terça-feira, 30 de outubro de 2012

Sedes robustecido pelo Espírito de Cristo!

           Estamos sendo exortados por São Paulo, nestes últimos dias, a vivermos o vínculo do amor e da paz na solicitude de uns para com os outros na liturgia diária.

A riqueza do Amor de Deus está sendo para nós apresentada por ele a título de exortação e formação de nosso ser interior, que por diversos motivos, tendemos ao esvaziamento interior e começamos a viver sem a medida necessária para sermos dignos cristãos. Diz-nos então, “Irmãos, eu dobro os joelhos diante do Pai, de quem toda e qualquer família recebe seu nome, no céu e sobre a terra. Que ele vos conceda, segundo a riqueza de sua glória, serdes robustecidos, por seu Espírito, quanto ao homem interior, que ele faça habitar, pela fé, Cristo em vossos corações, que estejais enraizados e fundados no amor (...)”. (Ef. 3,14-17) “Ser robustecidos por seu Espírito” é estar fortalecido, é estar corajosamente preparado interiormente para viver o amor de Cristo e para dar testemunho da verdade do Evangelho.
A proposta é infinitamente grande, ela supõe ‘largura, comprimento, altura e profundidade’ - mencionada nos versículos que se seguem -  jamais imaginada pelo ser puramente humano. Nesta exortação, São Paulo declara a superabundância do ‘Amor’ que prepara o cristão para atuar em nome de Cristo na Igreja e pela Igreja. E que precisamos de uma contínua preparação. Preparação que nos levará a ir de encontro ao caminho das virtudes com humildade e mansidão nas quais irão estreitando os vínculos fraternos a cada dia mais.
Necessitamos nos conscientizar de que a graça que o Espírito Santo nos concede para atingirmos a maturidade cristã em nosso interior irá permitir aos outros a experiência e o crescimento no Amor de Deus.
A exortação é também um chamado a um movimento novo de vida. Vida interior fortalecida para a vida exterior. Vida exterior que se traduz em amor real e prático, sentido e vivdo, experimentado e revelado.
Creiamos que só assim, movidos pelo Amor em todas as suas medidas e dimensões poderemos nos dignar a avançar no conhecimento de Cristo. Sendo parte de seu corpo e formado a partir de seu Espírito, Cristo espera de nós a multiplicação dos dons por Ele concedido a fim de fazê-Lo mais conhecido e amado. 
Assim, nos uniremos a São Paulo para declararmos aquilo que é o nosso grande anseio: “Motivados pelo amor queremos ater-nos à verdade e crescer em tudo até atingirmos aquele que é a Cabeça, Cristo”. (Ef 4,15)
Louvado seja nosso Senhor Jesus Cristo!
Para sempre seja louvado! Amém!
Estela Márcia

segunda-feira, 29 de outubro de 2012

“Ó justos, alegrai-vos no Senhor! Aos retos fica bem glorificá-lo.” (Sl 32,1)

            Muito precisaria nos impressionar a grandeza e o poder da Palavra de Deus. Pois muitos de nós nos dizemos cristãos, professamos a fé em um único Deus e Senhor, mas não nos comportamos, ou melhor, não O testemunhamos e não fazemos as escolhas como deveríamos. Devemos nos lembrar, “Deus ama o direito e a justiça, transborda em toda a terra a sua graça” (Sl 32,5). ‘Direito e justiça”, termos que se completam e se traduzem em práticas da virtude moral atribuída ao ser humano, portanto abençoada e desejada por Deus para os seus filhos.
            No Evangelho de Lc 12,49 encontramos a imperiosa palavra de Jesus para a vida de todos os batizados, quando Ele revela aos discípulos que a sua missão está associada a uma radical mudança de vida. Mudança que impele todo cristão a ser diferente, a ser virtuoso. Mudança que divide os que a Ele pertencem dos que querem apenas pertencer ao mundo e a prática de seus contra-valores. Por isso Jesus foi tão severo ao dizer “Eu vim para lançar fogo sobre a terra, e como gostaria que já estivesse aceso! Devo receber um batismo, e como estou ansioso até que isto se cumpra! Vós pensais que eu vim trazer a paz sobre a terra? Pelo contrário, eu vos digo, vim trazer divisão. Pois, daqui em diante, numa família de cinco pessoas, três ficarão divididas contra duas e duas contra três (...)”.
            O ‘fogo’ que Ele veio trazer é o fogo do Seu Espírito Santo – muito comum nos textos de São Lucas, basta ler os Atos dos Apóstolos – ao falar desse fogo, Jesus espera dos seus que vivam o compromisso que vai além de um nome, ou de um título, mas que traduza um critério de vida. E esse critério, muitas vezes, supõe sim divisão, e essa divisão, diferente do que possamos imaginar nos levará a uma atitude radical, a uma opção verdadeira por Deus, e que correrá o risco de confrontar-se com os que estão próximos de nós.
Por isso o salmista vai dizer: “Ó justos, alegrai-vos no Senhor! Aos retos fica bem glorificá-lo. Pois é reta a palavra do Senhor, e tudo o que ele faz merece fé. Deus ama o direito e a justiça, transborda em toda a terra a sua graça”.
Deus nos abençoe e nos permita viver o ‘Direito e a justiça’ diante de todos!
Estela Márcia

sexta-feira, 26 de outubro de 2012

O Ano da Fé proclamado pelo Santo Padre


O Ano da Fé proclamado pelo Santo Padre, o Papa Bento XVI, no dia 11 de outubro de 2012 deu início a um momento de renovação da fé da Igreja que contempla os 50 Anos do Concílio Vaticano II e os 20 Anos da publicação do Catecismo da Igreja Católica – como já temos refletido há algumas semanas neste Blog.
Conforme a homilia da Missa de Abertura do Ano da Fé, lembramos os principais aspectos destacados pelo Santo Padre quando revela ao mundo
Em sua homilia de abertura do Ano da Fé, o Santo Padre ressaltou que a importância de se promover uma Nova Evangelização nos dias de hoje, já que vivemos um ‘deserto espiritual’ nestes últimos decênios e que, muito mais que prestarmos honras superficiais ao Concílio Vaticano II, precisamos ‘redescobrir a alegria de crer’. Fazendo referência ao ‘tempo do Concílio’, destacou: “Se a Igreja hoje propõe um novo Ano da fé e a nova evangelização, não é para prestar honras a uma efeméride, mas porque é necessário, ainda mais do que há 50 anos! (...) Nos últimos decênios tem-se visto o avanço de uma "desertificação" espiritual. Qual fosse o valor de uma vida, de um mundo sem Deus, no tempo do Concílio já se podia perceber a partir de algumas páginas trágicas da história, mas agora, infelizmente, o vemos ao nosso redor todos os dias. É o vazio que se espalhou. No entanto, é precisamente a partir da experiência deste deserto, deste vazio, que podemos redescobrir a alegria de crer, a sua importância vital para nós homens e mulheres”
Disse ainda, que ‘no deserto redescobrimos o essencial para a vida’, propondo que este Ano da Fé seja ‘uma peregrinação nos desertos do mundo contemporâneo, em que se deve levar apenas o que é essencial ... o Evangelho e a fé da Igreja’, pautados à Luz dos documentos da igreja, especialmente os documentos do Concílio Vaticano II e o Catecismo da Igreja. Dando voz ao espírito deste Ano da Fé, o Sínodo da Nova Evangelização para a transmissão da fé – de 07 a 28 de outubro - vem nos trazer as linhas mestras para vivermos o novo ardor da fé com base nas respostas aos vários questionamentos estruturados em três capítulos básicos: Tempo de "nova evangelização"; Proclamar O Evangelho de Jesus Cristo; Iniciação à experiência cristã.
Deus nos abençoe! Nossa Senhora Estrela da Evangelização nos guie!
Estela Márcia

