eficaz e mais cortante do que qualquer espada de dois gumes. Penetra até dividir alma e espírito, articulações e medulas. Ela julga os pensamentos e as intenções do coração. 13E não há criatura que possa ocultar-se diante dela. Tudo está nu e descoberto aos seus olhos, e é a ela que devemos prestar contas.” (Hb 4,1-3;11-13)
Deus Santo, Deus Forte, Deus Imortal, tende misericórdia de nós e do mundo inteiro!
Nossa Senhora das Dores, Mãe da Soledade e da Saudade, Senhora da Piedade, rogai por nós!
Estela Márcia - 19 de abril de 2014.

        

 

sexta-feira, 18 de abril de 2014

“SILÊNCIO NOBRE, SILÊNCIO OCULTO”


            Nobre é tudo aquilo que tem qualidade de nobreza ou algo que sirva à nobreza, por assim dizer, a alguém que seja nobre, um rei, a que se deva majestade. Oculto, é aquilo que está escondido, guardado, ou ainda não revelado. Portanto, um e outro, trazem grandezas que serão objetos de nossa meditação.
            É com estas figuras que, inspirada pelo Senhor, queremos - o Espírito Santo e eu, tratarmos da grandeza deste momento santo em que a Igreja nos convida a viver nesta Sexta-feira Santa. Dia que celebramos a Paixão, Morte e Ressurreição de Jesus Cristo, Rei e Senhor, a Majestade Divina que veio ao mundo para resgatar tudo que se perdeu da bela e divina Criação.
            A nobreza do silêncio que estamos falando, consiste então, não apenas em calar a voz, mas calar o coração, o oculto da alma – que na figura de Santa de Teresa de Ávila, nossa mestra de oração, trata-se de um Castelo Interior, “feito de um só diamante ou de limpíssimo cristal”, lugar onde “existem muitos aposentos, assim como no Céu há muitas moradas” (conf. Jo 14,2) – para que Deus possa falar.
            Neste dia de Silêncio Universal (começado no translado do Corpo do Senhor até o Glória do Sábado Santo) percebemos que os semblantes, gestos e movimentos se acalmam, os passos tornam-se mais leves, e tudo ganha uma facilidade maior de entendimento no exterior das pessoas. Torna-se um sinal de aconchego interior e exterior.
           Se por um lado, percebemos que ao nosso redor a calma conforta e aconchega, começamos a entender que o ‘silêncio’ traz em si um remédio. Remédio hodierno. Sim, remédio para este mundo que teima em correr, correr e correr, correria que não tem objetivo de ser. Correria que produz uma simples agitação, na maioria das vezes, sem realização, sem ponto de chegada, ao contrário, tratando-se de um desmedido processo de excitação. E dizemos a Deus: Pensamos meu Senhor, que o silêncio é a grande solução para o homem voltar-se para a sua origem, para o mergulho em sua essência, para o encontro com o seu Criador.
           Portanto, há de se crer que, até mesmo o oculto de muitas almas já não se encontra em si mesmas, pois o vazio que se desenvolveu é tão grande que, humanamente, o prejuízo do encontro é quase que sem solução. Novamente, dirigimo-nos a Deus: O Vosso silêncio meu Senhor, precisa entrar em cena. O silêncio precisa calar esta turbulência hodierna que distrai, aliena e esvazia as pessoas. Só Vós, o senhor do silêncio, pode socorrer-nos. Que esta centelha de silêncio, vivida e experimentada neste dia pelas almas fiéis, possa fazer calar e permitir as almas tíbias, escutarem a Vossa voz em seu interior. Agradeço-Vos, desde então, que a Paixão do Senhor, vivida e meditada por almas esposas, possa ser frutuosa em despertar as almas frias e distraídas. Agradeço-Vos ainda, por tamanho bem sentido e atualizado na salvação do Cristo Senhor para tantas vidas e estruturas teimosas deste mundo agitado, Senhor! E peço-Vos, concedei-nos alimentar-nos e saborearmos, continuamente, deste fruto que fala, acalma e cura, preenche e reencontra as almas com seu Senhor, a Majestade de seu castelo interior, e que se chama SILÊNCIO.
Estela Márcia, 18 de abril de 2014

Sexta-feira Santa

domingo, 13 de abril de 2014

JMJ: Festa brasileira em Roma

Para a XXIX JORNADA MUNDIAL DA JUVENTUDE.
«Felizes os pobres em espírito, porque deles é o Reino do Céu» (Mt 5, 3)
(Domingo de Ramos, 13 de Abril de 2014).
 
 
Enquanto as dioceses locais do mundo inteiro realizam a sua própria celebração de Domingo de Ramos e Jornadas da Juventude, a Santa Missa deste dia 13 de abril, em Roma, foi muito especial para brasileiros e poloneses. Em plena Praça São Pedro e diante do Papa Francisco, foramo entregues pelos jovens brasileiros os símbolos da Jornada Mundial da Juventude à organização da próxima edição, em Cracóvia, em 2016.
A entrega dos símbolos à diocese que organiza a próxima edição internacional da JMJ na celebração do Domingo de Ramos é uma tradição. Porém, pelo tempo reduzido para a preparação e peregrinação dos símbolos na edição brasileira, a entrega dos espanhóis para a Arquidiocese do Rio aconteceu na missa de encerramento da JMJ de Madri, em 2011.
 
