sábado, 26 de julho de 2014

Para alguém muito especial que se reencontra com o Senhor


 
"Haverei de retirar-vos do meio das nações, haverei de reunir-vos de todos os países, e de volta eu levarei todos vós à vossa terra. 25 Haverei de derramar sobre vós uma água pura, e de vossas imundícies sereis purificados; sim, sereis purificados de toda a idolatria. 26 Dar-vos-ei um novo espírito e um novo coração; tirarei de vosso peito este coração de pedra, no lugar colocarei novo coração de carne. 27 Haverei de derramar meu Espírito em vós e farei que caminheis obedecendo a meus preceitos, que observeis meus mandamentos e guardeis a minha Lei. 28 E havereis de habitar aquela terra prometida, que nos tempos do passado eu doei a vossos pais, e sereis sempre o meu povo e eu serei o vosso Deus!” (Ez 36,24-28) Glória ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo. Como era no princípio, agora e sempre. Amém.
         No Cântico Laudes desta manhã, no livro de Ezequiel, entitulado: “Deus renovará o seu povo”, desfrutamos da unção de Deus com claras promessas de renovação. Não promessas superficiais, daquelas que enchem apenas a mente de forma passageira, daquela que se canta e se reza com os lábios, sem chegar à alma, sem transformar a medula espiritual e sem transformar as expectativas da vida. São promessas de purificação da imundície das idolatrias; da doação de um novo coração, trocando o de pedra - endurecido e sem amor, pelo novo coração - de carne e preenchido de essência e de vida nova.
         É o Cântico com o enunciado de apropriação do próprio Deus, “Eles serão o seu povo, e o próprio Deus estará com eles.” (Ap 21,3) Num chamado ao comprometimento, Deus promete o derramamento do seu Espírito, para fazer nascer e crescer a obediência às suas leis e mandamentos a partir da tomada e da posse do coração. Trata-se da posse do proprietário ao receber de volta a terra confiada a outro para administração – sendo esta a relação de Deus e nós, o proprietário e o administrador.
          Com a força e o poder de sua Palavra, o Senhor nos afirma: “E havereis de habitar aquela terra prometida, que nos tempos do passado eu doei a vossos pais, e sereis sempre o meu povo e eu serei o vosso Deus!” (v. 28) Misticamente, esta terra pode ser compreendida como as nossas almas. Se a comparação nos ajudar, dizemos que a alma – como a terra, recebe de Deus a filiação e a vida nova no Batismo, mas vai aos poucos sendo maltratada e descuidada pela falta de limpeza periódica. A falta de limpeza (falta do sacramento da reconciliação) cria um acúmulo de sujeira (matos e ervas daninha nascem e crescem). O excesso de sujeira dificulta o reconhecimento da terra pelo o proprietário quando retorna ao local. Porém, a partir do momento que o proprietário chega e toma posse da terra novamente, ele retira tudo o que não presta. Limpa e purifica. Renova e restaura a terra. Então, volta a cuidar dessa terra, numa nova relação de propriedade: arando, semeando e fazendo frutificar, novamente. É assim que Deus faz com a alma, ao retomá-la - ainda impura, infiel e insatisfeita, perdida e sem força, Ele retorna a ela, toma posse e cuida. Ele mesmo a purifica ‘de toda idolatria’, derrama o seu Espírito, renova-lhe a obediência, a entrega e os seus colóquios de amor.
          “Eu creio nas promessas de Deus...”, com a alma cantando, renovo a fé e a confiança nas vossas promessas meu Senhor.
          Obrigada, ó Pai, que com o vosso Filho, na unidade do Espírito Santo, nos permite ir e voltar ao Vosso encontro! Obrigada por acolher os filhos que prodigamente retornam a Vós! Obrigada por acolher as almas que querem se abandonar em Vós, como outrora!
          Louvado seja Deus, nos seus anjos e nos seus santos! Louvado seja o Senhor Uno e Trino!
          Obrigada, Mãe Santíssima, boa e eterna companheira de caminhada rumo ao Céu! A vossa proteção consagramos o chamado e a vocação concedida por Deus a nós!
          Nossa Senhora, Rainha do Carmelo, Mãe da Saudade e do Sorriso, rogai por nós!
Estela Márcia – OCDS
                                                                                                                      (19:22h – 26.07.2014)

SÃO JOAQUIM E SANT’ANA, PAIS DE NOSSA SENHORA (26 de julho)