segunda-feira, 22 de outubro de 2012

“As palavras da oração nos ajudam a manter a atenção naquilo que desejamos” (Santo Agostinho)

Desejemos sempre a vida feliz que vem do Senhor Deus e assim oraremos sempre. Todavia por causa de cuidados e interesses outros, que de certo modo arrefecem o desejo, concentramos em horas determinadas o espírito para orar. As palavras da oração nos ajudam a manter a atenção naquilo que desejamos, para não acontecer que, tendo começado a arrefecer, não se esfrie completamente e se extinga de todo, se não for reacendido com mais freqüência (...) orar por muito tempo não é o mesmo que orar com muitas palavras, como pensam alguns. Uma coisa é a palavra em excesso, outra a constância do afeto. Pois do próprio Senhor se escreveu que passava noites em oração e que orava demoradamente; e nisto, o que fazia a não ser dar-nos o exemplo, ele que no tempo é o intercessor oportuno e, com o Pai, aquele que eternamente nos atende (...)”.(Da Carta a Proba, de Santo Agostinho, bispo. Ep.130,9,18-10,20:CSEL44,60-63)/ (Séc.V)
É digno e real orarmos ao Senhor com as orações seculares da Igreja, porém não se acham acabadas em si mesmas essas orações, mas são riquezas da unção do Espírito Santo que revelam e confirmam a eleição da Igreja ao longo dos tempos. Portanto nos elevamos mais facilmente a partir desses meios concedidos à Igreja pelo seu próprio Espírito, que é o Espírito de Cristo Jesus.
Bem ao contrário do que se entende, Santo Agostinho nos ensina que a oração precisa de desejo, constância, tempo determinado e tempo de duração para que o fiel encontre o sentido na sua oração. Mas alerta-nos ainda que as orações poderão ser feitas com muitas ou poucas palavras, e que o mais importante será o de manter o “Encontro”, e vai nos dizer: “orar por muito tempo não é o mesmo que orar com muitas palavras, como pensam alguns. Uma coisa é a palavra em excesso, outra a constância do afeto”.
A oração é um diálogo com o nosso Senhor e Deus que nos atenderá não pelas forças da palavras, mas pela intenção de estar na sua presença. Para isso, precisamos cuidar de cada momento de oração como se fosse único, porque através de cada instante de oração se eternizam os projetos de Deus para nós, e se reacende o desejo (de orar).
Á “Felicidade” se completa na alma que se entrega e se abandona ao Senhor. Peçamos ao Senhor que nos conceda a conciliação de nossos horários e nossas tarefas, a fim de organizarmos e mantermos os nossos momentos de oração com fidelidade e compromisso para com o Senhor. E com Santo Agostinho dizermos: “As palavras da oração nos ajudam a manter a atenção naquilo que desejamos.”
Estela Márcia


domingo, 21 de outubro de 2012

Dilatemos a nossa alma através da oração!

"(...) em certas horas e tempos também rezamos a Deus com palavras, para nos exortar a nós mesmos, mediante seus símbolos, e avaliar nosso progresso neste desejo e a nos estimular com maior veemência a aumentá-lo (...) mais digno resultará o efeito, quanto mais fervoroso preceder o afeto (...) É também por isso que diz o Apóstolo: Orai sem cessar! (1Ts 5,17). O que isso pode significar a não ser: desejai sem cessar a vida feliz, a eterna, e nenhuma outra, recebida daquele que é o único que a pode dar?" (Santo Agostinho)

             Maravilhoso Deus agradeço-Vos por tão intenso Amor e por responderes às minhas necessidades na oração. Obrigada por conceder-me, através de Santo Agostinho esta máxima da doutrina da oração " o intuito de nosso Senhor e Deus não é ser informado sobre nossa vontade, que não pode ignorar. Mas despertar pelas orações nosso desejo, o que nos tornará capazes de conter aquilo que se prepara para nos dar. Isso é imensamente grande, mas nós somos pequenos e estreitos demais para recebê-lo".
            Sabeis o quanto me deixo "dispersar entre muitas coisas", e acabo por não fazer aquilo que a minha alma necessita. Obrigada por permitir-me exortar a mim mesmo com este manancial de Graça dos escritos de Santo Agostinho e com ele meditar tamanha verdade: "(...) em certas horas e tempos também rezamos a Deus com palavras, para nos exortar a nós mesmos, mediante seus símbolos, e avaliar nosso progresso neste desejo e a nos estimular com maior veemência a aumentá-lo (...) mais digno resultará o efeito, quanto mais fervoroso preceder o afeto".
            Se estes escritos me levaram a exortar-me, espero e desejo ardentemente crescer no seu efeito, afervorar a minha oração, e através dela, crescer na intimidade Convosco. Por isso Vos suplico:
            Dilatai o meu coração e a minha alma com aquilo que tens de mais precioso, o Vosso Amor, todas as vezes que de Vós estiver me afastando. Sei que o que tens a me dar é muito maior do que eu possa supor, no entanto as minhas atividades diárias me afastam daquilo que deveria ser a minha busca.
            Cuidai comigo Senhor para que possa ser capaz de realizar tudo aquilo que a minha intenção deseja, estar, ser e fazer Convosco. São inúmeras alocuções que bradam em minha mente nos momentos de oração e contemplação no silêncio da capela, ou mesmo no silêncio das orações da madrugada, manhã e/ou ao longo do dia, porém, penso não estar fazendo do meu tempo o desejado por Vós.
            O "Encontro", ah o "Encontro Convosco", é tudo que preciso nos meus dias, porém, Ele passa rápido demais, ou mesmo, eu o substituo pelas muitas coisas ditas por Santo Agostinho. Por isso Amado Senhor, quero dizer com o salmista nesta manhã, Uma só coisa pedi ao Senhor, a ela busco: habitar na casa do Senhor todos os dias de minha vida, para contemplar as delícias do Senhor e visitar seu templo? (Sl 26,4).
            Obrigada por dilatar e exercitar o meu coração neste momento de oração!
            Obrigada por preparar-me sempre, através da oração, para receber tudo o que desejas conceder-me!
Estela Márcia