 
Durante 22 meses, a Cruz peregrina e o Ícone de Nossa Senhora percorreram mais de 250 dioceses no Brasil. Cerca de 50 milhões de jovens e pessoas de todas as idades participaram da peregrinação. Na cidade do Rio de Janeiro, foram 16 dias de pré-jornada com os símbolos. Silvonei José conversou com o Arcebispo do Rio de Janeiro, Cardeal Orani João Tempesta.

Jovens brasileiros entregam símbolos da JMJ (No Ângelus - Roma)


Na conclusão da Santa Missa neste Domingo de Ramos e Jornada Mundial da Juventude em âmbito diocesano, e antes de rezar a Oração do Angelus, o Papa Francisco dirigiu uma saudação especial aos 250 delegados – bispos, sacerdotes, religiosos e leigos – que participaram do encontro sobre as Jornadas Mundiais da Juventude, organizado pelo Pontifício Conselho para os Leigos. Tem início assim o caminho de preparação – destacou o Santo Padre – do próximo encontro mundial, que se realizará em julho de 2016, em Cracóvia e que terá como tema “Bem-aventurados os misericordiosos, porque encontrarão misericódia”. (Mt 5,7)

O Papa então recordou que os jovens brasileiros estavam entregando aos jovens poloneses a Cruz das Jornadas Mundiais da Juventude. “A entrega da cruz aos jovens foi feita trinta anos atrás pelo Beato João Paulo II: ele pediu aos jovens que a levassem por todo o mundo como sinal do amor de Cristo pela humanidade. No próximo dia 27 de abril teremos todos a alegria de celebrar a canonização deste Papa, junto com João XXIII".

Francisco disse ainda que João Paulo II foi o inciador das Jornadas Mundiais da Juventude, e se tornará o seu grande Patrono; na comunhão dos santos continuará a ser para os jovens do mundo um pai e um amigo. Peçamos ao Senhor, - continuou – que a Cruz, junto com o Ícone de Nossa Senhora, Salus Populi Romani, seja sinal de esperança para todos revelando ao mundo o amor invencível de Cristo. (Em seguida realizou-se a passagem dos símbolos da JMJ das mãos dos jovens brasileiros às mãos dos jovens poloneses).

O Papa então saudou todos os presentes em particular as delegações do Rio de Janeiro e de Cracóvia, guiadas pelos seus Arcebispos, os Cardeais Orani João Tempesta e Stanilsaw Dziwisz. Anunciou por fim, neste contexto, “se Deus quiser”, no dia 15 de agosto próximo, em Daejeon, na República da Coreia, encontrarei os jovens da Ásia durante o seu grande encontro continental. O Papa pediu ainda a Maria para que nos ajude a seguir sempre Jesus com fé e com amor, e rezou a Oração do Angelus, concluíndo com a sua Benção Apostólica. O Papa concluiu a manhã com um abraço simbólico a todos os jovens do mundo, encontrando os jovens brasileiros e poloneses e fazendo um giro pela Praça São Pedro com o Papa-móvel.




 