 
              Celebramos hoje a memória dos pais da Virgem Maria. No Ofício Divino a Igreja os celebra, nos levando a uma experiência de maternidade e paternidade através da qual a jovem escolhida por Deus - que daria luz à Luz sem ocaso,  pôde receber em sua infância, a educação que a levara a conhecer as promessas dos Escritos Sagrados, recebidos de seus antepassados. Sant'Ana, cujo nome em hebraico significa graça, pertencia à família do sacerdote Aarão e seu marido, São Joaquim, pertencia à família real de Davi. Joaquim e Ana, segundo uma antiga tradição, já conhecida no século II, assim eram chamados os pais da Santíssima Virgem Maria. O culto a sua mãe, Sant’Ana, já era prestado no Oriente desde o século VI, e difundiu-se pelo Ocidente no século X. Recentemente, o culto ao pai da Virgem Maria, São Joaquim passou também a ser venerado.
            Ao ler os escritos de São João Damasceno – Bispo e Doutor da Igreja, que no século III, percebemos que ele já ensinava sobre os frutos da maternidade e paternidade destes nossos intercessores que ora celebramos, ‘Vós os conhecereis pelos seus frutos’. Com o texto a seguir, entenderemos que deles – Sant’Ana e são Joaquim, devemos aprender que a família e os filhos encontram sentido na vida quando são inteiramente direcionados para Deus. E que, ao longo de sua existência, cada um vai compreendendo o chamado e a missão neste mundo transitório, no qual todos precisamos ser ‘sal e luz’.
            Diz São João Damasceno:     
           “Estava determinado que a Virgem Mãe de Deus iria nascer de Ana. Por isso, a natureza não ousou antecipar o germe da graça, mas permaneceu sem dar o próprio fruto até que a graça produzisse o seu. De fato, convinha que fosse primogênita aquela de quem nasceria o primogênito de toda a criação, no qual todas as coisas têm a sua consistência (cf. Cl 1,17).
            Ó casal feliz, Joaquim e Ana! A vós toda a criação se sente devedora. Pois foi por vosso intermédio que a criatura ofereceu ao Criador o mais valioso de todos os dons, isto é, a mãe pura, a única que era digna do Criador.
            Alegra-te, Ana estéril, que nunca foste mãe, exulta e regozija-te, tu que nunca deste à luz (Is 54,1). Rejubila-te, Joaquim, porque de tua filha nasceu para nós um menino, foi-nos dado um filho; o nome que lhe foi dado é: Anjo do grande conselho, salvação do mundo inteiro, Deus forte (Cf. Is 9,5). Este menino é Deus.
           Ó casal feliz, Joaquim e Ana, sem qualquer mancha! Sereis conhecidos pelo fruto de vossas entranhas, como disse o Senhor certa vez: Vós os conhecereis pelos seus frutos (Mt 7,16). Estabelecestes o vosso modo de viver da maneira mais agradável a Deus e digno daquela que de vós nasceu. Na vossa casta e santa convivência educastes a pérola da virgindade, aquela que havia de ser virgem antes do parto, virgem no parto e continuaria virgem depois do parto; aquela que, de maneira única, conservaria sempre a virgindade, tanto em seu corpo como em seu coração.
          Ó castíssimo casal, Joaquim e Ana! Conservando a castidade prescrita pela lei natural, alcançastes de Deus aquilo que supera a natureza: gerastes para o mundo a mãe de Deus, que foi mãe sem a participação de homem algum. Levando, ao longo de vossa existência, uma vida santa e piedosa, gerastes uma filha que é superior aos anjos e agora é rainha dos anjos.
          Ó formosíssimo e dulcíssima jovem! Ó filha de Adão e Mãe de Deus! Felizes o pai e a mãe que te geraram! Felizes os braços que te carregaram e os lábios que te beijaram castamente, ou seja, unicamente os lábios de teus pais, para que sempre e em tudo conservasses a perfeita virgindade! Aclamai o Senhor Deus, ó terra inteira, alegrai-vos, exultai e cantai salmos (cf. Sl 97,4-5). Levantai vossa voz; clamai e não tenhais medo.” (Ofício das Leituras - Dos Sermões de São João Damasceno, bispo - séc.VIII)
 
                                                                                          SÃO JOAQUIM E SANT’ANA, rogai por nós!
                                                                                               Rogai por nós SANTA MÃE DE DEUS,
                                                                              para que sejamos dignos das promessas de Cristo!
                                                                                                                         Estela Márcia/OCDS

 

“Estar em tuas mãos, ó Pai!”


“Estar em tuas mãos, ó Pai! E a vida ofertar. No pão e no vinho a Ti, o céu se abrirá. Estar em tuas mãos, Senhor, e a vida entregar. A minha oblação em Ti, se perderá, frutificará. Frutificará, frutificará, frutificará!” (Com. Católica Shallom)
   Inspirada pelo trecho desta canção da Comunidade Shallom, a minha’lma, têm se perdido em uma profunda inspiração a cada manhã, Senhor. Especialmente pelo fato de compreender que é tão pequena, mas desejosa de perder-se em Ti, é com o Espírito Santo, que ela se encontra e canta os frutos de sua profundidade. Ela canta, ‘Frutificará, frutificará, frutificará!’, como que num ecoar de chamado, de vocação e de missão, a alma combina oração e ação, no imenso desejo de fazer crescer o Vosso Reino, meu Senhor, deixando que se faça crescer a alma, primeiro em Ti. Por isso, ora, não por si mesma, “(...) a própria alma não pode compreender as graças que então lhe faz o Senhor e o amor com que ele a vai chegando para si” (4ªs. Moradas 2,9). Por isso, oramos e mergulhamos naquilo que a Santa Madre Teresa – OCD, nossa mestra da oração, nos têm ensinado, ao falar das ‘Quartas moradas’, quando diz: “Esta água divina não vem canalizada por aquedutos ... Brota do manancial, de pouco servem nossos esforços. Quero dizer: por mais que meditemos e por mais que nos esforcemos e derramemos lágrimas, esta água não vem por meio de tais encanamentos. Só jorra quando Deus que e para quem ele quer, muitas vezes a alma está descuidada.” Não é mérito humano, mas divino. Não é esforço humano, mas vontade divina.
Só que sabemos é que, na oração nos perdemos e nos encontramos. Na oração, mergulhamos e nos aprofundamos. Na oração, nos fazermos servos e amigos, filhos e irmãos, do mesmo Senhor, que sendo Pai, é Filho, sendo Deus, quer se fazer um conosco. Na oração, encontramos o manancial de amor em meio ao abismo que é infindo em Vós, Senhor.
E é na oração, que a Vossa voz se faz escutar. É na oração que a voz se cala e o ouvido se abre. É na oração que o silêncio fala, e a alma contempla. É na oração que a contemplação ganha força de ação. É através da oração, que o nada humano se faz tudo, porque Vós que Sois Tudo a preenche e a faz transbordar. É na oração que tudo se renova e tudo se recria, tudo encontra sentido e tudo que antes, era apenas potência, se frutifica.
‘Está em tuas mãos, ó Pai!’ Ela insiste e canta. A vida não mais encontra sentido, se a alma não a entregar-se em tuas mãos. É a experiência de oblação, de oferta de si para Ti. É a oblação que, sem reservas, aprofunda no mundo espiritual, e Contigo, encontra a fertilidade que precisa para frutificar. Encontra a fertilidade que a eucaristiza, e a faz agradecer tamanho dom.
‘Está em tuas mãos, ó Pai’ esta alma que canta e que ora, que se entrega e se perde em Ti. Acolhê-la e fazer frutificar, agora... está em tuas mãos, Senhor. 
Estela Márcia – OCDS/


 
 




 

sexta-feira, 25 de julho de 2014

MADRE CARMINHA DE TREMEMBÉ - Oração a Serva de Deus

 


                                                                                              Estela Márcia/OCDS - PETRÓPOLIS/RJ.



