terça-feira, 30 de setembro de 2014

Ignorar as Escrituras é ignorar a Cristo, diz São Jerônimo

 
            Encerrando o mês da Bíblia - setembro, a Igreja nos convida a meditar e aprender com São Jerônimo o Saber de Deus no sabor das Escrituras. Tendo a São Jerônimo como tradutor das Santas Palavras de Deus, assim, é através dele que precisamos nos conscientizar de tamanho bem. E ainda, se queremos ser agradáveis a Deus, e Nele buscar a perfeição, o único caminho é o conhecimento de Sua Palavra. Pois nos dirá São Paulo, “Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil, a fim de ensinar, corrigir e educar na justiça. A fim de que o homem de Deus se torne perfeito e capaz de toda obra boa fazer.” (2Tm 3,16-17). Sem medo de errar, e bem ao contrário, todo aquele que é filho de Deus, e deseja viver como tal, ainda afirmamos com a Igreja, só através das Escrituras. Ela é a verdadeira bússola das escolhas que o cristão deverá fazer. E é através de seus ensinamentos que alcançaremos o que é sensato e prudente para “todas” as situações práticas da vida. “Aquele que observa a lei, é filho sensato e prudente.” ( Pr 28,7a)
Aprendamos com São Jerônimo quando afirma: “Ignorar as Escrituras é ignorar a Cristo”. Vale a pena a meditação de seus escritos.
 Pago o que devo, obediente aos preceitos de Cristo que diz: Perscrutai as Escrituras (Jo 5,39); e: Buscai e achareis (Mt 7,7). Assim que não me aconteça ouvir com os judeus: Errais, sem conhecer as Escrituras nem o poder de Deus (Mt 22,29). Se, conforme o Apóstolo Paulo, Cristo é o poder de Deus e a sabedoria de Deus, e quem ignora as Escrituras ignora o poder de Deus e sua sabedoria, ignorar as Escrituras é ignorar Cristo. 
Daí que eu imite o pai de família que de seu tesouro tira coisas novas e antigas. E a esposa, no Cântico dos Cânticos, que diz: Coisas novas e antigas, irmãozinho meu, guardei para ti (cf. Ct 7,14 Vulg.). E explicarei Isaías ensinando a vê-lo não só como profeta, mas ainda como evangelista e apóstolo. Ele próprio falou de si e dos outros evangelistas: Como são belos os pés daqueles que evangelizam boas novas, que evangelizam a paz (Is 52,7). E também Deus lhe fala como a um apóstolo: Quem enviarei, e quem irá a este povo? E ele respondeu: Eis-me aqui, envia-me (cf. Is 6,8). 
Ninguém pense que desejo resumir em breves palavras o conteúdo deste livro,pois esta escritura contém todos os mistérios do Senhor, falando do Emanuel, o nascido da Virgem, o realizador de obras e sinais estupendos, o morto e sepultado, o ressurgido dos infernos e o salvador de todos os povos. Que direi de física, ética e lógica? Tudo o que há nas santas Escrituras, tudo o que a língua humana pode proferir e uma inteligência mortal receber, está contido neste livro. Atesta esses mistérios quem escreveu: Será para vós a visão de todas as coisas como as palavras de um livro selado; se é dado a alguém que saiba ler, dizendo-lhe: Lê isto, ele responderá: Não posso, está selado. E se for dado a quem não sabe ler e se lhe disser: Lê, responderá: Não sei ler (Is 29,11-12). 
E se alguém parecer fraco, ouça as palavras do mesmo Apóstolo: Dois ou três profetas falem e os outros julguem; mas se a outro que está sentado algo for revelado, que se cale o primeiro (1Cor 14,32). Como podem guardar silêncio, se está ao arbítrio do Espírito, que fala pelos profetas, o calar-se e o falar? Se na verdade compreendiam aquilo que diziam, tudo está repleto de sabedoria e de inteligência. Não era apenas o ar movido pela voz que chegava a seus ouvidos, mas Deus falava no íntimo dos profetas, segundo outro Profeta diz: O anjo que falava a mim (cf. Zc 1,9), e: Clamando em nossos corações, Abba, Pai (Gl 4,6), e: Ouvirei o que o Senhor Deus disser em mim (Sl 84,9).” (Ofício das Leituras - Do Prólogo ao Comentário sobre o Profeta Isaías, de São Jerônimo, presbítero - Séc.V)
São Jerônimo, rogai por nós!
Estela Márcia

 

 

 

sábado, 27 de setembro de 2014

“Deus ama os pobres, também ama aqueles que os amam” – São Vicente de Paulo.