"Quem sou eu diante do meu Senhor? – Papa Francisco


O Papa Francisco deu início neste domingo aos ritos da Semana Santa, com a procissão de ramos, dia em que a Igreja recorda a entrada triunfal de Jesus em Jerusalém. E o fez entre ramos de oliveiras e palmas, trazidas por milhares de fiéis que vieram até a Praça São Pedro para participar da celebração eucarística. É o início da festa cristã que, ao longo de toda a semana e com diversos atos litúrgicos, celebrará a Paixão, Morte e Ressurreição de Jesus. Na procissão pelo interior da Praça São Pedro, que deu início à celebração eucarística, Francisco foi precedido por jovens da Diocese de Roma e de todos os continentes, por cerca de 100 sacerdotes, bispos e cardeais que concelebram a Santa Missa. Cerca de 3 mil ‘parmureli’ – folhas novas brancas de palmeira tramadas – foram usadas na Praça São Pedro. Seguindo uma antiga tradição, estes trabalhos artesanais com valor religioso e também ornamental, foram enviados de San Remo e de Bordighera, região da Ligúria, e foram entregues ao Santo Padre, aos Cardeais, Bispos e fiéis presentes na cerimônia. A ‘parmurelu’ que foi entregue ao Papa Francisco foi entrelaçada com três folhas de palmeira unidas, simbolizando a Santíssima Trindade: Pai, Filho e Espírito Santo. A obra foi confeccionada nos dias passados na Cooperativa ‘Il cammino’, junto aos outros 3 mil exemplares de dimensões menores, todos entrelaçados segundo a tradição da Ligúria. Francisco também usou um báculo de madeira, trabalhado de um tronco de oliveira, doado por um grupo de detentos da Casa de Detenção de Sanremo, noroeste da Itália, que estão sendo acompanhados por uma cooperativa fundada pelo bispo daquela Diocese, Dom Antonio Suetta. Também neste domingo a Igreja celebra a Jornada Mundial da Juventude em nível diocesano. No encerramento da celebração a entrega por jovens brasileiros, dos símbolos da Jornada Mundial da Juventude – a Cruz da redenção e o Ícone de Nossa Senhora – aos jovens poloneses. Recordamos que a próxima JMJ com a presença do Santo Padre será em Cracóvia, em 2016. O Papa deixou de lado a sua homilia escrita e improvisou uma profunda reflexão recordando os personagens descritos na leitura do Evangelho deste domingo. O Papa pediu um exame de consciência a todos os fiéis, e com qual personagem nos identificamos. Esta semana tem início com a procissão alegre com os ramos de oliveira – disse o Papa -: todo o povo acolhe Jesus. As crianças, os jovens cantam, louvam a Jesus. Mas esta semana vai avante no mistério da morte de Jesus e da sua ressurreição. Ouvimos as palavras da Paixão do Senhor. Então o Papa faz uma pergunta: Quem sou eu diante do meu Senhor? Quem sou eu, diante de Jesus que entra em festa em Jerusalém? Eu sou capaz de expressar a minha alegria, de louvá-lo? Ou me distancio? Quem sou eu, diante de Jesus que sofre? Ouvimos muitos nomes: muitos nomes. O grupo de líderes, alguns sacerdotes, alguns fariseus, alguns mestres da lei que tinham decidido matá-lo. Eles estavam esperando a oportunidade para prendê-lo. E o Papa continua as suas perguntas: Eu sou como um deles? Também ouvimos outro nome: Judas. 30 moedas. Eu sou como Judas? Ouvimos ainda outros nomes: os discípulos que não entendiam nada, que se adormentavam enquanto o Senhor sofria. A minha vida está adormentada? Ou sou como os discípulos, que não entendiam o que significava trair Jesus? Como aquele discípulo que queria resolver tudo com a espada: eu sou como eles? Eu sou como Judas, que finge amar e beija o Mestre para entregá-lo, para traí-lo? Eu sou um traidor? Eu sou como os líderes que, com pressa, fazem o tribunal e procuram falsos testemunhos: Eu sou como eles? E quando eu faço essas coisas, se eu as faço, acredito que com isso salvo o povo?  Francisco continua com as suas perguntas em meio a uma Praça silenciosa e reflexiva. Eu sou como Pilatos que, quando vejo que a situação está difícil, eu lavo as minhas mãos e não sei assumir a minha responsabilidade e deixo condenar - ou condeno eu - as pessoas? Eu sou como aquela multidão que não sabia bem se se encontravam em uma reunião religiosa, ou num processo ou em um circo, e escolhe Barrabás? Para eles é a mesma coisa: era mais divertido humilhar Jesus.
Eu sou como os soldados que batem no Senhor, cospem n’Ele, O insultam, se divertem com a humilhação do Senhor? Eu sou como o Cirineu, que voltava do trabalho, cansado, mas ele teve a boa vontade de ajudar o Senhor a carregar a cruz? Eu sou como aqueles que passavam diante da Cruz de Jesus e zombavam d’Ele: “Mas ... tão corajoso! Desça da cruz, e nós vamos acreditar n’Ele”. O insulto a Jesus ... Eu sou como aquelas mulheres corajosas, e como a Mãe de Jesus, que estavam ali, sofrendo em silêncio? Eu sou como José, o discípulo escondido, que leva o corpo de Jesus com amor, para sepultá-lo? Eu sou como essas duas Marias que permanecem na porta do sepulcro, chorando, rezando? Eu sou como esses líderes que no dia seguinte foram a Pilatos para dizer: “Mas, olha ele dizia que iria ressuscitar; que não seja mais um engano”, e bloqueiam a vida, bloqueando o sepulcro para defender a doutrina, para que a vida não venha para fora? Onde está meu coração? E o Papa conclui: “A qual dessas pessoas eu me assemelho? Que esta pergunta nos acompanhe durante toda a semana.

terça-feira, 8 de abril de 2014

A obediência cura e salva no AT... cura, salva e dá vida no NT


O Noé do filme não é o Noé da Bíblia…Recomendamos a crítica ao filme.