Madre Maria do Carmo da Santíssima Trindade (Carminha de Tremembé)

Madre Carminha de Tremembé, modelo de santidade
Está tendo início o processo de canonização da fundadora do Carmelo Santa Face e Pio XII de Tremembé-SP (Diocese de Taubaté-SP), Madre Maria do Carmo da Santíssima Trindade. Também conhecida carinhosamente como Carminha de Tremembé, Madre Maria do Carmo, filha de Teotônio Bueno e Maria do Carmo Bauer Bueno, nasceu em Itu-SP no dia 25 de novembro de 1898 e passou sua infância na cidade de Campinas-SP. Na antiga Matriz Velha, atual Basílica Nossa Senhora do Carmo, foi batizada em 12 de fevereiro de 1899 e fez sua primeira comunhão em 21 de junho de 1910.
O Processo de Canonização de Madre Carminha
(Por Frei Patrício Sciandini)
Nada mais belo do que termos consciência de que Deus nos criou para conhecê-Lo, amá-Lo e servi-Lo aqui na terra e depois gozar de Sua presença na eternidade. Esta vocação passa através dos acontecimentos da vida que nem sempre soam claros para nós, mas sempre soam claros para Deus que nos conduz com infinita ternura. A Igreja propõe-nos viver, ser santos e, coloca em evidência homens e mulheres que souberam viver com admirável intensidade a própria vocação, tornando-se modelos para todos nós. Os Santos não nasceram tais, se fizeram. Tinham um caráter como o nosso, instintos bárbaros, mas souberam orientar, com a graça de Deus, a própria vontade até o ponto de tornarem-se mansos e humildes à imitação de Jesus. Descobrir estes “homens e mulheres excepcionais” é tarefa da mesma Igreja.
Eu fico muito feliz quando ouço dizer de mais um Processo de Canonização de alguém, e muito mais quando este “alguém” é uma Carmelita descalça ou carmelita descalço. O Carmelo com sua vida de silêncio, de oração, de total doação ao serviço de Deus e da Igreja, como fermento e água viva, sacia o desejo e alimenta a experiência de Deus.
A Diocese de Taubaté está iniciando o Processo de Canonização de Irmã Maria do Carmo da Santíssima Trindade, mais conhecida como a Carminha de Tremembé. Uma monja Carmelita Descalça que, antes de chegar a Tremembé, peregrinou por vários lugares, desejosa de ser Santa, e que conseguiu ser um sinal de fé, de esperança e de amor para muitas pessoas.
Quando falamos dos Santos, somos tentados a pensar que eles tiveram uma família bem constituída, viveram nos braços da ternura e nunca tiveram nenhuma dificuldade na própria caminhada humana e espiritual. É um grande erro. Hoje como ontem nós tivemos “mães meninas” e quando a Carminha nasceu em Itu, sua mãe tinha apenas 15 anos. Uma idade tão comum hoje em dia. Como pode uma menina de quinze anos ter uma filha? Aí vemos como a Providência intervém: os avós paternos, pais de Teotônio, levam a menina – Carmen – para Campinas, onde deram toda uma educação, uma formação humana e intelectual. A distância da mãe e do pai não provocou grandes lacunas no coração de Carmen, porque encontrou amor! Mais tarde, ela estava em São Paulo, no Colégio Sion para completar a sua formação e depois no Rio de Janeiro onde, em 1926, no dia 21 de abril, entra no recém fundado Carmelo São José. Mas vamos evidenciar algumas datas importantes na vida de Carminha:
§        25 de novembro de 1898 – Nascimento em Itu/SP.
§        12 de fevereiro de 1899 – Santo batismo em Campinas/SP.
§        21 de junho de 1917 - Primeira Comunhão em Campinas/SP.
§        21 de abril de 1926 – Entrada no Carmelo São José no Rio de Janeiro/RJ.
§        24 de outubro de 1926 – Vestição religiosa.
§        02 de novembro de 1930 – Profissão Solene.
§        23 de maio de 1946 – Eleita Priora no Carmelo São José.
§        07 de setembro de 1955 – Fundação do Carmelo da Santa Face e Pio XII em Tremembé /SP.
§        13 de julho de 1966 – às 5h45, entrega sua alma ao Senhor.
Se nós queremos sintetizar com poucas palavras toda a vida da Irmã Maria do Carmo da Santíssima Trindade, poderíamos usar suas mesmas palavras de 1951, quando ela celebrava os 25 anos de sua vestição religiosa: “amor, dor, felicidade”. De fato, ao longo de toda sua vida ela não teve nenhuma preocupação a não ser a de realizar o projeto de Deus. Nela o amor de Deus não foi estéril. Sempre e em todas as circunstâncias se compromete em dar o melhor de si a Nosso Senhor: os seus afetos, a sua inteligência, a sua dedicação… Sentia-se totalmente inserida no Coração de Jesus e queria ser na Igreja uma presença orante diante da Hóstia Consagrada.
Mas o amor não pode existir sem a marca da Cruz que, para nós que temos fé, não é castigo e nem tampouco falta de amor de Deus que dá a cruz por aqueles que ama de verdade. A cruz, a dor, nos consagram e nos tornam ainda mais amigos de Deus. Todos nós, quando amamos a Deus, queremos abraçar com gosto a nossa cruz e assumir no nosso coração todos os sofrimentos da humanidade. Maria do Carmo fez isto na sua vida e com seu testemunho ensinou as irmãs de sua Comunidade a serem amantes da cruz de Cristo e Sua paixão, para que o Cristo possa sempre ter almas que se ofereçam ao Pai pela salvação da humanidade.
O amor assumido com a cruz gera a beatitude, como Carminha diz, que é a felicidade. Na escola dos santos do Carmelo, especialmente de Santa Teresa, São João da Cruz e Santa Terezinha, Irmã Maria do Carmo alimentou sua vida interior, e sabe que quando se ama, a felicidade não significa ausência da Cruz, mas sim capacidade de carregá-la com alegria. O corpo pode estar ferido, o coração sofrendo, mas a alma canta, rejubila e bendiz a Deus por tudo. Estas três palavras “amor, dor e felicidade” constituem o projeto da vida de Irmã Maria do Carmo e o nosso. Depois da morte de Irmã Maria do Carmo, que foi uma verdadeira festa na terra e no Céu, onde o povo de Tremembé e de outros lugares tiveram a graça de ter alguém para interceder, foi se difundindo sua “fama de Santidade”. Sua lembrança não foi apagada pelos anos, mas foi crescendo até o ponto que a comunidade do Carmelo de Tremembé, provocada pelo povo, pelos Sacerdotes e amigos Bispos, sentiu a necessidade de pedir a abertura do Processo de Canonização.
Estamos esperando, com a graça de Deus, esse grande acontecimento eclesial. Na Diocese de Taubaté, animada pelo Senhor Bispo Dom Carmo João Rhoden, vamos desde já continuar a suplicar ao Senhor que revele Seu amor por nós. Esperamos que, se for de Sua vontade, um dia Carminha de Tremembé possa ser proclamada Santa pela autoridade e pelo ministério da Igreja. E, a nós, cabe trabalhar para que isto aconteça.
Frei Patrício Sciandini
Vice-Postulador da causa de Madre Maria do Carmo
 