           

           











sábado, 20 de outubro de 2012

"A Graça do Espírito Santo nos socorre sempre"

"Quando vos conduzirem diante das sinagogas, magistrados e autoridades, não fiqueis preocupados como ou com que vos defendereis, ou com o que direis.
Pois, nessa hora, o Espírito Santo vos ensinará o que deveis dizer”. (Lc 12,11-12)
            A Graça do Espírito Santo meditada nestes versículos nos conduz a algo muito maior que possamos supor.
            Em meio a uma sociedade dominada pelo medo - medo de assalto, de trapaças, de infidelidades de todos os gêneros, o homem de nossos dias, de repente até mais que no tempo de Jesus, vive uma angústia extasiante. Porém, ao atualizar esta verdade de ser socorrido pelo Espírito Santo, o homem poderá encontrar o Porto Seguro de que tanto necessita para os seus temores. É claro, pautando a sua vida na proposta do Evangelho, no direcionamento que o Senhor Jesus faz antes de apresentar à rica "Promessa" da assistência de Seu Espírito Santo.
            Na proposta do Senhor, encontra-se a bússola que irá dirigir o caminho da solução que o Espírito Santo irá conduzir, “Todo aquele que der testemunho de mim diante dos homens, o Filho do Homem também dará testemunho dele diante dos anjos de Deus". (Lc 12,8) O testemunho que o Senhor propõe vai além de todas as certezas humanas, é o testemunho de quem O experimenta na oração e na vida prática, afinal, o Seu Espírito jamais se assemelharia a uma "varinha de condão" que faz mágica segundo a vontade se seu dono. Uma experiência leva à outra. Experimenta-se a Graça da intimidade com o Senhor Jesus, e em contrapartida - como intimidade é uma relação estreita entra pessoas, é ser íntimo, ser familiar em sua semântica, receberá de Sua intimidade, de Seu interior Àquilo que Ele tem de maior, o Seu Espírito. Compreender esse Mistério de intimidade é compreender a assistência que Jesus nos propõe neste Evangelho. Da mesma forma acontece com os amigos, cada um dá aos que amam aquilo que tem de melhor, a sua amizade, defesa, proteção e cuidado. Com Deus é assim também, ou melhor, é ainda maior e melhor a Sua amizade, defesa, proteção e cuidado, pois sendo que "É" e o "Poder" que tem, Ele sai de Sua magnetude, de Sua grandeza e vem aos seus amigos socorrê-los em tudo, "TUDO" mesmo.
            Olhemos o que nos diz a Escritura a respeito do auxílio e socorro aos seus amigos, fez tudo que ao homem parecia impossível:
            Em Maria, operou a Suma Grandeza de concedê-la a Graça da Maternidade Divina,e por meio dela a salvação, "Não temas, Maria, pois encontraste graça diante de Deus. Eis que conceberás e darás à luz um filho, e lhe porás o nome de Jesus. Ele será grande e chamar-se-á Filho do Altíssimo, e o Senhor Deus lhe dará o trono de seu pai Davi; e reinará eternamente na casa de Jacó, e o seu reino não terá fim." (Lc 1,30-33)
            Na vida de Zacarias (sacerdote do templo) e Isabel - sua esposa estéril, a alegria de conceber o precussor do Messias, "Não temas, Zacarias, porque foi ouvida a tua oração: Isabel, tua mulher, dar-te-á um filho, e chamá-lo-ás João. Ele será para ti motivo de gozo e alegria, e muitos se alegrarão com o seu nascimento; porque será grande diante do Senhor e não beberá vinho nem cerveja, e desde o ventre de sua mãe será cheio do Espírito Santo; ele converterá muitos dos filhos de Israel ao Senhor, seu Deus (...)". (Lc 1,13-16)
            A assistência do Espírito Santo socorre a todos aqueles - como a Maria e a Zacarias e Isabel, e tantos outros personagens da história da salvação, que foram e são fiéis a Deus e a seu chamado. Percebemos que, por muitos motivos o homem não se lança a essa intimidade por canalizar a sua vida e seus interesses a tudo que está ao seu redor, menos ao seu interior. Interior que grita e clama pela sua mais profunda essência, essência que só se satisfaz, filosoficamente falando, no olhar para aquilo que lhe é próprio, a semelhança com o seu Criador. É o encontro consigo primeiro, com a sua alma e as suas necessidades. Assim, saímos de nossos conceitos e preceitos próprios para a busca de algo maior e mais completo, mais "Pleno".
             Então, tudo acontece a partir do "Encontro" que levará a uma intimidade maior. Com Saulo, o Paulo dos gentios também se deu a partir do encontro, da interrupção de uma vida puramente de preceitos e perseguições para uma vida de total condução do Espírito Santo, "Saulo, Saulo, por que me persegues? Saulo disse: Quem és, Senhor? Respondeu ele: Eu sou Jesus, a quem tu persegues. [Duro te é recalcitrar contra o aguilhão. Então, trêmulo e atônito, disse ele: Senhor, que queres que eu faça? Respondeu-lhe o Senhor:] Levanta-te, entra na cidade. Aí te será dito o que deves fazer (...) Ananias foi. Entrou na casa e, impondo-lhe as mãos, disse: Saulo, meu irmão, o Senhor, esse Jesus que te apareceu no caminho, enviou-me para que recobres a vista e fiques cheio do Espírito Santo. No mesmo instante caíram dos olhos de Saulo umas como escamas, e recuperou a vista. Levantou-se e foi batizado. Depois tomou alimento e sentiu-se fortalecido. Demorou-se por alguns dias com os discípulos que se achavam em Damasco. Imediatamente começou a proclamar pelas sinagogas que Jesus é o Filho de Deus". (Atos 9,4-6.17-20) Portanto, tenhamos a certeza de que 'A Graça do Espírito Santo nos socorre sempre', e nos concede tudo o que necessitamos para viver. Busquemos o "Encontro" com o Senhor Jesus. Entremos em intimidade com o Seu Espírito Santo, e vivamos a verdade que o salmista nos propõe: "De todos os temores me livrou o Senhor Deus." (Salmo 33,5)
 
