O Catecismo
vai nos dizer que a Eucaristia é o ‘sacramento da nossa salvação realizada por
Cristo na cruz’ de Ação de graças e
Louvor ao Pai ‘pela obra da criação’, e que ‘só é possível através de
Cristo: Ele une os fiéis à sua pessoa, ao seu louvor e à sua intercessão, de
maneira que o sacrifício de louvor ao Pai ë oferecido por Cristo e com
Cristo, para ser aceite em Cristo’. (CES 359-361) A Eucaristia
assume a nossa condição humana e nos eucaristiza, como nos diz São Justino
(Séc. II - São
Justino, Apologia, 1. 65: CA 1, 176-180 /PG 6. 428)
Se pensarmos então que ‘êxtase’ é um estado
espiritual de profundo encanto, tomado de intensa adoração e admiração, perceberemos
que ao comungarmos do Corpo e Sangue, Alma e Divindade de nosso Senhor Jesus
Cristo, experimentamos a graça de nos oferecermos ao Pai, ‘por Cristo e com Cristo,
para ser aceite em Cristo’. Adentramos no Mistério da Fé. Com Cristo experimentamos a Cruz,
atualizamos com Ele o Mistério que se deu no madeiro do Sacrifício, e com Ele temos
a oportunidade de entregarmos as nossas misérias. Porém, se com Ele padecemos,
com Ele ressurgimos pelo penhor de Sua Ressurreição. “Eis o Mistério da Fé!”
Mistério para ser crido e adorado. Extremado
de adoração eucarística, São João Paulo II, o então Papa, escreve-nos: «A Igreja e o mundo têm grande necessidade
do culto eucarístico. Jesus espera-nos neste sacramento do amor. Não regateemos
o tempo para estar com Ele na adoração, na contemplação cheia de fé e disposta
a reparar as faltas graves e os pecados do mundo. Que a nossa adoração não
cesse jamais». (João Paulo II, Ep. Dominicae Cenae, 3: AAS 72
(1980) 119; cf. Enchiridion Vaticanum 7, 177.).
Os santos compreenderam se tratar de um Mistério que
ultrapassa os sentidos, como escreve São Tomás de Aquino: «A presença do verdadeiro corpo e do verdadeiro sangue de
Cristo neste sacramento, não a apreendemos pelos sentidos, mas só pela fé, que
se apoia na autoridade de Deus". (cf. Summa theologiae, 3.
q. 75, a. 1. c: Ed. Leon. 12, 156); São Cirilo de
Alexandria declara, comentando o texto de São Lucas 22, 19 "Isto é o Meu
corpo que será entregue por vós": "Não vás agora perguntar-te se isso
é verdade; mas acolhe com fé as palavras do Senhor, porque Ele, que é a
verdade, não mente"» (Commentarius in Lucam 22, 19: PG 72,
912).
Comungar é entrar em comunhão com alguém
ou mesmo com uma ideia. Portanto, ao comungarmos do Corpo e Sangue de Cristo,
comungamos uma Pessoa, comungando não mais apenas Sua ideia, mas o Seu Espírito
que em nós, faz-nos outro Cristo. Na dimensão do banquete eucarístico nos faz
um com Ele e o Pai: «Quem come a minha carne e bebe o meu sangue permanece em
Mim e Eu nele. Assim como o Pai, que vive, Me enviou, e Eu vivo pelo Pai,
também o que Me come viverá por Mim» (Jo 6,56-57). Afirma-nos a Igreja:
“O que o alimento material produz na nossa vida corporal, realiza-o a Comunhão,
de modo admirável, na nossa vida espiritual. A comunhão da carne de Cristo
Ressuscitado, «vivificada pelo Espírito Santo e vivificante» (Cf. II Concílio do Vaticano,
Decr. Presbyterorum ordinis, 5: AAS 58 (1966)997).
Como Memorial
sacrificial, ‘no sentido que lhe dá a Sagrada Escritura, o memorial não
é somente a lembrança dos acontecimentos do passado, mas a proclamação das
maravilhas que Deus fez pelos homens’ (Cf. Ex 13,3). Na
celebração litúrgica destes acontecimentos, eles tornam-se de certo modo
presentes e atuais. Porque é o memorial da Páscoa de Cristo, a Eucaristia é
também um sacrifício. O caráter sacrificial da Eucaristia manifesta-se nas
próprias palavras da instituição: «Isto é o meu corpo, que vai ser entregue por
vós» e «este cálice é a Nova Aliança no meu sangue, que vai ser derramado por
vós» (Lc 22, 19-20). Na Eucaristia, Cristo dá aquele mesmo corpo que
entregou por nós na cruz, aquele mesmo sangue que «derramou por muitos em
remissão dos pecados» (Mt 26, 28). (CES 1363.1365) Dessa forma, cabe-nos
compreender que apesar de nós, o Mistério se realiza pelas palavras do próprio
Cristo, que de antemão, quis comer esta Ceia com os seus.
Diante de tamanho Mistério, a Igreja espera de seus filhos o
verdadeiro ‘culto’ à Eucaristia (Cf. 1378-1381), e nos diz: “Na liturgia da Missa, nós exprimimos a nossa fé na
presença real de Cristo sob as espécies do pão e do vinho, entre outras maneiras,
ajoelhando ou inclinando-nos profundamente em sinal de adoração do Senhor.” E afirma
através de Paulo VI: «A Igreja Católica sempre prestou e continua a prestar
este culto de adoração que é devido ao sacramento da Eucaristia, não só durante
a missa, mas também fora da sua celebração: conservando com o maior cuidado as
hóstias consagradas, apresentando-as aos fiéis para que solenemente as venerem,
e levando-as em procissão» (Paulo VI, Enc. Mysterium fidei: AAS 57 (1965) 769). Assim,
aprofundando o Mistério da presença real de Cristo na Eucaristia, e, tendo
tomado ‘consciência do sentido da adoração silenciosa
do Senhor, presente sob as espécies eucarísticas’ (CES 1379), a Igreja
recomenda que até mesmo o sacrário encontre um lugar de centralidade e importância
nas igrejas – ‘de tal modo que sublinhe e manifeste a verdade da presença real
de Cristo no Santíssimo Sacramento’. Sem deixar de lado, é claro, a ideia
inicial, de que as mesmas se destinam aos enfermos e impossibilitados de
participarem da Santa Missa.
Busquemos na visita ao Santíssimo
Sacramento, através da adoração silenciosa a força de que precisamos para
vencer o pecado e a morte do dia-a-dia, lembrando sempre que a Eucaristia ‘conserva,
aumenta e renova a vida da graça recebida no Batismo (1392), e que ‘A Igreja e o mundo têm grande necessidade
do culto eucarístico. Jesus espera-nos neste sacramento do amor’, como nos
disse São João Paulo II.
Estela Márcia
(Fundamento:
Catecismo da Igreja Católica)
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