(Outubro de 2013, Paris - França)

Hoje 27 de Setembro, a Igreja celebra a memória de SÃO VICENTE DE PAULO, PRESBÍTERO. Nasceu na Aquitânia em 1581. Completados os estudos e ordenado sacerdote, exerceu o ministério paroquial em Paris. Fundou a Congregação da Missão(Lazaristas), destinada à formação do clero e ao serviço dos pobres. Coma ajuda de Santa Luísa de Marilac instituiu também a Congregação das Filhas da Caridade. Morreu em Paris no ano 1660. Ele está entre as dezenas de santos “incorruptos” da Igreja. Sua Igreja se encontra em Paris, no mesmo bairro da Igreja de Nossa Senhora das Graças - da “Medalha Milagrosa” (140, rue do Bac, 75007 – Paris), na qual guarda os corpos - também “incorruptos”, de suas “Filhas da Caridade”, Santa Luiza de Marilac e Santa Catarina Labouré, esta última, teve a experiência com as aparições de Nossa Senhora das Graças, no séc. XIX.
            Os escritos de São Vicente indica-nos o caminho seguro para o Céu, através da caridade, diz ele, ‘a caridade é maior do que quaisquer regras, que, além do mais, devem todas tender a ela. E como a caridade é uma grande dama, faz-se necessário cumprir o que ordena.’  É possível afirmar que seus escritos exalam o perfume da caridade. Vale a pena ler e meditar os seus conceitos a respeito dos considerados pobres. 
“Não temos de avaliar os pobres por suas roupas e aspecto, nem pelos dotes de espírito que pareçam ter. Com frequência são ignorantes e curtos de inteligência. Mas muito pelo contrário, se considerardes os pobres à luz da fé, então percebereis que estão no lugar do Filho de Deus que escolheu ser pobre. De fato, em seu sofrimento, embora quase perdesse a aparência humana – loucura para os gentios, escândalo para os judeus – apresentou-se, no entanto, como o evangelizador dos pobres: Enviou-me para evangelizar os pobres (Lc 4,18). Devemos ter os mesmos sentimentos de Cristo e imitar aquilo que ele fez: ter cuidado pelos indigentes, consolá-los, auxiliá-los, dar-lhes valor. 
Com efeito, Cristo quis nascer pobre, escolheu pobres para seus discípulos, fez-se servo dos pobres e de tal forma quis participar da condição deles, que declarou ser feito ou dito a ele mesmo tudo quanto de bom ou de mau se fizesse ou dissesse aos pobres. Deus ama os pobres, também ama aqueles que os amam. Quando alguém tem um amigo, inclui na mesma estima aqueles que demonstram amizade ou prestam obséquio ao amigo. Por isto esperamos que, graças aos pobres, sejamos amados por Deus. Visitando-os, pois, esforcemo-nos por entender os pobres e os indigentes e, compadecendo-nos deles, cheguemos ao ponto de poder dizer com o Apóstolo: Fiz-me tudo para todos (1Cor 9,22). Por este motivo, se é nossa intenção termos o coração sensível às necessidades e misérias do próximo, supliquemos a Deus que derrame em nós o sentimento de misericórdia e de compaixão, cumulando com ele nossos corações e guardando-os repletos. 
Deve-se preferir o serviço dos pobres a tudo o mais e prestá-lo sem demora. Se na hora da oração for necessário dar remédios ou auxílio a algum pobre, ide tranquilos, oferecendo a Deus esta ação como se estivésseis em oração. Não vos perturbeis com angústia ou medo de estar pecando por causa de abandono da oração em favor do serviço dos pobres. Deus não é desprezado, se por causa de Deus dele nos afastarmos, quer dizer, interrompermos a obra de Deus, para realizá-la de outro modo. 
Portanto, ao abandonardes a oração, a fim de socorrer a algum pobre, isto mesmo vos lembrará que o serviço é prestado a Deus. Pois a caridade é maior do que quaisquer regras, que, além do mais, devem todas tender a ela. E como a caridade é uma grande dama, faz-se necessário cumprir o que ordena. Por conseguinte, prestemos com renovado ardor nosso serviço aos pobres; de modo particular aos abandonados, indo mesmo à sua procura, pois nos foram dados como senhores e protetores.” (Dos Escritos de São Vicente de Paulo, presbítero - Cf. Correspondance, Entretiens, Documents, ed. P. Coste, Paris 1920-1925, passim - séc.XVII)
Com a Igreja rezemos: “Ó Deus, que, para socorro dos pobres e formação do clero, enriquecestes o presbítero São Vicente de Paulo com as virtudes apostólicas, fazei-nos, animados pelo mesmo espírito, amar o que ele amou e praticar o que ensinou. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.” Amém!
São Vicente de Paulo, rogai por nós!
Estela Márcia
Fotos: Outubro de 2013
Capela de São Vicente - Paris, França.