Estela Márcia

sexta-feira, 19 de outubro de 2012

"...a finalidade das obras de misericórdia está em sermos libertos da miséria e com isso felizes" (Sto. Agostinho)

"São verdadeiros sacrifícios às obras de misericórdia para conosco mesmos ou com o próximo, feitas por causa de Deus. E a finalidade das obras de misericórdia está em sermos libertos da miséria e com isso felizes."(Santo Agostinho)
                É muito caro a nós o ensinamento do Senhor Jesus que neste dia vem nos advertir a respeito do temor a Deus e da fidelidade para com o nome que levamos de cristão. Pois o ser cristão é, acima de tudo, compromisso com a verdade e a dignidade humana com que nos devemos mutuamente.
                A 'hipocrisia', como nos disse o Senhor, é um 'fermento' em nosso meio, e bem a propósito, esta advertência vem de encontro aos relacionamentos superficiais, individualistas e relativistas de que tanto o Santo Padre nos tem falado. Infelizmente, vemos uma geração inflamada pelo fermento do egoísmo que gera a maldade, a vingança e o ideal da realização pessoal, sem com isso, lembrar de que estamos num mundo passageiro.
                Os meios de comunicação estão fabricando pessoas insensíveis, ou melhor, acostumando-se com as disputas e traições sem valores de entrega e doação mútua. As obras de misericórdia já não existem na maioria dos lares.E muitos cristãos estão se deixando paganizar pelos males do século.
                No Livro Cidade de Deus, Santo Agostinho nos adverte: "Toda obra que realizamos em vista de aderir a Deus em santa sociedade, isto é, relacionada com a finalidade do bem pelo qual poderemos ser verdadeiramente felizes, é verdadeiro sacrifício (...) Pois embora feito ou oferecido por homens, o sacrifício é uma realidade divina, nome que até mesmo os antigos latinos lhe davam. Por isto o homem de Deus, o próprio homem consagrado em nome de Deus e a Deus dedicado, enquanto morre para o mundo, a fim de viver para Deus, é um sacrifício. Com efeito, também isto é uma forma de misericórdia, exercida para com a própria pessoa. Por esta razão se escreveu: Tem compaixão de tua alma, fazendo por agradar a Deus (Eclo 30,24 Vulg.). "
            Somos chamados a ser misericordiosos. O cuidado que precisamos ter naquilo que falamos ou fazemos aos que nos rodeiam darão o tom daquilo que professamos em nossa fé. Se formos verdadeiros filhos da Luz, faremos tudo para que o Nome do Senhor se propague e a Ele outros se convertam, mas se ao contrário, usamos de nosso comportamento, palavras e ações para falsear uma personalidade, ou mesmo, para pensarmos somente em nós mesmos, estaremos negando ao Senhor e a tudo que Ele fez por nós na Cruz.
             A Cruz é a grande obra de Misericórdia de Deus para com seus filhos. Ela não pode ser negada. Ela precisa ser amada e adorada, atualizada e sentida por nosso próximo, afim de que o nosso testemunho de vida vislumbre as promessas de eternidade. E assim dizermos como Santo Agostinho: "São verdadeiros sacrifícios às obras de misericórdia para conosco mesmos ou com o próximo, feitas por causa de Deus. E a finalidade das obras de misericórdia está em sermos libertos da miséria e com isso felizes". Felicidade não neste mundo, mas já uma antecipação do dia do Juízo.
            As boas obras, das quais será pedida uma conta particular no dia do Juízo, são as obras de misericórdia. Obra de misericórdia é aquela com a qual se socorre as necessidades corporais ou espirituais do nosso próximo.
As obras de misericórdia corporais são:
1 — Dar de comer a quem tem fome.
2 — Dar de beber a quem tem sede.
3 — Vestir os nus.
4 — Dar pousada aos peregrinos.
5 — Visitar os enfermos.
6 — Visitar os encarcerados.
7 — Sepultar os mortos.

As obras de misericórdia espirituais são:
1 — Dar bom conselho.
2 — Instruir os ignorantes.
3 — Advertir os pecadores.
4 — Consolar os aflitos.
5 — Perdoar as ofensas.
6 — Suportar pacientemente as moléstias do próximo.
7 — Rogar a Deus pelos vivos e pelos mortos.
Estela Márcia
 
 
 
 
 

quinta-feira, 18 de outubro de 2012

SÃO LUCAS, rogai por nós!

