Madre Carminha de Tremembé,
modelo de santidade
Está tendo início o processo
de canonização da fundadora do Carmelo Santa Face e Pio XII de Tremembé-SP
(Diocese de Taubaté-SP), Madre Maria do Carmo da Santíssima Trindade.
Também conhecida carinhosamente como Carminha de Tremembé, Madre Maria
do Carmo, filha de Teotônio Bueno e Maria do Carmo Bauer Bueno, nasceu em
Itu-SP no dia 25 de novembro de 1898 e passou sua infância na cidade de
Campinas-SP. Na antiga Matriz Velha, atual Basílica Nossa Senhora do Carmo,
foi batizada em 12 de fevereiro de 1899 e fez sua primeira comunhão em 21 de
junho de 1910.
O Processo
de Canonização de Madre Carminha
(Por Frei Patrício Sciandini)
Nada mais
belo do que termos consciência de que Deus nos criou para conhecê-Lo, amá-Lo e
servi-Lo aqui na terra e depois gozar de Sua presença na eternidade. Esta
vocação passa através dos acontecimentos da vida que nem sempre soam claros
para nós, mas sempre soam claros para Deus que nos conduz com infinita ternura.
A Igreja propõe-nos viver, ser santos e, coloca em evidência homens e mulheres
que souberam viver com admirável intensidade a própria vocação, tornando-se
modelos para todos nós. Os Santos não nasceram tais, se fizeram. Tinham um
caráter como o nosso, instintos bárbaros, mas souberam orientar, com a graça de
Deus, a própria vontade até o ponto de tornarem-se mansos e humildes à imitação
de Jesus. Descobrir estes “homens e mulheres excepcionais” é tarefa da mesma
Igreja.
Eu fico
muito feliz quando ouço dizer de mais um Processo de Canonização de alguém, e
muito mais quando este “alguém” é uma Carmelita descalça ou carmelita descalço.
O Carmelo com sua vida de silêncio, de oração, de total doação ao serviço de
Deus e da Igreja, como fermento e água viva, sacia o desejo e alimenta a
experiência de Deus.
A Diocese de
Taubaté está iniciando o Processo de Canonização de Irmã Maria do Carmo da
Santíssima Trindade, mais conhecida como a Carminha de Tremembé. Uma monja
Carmelita Descalça que, antes de chegar a Tremembé, peregrinou por vários
lugares, desejosa de ser Santa, e que conseguiu ser um sinal de fé, de
esperança e de amor para muitas pessoas.
Quando
falamos dos Santos, somos tentados a pensar que eles tiveram uma família bem
constituída, viveram nos braços da ternura e nunca tiveram nenhuma dificuldade
na própria caminhada humana e espiritual. É um grande erro. Hoje como ontem nós
tivemos “mães meninas” e quando a Carminha nasceu em Itu, sua mãe tinha apenas
15 anos. Uma idade tão comum hoje em dia. Como pode uma menina de quinze anos ter uma
filha? Aí vemos como a Providência intervém: os avós paternos, pais de
Teotônio, levam a menina – Carmen – para Campinas, onde deram toda uma educação,
uma formação humana e intelectual. A distância da mãe e do pai não provocou
grandes lacunas no coração de Carmen, porque encontrou amor! Mais tarde, ela
estava em São Paulo ,
no Colégio Sion para completar a sua formação e depois no Rio de Janeiro onde,
em 1926, no dia 21 de abril, entra no recém fundado Carmelo São José. Mas vamos
evidenciar algumas datas importantes na vida de Carminha:
§
25 de novembro de 1898 – Nascimento em Itu/SP.
§
12 de fevereiro de 1899 – Santo batismo em
Campinas/SP. § 21 de junho de 1917 - Primeira Comunhão em Campinas/SP.
§ 21 de abril de 1926 – Entrada no Carmelo São José no Rio de Janeiro/RJ.
§ 24 de outubro de 1926 – Vestição religiosa.
§ 02 de novembro de 1930 – Profissão Solene.
§ 23 de maio de 1946 – Eleita Priora no Carmelo São José.
§ 07 de setembro de 1955 – Fundação do Carmelo da Santa Face e Pio XII em Tremembé /SP.
§ 13 de julho de 1966 – às 5h45, entrega sua alma ao Senhor.
Se nós
queremos sintetizar com poucas palavras toda a vida da Irmã Maria do Carmo da
Santíssima Trindade, poderíamos usar suas mesmas palavras de 1951, quando ela
celebrava os 25 anos de sua vestição religiosa: “amor, dor, felicidade”. De fato, ao longo de toda sua vida
ela não teve nenhuma preocupação a não ser a de realizar o projeto de Deus.
Nela o amor de Deus não foi estéril. Sempre e em todas as circunstâncias se
compromete em dar o melhor de si a Nosso Senhor: os seus afetos, a sua
inteligência, a sua dedicação… Sentia-se totalmente inserida no Coração de
Jesus e queria ser na Igreja uma presença orante diante da Hóstia Consagrada.
Mas o amor
não pode existir sem a marca da Cruz que, para nós que temos fé, não é castigo
e nem tampouco falta de amor de Deus que dá a cruz por aqueles que ama de
verdade. A cruz, a dor, nos consagram e nos tornam ainda mais amigos de Deus.
Todos nós, quando amamos a Deus, queremos abraçar com gosto a nossa cruz e
assumir no nosso coração todos os sofrimentos da humanidade. Maria do Carmo fez
isto na sua vida e com seu testemunho ensinou as irmãs de sua Comunidade a
serem amantes da cruz de Cristo e Sua paixão, para que o Cristo possa sempre
ter almas que se ofereçam ao Pai pela salvação da humanidade.
O amor
assumido com a cruz gera a beatitude, como Carminha diz, que é a felicidade. Na
escola dos santos do Carmelo, especialmente de Santa Teresa, São João da Cruz e
Santa Terezinha, Irmã Maria do Carmo alimentou sua vida interior, e sabe que
quando se ama, a felicidade não significa ausência da Cruz, mas sim capacidade
de carregá-la com alegria. O corpo pode estar ferido, o coração sofrendo, mas a
alma canta, rejubila e bendiz a Deus por tudo. Estas três palavras “amor, dor e felicidade” constituem o projeto da vida de
Irmã Maria do Carmo e o nosso. Depois da morte de Irmã Maria do Carmo, que foi
uma verdadeira festa na terra e no Céu, onde o povo de Tremembé e de outros
lugares tiveram a graça de ter alguém para interceder, foi se difundindo sua
“fama de Santidade”. Sua lembrança não foi apagada pelos anos, mas foi
crescendo até o ponto que a comunidade do Carmelo de Tremembé, provocada pelo
povo, pelos Sacerdotes e amigos Bispos, sentiu a necessidade de pedir a
abertura do Processo de Canonização.
Estamos
esperando, com a graça de Deus, esse grande acontecimento eclesial. Na Diocese
de Taubaté, animada pelo Senhor Bispo Dom Carmo João Rhoden, vamos desde já
continuar a suplicar ao Senhor que revele Seu amor por nós. Esperamos que, se
for de Sua vontade, um dia Carminha de Tremembé possa ser proclamada Santa pela
autoridade e pelo ministério da Igreja. E, a nós, cabe trabalhar para que isto
aconteça.
Frei Patrício Sciandini
Vice-Postulador da causa de Madre Maria do Carmo
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