X ENCONTRO DA JUVENTUDE CARMELITANA - TREMEMBÉ/SP (Província São José)

 
        

            A Província São José está toda em oração pelo X Encontro da Juventude Carmelitana. Importa-nos viver e fazer a vontade de Deus. Portando, com olhos e corações ao Céu, precisamos buscar na vida interior o 'universo' espiritual que Santa Teresa, São João da Cruz e Santa Teresinha, nossos santos doutores, e demais servos, beatos, santos e irmãos carmelitas nos têm ensinado. Como Igreja de Cristo, mas com a espiritualidade carmelitana, nos unimos em intercessão a fim de que possamos ver crescer nos nossos jovens, o profundo desejo de fazer a escolha de uma vida mais interior, alimentada pelo próprio Deus, com a intercessão da Serva de Deus, Madre Carminha.
            Apoiados pela Província, os nossos jovens estão reunidos em Tremembé/SP. O Frade Carmelita que está apoiando a Juventude Carmelitana da Província Sudeste é o Frei André Severo/OCD, atual delegado Provincial das Comunidades dos Carmelitas Descalços Seculares do Norte e Nordeste, foi designado pela Província Sudeste para acompanhar os jovens carmelitas seculares da Província São José. Na foto, ao lado do atual presidente das Associações das Comunidades dos Carmelitas Descalços Seculares, Luciano Dídimo.
 
            Ao longo da preparação do Encontro o Blog do Carmelo Jovem, da Província São José, assim incentivou os nossos jovens: "O Carmelo precisa de fogo no coração, palavras nos lábios e profecia no olhar. A tríplice missão carmelita mística, profética e missionária nos impulsiona a cada dia sermos sólidos na fé e solidários com os irmãos. E nos leva a revelar ao mundo a plenitude do homem novo em Cristo. Esse carisma pode tocar o seu coração. Como é bom sentirmos o amor de Cristo tocando em nossos corações ! Essa doce música embala a alma, a presença do amado. Sermos amigos fortes de Cristo é o caminho que nos aponta Santa Teresa. Fortalecidos pela Evangelho e determinados a crescermos na vida interior e deixar o amor de Deus incendiar o nosso coração frio é a proposta da espiritualidade carmelitana. Deus está no interior humano. Abafado pelas vozes do mundo e pela nossa própria voz. Silenciar e ouvir sua voz eis a proposta dos santos Carmelitas. Percorrendo o nosso castelo interior, a nossa alma, vamos dia a dia deixando Deus nos transformar de pupas,lagartas até ao estagio de borboletas e voarmos livres ao encontro daquele que nos criou por amor. Possa a nossa alma incendiada pelo Amor de Cristo brilhar, brilhar como um farol no meio da escuridão anunciando o Cristo, a LUZ do mundo." (Daniele Cabral/OCDS)
 
                              Comissão Jovem - No centro a Presidente da Comissão, Esther
            Oremos para que a Graça de Deus, em seu Filho Jesus Cristo, e os cuidados da Virgem Maria, Rainha do Monte Carmelo, e São José, se faça na vida de todos os que estão participando e/ou trabalhando neste 'X Encontro", inundados pelo Espírito Santo! Amém.

Estela Márcia/OCDS - Grupo São José/Carmelo de Petrópolis - RJ.