            Lucas é o evangelista do 3º Evangelho, no Novo Testamento. É o Evangelho do novo Elias e que preserva muito o Espírito Santo. Já no 1º Capítulo contorna a história da salvação em Jesus através do anúncio do anjo a Maria, "O Espírito Santo descerá sobre ti, e a força do Altíssimo te envolverá com a sua sombra. Por isso o ente santo que nascer de ti será chamado Filho de Deus". (Lc 1,35) "Nascido numa família pagã e convertido à fé, acompanhou o Apóstolo Paulo de cuja pregação é reflexo o Evangelho que escreveu. Transmitiu noutro livro - intitulado Atos dos Apóstolos, os primeiros passos da vida da Igreja até à primeira estadia de Paulo em Roma". (Ofício das Leituras) Apesar de não ter sido discípulo de Jesus, emprendeu e desempenhou com toda diligência e eficácia a missão do anúncio aos gentios a partir de sua intensa pesquisa e comprometimento, "Muitos empreenderam compor uma história dos acontecimentos que se realizaram entre nós, como no-los transmitiram aqueles que foram desde o princípio testemunhas oculares e que se tornaram ministros da palavra. Também a mim me pareceu bem, depois de haver diligentemente investigado tudo desde o princípio, escrevê-los para ti segundo a ordem, excelentíssimo Teófilo, para que conheças a solidez daqueles ensinamentos que tens recebido". (Lc 1,1-4) Gentio e médico de Antioquia, da Síria (Cl 4,10-14), já convertido em 43 ou 44 da era cristã - At 11,28 nota da Bíblia de Jerusalém que fala que "estávamos" reunidos.  Pouco depois de 50 se uniu a são Paulo e viajou com ele na 2ª viagem (At 16,10) e foi para a Macedônia, ficou em Filipos e quando Paulo volta na 3ª viagem a Filipos, Lucas se associa de novo (At. 20,5). Ainda 58 d.C. Lucas está com Paulo em Jerusalém, em 60 d.C. embarcou para Roma com Paulo, que seria julgado por César At. 27 - 28 (está na 1ª pessoa do plural). Lucas assiste Paulo no fim da vida no 2º cativeiro (2 Tm 4,11). Após a morte de Paulo não se sabe mais de Lucas, acredita-se ter morrido.
            Em torno do ano 70 escreveu o Evangelho para as Comunidades da Itália e da Síria. Procurou apresentar as dificuldades da época: perseguições e rebeliões dos judeus da Palestina contra os romanos. Centralizou seus escritos na revelação de Jesus a partir do entendimento da sua Cruz -  Quem é Jesus? (4,41) O que quer dizer: Messias e Filho de Deus? (14,61). Afinal, os judeus não cristãos diziam que Jesus não podia ser o Messias porque um condenado à cruz é um maldito (Dt 21,23). A cruz é loucura (1Cor 1,23). Estas questões levaram algumas pessoas a terem ideias diferentes sobre Jesus. Escreve num tempo em que a maior parte dos primeiros apóstolos e discípulos já tinha morrido, e, uma nova geração de líderes estava assumindo. Isto causava tensões, ciúmes e brigas: "Quem é o maior?" (9,34.37;10,41). Por isso trata também do problema das lideranças, destacando a importância do ser discípulo.
            Lucas ensinou aos cristãos de todos os tempos que o chamado é de iniciativa de Jesus, mas que a conversão e o seguimento exigem fascínio por sua Pessoa e aceitação das condições por ele apresentadas, as condições que só se explicam mediante o sofrimento e a Cruz de cada dia. Assim, o Santo Padre, hoje Beato João Paulo II, escreveu com propriedade para o Congresso Internacional sobre São Lucas, em 2000
           "Se alguém quiser vir após Mim, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz, dia após dia, e siga-Me" (Lc 9, 23). Diz o Santo Padre, "Para Lucas, ser cristão significa seguir Jesus no caminho que Ele percorre (19, 57; 10, 38; 13, 22; 14, 25). É Jesus mesmo que toma a iniciativa e chama a segui-Lo, e fá-lo de modo decisivo, inconfundível, mostrando assim a sua identidade completamente fora do comum, o seu mistério de Filho, que conhece o Pai e O revela (cf. Lc 10, 22). Na origem da decisão de seguir Jesus está a opção fundamental em favor da sua Pessoa. Se não se é fascinado pelo rosto de Cristo não se consegue segui-Lo com fidelidade e constância, também porque Jesus caminha por uma via impérvia, põe condições extremamente exigentes e se dirige rumo a um destino paradoxal, o da Cruz. Lucas sublinha que Jesus não ama compromissos e requer o empenho da pessoa inteira, um decisivo desprendimento de toda a nostalgia do passado, dos condicionamentos familiares, da posse dos bens materiais" (cf. Lc 9, 57-62; 14, 26-33) - Mensagem do Santo Padre  João Paulo II - hoje Beato, ao Congresso Internacional sobre São Lucas em 15 de outubro de 2000.
Estela Márcia (Adaptações)

quarta-feira, 17 de outubro de 2012

Santo Inácio de Antioquia, sucessor de Pedro, Bispo e Mártir

Sou trigo de Deus e serei moído pelos dentes das feras


                   Tenho escrito a todas as Igrejas e a todas elas faço saber que moro por Deus com alegria, desde que vós não me impeçais. Suplico-vos: não demonstreis por mim uma benevolência inoportuna. Deixai-me ser alimento das feras; por elas pode-se alcançar a Deus. Sou trigo de Deus, serei triturado pelos dentes das feras para tornar-me o puro pão de Cristo. Rogai a Cristo por mim, para que por este meio me torne sacrifício para Deus. Nem as delícias do mundo nem os reinos terrestres são vantagens para mim. Mais me aproveita morrer em Cristo Jesus do que imperar até os confins da terra. Procuro-o, a ele que morreu por nós; quero-o, a ele que por nossa causa ressuscitou. Meu nascimento está iminente. Perdoai-me, irmãos! Não me impeçais de viver, não desejeis que eu morra, eu, que tanto desejo ser de Deus. Não me entregueis ao mundo nem me fascineis com o que é material. Deixai-me contemplar a luz pura; quando lá chegar, serei homem. Concedei-me ser imitador da paixão de meu Deus. Se alguém o possui no coração, entenderá o que quero e terá compaixão de mim, sabendo quais os meus impedimentos. O príncipe deste mundo deseja arrebatar-me e corromper meu amor para com Deus. Nenhum de vós, aí presentes, o ajude! Ponde-vos de meu lado, ou melhor, do lado de Deus. Não podeis dizer o nome de Jesus Cristo, enquanto cobiçais o mundo. Que a inveja não more em vós! Mesmo que eu em pessoa vos rogue, não me acrediteis; crede antes no que vos escrevo, desejando morrer. Meu amor está crucificado, a matéria não me inflama, porque uma água viva e murmurante dentro de mim me diz em segredo: “Vem para o Pai”. Não sinto prazer com o alimento corruptível nem com os prazeres deste mundo. Quero o pão de Deus, a carne de Jesus Cristo, que nasceu da linhagem de Davi; e quero a bebida, o seu sangue, que é a caridade incorruptível. Não quero mais viver segundo os homens. Isto acontecerá se vós quiserdes. Rogo-vos que o queirais para alcançardes também vós a misericórdia. Com poucas palavras dirijo-me a vós; acreditai em mim! Jesus Cristo vos manifestará que digo a verdade; ele, a boca verdadeira pela qual o Pai verdadeiramente falou. Pedi vós por mim, para que o consiga. Não por motivos carnais, mas segundo a vontade de Deus vos escrevi. Se for martirizado, vós me quisestes bem; se rejeitado, vós me odiastes.
(Ofício das Leituras.Liturgia das Horas/Da Carta aos romanos, de Santo Inácio, bispo e mártir/Cap.4,1-2;6,1-8,3: Funk 1,217-223; Séc. I)



