O justo dirá “É o Senhor quem sustenta minha vida” (Sl 53,6b), com muita propriedade declara confiança no Deus que lhe protege, salva e sustenta a sua vida. A declaração de confiança está pautada na fé daquele que espera sem mesmo conhecer o que o espera. Ele se alimenta das promessas que a Palavra Divina propõe, “Pois o Senhor vela pelo caminho do justo, ao passo que o do ímpio leva a perdição” (Sl 1,6).
A falta de confiança do homem em Deus poderá levá-lo a sua própria perdição. A falta de confiança, antes de fazê-lo perder-se, com toda certeza o fará enfermo. O fará debilitado, enfraquecido em todos os seus sentidos, e, para a prática das boas obras.
Ao ler Santo Agostinho quando escreve sobre os “cristãos enfermos”, perceberemos que existe enfermidades e doenças em nós e/ou ao nosso redor e que precisam de remédio. Dirá ele então: “enfermo, quer dizer, não firme, e doente, o que se sente mal”. E continua, “Aqueles, pois, que parecem ardentes nas boas obras, mas não querem ou não podem suportar as provações iminentes, estes são enfermos. Por outro lado, aqueles que amam o mundo e por qualquer desejo mau se afastam até das obras boas, jazem gravemente doentes, visto que pela doença, sem forças, nada de bom podem realizar”.
Atribuída a quê estaria essa enfermidade, perguntaríamos? Ao esvaziamento interior. Numa paralisia interior. Sintomas que levam a frouxidão interior tamanha capaz de impedi-lo de caminhar. De tamanha gravidade que impede o conhecimento e a intimidade com Deus. Conhecimento que lhe faça amá-Lo e intimidade lhe faça desejá-Lo. Retomamos a Santo Agostinho que através de um claro exemplo diagnostica e sugere a solução, “O paralítico era um destes, na alma. Os que o carregavam, não podendo levá-lo até junto do Senhor, descobriram o teto e fizeram-no descer. É isto que terias de fazer: descobrir o teto e colocar junto do Senhor a alma paralítica, com todos os membros frouxos, e vazia de obras boas, curvada sob o peso dos pecados e doente com o mal de sua cobiça. Portanto, se todos os seus membros estão frouxos e há paralisia interior para levá-la ao médico – talvez o médico esteja escondido no teu interior: seria este um sentido oculto nas Escrituras – se queres descobrir-lhe o que está oculto, descobre o teto e faze descer diante dele o paralítico”.
Por isso a Igreja, com sabedoria, insiste aos seus filhos a importância da leitura e do estudo da Palavra de Deus. E afirma que o coração do homem se completa, se preenche e ganha um novo impulso quando encontra na Palavra de Deus seu sustento, “ Deste modo, pois, com a leitura e estudo dos livros sagrados, «a palavra de Deus se difunda e resplandeça (2 Tess. 3,1), e o tesouro da revelação confiado à Igreja encha cada vez mais os corações dos homens. Assim como a vida da Igreja cresce com a assídua frequência do mistério eucarístico, assim também é lícito esperar um novo impulso de vida espiritual, se fizermos crescer a veneração pela palavra de Deus, que «permanece para sempre» (Is. 40,8; cfr. l Pedr. 1, 23-25)” – (Influência e importância da renovação escriturística. Dei Verbum, Cap. III, § 26).
Oremos com o salmista neste 25º Domingo do Tempo Comum:
“Por vosso nome, salvai-me, Senhor;/ e dai-me a vossa justiça!/ Ó meu Deus, atendei minha prece/ e escutai as palavras que eu digo! “ Glória ao Pai... Amém!
Estela Márcia
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