 

 

 

 
 

 










Santa Catarina Labouré - Séc. XIX

 Santa Luiza de Marilac - Séc.XVI

domingo, 14 de setembro de 2014

"Estava sua mãe junto à cruz" - Nossa Senhora das Dores, Mãe da Piedade, rogai por nós!

           
A memória de Nossa Senhora das Dores, ou Nossa Senhora da Piedade, no dia 15 de setembro, é marcada pela Solenidade da Exaltação da Santa Cruz, do dia 14, momento de renovação de nossa fé e esperança na Cruz Redentora. As realidades proféticas da obediência e das dores do Filho e da Mãe fazem eco entre si, um no outro. "Cristo, nos dias de sua vida terrestre, dirigiu preces e súplicas, com forte clamor e lágrimas, àquele que era capaz de salvá-lo da morte. E foi atendido por causa de sua entrega a Deus. Mesmo sendo Filho, aprendeu o que significa a obediência a Deus por aquilo que sofreu. Mas, na consumação de sua vida, tornou-se a causa de salvação eterna para todos os que lhe obedecem." (Hb 5,7-9); "Este menino vai ser causa tanto de queda quanto de reerguimento para muitos em Israel. Ele será um sinal de contradição. Assim serão revelados os pensamentos de muitos corações. Quanto a ti, uma espada te traspassará a alma”. (Lc 2,34-35).
            São Bernardo escreve sobre o martírio da Virgem Maria, "Estava sua mãe junto à cruz": O martírio da Virgem é mencionado tanto na profecia de Simeão quanto no relato da paixão do Senhor. Este foi posto, diz o santo ancião sobre o menino, como um sinal de contradição, e a Maria: e uma espada traspassará tua alma (cf. Lc 2,34-35). Verdadeiramente, ó santa Mãe, uma espada traspassou tua alma. Aliás, somente traspassando-a, penetraria na carne do Filho. De fato, visto que o teu Jesus – de todos certamente, mas especialmente teu – a lança cruel, abrindo-lhe o lado sem poupar um morto, não atingiu a alma dele, mas ela traspassou a tua alma. A alma dele já ali não estava, a tua, porém, não podia ser arrancada dali. Por isto a violência da dor penetrou em tua alma e nós te proclamamos, com justiça, mais do que mártir, porque a compaixão ultrapassou a dor da paixão corporal. E pior que a espada, traspassando a alma, não foi aquela palavra que atingiu até a divisão entre a alma e o espírito: Mulher, eis aí teu filho? (Jo 19,26).
            Oh! que troca incrível! João, Mãe, te é entregue em vez de Jesus, o servo em lugar do Senhor, o discípulo pelo Mestre, o filho de Zebedeu pelo Filho de Deus, o puro homem, em vez do Deus verdadeiro. Como ouvir isto deixaria de traspassar tua alma tão afetuosa, se até a sua lembrança nos corta os corações, tão de pedra, tão de ferro?  
            Não vos admireis, irmãos, que se diga ter Maria sido mártir na alma. Poderia espantar-se quem não se recordasse do que Paulo afirmou que entre os maiores crimes dos gentios estava o de serem sem afeição. Muito longe do coração de Maria tudo isto; esteja também longe de seus servos.
            Talvez haja quem pergunte: “Mas não sabia ela de antemão que iria ele morrer?” Sem dúvida alguma. “E não esperava que logo ressuscitaria?” Com toda a confiança. “E mesmo assim sofreu com o Crucificado?” Com toda a veemência. Aliás, tu quem és ou donde tua sabedoria, para te admirares mais de Maria que compadecia, do que do Filho de Maria a padecer? Ele pôde morrer no corpo; não podia ela morrer juntamente no coração? É obra da caridade: ninguém a teve maior! Obra de caridade também isto: depois dela nunca houve igual. (Ofício das Leituras - Dos Sermões de São Bernardo, abade - Séc.XII)
            Nossa Senhora das Dores, Mãe da Piedade, rogai por nós!
Estela Márcia, adaptações

 

 

 

Comunhão de joelhos.... Ato de ADORAÇÃO!