25.07.2014

 

 

 

 

 


domingo, 20 de julho de 2014

Os amigos deverão ser ' fiéis nas palavras, na conduta, no amor, fé e pureza'

"Sê exemplo aos fiéis nas palavras, na conduta, no amor, fé e pureza. Assim te salvarás e salvarás os que te ouvem. Reflete sobre isso e persevera nessas coisas. Seja a todos conhecido teu progresso espiritual. " (1Tm 4,12b.16.b.15)
            É importante percebermos que neste versículo contemplamos uma fidelidade possível na relação com Deus e com os irmãos, especialmente, aqueles a quem ousamos chamar de amigos. Para que uma amizade nasça, cresça e se fortaleça, pensamos ser imprescindível sermos 'fiéis nas palavras, na conduta, no amor, na fé e pureza'.
            O amigo é aquele que usa de verdade e fidelidade em tudo que faz e que fala. Também dele se espera atitudes que possibilitem a ajuda mútua, e que ao mesmo tempo, facilite as ações necessárias frente as dificuldades que o amigo necessita. Assim palavras e condutas se encontram no coração dos verdadeiros amigos.
            O amor e a fé sustentarão as inúmeras situações que o próprio Deus sempre se incumbirá de cuidar. Não por acaso diz São João: " Amados, amemo-nos uns aos outros, pois o amor vem de Deus. E todo aquele que ama, nasceu de Deus e conhece a Deus. Quem não ama não conhece a Deus, porque Deus é amor." (IJo 4,7-8). Amando e sendo amado, os amigos refletirão a sua origem no próprio Deus, e com Ele e Nele alcançaram as soluções e respostas necessárias para crescerem na fé, a medida que caminharem juntos e mediante a Luz divina, a Luz da fé sem ocaso (fim).
            Por outro lado, em tudo e por tudo, será na pureza das intenções e propósitos que a amizade não só crescerá, mas encontrará raízes para se fortalecer e frutificar sempre no caminho do bem e das boas ações um para com o outro. Uma verdadeira e sincera interação. Vale ressaltar o  trecho do texto do Cônego José Geraldo quando diz: "O valor da amizade foi revelado pela Bíblia: "O amigo fiel não tem preço" (Sl 6,15), pois "ele ama em todo o tempo" (Pv 17,17). "O amigo fiel é uma forte proteção; quem o encontrou, deparou um tesouro" (Eclo 6,14). "O amigo fiel é um bálsamo de vida e de imortalidade, e os que temem o Senhor acharão um tal amigo" (Eclo 6,16) (...) Na plenitude dos tempos Jesus apresentou-se como legítimo amigo. Ele declarou: "Já não vos chamo servos, mas amigos" (Jo 15,15) e havia dito: "Ninguém dá maior prova de amor do que aquele que entrega a vida pelos amigos" (Jo 15,13). Rodeou-se de pessoas, as quais se repletaram dos eflúvios de Sua bondade. Felizes os que O conheceram, como Lázaro, Marta, Maria, Seus amigos de Betânia; os Doze Apóstolos; Nicodemos; Zaqueu; Dimas, o bom ladrão; e tantos outros. É, porém, preciso levar a amizade a sério. (...) A Bíblia assegura que "O amigo fiel é medicina da vida e da imortalidade" (Eclo 6,16). Disse, porém, Santo Agostinho: "A suspeita é o veneno da amizade". Bem pensou, porque a amizade finda onde a desconfiança começa. O amigo é luz que guia, é âncora em mar revolto, é arrimo a toda hora. Esparge raios de sol de alegria, derramando torrentes de clarões divinos. Dulcifica o pesar. Tudo isso merece ser pensado e repensado. É essencial, todavia, meditar também sobre o ensinamento bíblico: "Quem teme a Deus terá bons amigos, porque estes serão semelhantes a Ele" (Eclo 6,17)." (Cônego José Geraldo Vidigal de Carvalho, Professor no Seminário de Mariana durante 40 anos)

Estela Márcia

 

"Convém sermos cristãos não só de nome, mas de fato" - Santo Inácio de Antioquia (Séc. I)

Inácio, chamado também o Teóforo, à Igreja, santa pela graça de Deus Pai em Jesus Cristo, nosso salvador. Nele saúdo esta Igreja que está em Magnésia, junto ao Meandro, e desejo-lhe em Deus Pai e em Jesus Cristo plena salvação.
Tomando conhecimento de vossa religiosa caridade perfeitamente ordenada, decidi, na exultação da fé de Jesus Cristo, vir falar convosco. Ornado com o nome mais glorioso nas cadeias que carrego, louvo as Igrejas. A elas desejo a união com a carne e o espírito de Jesus Cristo, nossa Vida sem fim, e a união na fé e na caridade. Nada há de preferível a isto, sobretudo a união com Jesus e o Pai; nele suportamos toda a violência do príncipe deste mundo, dele escapamos e, assim, alcançamos a Deus.
Foi-me concedido o favor de vos encontrar através de Damas, vosso bispo, digno de Deus, e dos presbíteros Basso e Apolônio e também do meu companheiro de serviço, o diácono Zócion. Possa eu com ele conviver, porque é submisso ao bispo como à benignidade de Deus e ao presbitério como à lei de Jesus Cristo.
Contudo, não vos convém usar de excessiva familiaridade para como bispo por causa de sua idade, mas em consideração ao poder de Deus Pai, mostrar-lhe todo o respeito. Como soube, os santos presbíteros não abusam da notável juventude dele, mas prudentes em Deus, obedecem-lhe. Ou melhor, obedecem não a ele, mas ao Pai de Jesus Cristo, o bispo de todos. Por isso, em honra daquele que nos ama, faz-se mister obedecer sem hipocrisia, pois não é a este bispo visível que alguém ilude, mas é ao invisível que tenta enganar. Tudo quanto se faz neste sentido não se refere à carne, mas a Deus que conhece todo o oculto.
Convém, então, sermos cristãos não só de nome, mas de fato. Ora, há quem tenha o nome do bispo na boca, porém, tudo faz sem ele. Estes tais não me parecem possuir consciência reta, porque não se reúnem com lealdade, segundo o preceito.
Tudo terá um fim. Mas dois termos nos são propostos: a morte e a vida. Com efeito, cada um de nós irá para o próprio lugar. À semelhança de duas moedas, uma de Deus, outra do mundo, também cada qual tem a própria marca inscrita. Assim, os infiéis têm a marca deste mundo, enquanto os fiéis na caridade têm a marca de Deus Pai por Jesus Cristo. Se nossa vontade não estiver inclinada a morrer por ele, à imitação de sua paixão, também sua vida não estará em nós. (Ofício das Leituras - Início da Carta aos Magnésios, de Santo Inácio de Antioquia, bispo e mártir  -Séc.I)
 