O Noé do filme não é o Noé da Bíblia…

noeok
Lendo o Portal Canção Nova me deparei com esse post que o Padre Roger Araújo escreveu sobre o filme Noé! Imediatamente lembrei dos jovens que acessam o nosso Blog. Por isso, coloco na íntegra a sua observação e opinião!
Estreou, há poucos dias, nas telas do cinema do Brasil, o filme ‘Noé’. A película gerou muita expectativa pela divulgação e pelos atores que atuaram na produção. Eu não sou crítico de cinema nem especialista no assunto, mas, como se trata de um filme com temática bíblica, sinto-me na obrigação de manifestar minha opinião sobre o que observei quando assisti a ele.
Do ponto de vista teológico, bíblico e doutrinário, o filme é uma frustração do começo ao fim. Ele não se preocupa, em nenhum momento, em ser fiel à narração bíblica ou se aproximar dela. Pelo contrário, procura distorcer e apontar uma visão de fé totalmente contrária à visão judaico-cristã. Uma mistura de concepções filosóficas anticristãs, tentando levar as pessoas a uma concepção de Deus e da revelação divina totalmente deturpada. Por isso, é importante afirmar que o Noé do filme não é o Noé da Bíblia nem o Criador, apresentado pelo filme, corresponde ao Deus da revelação bíblica.
O texto sagrado nos apresenta Deus como aquele que sempre toma a iniciativa de salvar ou purificar a criação como obra de Suas mãos. A missão de construir uma arca não é fruto de um delírio, de sonhos ou de alucinações de Noé. Deus foi ao seu encontro e lhe confiou esta missão. Noé personifica os homens tementes ao Senhor desde a criação do mundo. Ele não é um alucinado, muito menos um fanático religioso sem consciência e sem maturidade, como deseja apresentar o filme. A arca, diferente da Torre de Babel, não nasce de nenhuma pretensão humana, mas é uma iniciativa divina para renovar a humanidade.
Um dos ingredientes de mau gosto do filme é querer apresentar a figura de anjos decaídos como grandes bonecos de pedra, feitos com alta tecnologia digital, como os defensores de Noé, guardiões da arca e combatentes contra os pretensos invasores dela. Essas criaturas, na concepção do filme, ajudam Noé na construção da arca. Os elementos são sem fundamentos e distorcem o sentido da revelação bíblica. Nenhum anjo decaído ajudou Noé nem pode ajudar nenhum de nós. Ele não teve o auxílio desses fantasiosos guardiões. A luz, a força e o auxílio que conduzem Noé é a mão de Deus, Criador de todas as coisas.
A visão hedonista do filme apresenta um dos filhos de Noé como um jovem impelido a possuir a mulher de qualquer um a qualquer custo. Noé, como um obcecado religioso, opõe-se ao fato de seu filho ter uma esposa. Ainda pior: quando sua nora engravida, dentro da arca, Noé, em nome de Deus, fica irado com a gravidez dela e se propõe matar a criança se ela for uma menina. O texto bíblico é muito claro ao dizer que Noé entrou na arca com sua mulher, seus três filhos e a esposa de cada um deles. E eles, depois, iriam povoar a terra.
O filme tem muitas outras coisas de mau gosto e interpretações sem nenhum fundamento religioso ou bíblico. Penso que o autor da obra poderia ter respeitado, pelo menos, o essencial da narração do texto bíblico e criado muitas coisas belas a partir daquilo que foi inspiração bíblica para criar o filme.
A verdade é que o longa-metragem é uma afronta e uma distorção da beleza da revelação divina. Ele não merece ser visto nem apreciado por quem tem a Bíblia como um Livro Sagrado, fonte da revelação divina e inspiração primeira de fé. Existem filmes mais sérios e de roteiros mais qualificados.
Padre Roger Araújo
Missionário da Comunidade Canção Nova
Fonte: Portal Canção Nova

"A Cruz não é um enfeite" (Papa Francisco)