 



 

Comungar de joelhos ou em pé? - Segue Normas da Igreja

"(...) a Santa Sé concedeu ao clero do Brasil a faculdade de ministrar a S. Comunhão aos fiéis, postos em pé com a mão estendida, sendo que o novo rito não seria ser imposto aos fiéis; estes, se quisessem, poderiam continuar a comungar na boca e de joelhos."
Diante da fidelidade aos ensinamentos da Santa Mãe Igreja, apresentamos abaixo, orientações que visam esclarecer as inúmeras dúvidas que surgem a respeito da forma de comungar. Com base na seriedade do Profº Felipe Aquino, trazemos orientações sérias e pautadas nos Documentos oficiais e vigentes da Igreja.
Segue Normas da Igreja:
·         Redemptionis Sacramentum
[91.] Na distribuição da sagrada Comunhão se deve recordar que «os ministros sagrados não podem negar os sacramentos a quem os pedem de modo oportuno, e estejam bem dispostos e que não lhes seja proibido o direito de receber». Por conseguinte, qualquer batizado católico, a quem o direito não o proíba, deve ser admitido à sagrada Comunhão. Assim pois, não é lícito negar a sagrada Comunhão a um fiel, por exemplo, só pelo fato de querer receber a Eucaristia ajoelhado ou de pé.
[92.] Todo fiel tem sempre direito a escolher se deseja receber a sagrada Comunhão na boca ou se, o que vai comungar, quer receber na mão o Sacramento. Nos lugares aonde Conferência de Bispos o haja permitido, com a confirmação da Sé apostólica, deve-se lhe administrar a sagrada hóstia. Sem dúvida, ponha-se especial cuidado em que o comungante consuma imediatamente a hóstia, na frente do ministro, e ninguém se desloque (retorne) tendo na mão as espécies  eucarísticas. Se existe perigo de profanação, não se distribua aos fiéis a Comunhão na mão.
  • Revista: “PERGUNTE E RESPONDEREMOS”
    D. Estevão Bettencourt, osb
    Nº  493  -  Ano: 2003  -  p.  330
Em síntese:  A concessão da Santa Sé para os fiéis receberem a Santíssima Comunhão na mão (e, por conseguinte, em pé) datada de 1975 deixava aos comungantes a liberdade para aceitarem ou não o novo rito.  Contudo alguns sacerdotes têm obrigado os fiéis a receber a Santíssima Comunhão na mão (e em pé).  Daí resultaram queixas levadas à Congregação para o Culto Divino, que reiterou o caráter facultativo da nova modalidade de comungar, mediante um documento de 2002, o qual vai, a seguir, transcrito.
Em 1975 a Santa Sé concedeu ao clero do Brasil a faculdade de ministrar a S. Comunhão aos fiéis, postos em pé com a mão estendida, sendo que o novo rito não seria ser imposto aos fiéis; estes, se quisessem, poderiam continuar a comungar na boca e de joelhos.
Verificou-se, porém, que em vários países os sacerdotes se puseram a negar a Eucaristia a quem estivesse de joelhos.  Isto provocou queixas levadas à Congregação para o Culto Divino, que respondeu com Carta, a seguir, transcrita.A fim de que fique bem clara ao leitor a problemática em foco, vai, primeiramente, publicado o texto da concessão de 1975.
1.  A concessão de 1975
Em 05/03/1975 Santa Sé concedeu aos Bispos do Brasil a faculdade de permitirem a Comunhão na mão em suas respectivas dioceses, desde que sejam observadas as seguintes normas:
1. Cada Bispo deve decidir se autoriza ou não em sua Diocese a introdução do novo rito, e isso com a condição de que haja preparação adequada dos fiéis e se afaste todo perigo de irreverência.
2. A nova maneira de comungar não deve ser imposta, mas cada fiel conserve o direito de receber à Comunhão na boca, sempre que preferir.
3. Convém que o novo rito seja introduzido aos poucos, começado por pequenos grupos, e precedido por uma adequada catequese.  Esta visará a que não diminua a fé na presença eucarística, e que se evite qualquer perigo de profanação.
4. A nova maneira de comungar não deve levar o fiel a menosprezar a Comunhão, mas a valorizar o sentido de sua dignidade de membro do Corpo Místico de Cristo.
5.  A hóstia deverá ser colocada sobre a palma da mão do fiel, que a levará à boca antes de se movimentar para voltar ao lugar.  Ou então,embora por várias razões isto nos pareça menos aconselhável, o fiel apanhará a hóstia na patena ou no cibório, que lhe é apresentado pelo ministro que distribui a Comunhão, e que assinala seu ministério dizendo a cada um a fórmula: “O Corpo de Cristo”.  É, pois, reprovado o costume de deixar a patena ou o cibório sobre o altar, para que os fiéis retirem do mesmo a hóstia, sem apresentação por parte do ministro.  É também inconveniente que os fiéis tomem a hóstia com os dedos em pinça e, andando, a coloquem na boca.
6. É mister tomar cuidado com os fragmentos, para que não se percam, e instruir o povo a seu respeito.  É preciso, também, recomendar aos fiéis que tenham as mãos limpas.
7. Nunca é permitido colocar na mão do fiel a hóstia já molhada no cálice.
Estas normas se acham na Carta datada de 15/03/75, pela qual a Presidência da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil transmitia a cada Bispo as instruções da Santa Sé.  A mesma Carta ainda observava o seguinte:
“Só mediante o respeito destas sábias condições poderemos aguardar os frutos que todos desejam desta medida. A experiência da distribuição da Comunhão na mão, em vários pontos do país, revelou pontos negativos, que deverão ser cuidadosamente eliminados.  Assim, alguns ministros deram na mão do fiel a hóstia já molhada no cálice, enquanto outros, para ganhar tempo, colocaram na própria mão várias hóstias, fazendo-as escorregar rapidamente, uma a uma, nas mãos dos fiéis, como quem distribui balas às crianças”.
Vê-se que a Santa Sé enfatiza o máximo cuidado para que não haja profanação da Santíssima Eucaristia nem ocorram irreverências.  Entre outras diretrizes, merecem especial atenção as seguintes: não se deve comungar andando, mas quem recebeu na mão a partícula sagrada, afasta-se para o lado (a fim de deixar a pessoa seguinte aproximar-se) e, parado, comungue.   Cada comungante trate de verificar se não ficou na palma na mão ou entre os dedos alguma parcela de pão consagrado (em caso positivo, deve consumi-la).É lícito comungar duas vezes no mesmo dia se, em ambos os casos, o fiel participa da S. Missa (cânon 917).
A intervenção da Santa Sé em 2002 (reiterada em 2003) Expressão do mal-estar causado pela recusa da Eucaristia, é a seguinte carta dirigida por uma pessoa devota à Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos:
“Desde muito sinto a necessidade interior de me ajoelhar no momento de receber a Sagrada Comunhão. Não o fiz até agora, ciente de que alguns sacerdotes e mesmo Bispos recusam ministrar o sacramento a quem esteja ajoelhado. Preferi evitar a possibilidade de um escândalo, embora soubesse que tinha o direito de me ajoelhar”.
Muitas cartas semelhantes suscitaram a seguinte resposta da Congregação para o Culto Divino datado de 2002 e reiterada em fevereiro de 2003.
·         Congregatio de Cultu Divino et Disciplina Sacramentorum
       Protocolo nº 1322/02/L
       Roma, 1º de julho de 2002.
Excelência Reverendíssimos,
Esta Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos recebeu recentemente, da parte de fiéis leigos da sua diocese, informação comunicando que se tem recusado a Sagrada Comunhão aos fiéis que, para recebê-la, se põem de joelhos em vez de permanecer em pé.  Os informantes dizem que tal procedimento pode estar mais difundido na diocese; todavia a esta Congregação não é possível averiguá-lo; este Dicastério tem certeza de que Vossa Excelência está em condições que lhe permitem promover uma investigação certeira sobre o assunto.  Como quer que seja, as queixas proporcionam a este Discastério ocasião de que o torne conhecido a qualquer sacerdote que precise ser informado.
Esta Congregação está realmente preocupada com o grande número de queixas recebidas de várias partes nos últimos meses.  Ela considera que a recusa da Comunhão a um fiel que esteja ajoelhado, é grave violação de um dos direitos básicos dos fiéis cristãos, a saber: o de ser ajudado por seus Pastores por meio dos sacramentos (Código de Direito Canônico, cânon 213).
Em vista da lei que estipula que ministros sagrados não podem recusar os sacramentos a quem os pede de modo conveniente, com boas disposições e sem empecilho da parte do Direito (cânon 843 § 1), não se deve recusar a Sagrada Comunhão a nenhum católico durante a Santa Missa, excetuados os casos que ponham em perigo de grave escândalo a comunidade dos fiéis; ocorrem quando se trata de pecador público ou de alguém obstinado na heresia ou no cisma publicamente professado e declarado.
Mesmo naqueles países em que esta Congregação adotou a legislação local que reconhece o permanecer em pé como postura normal para receber a Sagrada Comunhão … ela o fez com a condição de que aos comungantes desejosos de se ajoelhar não seria recusada a Sagrada Eucaristia.
Com efeito, como o Cardeal Joseph Ratzinger enfatizou recentemente, o costume de ajoelhar-se para receber a Sagrada Comunhão tem em seu favor uma tradição multissecular, e é sinal particularmente expressivo de adoração, que corresponde à verdadeira real e substancial presença de Jesus Cristo Nosso Senhor sob as espécies eucarísticas.
Dada a importância deste assunto, esta Congregação pede que V. Ex. investigue se tal sacerdote recusa habitualmente a Sagrada Comunhão a algum fiel nas circunstâncias atrás descritas e, se tal é fato real, a Congregação pede também que V. Ex. lhe ordene firmemente que se abstenha de assim proceder no futuro; o mesmo seja feito em relação a qualquer outro sacerdote que haja praticado a mesma falha.
Os sacerdotes devem entender que a Congregação considerará qualquer queixa desse tipo com muita seriedade, e, caso sejam procedentes, atuará no plano disciplinar de acordo com muita seriedade, e, caso sejam procedentes, atuará no plano disciplinar de acordo com a gravidade do abuso pastoral.
Agradeço a V. Ex. a atenção dispensada a este assunto e conto com a sua amável colaboração.
Sinceramente seu em Cristo
 Jorge A. 
Cardeal
Medina Estévez
Prefeito
Francisco Pio Tamburrino
Secretário