Santo Inácio, que foi o terceiro Bispo de Antioquia, entre os anos 70 e 107, data do seu martírio.
Autor: Bento XVI
           Naquele tempo Roma, Alexandria e Antioquia eram as três grandes metrópoles do império romano. O Concílio de Niceia fala de três “primados”: o de Roma, mas também Alexandria e Antioquia participam, num certo sentido, a um “primado”. Santo Inácio era Bispo de Antioquia, que hoje se encontra na Turquia. Aqui, em Antioquia, como sabemos dos Actos dos Apóstolos, surgiu uma comunidade cristã florescente: primeiro Bispo foi o apóstolo Pedro assim nos diz a tradição e ali “pela primeira vez, os discípulos começaram a ser tratados pelo nome de “cristãos”" (Act 11, 26). Eusébio de Cesareia, um historiador do IV século, dedica um capítulo inteiro da sua História Eclesiástica à vida e à obra literária de Inácio (3, 36). “Da Síria”, ele escreve, “Inácio foi enviado a Roma para ser lançado às feras, por causa do testemunho por ele dado a Cristo. Realizando a sua viagem através da Ásia, sob a vigilância severa dos guardas” (que ele chamava “dez leopardos” na sua Carta aos Romanos 5, 1), “nas várias cidades por onde passava, com pregações e admoestações, ia consolidando as Igrejas; sobretudo exortava, muito fervorosamente, a evitar as heresias, que na época começavam a pulular, e recomendava que não se separassem da tradição apostólica”. A primeira etapa da viagem de Inácio rumo ao martírio foi a cidade de Esmirna, onde era Bispo São Policarpo, discípulo de São João. Ali Inácio escreveu quatro cartas, respectivamente às Igrejas de Éfeso, de Magnésia, de Tralli e de Roma. “Tendo partido de Esmirna”, prossegue Eusébio, “Inácio chega a Tróade, e de lá enviou novas cartas”: duas às Igrejas de Filadélfia e de Esmirna, e uma ao Bispo Policarpo. Eusébio completa assim o elenco das cartas, que chegaram até nós da Igreja do primeiro século como um precioso tesouro. Lendo estes textos sente-se o vigor da fé da geração que ainda tinha conhecido os Apóstolos. Sente-se também nestas cartas o amor fervoroso de um santo. Finalmente de Tróade o mártir chegou a Roma, onde, no Anfiteatro Flávio, foi lançado às feras.
         Nenhum padre da Igreja expressou com a intensidade de Inácio o anseio pela união com Cristo e pela vida n’Ele. Por isso lemos o trecho do Evangelho sobre a vinha, que segundo o evangelho de João é Jesus. Na realidade, afluem em Inácio duas “correntes” espirituais: a de Paulo, que tende totalmente para a união com Cristo, e a de João, concentrada na vida n’Ele. Por sua vez, estas duas correntes desembocam na imitação de Cristo, várias vezes proclamado por Inácio como “o meu” e “o nosso Deus”. Assim Inácio suplica os cristãos de Roma para que não impeçam o seu martírio, porque está impaciente por “unir-se a Jesus Cristo”. E explica: “É bom para mim morrer indo para (eis) Jesus Cristo, em vez de reinar até aos confins da terra. Procuro a Ele, que morreu por mim, quero a Ele, que ressuscitou por nós… Deixai que eu seja imitador da Paixão do meu Deus!” (Aos Romanos 5-6). Pode-se captar nestas expressões fervorosas de amor o elevado “realismo” cristológico típico da Igreja de Antioquia, como nunca atento à encarnação do Filho de Deus e à sua humanidade verdadeira e concreta: Jesus Cristo, escreve Inácio aos Esmirnenses, “pertence realmente à estirpe de David”, realmente nasceu de uma virgem”, “realmente foi crucificado por nós” (1, 1).
                                               (...) Para concluir, o “realismo” de Inácio convida os fiéis de ontem e de hoje, convida todos nós a uma síntese progressiva entre configuração com Cristo (união com Ele, vida n’Ele) e dedicação à sua Igreja (unidade com o Bispo, serviço generoso à comunidade e ao mundo). Em resumo, é necessário alcançar uma síntese entre comunhão da Igreja no seu interior e missão proclamação do Evangelho para os outros, até quando, através de uma dimensão se manifeste a outra, e os crentes “possuam” cada vez mais “aquele espírito indiviso, que é o próprio Jesus Cristo” (Aos Magnésios 15). Implorando do Senhor esta “graça de unidade”, e na convicção de presidir à caridade de toda a Igreja (cf. Aos Romanos, Prólogo), dirijo a vós os mesmos votos que concluem a carta de Inácio aos cristãos de Trali: “Amai-vos uns aos outros com um coração indiviso. O meu espírito oferece-se em sacrifício por vós, não só agora, mas também quando tiver alcançado Deus… Que possais ser encontrados em Cristo sem mancha” (13). E rezemos para que o Senhor nos ajude a alcançar esta unidade e a sermos encontrados finalmente sem mancha, porque é o amor que purifica as almas.



terça-feira, 16 de outubro de 2012

Santa Margarida Maria Alacoque e o Sagrado Coração de Jesus

Margarida Maria nasceu em 22 de julho de 1647, na modesta família Alacoque. Teve uma infância e uma juventude conturbadas. Enfrentou uma grave doença que a manteve acamada por longo período. Como nada na medicina curava o seu mal, Margarida, então, prometeu a Nossa Senhora, entregar todos os seus dias a serviço de Deus, caso recuperasse a saúde. Para sua própria surpresa, logo retornou à sua vida normal.
 
Assim, aos vinte e quatro anos de idade, entrou para a Ordem da Visitação, fundada por São Francisco de Sales. Viveu tempos de iluminação e sofrimento, dialogando com o próprio Cristo, que lhe falava sobre o amor e devoção à Eucaristia e ao Sagrado Coração. As visões e mensagens de Margarida Maria apontavam para o Deus do amor e da salvação.
Santa Margarida foi acolhida no convento das Irmãs da Visitação de Paray-le-Monial. Ali mesmo o Senhor se manifestaria a ela em revelações distintas, relativas à difusão da consagração e amor ao Seu Coração. Apareceu-lhe por numerosas vezes, e deu a conhecer que seria ela o instrumento para arrebanhar o maior número de pessoas ao Amor de Seu Coração. A essência da mensagem, porém, agrupa-se em três revelações.

A primeira ocorreu em 27 de dezembro de 1673, conforme relatou Santa Margarida: "Diversas vezes, diante do Santíssimo Sacramento... "encontrei-me inteiramente investida desta divina presença... eu abandonei-me ao Seu Divino Espírito, por força do Amor o Seu divino Coração... Ele me fez repousar de forma extrema e por um longo tempo sobre o Seu divino peito, onde pude descobrir as maravilhas do Seu amor, e os segredos mais profundos e inexplicáveis do Sagrado Coração... Ele me disse: "O Meu divino Coração transborda de amor para os homens, de modo especial por você, que não poderá mais conter para si a luz das chamas da brilhante caridade; é necessário que seja difundida aos homens, e que lhes seja manifesto para enriquecê-los dos preciosos tesouros que te revelei..."

