Celebramos
hoje a memória dos pais da Virgem Maria. No Ofício Divino a Igreja os celebra,
nos levando a uma experiência de maternidade e paternidade através da qual a
jovem escolhida por Deus - que daria luz à Luz sem ocaso, pôde receber em sua infância, a educação que
a levara a conhecer as promessas dos Escritos Sagrados, recebidos de seus
antepassados. Sant'Ana,
cujo nome em hebraico significa graça, pertencia à família do sacerdote Aarão e
seu marido, São Joaquim, pertencia à família real de Davi. Joaquim e Ana, segundo uma
antiga tradição, já conhecida no século II, assim eram chamados os pais da
Santíssima Virgem Maria. O culto a sua mãe, Sant’Ana, já era prestado no
Oriente desde o século VI, e difundiu-se pelo Ocidente no século X. Recentemente,
o culto ao pai da Virgem Maria, São Joaquim passou também a ser venerado.
Ao
ler os escritos de São João Damasceno – Bispo e Doutor da Igreja, que no século
III, percebemos que ele já ensinava sobre os frutos da maternidade e
paternidade destes nossos intercessores que ora celebramos, ‘Vós os conhecereis pelos seus frutos’. Com
o texto a seguir, entenderemos que deles
– Sant’Ana e são Joaquim, devemos aprender que a família e os filhos encontram
sentido na vida quando são inteiramente direcionados para Deus. E que, ao longo
de sua existência, cada um vai compreendendo o chamado e a missão neste mundo
transitório, no qual todos precisamos ser ‘sal e luz’.
Diz São João Damasceno:
“Estava determinado que a Virgem Mãe de Deus
iria nascer de Ana. Por isso, a natureza não ousou antecipar o germe da graça,
mas permaneceu sem dar o próprio fruto até que a graça produzisse o seu. De
fato, convinha que fosse primogênita aquela de quem nasceria o primogênito de
toda a criação, no qual todas as coisas têm a sua consistência (cf. Cl
1,17).
Ó casal feliz, Joaquim e
Ana! A vós toda a criação se sente devedora. Pois foi por vosso intermédio que
a criatura ofereceu ao Criador o mais valioso de todos os dons, isto é, a mãe
pura, a única que era digna do Criador.
Alegra-te, Ana estéril,
que nunca foste mãe, exulta e regozija-te, tu que nunca deste à luz (Is
54,1). Rejubila-te, Joaquim, porque de tua filha nasceu para nós um menino,
foi-nos dado um filho; o nome que lhe foi dado é: Anjo do grande conselho,
salvação do mundo inteiro, Deus forte (Cf. Is 9,5). Este menino é Deus.
Ó casal feliz, Joaquim e
Ana, sem qualquer mancha! Sereis conhecidos pelo fruto de vossas entranhas,
como disse o Senhor certa vez: Vós os conhecereis pelos seus frutos (Mt
7,16). Estabelecestes o vosso modo de viver da maneira mais agradável a Deus e
digno daquela que de vós nasceu. Na vossa casta e santa convivência educastes a
pérola da virgindade, aquela que havia de ser virgem antes do parto, virgem no
parto e continuaria virgem depois do parto; aquela que, de maneira única,
conservaria sempre a virgindade, tanto em seu corpo como em seu coração.
Ó castíssimo casal, Joaquim
e Ana! Conservando a castidade prescrita pela lei natural, alcançastes de Deus
aquilo que supera a natureza: gerastes para o mundo a mãe de Deus, que foi mãe
sem a participação de homem algum. Levando, ao longo de vossa existência, uma
vida santa e piedosa, gerastes uma filha que é superior aos anjos e agora é
rainha dos anjos.
Ó formosíssimo e dulcíssima jovem! Ó filha de Adão e
Mãe de Deus! Felizes o pai e a mãe que te geraram! Felizes os braços que te
carregaram e os lábios que te beijaram castamente, ou seja, unicamente os
lábios de teus pais, para que sempre e em tudo conservasses a perfeita
virgindade! Aclamai o Senhor Deus, ó terra inteira, alegrai-vos, exultai e
cantai salmos (cf. Sl 97,4-5). Levantai vossa voz; clamai e não tenhais
medo.” (Ofício das Leituras - Dos Sermões de São João Damasceno, bispo -
séc.VIII)
SÃO JOAQUIM E SANT’ANA, rogai por nós!
Rogai por nós SANTA MÃE DE DEUS, para que sejamos dignos das promessas de Cristo!
Estela Márcia/OCDS
Nenhum comentário:
Postar um comentário