"A paciência do Evangelho não é indiferença ao mal" - Disse o Papa Francisco no Angellus

Na alocução que precede a oração mariana do Angelus, conduzida pelo Papa Francisco, neste domingo, 20 de julho, o pontífice destacou a parábola da boa semente e da cizânia, proposta na liturgia deste domingo, que enfrenta o problema do mal no mundo e ressalta a paciência de Deus. A cena se realiza num campo em que o patrão semeia o grão, mas numa noite chega o inimigo e semeia a cizânia, termo que em hebraico vem da mesma raiz do nome "satanás" e remete ao conceito de divisão. "Sabemos que o demônio é um espalhador de cizânia: sempre em busca de dividir as pessoas, as famílias, as Nações e os povos", frisou Francisco.    
Os trabalhadores queriam logo arrancar a erva daninha, mas o patrão os impediu com a seguinte motivação: 'Não. Pode acontecer que, arrancando o joio, vocês arranquem também o trigo'. "Sabemos que a cizânia, quando cresce, se parece muito com a boa semente e existe o perigo de confundi-las", disse ainda o pontífice. "O ensinamento da parábola é dúplice. Primeiramente, diz que o mal existente no mundo não vem de Deus, mas de seu inimigo, o maligno. Ele vai à noite semear a cizânia, na escuridão, na confusão, onde não há luz. Este inimigo é astuto: semeou o mal em meio ao bem, tornando impossível aos homens separá-los claramente; mas Deus, pode fazê-lo", sublinhou o Papa.
            A seguir, o Santo Padre chamou a atenção para "a contraposição entre a impaciência dos servos e a espera paciente do proprietário do campo, que representa Deus". "Nós às vezes, temos muita pressa em julgar, classificar, colocar os bons de um lado e os maus do outro. Lembrem-se da oração do homem soberbo: Deus, eu te agradeço porque sou bom e não sou como aquele que é mal. Deus, ao invés, sabe esperar. Ele olha no campo da vida de cada pessoa com paciência e misericórdia. Vê muito melhor do que nós a sujeira e o mal, mas vê também os germes do bem e espera com confiança que amadureçam. Deus é paciente, sabe esperar. O nosso Deus é um pai paciente que sempre nos espera e nos espera para nos acolher e nos perdoar."
            Segundo Francisco, "o comportamento do patrão é o da esperança fundada na certeza de que o mal não tem a primeira e nem a última palavra. E tem mais", disse o pontífice, acrescentando: "Graças a esta esperança paciente de Deus a mesma cizânia, ou seja, o coração mal, com muitos pecados, pode se tornar boa semente. Atenção: a paciência do Evangelho não é indiferença ao mal; não se pode fazer confusão entre bem e mal. Diante da cizânia presente no mundo o discípulo do Senhor é chamado a imitar a paciência de Deus, alimentar a esperança com o apoio e a confiança inabalável na vitória final do bem, que é Deus."
            No final, o mal será arrancado e eliminado: no tempo da colheita, ou seja, do juízo, os ceifadores irão exercer a ordem do patrão separando a cizânia para queimá-la. "Naquele dia da colheita final o grande juiz será Jesus, Aquele que semeou a boa semente no mundo e que se tornou Ele mesmo 'grão de trigo', que morreu e ressuscitou. No final, seremos julgados com a mesma medida com a qual julgamos: a misericórdia que usamos para com os outros será usada também conosco.
            Peçamos a Maria, nossa Mãe, para nos ajudar a crescer na paciência, na esperança e na misericórdia com todos os irmãos", concluiu o Papa Francisco.

         Após a oração mariana do Angelus deste domingo, o Papa Francisco fez o seguinte apelo: "A violência se vence com a paz"
"Recebi com preocupação as notícias que chegam das comunidades cristãs de Mossul, no Iraque, e outras partes do Oriente Médio, onde essas comunidades, desde o início do Cristianismo, viveram com seus cidadãos oferecendo uma contribuição significativa para o bem da sociedade. Hoje são perseguidas. Os nossos irmãos são perseguidos, são expulsos, devem deixar suas casas sem ter a possibilidade de levar nada consigo. Asseguro a estas famílias e a estas pessoas a minha proximidade e oração constante. Queridos irmãos e irmãs tão perseguidos, eu sei o quanto vocês sofrem. Eu sei que vocês são despojados de tudo. Estou com vocês na fé Naquele que venceu o mal."
O pontífice pediu aos fiéis reunidos na Praça São Pedro e aos que acompanhavam o Angelus de suas casas para fazerem um momento de oração silenciosa pelos cristãos perseguidos e a perseverarem na oração pelas situações de tensão e conflito que persistem em várias partes do mundo, especialmente no Oriente Médio e na Ucrânia.
"Que o Deus da paz desperte o desejo autêntico de diálogo e reconciliação. A violência não pode ser vencida com a violência. A violência se vence com a paz", disse o pontífice, que pediu aos fiéis para rezarem também por ele.
                                                                                              Estela Márcia (Adaptações)

 

SANTO ELIAS, rogai por nós! Clamam os filhos carmelitas. (20 de julho)


“Levanta-te e come, porque o caminho é longo” (1Rs 19,7)

 
A Família Carmelitana nasce ao redor da figura do Profeta Elias

A Ordem do Carmo nasceu no Monte Carmelo em torno do ano de 1200. O Monte Carmelo atraía os peregrinos por causa da memória do profeta Elias que ali vigorava. Por isso, desde o começo, a figura do profeta Elias marca a espiritualidade carmelitana. Queremos aprofundar quem devemos ser como carmelitas e qual a nossa missão hoje no Brasil.