Como se pode depreender, a Congregação para o Culto Divino considera grave falta a recusa da Comunhão Eucarística a quem a queira receber de joelhos.
O padre não pode impedir as pessoas de se ajoelharem na hora da Consagração; seria abuso dele; pois o Missal Romano manda ajoelhar nesta hora (Ed. Paulus, 6ª Edição, pág. 36; n. 21), diz:
 “Ajoelhem-se durante a Consagração, a não ser que a falta de espaço ou o grande número de presentes ou outras causas razoáveis não o permitam.”

·         A Instrução Geral do Missal Romano, diz:  43. Os fiéis estão de pé: desde o início do cântico de entrada, ou enquanto o sacerdote se encaminha para o altar, até à oração coleta, inclusive; durante o cântico do Aleluia que precede o Evangelho; durante a proclamação do Evangelho; durante a profissão de fé e a oração universal; e desde o invitatório “Orai, irmãos”, antes da oração sobre as oblatas, até ao fim da Missa, exceto nos momentos adiante indicados.
  • Estão sentados: durante as leituras que precedem o Evangelho e durante o salmo responsorial; durante a homilia e durante a preparação dos dons ao ofertório; e, se for oportuno, durante o silêncio sagrado depois da Comunhão.
  • Estão de joelhos durante a consagração, exceto se razões de saúde, a estreiteza do lugar, o grande número dos presentes ou outros motivos razoáveis a isso obstarem. Aqueles, porém, que não estão de joelhos durante a consagração, fazem uma inclinação profunda enquanto o sacerdote genuflecte após a consagração.
  • Catecismo da Igreja: §1378 – O culto da Eucaristia. Na liturgia da missa, exprimimos nossa fé na presença real de Cristo sob as espécies do pão e do vinho, entre outras coisas, dobrando os joelhos, ou inclinando-nos profundamente em sinal de adoração do Senhor. “A Igreja católica professou e professa este culto de adoração que é devido ao sacramento da Eucaristia não somente durante a Missa, mas também fora da celebração dela, conservando com o máximo cuidado as hóstias consagradas, expondo-as aos fiéis para que as venerem com solenidade, levando-as em procissão.” (Mysterium Fidei, 56). 
 
·         Bento XVI na Sacramentum Caritatis
A reverência à Eucaristia
65. Um sinal convincente da eficácia que a catequese eucarística tem sobre os fiéis é seguramente o crescimento neles do sentido do mistério de Deus presente entre nós; podemos verificá-lo através de específicas manifestações de reverência à Eucaristia, nas quais o percurso mistagógico deve introduzir os fiéis.(190) Penso, em geral, na importância dos gestos e posições, como, por exemplo, ajoelhar-se durante os momentos salientes da Oração Eucarística. Embora adaptando-se à legítima variedade de sinais que tem lugar no contexto das diferentes culturas, cada um viva e exprima a consciência de encontrar-se, em cada celebração, diante da majestade infinita de Deus, que chega até nós humildemente nos sinais sacramentais.
Oração eucarística- Prefácio da Paixão II (a vitória da paixão):
“…Enquanto a multidão dos santos se alegre eternamente na vossa presença em humilde adoração, nós nos associamos a seus louvores,cantando a uma só voz.”

Prof. Felipe Aquino (assessoria@cleofas.com.br)
 
 Estela Márcia - Adaptação: Imagens da Internet

“A Cruz parece decretar o fracasso de Jesus, mas, na realidade, marca a sua vitória”- Disse Papa Francisco