“Não existe cristianismo sem Cruz”. É o que afirmou o Papa na missa da manhã desta terça-feira, 8, na Casa Santa Marta. O Pontífice ressaltou que “não há possibilidade de sairmos sozinhos de nossos pecados” e reiterou que “a Cruz não é um enfeite para ser colocado no altar, mas o mistério do amor de Deus”. Em caminho no deserto, o povo murmurava contra Deus e contra Moisés, mas quando o Senhor mandou as serpentes, o povo admitiu seu pecado e pediu um sinal da salvação. O Papa Francisco se inspirou na primeira leitura, extraída do Livro dos Números, e refletiu sobre a morte no pecado. Ele observou que Jesus alertou os fariseus dizendo-lhes: “Morrerão em seu pecado”: “Não há possibilidade de sairmos sozinhos de nosso pecado. Estes doutores da lei, as pessoas que ensinavam a lei, não tinham uma idéia clara sobre isto. Acreditavam, sim, no perdão de Deus, mas se sentiam fortes, sapientes; e fizeram da religião e da adoração a Deus uma cultura com valores, reflexões e mandamentos... pensavam que o Senhor pudesse perdoar”. No deserto, o Senhor ordenou que Moisés fizesse uma serpente abrasadora e a colocasse numa haste. Quem fosse mordido e a contemplasse viveria. “O que é a serpente?”, perguntou o Papa. “É o sinal do pecado, como vimos no Genesis, quando a serpente seduziu Eva e lhe propôs o pecado”, respondeu Francisco. “Deus mandou hastear o pecado como uma bandeira da vitória. Isto é difícil de entender se não compreendermos o que Jesus nos diz no Evangelho”. Ele disse aos Judeus: “Quando levantarem o Filho do homem, saberão quem eu sou”. “No deserto, disse Francisco, foi hasteado o pecado, mas um pecado que procurava salvação, porque ali seria curado. Quem foi levantado, sublinhou o Pontífice, foi o Filho do homem, o verdadeiro Salvador, Jesus Cristo”: “O cristianismo não é uma doutrina filosófica, não é um programa de sobrevivência, não serve para nos educar, ou para fazer as pazes. Estas são consequências. O cristianismo é uma pessoa, uma pessoa levantada na Cruz, alguém que renunciou a si para nos salvar; que se fez pecado. Assim como no deserto foi elevado o pecado, aqui foi elevado Deus, que se fez homem e se fez pecado por nós. E todos os nossos pecados estavam lá. Não se pode entender o cristianismo sem entender esta humilhação profunda do Filho de Deus, que se humilhou e se fez servo até a morte e morte de Cruz, para servir”.
É por isso que o Apóstolo Paulo, quando fala sobre o que lhe envaidece, diz “os pecados”. “Nós não temos outra coisa de que nos orgulhar: esta é a nossa miséria”. O coração da salvação de Deus “é seu Filho, que assumiu todos os nossos pecados, as nossas soberbias, as nossas seguranças, nossas vaidades, nosso anseio de ser como Deus”. “Nossas chagas, que deixam o pecado em nós, se curam somente com as chagas de Deus feito homem, humilhado e aniquilado”. “É este o mistério da Cruz”, afirmou Francisco. “Não é uma decoração que devemos colocar nas igrejas e nos altares. Não é um símbolo que nos distingue dos outros. A Cruz é o mistério, o mistério do amor de Deus, que humilha a si mesmo, que se anula, se faz pecado. O perdão que Deus nos dá não é cancelar uma dívida: são as feridas de seu Filho na Cruz, elevado na Cruz. Que Ele nos atraia e nós nos deixemos curar”, concluiu o Papa.









Anchieta na palavra dos papas (Dom Odilo Scherer)


   

A canonização de São José de Anchieta, o Apóstolo do Brasil, tem enorme significado para a Igreja de São Paulo e do Brasil. Não se trata apenas da proclamação de mais um santo, mas da valorização de toda uma história, da confirmação de um serviço prestado ao Evangelho e da sinalização de um caminho para a Igreja percorrer. Nascemos de um trabalho missionário e continuamos a ser uma Igreja missionária. E precisamos sê-lo, mais do que nunca! Os “sinais dos tempos”, ao nosso redor estão a pedir a renovação da consciência, da parte de toda a comunidade eclesial, de que somos um povo em estado permanente de missão e precisamos de uma nova atitude missionária. Os documentos recentes da Igreja, em vários níveis, explicitam esta urgência. E isso está em plena coerência com o mandato que os apóstolos receberam do próprio Cristo no início da vida da Igreja: “ide por todo o mundo, anunciai a Boa Nova a todos os povos”. O papa Francisco destacou ainda mais, o significado missionário de São José de Anchieta ao proclamá-lo “santo”, junto com dois outros missionários, que atuaram na América do Norte: São Francisco de Laval, primeiro bispo do Quebec (1623-1708), e Santa Maria da Encarnação, religiosa ursulina (1599-1672); ambos nasceram na França e dedicaram sua vida como missionários no Canadá.

Outros papas também destacaram o significado missionário de Anchieta. Na missa do Campo de Marte, em São Paulo (03.07.1980), durante sua primeira visita ao Brasil, João Paulo II referiu-se à “figura fascinante” (de Anchieta), tão ligada à história religiosa e civil do Brasil, que “veio ao Brasil para anunciar Jesus Cristo e difundir o Evangelho. Veio com o único objetivo de levar os homens a Cristo”. E recordou trechos de cartas escritas por Anchieta aos seus Superiores sobre os trabalhos missionários desempenhados. “Salvar as almas para a glória de Deus, este era o objetivo de sua vida”, continua ainda o Papa. “Isso explica a prodigiosa atividade de Anchieta ao procurar novas formas de atividade apostólica, que o levavam a fazer-se tudo para todos; a fazer-se servo de todos, para ganhar o maior número possível de homens para Cristo” (cf 1Cor 9,19-22). Bento XVI, ao falar aos Bispos da Amazônia em visita “ad Limina” (04.10.2010), apresentou a figura de Anchieta como “modelo de incansável e generosíssima atividade apostólica (...) promovendo a difusão da Palavra de Deus tanto entre os indígenas como entre os portugueses (...). Isso pode servir de exemplo para ajudar as vossas Igrejas particulares a encontrar os caminhos para promover a formação dos discípulos missionários no espírito da Conferência de Aparecida”. O mesmo Papa, na sua Mensagem (18.10.2012), para a Jornada Mundial da Juventude do Rio de Janeiro apresentou Anchieta como “modelo para a juventude“, pela contribuição generosa que deu, sendo ainda muito jovem, para o anúncio do Reino de Deus e o desenvolvimento deste mundo. No encerramento da Jornada Mundial da Juventude, no Rio de Janeiro (28.07.2013), no envio dos jovens em missão, o papa Francisco convidou-os a imitarem o exemplo de Anchieta: “A Igreja tem necessidade de vocês, do seu entusiasmo, da sua criatividade e alegria. Um grande apóstolo do Brasil, o Beato José de Anchieta, partiu em misão quando tinha apenas 19 anos de idade. Sabem vocês, que o melhor evangelizador dos jovens é um outro jovem? Este é o caminho que todos vocês devem percorrer.” Conhecer e valorizar a vida e a ação missionária de São José de Anchieta ajudará, certamente, a recobrar a identidade missionária de nossa Igreja e a buscar caminhos e meios para melhor concretizar esta missão no contexto sempre novo em que a Igreja se encontra. (Card. Odilo P. Scherer, Arcebispo de São Paulo)