O eixo central que atravessa e unifica as histórias de Elias é a imagem do homem que caminha. Caminhar sempre! A intervenção constante da Palavra de Deus obriga Elias a sair do lugar onde se encontra para o lugar onde Deus o quer: “Vai-te daqui!” (1Rs 17,2; cf 1Rs 17,9; 18,1.12.46; 19,7.11.15; 21,18; 2Rs 1,3.15; 2,2.3.4.5.6.11). Elias deve caminhar. Ele já não se pertence. Sua vida tornou-se uma despedida contínua. E invariavelmente a resposta é esta: “E Elias partiu e fez como Javé tinha mandado!” (1Rs 17,5; cfr 1Rs 17,10;18,2.15; 19,8.13.19; 2R 1,4.15; 2,2.4.6). A caminhada de Elias começa com o chamado de Deus para ir esconder-se na torrenteCarit. Carit é o início, a primeira etapa, de uma longa caminhada em busca de uma convivência humana mais justa e mais fraterna.

Este caminhar constante de Elias, motivado pela Palavra, era o espelho onde o povo do cativeiro encontrava luz e força para caminhar e não desanimar. Era o espelho onde os primeiros carmelitas encontravam refletido o itinerário místico que os orientava na sua busca de Deus. É o espelho, onde nós, hoje, encontramos algo de nós mesmos, dos nossos problemas e aspirações e da nossa esperança.

A importância da Tradição Eliana da Ordem, desde a sua origem, transparece no “Liber Institutionis Primorum Monachorum“. Em cada período da nossa história, os Carmelitas souberam reler a figura do profeta Elias, para que inspirasse o Carmelo na observância e na vivência da Regra de Santo Alberto. A tradição Eliana acompanhava a evolução e as exigências da Ordem em cada época.

O Profeta Elias encarna a profecia

No episódio da Transfiguração de Jesus (Lc 9,30), o Antigo Testamento está representado por Moisés e Elias. Moisés encarna a Lei; Elias, a profecia. Apesar de ele ser considerado o primeiro dos grandes profetas e de encarnar a profecia, não existe na Bíblia o Livro do Profeta Elias. Outros profetas, bem menos importantes, têm um livro: Jonas, Naum, Ageu, etc. Por que?

As histórias de Elias estão no primeiro e segundo livro dos Reis, que nós chamamos de Livros Históricos. A Bíblia Hebraica chama estes livros de Profetas Anteriores. Este nome mostra que a eles não interessava conhecer só a história dos reis. Eles queriam conhecer a história enquanto interpretada com um olhar profético. Por isso chamam esses livros de Profetas ou Proféticos. Isto os ajudava a discernir melhor os apelos de Deus dentro dos fatos da sua própria vida.

Antes de Elias já houve muitos profetas, pois o movimento profético era um fenômeno comum que fazia parte da cultura da época. Todos os reis tanto de Israel e de Judá como dos outros povos, cada um no seu reino, tinham os seus profetas para legitimar o poder real diante do povo. Apoiado pelos profetas, cada rei governava seu povo em nome da sua divindade. Mas Elias era um profeta diferente.

Em Elias a profecia irrompe autônoma e cria liberdade frente ao sistema da monarquia. Ele é o primeiro que, a partir da sua experiência de Deus como Javé, (presença libertadora), teve a coragem de enfrentar o poder absoluto e pretensamente divino da monarquia e de denunciar as injustiças cometidas pelo rei Acab e pela rainha Jezabel. Através de Elias, o carisma começa a questionar o poder. Por isso, ele tornou-se o símbolo da ação profética em Israel! A partir dele se começa a ler a história dos reis com um olhar profético, nascido da fé em Javé.

As histórias do profeta Elias

Elias viveu no século IX antes de Cristo. Desde aquela época , as histórias da sua atuação como profeta eram transmitidas oralmente ao longo das gerações. A organização mais sistemática destas histórias, da maneira como elas agora se encontram no livro dos Reis, só teve início durante o cativeiro da Babilônia no século VI aC. Durante o cativeiro, o povo exilado começou a despertar sua memória e recordar as histórias do seu passado para nelas encontrar luz e força diante dos graves problemas que estava vivendo. Foi neste ambiente de revisão, que as histórias de Elias começaram a ser redigidas para ajudar o povo do cativeiro a descobrir a causa da crise e oferecer-lhe um projeto de reconstrução da sua identidade como Povo de Deus.

As histórias do profeta Elias são muito mais que só história. O povo do cativeiro olhava para elas como num espelho para descobrir aí a sua missão. Elas eram narradas para despertar nos ouvintes uma consciência mais crítica, tanto frente à monarquia de Israel, quanto frente à tentação sedutora dos ídolos do império da Babilônia na época do cativeiro. Transmitidas de geração em geração, estas histórias faziam parte da identidade do povo. Seu objetivo era provocar no povo a mesma ação em defesa da Aliança que tinha caracterizado o profeta Elias.

As histórias de Elias são histórias populares. Aqui vale o que acontece em todas as histórias populares: Quem conta um conto aumenta um ponto. De tão usadas e narradas ao longo dos séculos, as histórias de Elias se parecem com aquele livro que, por causa do uso freqüente, foi perdendo as capas da frente e de atrás. Na história de Elias faltam o começo e o fim. A Bíblia não conta o nascimento nem a morte do profeta. Só sobraram seis histórias que agora ocupam seis capítulos nos dois livros dos Reis. Parece um álbum com seis grandes fotografias. Cada foto, cada capítulo traz um assunto bem determinado. Eis a sequencia:

1Rs 17: Na torrente Carit e em Sarepta: a preparação do profeta.