 “Naquele tempo, disse Jesus a Nicodemos: 13“Ninguém subiu ao céu, a não ser aquele que desceu do céu, o Filho do Homem. 14Do mesmo modo como Moisés levantou a serpente no deserto, assim é necessário que o Filho do Homem seja levantado, 15para que todos os que nele crerem tenham a vida eterna. 16Pois Deus amou tanto o mundo, que deu o seu Filho unigênito, para que não morra todo o que nele crer, mas tenha a vida eterna. 17De fato, Deus não enviou o seu Filho ao mundo para condenar o mundo, mas para que o mundo seja salvo por ele”. (Jo 3,13-17)
Na Oração Mariana do Angelus deste domingo 14 de setembro de 2014, o Pontífice recordou da festa que Igreja celebra hoje, da Exaltação da Santa Cruz.
Algumas pessoas não-cristãs podem se perguntar: por que ‘exaltar’ a cruz? Podemos responder que nós não exaltamos uma cruz qualquer ou todas as cruzes: exaltamos a Cruz de Jesus Cristo, porque é nela que foi revelado o máximo amor de Deus pela humanidade.
O Santo Padre fez referência ao Evangelho de João na liturgia de hoje: ‘Deus amou tanto o mundo, que entregou o seu Filho único’. O Pai ‘deu’ o Filho para nos salvar, e isso resultou na morte de Jesus e na morte na cruz. Papa Francisco, então, fez uma reflexão conjunta: “Por quê? Por que foi necessária a Cruz? Por causa da gravidade do mal que nos mantinha escravos”.
A Cruz de Jesus exprime duas coisas: toda a força negativa do mal e toda a suave onipotência da misericórdia de Deus. A Cruz parece decretar o fracasso de Jesus, mas, na realidade, marca a sua vitória. No Calvário, aqueles que o injuriavam, diziam: ‘Se és Filho de Deus, desce da cruz’. Mas a verdade era o oposto: justamente porque era o Filho de Deus, Jesus estava ali, na cruz, fiel até o final ao desígnio do amor do Pai. E exatamente por isso Deus ‘exaltou’ Jesus, dando-lhe uma realeza universal.
O Pontífice, então, explica que, quando olhamos para a Cruz onde Jesus foi pregado, contemplamos o sinal do amor infinito de Deus para cada um de nós e a raiz da nossa salvação. “Daquela Cruz vem a misericórdia do Pai que abraça o mundo inteiro. Através da Cruz de Cristo, se venceu o mal, a morte foi derrotada, a vida nos foi doada e a esperança restituída. A Cruz de Jesus é nossa única e verdadeira esperança!”, complementa o Santo Padre.
É por isso que a Igreja ‘exalta’ a Santa Cruz, e é por isso que, nós, cristãos, nos abençoamos com o sinal da cruz. Mas, atenção: não é um sinal ‘mágico’! Acreditar na Cruz de Jesus significa O seguir no Seu caminho. Dessa maneira, inclusive os cristãos colaboram com a Sua obra de salvação, aceitando com Ele o sacrifício, o sofrimento, como também a morte pelo amor de Deus e dos irmãos. Enquanto contemplamos e celebramos a Santa Cruz, pensamos comovidos por tantos nossos irmãos e irmãs que são perseguidos e mortos por causa da sua fidelidade a Cristo. Isso acontece, em particular, lá onde a liberdade religiosa ainda não é garantida ou plenamente realizada. Acontece, porém, mesmo nos países e ambientes em que, em princípio, protegem a liberdade e os direitos humanos, mas onde concretamente os fiéis e, especialmente, os cristãos, encontram limitações e discriminações. Por isso, hoje, recordamos e rezamos em modo todo especial por eles.
Nesta segunda-feira (15), a Igreja celebra Nossa Senhora das Dores. O Papa também lembrou que era Ela quem estava no Calvário, aos pés da Cruz. “A Ela, confio o presente e o futuro da Igreja, para que todos sempre saibamos descobrir e acolher a mensagem de amor e de salvação da Cruz de Jesus”, finalizou Francisco, na Oração do Angelus.
Nas suas saudações finais, o Bispo de Roma assegurou o compromisso e a oração da Igreja Católica, encorajando o esforço da comunidade internacional, através da Missão desejada pelo Conselho de Segurança das Nações Unidas que começa nesta segunda-feira, 15 de setembro. Uma iniciativa em apoio à pacificação da República Centro-Africana e para proteger a população civil, que está gravemente sofrendo com as conseqüências do conflito em andamento: “quanto antes a violência ceda lugar ao diálogo; as facções opostas deixem da parte os interesses particulares e se esforcem para que cada cidadão, de qualquer etnia e religião a que pertença, possa colaborar para construir o bem comum”, disse o Papa.
O Pontífice também registrou a Sua visita de sábado, 13 de setembro, à Redipuglia, região nordeste da Itália, quando rezou pelos mortos da I Guerra Mundial. Evocando os números dramáticos de 8 milhões de soldados e cerca de 7 milhões de civis mortos, o Papa condenou novamente os conflitos, dizendo: “isso mostra como a guerra é uma loucura, na qual a humanidade ainda não aprendeu a lição. Pois, depois disso, teve a II Guerra e tantas outras. Quando vamos aprender? Convido a olharmos para Jesus crucificado, para percebermos que o mal é destruído pelo bem. A resposta da guerra só faz aumentar o mal e a morte”, finalizou Francisco.
Estela Márcia - Adaptações