A segunda, situa-se provavelmente deu-se em uma das primeiras sextas-feiras do ano 1674: "E numa das vezes, entre tantas outras, em que o Santíssimo Sacramento estava exposto, após ser eu retirada do interior de mim mesma... Jesus Cristo, Meu suave Mestre, apresentou a mim, repleto da sua glória, suas cinco chagas, brilhantes como cinco sóis, e desta sagrada Humanidade saíam chamas de todas as partes, sobretudo do Seu adorável peito, semelhante à uma fornalha; neste instante revelou-me todo o amor e todo o seu amável Coração e o estado da fonte viva destas chamas. Ele revelou-me as maravilhas inexplicáveis de seu Puro Amor, excessivamente entregue aos homens, dos quais recebia apenas frieza e ingratidão...

Na terceira, ocorrida durante o mês de junho de 1675, Jesus exigiu que fosse feita uma festa especial ao Seu Sagrado Coração: "Numa das tantas vezes em que encontrava-me diante do Santíssimo Sacramento, revelou-me Deus as graças excessivas de Seu Amor... Então, mostrando-me Seu divino Coração, disse: "Aí está o Coração que tanto tem amado os homens, a ponto de nada poupar até exaurir-se e consumir-se para demonstrar-lhes o seu amor; ... eu te exijo mais, que na primeira Sexta-feira de acordo com a oitava do Santíssimo Sacramento, seja dedicada e junte-se à esta festa por honra ao Meu Sagrado Coração, fazendo que seja de igual honra àquele dia, a fim de reparar as indignidades e ultrajes durante o tempo em que o viram exposto sobre os altares".

Margarida sofreu a crítica dos religiosos de sua época, que não aceitavam suas experiências místicas. Coube ao padre jesuíta Cláudio de La Colombière esclarecer a veracidade das intenções de Margarida. Aos poucos o culto ao Sagrado Coração de Jesus começou a ser difundido também entre os fiéis. E foi assim que, depois de algum tempo, esta mensagem estava espalhada por todo o mundo católico. Margarida Maria faleceu com apenas quarenta e três anos de idade.

 
 
Estela Márcia (Adaptações)

segunda-feira, 15 de outubro de 2012

Os Graus de Oração em Santa Teresa (Por Tomaz Alvarez )

No ensino prático da oração, Teresa fala frenquentemente de graus. Os graus da oração indicam ao mesmo tempo uma possível escala de crescimento na relação do homem com Deus, e diversas maneiras de se articular a mesma oração por parte do orante. Para entender corretamente o pensamento da Santa é necessário ter em conta vários aspectos: a) que a oração se mede pela vida do orante, e ao contrário, porque há correlação entre uma e outra, entre oração e ação, ou entre oração e conduta, pois não há relação com Deus sem uma sensibilização para os irmãos, ou para a igreja e a humanidade. A melhor oração "é a que deixa melhores efeitos, chamo efeitos quando são confirmados com obras" (carta 129,4 - 23.10.1576); b) e o segundo, haverá que ter em conta a idéia básica que Teresa tem de oração, cão como simplres prática de treinamento (ato de solipsismo) do orante, mas como trato de amizade entre os dois.
Os graus de oração nas diversas obras de Santa Teresa
1. LIVRO DA VIDA
Iº grau: oração ascética (cc. 11-13)
Esta oração pode ser simples meditação da Palavra ou dos mistérios do Senhor, ou o pode e deve desenvolver-se em forma de atenção amorosa e calada (c.13,22).
2º grau: ingresso esporádico na oração mística (cc.14-15)
Chamada de "oração de quietude", nome que Teresa retém para sua exposição. Consiste num repouso pacífico e amoroso da vontade, fascinada pelo mistério divino. Fascinação que se lhe outorga intermitentemente, porém que constitui uma nova maneira de relacionar-se com o Amigo divino.
3º grau: várias formas de oração forte, pré-extática.
Santa Madre fala em "sono das potências", resultado de uma intensa infusão de amor na vontade. A santa recorre às imagens do "glorioso desatino", a "loucura celestial", a "embriaguez" da vontade, "verdadeira sabedoria e deleitosíssima maneira de a alma gozar" (cc. 16-17).
4º grau: união mística.
Toda a atividade da mente é unificada e todas as potências são unidas ao interlocutor divino. Expressa-se em fenômenos místicos como o êxtase, o "vôo do espírito" (cc. 17-21), os incontidos ímpetos amorosos, as feridas de amor (c. 29).
A escala de graduação dessas diversas formas de oração se mede por seus efeitos na vida cotidiana do orante. Mede-se também pela experiência que o orante adquire do Amigo divino e de seu mistério.
2. CAMINHO DE PERFEIÇÃO
Neste livro Santa Teresa fala aos jovens de seu primeiro Carmelo, portanto enfoca a oração nos principiantes e os graus ficam em segundo plano. É um contraponto ao Livro da Vida. Aos principiantes interessa:
a) Antes de tudo, a oração vocal: aprendizagem dos conteúdos da oração dominical ensinada pelo Mestre: o Pai Nosso (cc. 22...);
b) interessa-lhe iniciar-se na oração mental, que lho acerque mais e mais à Humanidade de jesus: aprender a olhá-lo, a escutar suas palavras, assimilar seus sentimentos, calar diante dele (c. 22);
c) interessa-lhe iniciar-se no recolhimento: interiorizar a oração, aprender a silenciar os sentidos exteriores, celebrar a fundo a Eucaristia e assim dispor a alma para possíveis formas de oração contemplativa infusa (c. 26-29);
d) segue um simples esboço das primeiras formas de oração mística que o Senhor dará a quem Ele quer, pois "não é porque nesta casa todas estão voltadas para a oração que todas haverão de ser contemplativas" (17,1). "Santa era Marta, e não dizem que fosse contemplativa" (ib.5). Isso sim, a todas lhes dará ele essa água viva, mesmo que não seja nesta vida, será na outra.
3. RELAÇÃO 5
Neste texto, resposta às perguntas de um teólogo consultor da Inquisição, Teresa enumera simplesmente os graus místicos e propõe os seguintes:
a) entrada na experiência da misteriosa presença de Deus (R5,25);
b) recolhimento infuso da mente (n.3);
c) quietude e paz da vontade (n.4);
d) "um sono que chamam de potências", que as arrebata sem impedir-lhes de atender simultaneamente às coisas da vida (n.5);
e) seguem os êxtases e arroubamentos com suspensão de todas as potências. O espírito, mesmo que por momentos, une-se a Deus (n.7-10);
f) "vôo do espírito" (n.11-12);
g) ímpetos de amor (n.13);
h) as feridas de amor (n. 17-18)
4. MORADAS
Primeiro grau: oração sumamente rudimentar. Se o orante se acha todavia imerso no exterior e na desordem interior, sua relação com Deus não poderá ser real; é como a relação do surdo-mudo com os outros (primeiras moradas).
Segundo grau: inícios de autêntica oração meditativa, fundada na nascente sensibilização para as palavras e as coisas de Deus, e para a relação com Ele: o orante é - afirma Teresa - como um surdo-mudo que começa a ouvir (segundas moradas).
Terceiro grau: normalização da meditação, e certa estabilidade de vida espiritual (terceiras moradas).
Quarto grau: simplificação e estabilidade na meditação, com intervalos de quietude infusa da vontade (quartas moradas).
Quinto grau: começa a oração de união, estados mais ou menos prolongados de profunda união a Cristo, à sua presença, a seus mistérios. Com a conseguente mudança no sujeito: mudança em sua psicologia, em seu relacionamento com Deus, e em sua atitude com os outros (quintas moradas).
Sexto grau: período de oração extática, rica em graças místicas de todo gênero (sextas moradas).
Sétimo grau: oração de união plena, de plena conformidade com a vontade de Deus. Misteriosa união a Ele, caracterizada pela experiência da inabitação trinitária (M7,1); pela experiência esponsal de Cristo Senhor (M7,2); pela especial maturidade do orante e sua mudança de atitudes psicológicas e teologais (M7,7) e pela total disponibilidade ao serviço dos outros, na plena configuração a Jesus (M 7,4).