 

segunda-feira, 7 de abril de 2014

“Eu sou a ressurreição e a vida. Quem crê em mim, mesmo que morra, viverá. E todo aquele que vive e crê em mim, não morrerá jamais.” (Jo 11,25-26)



Já nas primeiras horas do meu dia aqui estou, em união com a Igreja, na Oração das Horas, Senhor (às 5:30h)a entregar a minha alma e dos meus irmãos, nossos filhos, famílias e familiares, neste 7º dia do “encontro” de minha mãe Convoso. E já na antífona 1 “Eu dirijo a minha prece a vós, Senhor, e de manhã já me escutais.”

Crendo que Sois um Deus que cuida de seus filhos, e a cada um concede as bênçãos da cura do corpo e da alma. Assim, neste momento de dor peço-Lhe Senhor ajuda para meus irmãos e eu, nossos filhos, nossas famílias, familiares e amigos, que confiando em Vós, aqui estão para conosco se unir e solidarizar na mesma fé e na mesma esperança: “2Escutai, ó Senhor Deus, minhas palavras, atendei o meu gemido! 3Ficai atento ao clamor da minha prece, ó meu Rei e meu Senhor! 4É a vós que eu dirijo a minha prece; de manhã já me escutais! Desde cedo eu me preparo para vós, e permaneço à vossa espera. 13 Porque ao justo abençoais com vosso amor, e o protegeis como um escudo!" Glória a Vós, Senhor!...(Salmo 5,2-4.13/Oração da manhã para pedir ajuda - Aqueles que acolherem interiormente a Palavra de Cristo nele exultarão eternamente).

Repito e completo nas antífonas 1 e 2, com coração agradecido a celebração de Vosso Nome Glorioso. Sabemos que é a Vossa Misericórdia que acolhe a nossa dor. Com o salmista queremos renovar o louvor que somente a Vós é devido, mesmo em meio a fragilidade da saudade, em nós está a certeza da fé e da esperança que nos impulsiona a dizer: “ Eu dirijo a minha prece a vós, Senhor, e de manhã já me escutais. Nós queremos vos louvar, ó nosso Deus, e celebrar o vosso nome glorioso”. Pois, “10 Bendito sejais vós, ó Senhor Deus, Senhor Deus de Israel, o nosso pai, desde sempre e por toda a eternidade! 13 Agora, pois, ó nosso Deus, eis-nos aqui! e, agradecidos, nós queremos vos louvar e celebrar o vosso nome glorioso! Glória a Vós, Senhor!... (Cântico 1Cr 29,10.13/Honra e glória, só a Deus - Bendito seja o Deus e Pai de Nosso Senhor Jesus Cristo (Ef 1,3).) “ Nós queremos vos louvar, ó nosso Deus, e celebrar o vosso nome glorioso.”

Ó Pai, como dissestes no Batismo de Vosso Filho: ‘Este é o meu Filho amado, no qual eu pus o meu agrado’ (Mt 3,17), cremos na predileção por todos aqueles que chamas desta vida para a eternidade, assim renovamos a nossa fé e esperança em Vossa Glória e Poder no salmo 28: 1 Filhos de Deus, tributai ao Senhor, tributai-lhe a glória e o poder! 2 Dai-lhe a glória devida ao seu nome; adorai-o... 10 É o Senhor que domina os dilúvios, o Senhor reinará para sempre. 11 Que o Senhor fortaleça o seu povo, e abençoe com paz o seu povo! Glória a Vós, Senhor! (Salmo 28(29), 1-2.10-11)

