quarta-feira, 19 de setembro de 2012

“Só Deus responde à sede que está no coração de cada homem!” (VD 23)

        
Diante da comparação que Jesus faz da insatisfação de sua geração com as crianças que se queixam dos amigos que não reagem a nenhum dos estímulos - “‘Tocamos flauta para vós e não dançastes; fizemos lamentações e não chorastes!’ (Lc 7,32b), percebemos que existe total referência aos homens e mulheres de nosso tempo que nunca se satisfazem com o que tem. Muito embora sabemos que esta situação é a voz de nossa sociedade contemporânea imediatista e individualista. Se no tempo de Jesus, a sociedade judaica se apresentava ansiosa e voltada para as promessas messiânicas, e por assim dizer, viviam uma extremada expectativa profética que motivou esse discurso, por outro lado,  haveremos de crer que é próprio do homem de todos os tempos a inconstância e o desejo de perfeição.
            São Paulo, movido pelo Espírito Santo de Deus, nos apresenta a chave para compreendermos o questionamento que Jesus propôs ao seu povo (naquele discurso) e o dilema de nossa sociedade contemporânea equivocada no seu imediatismo. Ele traduz à centralidade do discurso de Jesus apresentando a ‘caridade’, como meio e fim de todas as angústias e necessidades humanas. Fato é que somente o coração que ama, que sai de si, saberá compreender e preencher a sua carência e a dos que o rodeiam.
            A motivação central da vida humana não estar em fazer muitas e diversas coisas, mas a de fazer o seu muito ou pouco com amor, com doação e solicitude. Nesta manhã li algo muito interessante a respeito deste Evangelho (Lucas 7,31-35) que marcou todo o meu dia, “Devemos estar prontos para entrar na dinâmica de Deus sem nos importar para onde vamos. Importa estar seguindo o ritmo de Deus e realizar com ele a grande dança do universo.”
            Penso ser este o caminho, estarmos prontos ‘para entrar na dinâmica de Deus’. E qual é a dinâmica de Deus? É fácil respondermos fazendo referência à definição que São João faz de Deus, “Deus é Amor” (I Jo 4,8.16). Se Deus é amor, a dinâmica Dele é a do Amor. Esse é o caminho, esse é o remédio para a insatisfação humana, a busca do amor a Deus e ao próximo. Para onde vamos? Não importa. O que deverá estar a nossa frente é a incessante busca do amor. Na busca do amor de que é Deus, encontraremos todas as satisfações e realizações. Assim, falaremos como São Paulo, “Agora, conheço apenas de modo imperfeito, mas, então, conhecerei como sou conhecido. Atualmente permanecem estas três coisas: fé, esperança, caridade. Mas a maior delas é a caridade”. (I Cor 12,12b-13)
            Busquemos na Palavra de Deus as respostas de seu Amor por nós, a fim de que possamos encontrar respostas para os questionamentos e anseios, e assim, ser saciados. O Santo Padre nos revela a medida dessa busca “(...) a Palavra de Deus não se contrapõe ao homem, nem mortifica os seus anseios verdadeiros; pelo contrário, ilumina-os, purifica-os e realiza-os. Como é importante, para o nosso tempo, descobrir que só Deus responde à sede que está no coração de cada homem! (...) Por isso, devemos fazer todo o esforço para mostrar a Palavra de Deus precisamente como abertura aos próprios problemas, como resposta às próprias perguntas, uma dilatação dos próprios valores e, conjuntamente, uma satisfação das próprias aspirações. (...) São Boaventura afirma no Breviloquium: «O fruto da Sagrada Escritura não é um fruto qualquer, mas a plenitude da felicidade eterna. De fato, a Sagrada Escritura é precisamente o livro no qual estão escritas palavras de vida eterna, porque não só acreditamos, mas também possuímos a vida eterna, em que veremos, amaremos e serão realizados todos os nossos desejos». (Verbum Domini, 23)

Estela Márcia

Nenhum comentário:

Postar um comentário