Santa Teresa de Jesus e a Cruz do Senhor - SOLENIDADE DA EXALTAÇÃO DA SANTA CRUZ – 14 de setembro de 2014


‘Sê bem-vinda, cruz querida’; ‘E ao Céu é a única senda que conduz’; ‘Monjas do Carmelo’.
Com apelativos ricos de significado, Santa Teresa encanta ‘suas filhas’, filhos e admiradores de todos os tempos e lugares.
Confessa Teresa não ser poeta, mas deixa-nos sempre a certeza, em seus escritos, da presença de Deus que ‘desatina e embriaga’. Seus contemporâneos afirmam ser ela uma poetisa, não apenas nos êxtases espirituais em que experimentava, mas, sobretudo, por sua própria personalidade aberta ao belo e ao encanto de Deus.
As ‘Poesias’ da Santa Madre Teresa tem um tom especial de elevação ao divino, e hoje, em especial, cabe-nos apresentar a beleza da relação de Teresa com a Cruz (do Amado) que, ao que perceberemos, renovará a esperança de quem os lê com a mente, mas deixa-se embriagar-se na alma.
           Portanto, boa leitura... boa meditação...
Estela Márcia – OCDS/Petrópolis,RJ.

À Cruz
(Poema XVIII)
“Gostosa quietação da minha vida,
Sê bem-vinda, cruz querida.”

Ó bandeira que amparaste
O fraco e o fizeste forte!
Ó vida da nossa morte,
Quão bem a ressuscitaste!
O Leão de Judá domaste,
Pois por ti perdeu a vida.
Sê bem-vinda, cruz querida.

Quem não te ama vive atado
E da liberdade alheio;
Quem te abraça sem receio
Não toma caminho errado.
Oh! ditoso o teu reinado,
Onde o mal não tem cabida!
Sê bem-vinda, cruz querida.

Do cativeiro do inferno,
Ó cruz, foste a liberdade;
Aos males da humanidade
Deste o remédio mais terno.
Deu-nos, por ti, Deus Eterno
Alegria sem medida.
Sê bem-vinda, cruz querida.

 
O Caminho da Cruz
(Poema XIX)
O consolo está, e a vida,
Só na cruz;
E ao Céu é a única senda
Que conduz.

 
Está na cruz o Senhor
De céus e terra,
E o gozar de muita paz
Em plena guerra.
Todos os males desterra
Do mundo, a cruz.
E ao Céu é a única senda
Que conduz
 
Da cruz é que diz a Esposa
A seu Querido,
Que é a palmeira preciosa
Aonde há subido;
Cujo fruto lhe dá sabido
Ao seu Jesus.
E ao Céu é a única senda
Que conduz

A santa Cruz é oliveira
Mui preciosa,
Seu óleo nos unge e inunda
De luz radiosa;
Ó minh’alma, pressurosa,
Abraça a cruz:
Pois ao Céu é a única senda
Que conduz

É o madeiro verdejante
E desejado
Da Esposa, que à sua sombra
Se há sentado,
A gozar de seu amado
O Rei Jesus,
Pois ao Céu é a única senda
Que conduz

A alma que totalmente a Deus
Está rendida,
Bem deveras deste mundo
Já desprendida,
Árvore de gozo e vida
É a santa Cruz
E ao Céu é o doce caminho
Que conduz.

Desde que na Cruz foi posto
O Salvador,
Só na cruz se encontra glória,
Honra e louvor;
Vida e consolo na dor
Dá-nos a cruz,
E ao Céu é a estrada segura
Que conduz.


Abraçadas à Cruz
(Poema XX)
Vamos para o Céu tão belo
Monjas do Carmelo

Abracemos bem a Cruz
E sigamos a Jesus,
Que é nosso caminho e luz,
Fartura do nosso anelo,
Monjas do Carmelo.

Sereis livres de cuidados
Desconsolo e mil enfados,
Se os três votos professados
Observardes com desvelo,
Monjas do Carmelo.

O voto da obediência,
Ainda que de alta ciência,
Só quebra a resistência:
Aparte Deus tal flagelo,
Monjas do Carmelo!

A castidade guardai,
E só a Deus desejai;
E nele vos encerrai,
Sem do mundo ouvir o apelo,
Monjas do Carmelo.

Nosso voto de pobreza,
Se guardado com pureza,
Está cheio de riqueza
E nos abre o Céu tão belo,
Monjas do Carmelo.

Fazendo assim, venceremos
Tudo, e enfim descansaremos
No Criador, que, em seus extremos,
Fez a terra e o Céu tão belo,
Monjas do Carmelo.

(Extraído: “Obras Completas, Teresa de Jesus”
Edições Loyola, 1995)