Ó Pai, Vos agradecemos por todas as Graças com que conduziu a vida de mamãe no seu martírio da doença, nos revezes do tratamento e do tempo, bem como, na Sabedoria e Coragem com que nos cumulou para a acompanharmos em sua Via Sacra.  Prefigurada na Vossa Palavra estava o martírio e a ressurreição de Vosso Filho Jesus, mas também a confirmação para os nossos martírios nesta vida, e a certeza para nossa ressurreição no último dia: “Eu era como manso cordeiro levado ao sacrifício (...) pois eu te confiei a minha causa.” (Leitura breve - Jr 11,19-20)

Ó Pai, inspirados pela força da Palavra e da Promessa de Vosso Filho, neste domingo, “Eu sou a ressurreição e a vida. Quem crê em mim, mesmo que morra, viverá. E todo aquele que vive e crê em mim, não morrerá jamais.” (Jo 11,25-26), queremos prosseguir na saudade, e numa atitude de esperança responder-Lhe: “Sim, Senhor, eu creio firmemente que tu és o Messias, o Filho de Deus, que devia vir ao mundo”. (Jo 11,27)

Estela Márcia (Alma Carmelita)/07 de abril de 2014.

 

 

domingo, 6 de abril de 2014

“O cheiro que as Mães têm”

(7h da manhã do 6º dia após a partida)


Entre tantos pensamentos que tenho tido, ao longo destes últimos seis dias da partida para o encontro com Deus de minha pérola preciosa, nesta manhã de domingo, em oração, o bom Deus - e a Virgem Maria, com certeza na intercessão, recordou-me da minha infância. E que infância! Gostosa de lembrar – como na vida da maioria das pessoas que conheço, e que se perdem em alegria e emoção nas suas lembranças.

Porém, nesta manhã, ao recordar minha infância, ela tinha cheiro. Cheiro? Cheiro do quê? Cheiro de amamentação. Cheiro de Mãe. Sim, pois, fugindo as expectativas nutricionais, tive a alegria de ser amamentada até os três anos e seis meses de idade - tempo em que mamãe ainda trabalhava na fábrica de tecidos, Companhia América Fabril.

Recordo-me que minha mãe chegava no horário de seu intervalo para “almoço” às 9:30h, pois entrara às 5h, e sairia às 13:30h. Que horário esperado. Quando a cirene da fábrica tocava, lá estava eu, menininha de três aninhos, esperando seu cheirinho com gosto de alimento. Afinal, esta criança já se alimentava com tudo mais que uma criança de três anos já se alimenta, então, a amamentação não era mais nutricional, mas sim afetiva. A amamentação era o elo entre as duas, mãe e filha. Ligação que fez das duas, ao longo de cinquenta e um anos, um elo de amizade plenamente compreensível. Elo que criou dependência de ambas as partes.

O interessante é que nesta manhã, quando o bom Deus permitiu-me tal recordação, a memória olfativa se misturava com a memória reflexiva, como tantas vezes já foram sentidas. Mas hoje, neste momento de saudade, esta lembrança misturou-se com a espiritualidade e afetividade de inúmeros filhos e mães, mas a que impulsionou-me – com certeza inspirada pelo Espírito Santo de Deus, meu adorado companheiro de viagem – foi a relação de afetividade de Jesus Menino e sua doce Mãe, a Virgem Maria.

Se em meu olfato está perene o cheiro de minha mãe, e aquele colóquio de amor e ternura, de olhares se entrecruzando durante a amamentação, penso que com Jesus, quando homem em suas caminhadas, de idas e vindas da Galiléia para a Judéia, não tenha sido diferente. O laço da amamentação de uma mãe com um filho é único, e se traduz na missão que ela terá em educá-lo e em mostrá-lo o caminho a seguir.

No coração da Virgem Maria estavam presentes as palavras do anjo, que continuamente a fazia recordar-se da missão de seu Filho: “Eis que conceberás e darás à luz um filho, e lhe porás o nome de Jesus. Ele será grande e chamar-se-á Filho do Altíssimo, e o Senhor Deus lhe dará o trono de seu pai Davi; e reinará eternamente na casa de Jacó, e o seu reino não terá fim (...) O Espírito Santo descerá sobre ti, e a força do Altíssimo te envolverá com a sua sombra. Por isso o ente santo que nascer de ti será chamado Filho de Deus.” (Lc 1,31-33.35)

Ser e fazer aquilo que Deus quer, era aquilo que fazia parte da vida da Virgem Mãe.  Ser e fazer aquilo que Deus quer, é a missão de todas as mães. E com isso, agradeço ao bom Deus por inspirar nas mães esta doce certeza de ‘Ser e fazer aquilo que Deus quer’. E agradeço, neste momento em que vivemos, da recente partida, a mãe que me amamentou, e deixou em mim o seu cheiro, o cheiro da amamentação e da responsabilidade de ser mãe.

Como a Virgem Maria, eu creio em tudo o que o Senhor inspira no coração de uma mãe, e que em mamãe se deu na educação de cada um de nós seus filhos. Afinal, em nossa educação estava sempre presente, entre ela e nós, o santo Temor de Deus, que nos faz amar e respeitar a Deus sobre todas as coisas, reconhecendo o valor filial divino, para que depois sim reconhecer o valor filial humano.