Estatua de Santa Teresa al lado de la Puerta del Alcázar de la muralla de Ávila.

Santa Teresa, rogai por nós!


Dos escritos de Santa Teresa (do Ofício da OCD)

            O que dizer da grande Mestra e Doutora da vida interior de todos os tempos? Que com ela a Igreja recebeu o "Caminho de Perfeição" e "O Livro da Vida", e que compreendeu que "As Moradas" dão um sentido novo à vida de oração, ou que, "Fundações" nos foram um grande legado de luta e trabalho para fazer o Senhor conhecido e adorado por meio da espiritualidade Carmelita Reformada? Tudo isso sim, mas muito além, desse grande legado está à alegria de aprender com ela a viver uma vida de abandono e entrega ao Senhor.
            Com Santa Teresa, temos a certeza de que a nossa vida não pode ser reduzida a viver simplesmente um dia após o outro, mas que a vida precisa ser uma busca intensa do "Encontro" com o Deus de nossa alma. Com ela compreendemos que, o amor nos impulsiona a ter uma vida de concretos desejos da prática do bem, que as virtudes são a bússola que nos leva a esse encontro.
            Teresa de Teresinha, a Mestra inspiradora do Carmelo e de tantos outros santos, carmelitas ou não, é uma seta que nos aponta, pelo caminho do Evangelho, que a Boa Nova da Salvação está na experiência da pobreza interior para ganhar o Sumo Bem que se encontra no centro da Grande Morada, Jesus Cristo nosso Senhor e Deus.
            Ler e estudar os escritos de Santa Teresa é conhecer-nos e encontrar-nos em nosso interior e nele encontrarmos a Sua Majestade, o Seu Senhor e Rei.
            Meditemos com Santa Teresa fragmentos de suas preciosas obras, e, através delas permitamos que o Senhor se revele a nós:
 
"Havemos de andar com liberdade neste Caminho, abandonados às mãos de Deus. Se Sua Majestade quiser elevar-nos à categoria de seus camareiros e confidentes dos seus segredos, vamos de boa vontade." (Livro da Vida)
"Ao pensarmos em Cristo, sempre nos lembremos do amor ... Deus nos testemunha em nos dar tal penhor do muito que nos ama: pois amor, gera amor. Procuremos sempre ir considerando estas verdades e estimulando-nos a amar ... Faremos grandes coisas muito depressa e sem trabalho." (Livro da Vida)
"O único remédio que podemos ter, foi-nos dado por Sua Majestade. É andar com amor e temor. O amor nos fará apressar o passo; o temor nos fará olhar cuidadosamente onde pomos os pés, para não cair em caminho tão cheio de tropeços como é o desta vida." (Caminho de Perfeição)
 "Aqueles que deveras amam a Deus, amam tudo que é bom, querem tudo que é bom, favorecem tudo que é bom, louvam tudo que é bom. Com os bons sempre se unem, ajudando-os e defendendo-os. Não prezam senão a verdade e o que é digno de ser amado." (Caminho de Perfeição)
"Pensais que as almas verdadeiramente enamoradas de Deus possam amar as vaidades da terra, riquezas, deleites humanos? Ou que tenham contendas e invejas? Não, é impossível! E o único motivo é porque não pretendem outra coisa senão contentar o Amado." (Caminho de Perfeição)
"Consideremos nossa alma como um castelo, feito de um só diamante ou de limpíssimo cristal. Neste castelo existem muitos aposentos, assim como no céu há muitas moradas. Se refletirmos bem veremos que a alma do justo é nada menos que um paraíso, onde o Senhor, como ele mesmo diz, acha suas delícias." (Moradas)
"Não é pequena lástima e confusão não nos entendermos a nós mesmos, por nossa culpa, nem sabermos quem somos. (...) Bem maior, sem comparação, é a nossa insensatez, desconhecendo nosso valor e concentrando toda atenção ao corpo. Sabemos muito por alto que nossa alma existe (...) Mas as riquezas que há nesta alma, seu grande valor, Quem nela habita - eis o que raras vezas consideramos." (Moradas)
"Muitas almas andam em torno do castelo, onde as sentinelas montam guarda. Não têm interesse em entrar nele. Não sabem o que existe nessa esplêndida mansão, nem quem mora nela, nem mesmo os salões que contém." (Moradas)
"Não ouvistes dizer que alguns livros de oração aconselham a alma a entrar dentro de si mesma? È esse o meu pensamento. Pelo que entendo, a porta para entrar neste castelo é a oração." (Moradas)
"Que me lembre, nunca deixei fundação por medo de trabalho, embora sentisse relutância pelas caminhadas, sobretudo sendo longas." (Fundações)
"... quando me punha a caminho, tudo me parecia pouco, vendo em serviço de Quem se fazia e considerando que naquela casa o Senhor seria louvado e residiria no Santíssimo Sacramento." (Fundações)
"Algumas vezes me tinham dado contentamento as grandes oposições e críticas (...) Mas tão grande alegria como desta vez não me recordo de ter sentido, mesmo nas maiores dificuldades. Creio que o meu gozo principal ... ter contentado o Criador, já que assim me pagavam as criaturas." (Fundações)
Santa Teresa de Jesus, rogai por nós e nossas famílias!
Rogai pelo Carmelo São José de Petrópolis!
Rogai por nossa Igreja, pela OCD e OCDS, no Rio de Janeiro, no Brasil e no mundo!
Estela Márcia (Adaptações)