Sua ida para Carit no outro lado do Jordão e para Sarepta na casa da viúva, da qual recebeu sua confirmação como Homem de Deus que comunica ao povo a Palavra de Deus.

1Rs 18: No Monte Carmelo, perto da fonte: a defesa da Aliança.

A atuação como profeta no Monte Carmelo. Para defender a Aliança Elias enfrenta o Rei e os falsos profetas. No fim, recebe a confirmação do povo, desfaz a seca e traz chuva de volta.

1Rs 19: No deserto e no Monte Horeb: a crise e a maneira de superá-la.

Elias foge de Jezabel e quer morrer, mas o anjo o alimenta e o ajuda a caminhar. Na Brisa Leve, ele se converte e se reencontra consigo, com Deus e com a missão.

1Rs 21: Na vinha de Nabote: a denúncia e a luta pela justiça.

A injustiça do sistema dos Reis se manifesta no roubo das terras, na manipulação da religião pelo rei e no assassinato de Nabot. Elias enfrenta o Rei e denuncia a injustiça cometida.

2Rs 01: No alto do Monte: o homem de Deus e do fogo.

Sentado no alto do Monte, na solidão, Elias faz descer um raio do céu contra os que não reconhecem a Javé como o Deus da vida. Mas acolhe o pedido de quem quer preservar a vida.

2Rs 02: Na travessia do Jordão e no Carro de fogo: a continuidade da missão

Arrebatado em Espírito. Elias deixa uma dupla porção do seu espírito para Eliseu. Eliseu invoca Javé como “o Deus de Elias”. Elias continua sua missão nos filhos dos profetas.

São seis histórias bem populares onde o povo olhava como num espelho para descobrir sua missão. Elas eram transmitidas de geração em geração para despertar a consciência e provocar nos ouvintes a mesma ação em defesa da Aliança e da Vida. Por isso, Elias tornou-se o Santo mais popular do povo da Bíblia. Símbolo da ação profética! Ele entrou na imaginação popular como o santo dos impossíveis. Na Palestina ele é até hoje o santo mais venerado de Cristãos, Judeus e Muçulmanos. É um santo ecumênico!

É por isso que na Bíblia existem tantos textos espalhados sobre o profeta Elias. Eles mostram a variedade com que ele era venerado pelo povo:

1. O livro do Eclesiástico valoriza nele o Homem obediente à Palavra(Eclo 48,1-11).

2. Malaquias espera a volta de Elias como o Homem da Aliança(Mal 2,23-24).

3. Nos evangelhos Elias aparece como o homem que deve reorganizar o povo(Lc 1,17).

4. Na Transfiguração Elias aparece ao lado de Moisés como síntese da profecia do AT.

5. Para São Paulo Elias é o Homem que denuncia a infidelidade do povo(Rom 11,2-4).

6. A carta de Tiago resume a vida de Elias como Homem da Oração(Tiago 5,17-18)

7. No Apocalipse Elias aparece como o homem do testemunho até à morte(Apoc 11,3.5).

8. A tradição rabínica conserva de Elias a imagem do homem do deserto.

9. A devoção popular invoca Elias como o Santo dos impossíveis.

10. A tradição carmelitana acentua o homem do Caminho.

 
Estela Márcia/ocds (Conf. Frei Carlos Mesters)

 

domingo, 13 de julho de 2014

Parabéns aos alemães pela dupla vitória neste mundial!


"Em verdade vos digo que quando o fizestes a um destes meus pequeninos irmãos, a mim o fizestes." (Mt 25,40)

            Parabenizamos o futebol sim, a garra e o preparo técnico, mas sobretudo, pela vitória no relacionamento e incentivo a comunidade que os acolheu no Distrito de Santa Cruz de Cabrália, na Bahia.

            Foi noticiada, com comprovada alegria, a iniciativa da seleção Alemã deixada como um legado esportivo e cultural na Bahia. A passagem do time alemão pelo sul da Bahia rendeu um novo campo de futebol construído especialmente para os moradores, doação financeira para aquisição de ambulância que atenderá à comunidade indígena Pataxó e doações pelo período de três anos para a Escola da Vila de Santo André. "É uma forma de ajudarmos e deixarmos uma marca da nossa passagem na região", afirmou Georg Behlau, diretor administrativo da Federação alemã.

            Após hospedagem em Santo André, distrito de Santa Cruz Cabrália, sul do estado. Antes da partida, o porta-voz do time, Oliver Bierhoff, agradeceu a comissão local para assuntos da copa, secretariada pelo Porto Seguro Convention & Vistors Bureau, pelas atividades realizadas para a captação e estada da seleção na região. Além disso, o representante do time ajudou a comunidade indígena Pataxó da região. A última entrevista coletiva da seleção da Alemanha em Santo André, distrito de Santa Cruz Cabrália, no extremo sul da Bahia, aconteceu na última sexta-feira - antes da final da Copa, e foi marcada por agradecimentos e homenagens. A passagem dos craques alemães pela região deixa como legado um campo de futebol, ambulância e doações para a escola da vila, além de mídia espontânea nos 35 dias de permanência no estado. Desde janeiro de 2013, o Convention atuou com o propósito de atrair a vinda do time para a região da Costa do Descobrimento e trabalhou na montagem e estruturação do Centro de Mídia, logística, receptivo, segurança, estrutura de internet, entre outras ações. Bierhoff ressaltou a importância da escolha por Santo André. "No começo, todos acharam que era uma ideia louca, mas hoje sabemos que foi uma decisão acertada. Quando atravessávamos a balsa na volta do jogo, já dava uma sensação de estarmos em casa. Aqui virou nosso lar no Brasil". A seleção da Alemanha deixa a Costa do Descobrimento na noite desta sexta-feira 11 de julho de 2014. Foram 35 dias desde a chegada do time à região, em 8 de junho.
 

Estela Márcia