Olho no olho, momento da amamentação (duradoura ou não), momento do ninar para dormir, momento do soninho no cantinho da cama, são momentos de colóquio maternal jamais esquecido pelos filhos biológicos ou não, pois trazem em si uma missão, repito: A missão de serem e fazerem a Vontade de Deus. Encerro assim com os exemplos de nosso Senhor Jesus Cristo, que tendo sido amamentado, cuidado e ensinado por sua doce Mãe, jamais perdeu de vista aquilo que ela, com toda certeza, repetiu-lhe muitas vezes. Já na fase adulta, após ensinar a oração do Pai-Nosso aos discípulos que queriam aprender a orar, e falar-lhe da importância do saber pedir e suplicar, com insistência, para receber do Pai do Céu o que for necessário, Jesus manifesta o seu poder divino expulsando um demônio mudo. Enquanto ele assim falava, uma mulher levantou a voz do meio do povo e lhe disse: “Bem-aventurado o ventre que te trouxe, e os peitos que te amamentaram!” (Lc 11,27) Com toda certeza, Jesus o sabia, e recordou-se, mas haveremos de lembrar que aquele elo com sua Mãe se traduziria na importância de sua missão, e que já estava sendo colocada em prática, e Jesus replicou: “Antes bem-aventurados aqueles que ouvem a palavra de Deus e a observam!” (Lc 11,28) Afinal, a maternidade traz em si uma missão, a de apontar ao “fruto do seu ventre” aquilo que precisa ser cumprido. Assim, encerro dizendo que “O cheiro que as Mães têm”, é mais que humano, pois trata-se de um cheiro divino, cheio da presença de Deus.

Estela Márcia (8:35h, 06 de abril de 2014)

 

quarta-feira, 2 de abril de 2014

Que dor é essa, meu Senhor?


        
(Março de 2013)
           São 15:22h, após o Terço da Misericórdia Divina e do breve descanso da tarde, após a Vigília do Velório do corpo de minha mãe... que VAZIO, que DOR... dor de saber que todos os esforços dos últimos 3 meses e 23 dias... acabaram, se esvaziaram. Já não existe mais a agenda dividida entre as atividades pessoais e as idas para o hospital, a programação hospitalar da semana, os questionamentos do melhor a ser feito no tratamento...

         Que dor é essa, meu Senhor? Que dor é essa, minha Mãezinha do Céu? Uns dirão: É a dor da perda; ou ainda, é a dor da ausência; é a dor da saudade... Sim, É uma dor inexplicável para todo e qualquer ser humano, porque se trata de uma dor de orfandade. Falo da dor da perda de nossos pais.

         Olhar para os lados e ver os que amamos, é muito bom e gratificante. Mas quando olhamos, e entre os amados nos faltam aqueles que nos trouxeram ao mundo, é impressionante a sensação de vazio. Se antes, tínhamos dois grandes responsáveis pela nossa vida, que nos orientaram, conduziram, e até cobraram de nós atitudes, e com o tempo perdemos um, dói muito – referindo-me a dor da perda de papai, em outubro de 2000;  mas quando perdemos o (a) segundo (a), a lacuna que fica é muito grande.

É assim que me sinto meu Jesus, neste momento do dia em que enterramos a mãe que me destes para amar e servir. Mãe que me destes para me ensinar a ser gente, e mais do que isso, a ser filha de Deus, a ser filha da Virgem Maria. Mãe que ao longo da minha história pessoal foi dando-me o sentido da vida. Mãe que foi cunhando em meus traços humanos, a dignidade da responsabilidade e do compromisso. Mãe que educou-me não com repetidos “sim” para as minhas vontades, mas que traçou em cada “não” a certeza que deveria fazer sempre o que fosse bom para o outro também.

Que dor é essa, meu Senhor? É a dor do VAZIO, que não é oco.

Que dor é essa, meu Senhor? É a dor do não mais saber o que fazer para sarar.

Que dor é essa, meu Senhor? É uma dor que aperta, dor que chora e que sangra, sem sangue. É a dor que aperta o coração, sem machucar. É a dor que me faz chorar, sem conseguir parar. É a dor que faz sangrar o coração, sem ter com que estancar.

Que dor é essa, meu Senhor? É a dor que só a Vossa Graça poderá curar, porque ela tem nome, e se chama SAUDADE.

Venha comigo meu Deus! Venha com meus irmãos! Venha com nossos filhos! Venha com as nossas famílias! Ensinai-nos a conviver com a SAUDADE, que nesta tarde se apresentou tão gigante diante de mim. Cuidai de minha pobre alma, que tem em si a única esperança, o Vosso Amor e Misericórdia. Venha comigo, Senhor! Venha conosco, Senhor! Tudo isso Vos apresento em união com a Virgem Maria, os anjos e santos. Amém.

Estela Márcia, sua Alma carmelita (01 DE ABRIL DE 2014, 16:30h)