No Domingo - o último do ano eclesiástico - confessamos a
Jesus Cristo Rei e Senhor do universo. Rei e Senhor da criação inteira. O
centro da história. A esperança da humanidade. Porque Cristo, que é a salvação
de Deus para todos os homens, já inaugurou seu reino neste mundo.
Comemoramos este mês a festa de um Rei que, paradoxalmente,
proclama a simplicidade e a humildade. Sua festa tem que ser a ocasião de
aprofundarmos na verdade mais essencial de nossa fé. Nesse dia encerramos o ano
litúrgico e começamos o tempo ADVENTO. A Igreja convida-nos a concentrar nossa
mente e coração nesse fundamento de nossa fé; Jesus Cristo, o Senhor.
A festa de Cristo Rei
é a coroação de todo o ciclo da liturgia eclesiástica, porque na figura de
Cristo Rei, se resume toda a obra salvadora do Messias. Na realidade, já
tínhamos celebrado na Semana Santa a festa da realeza de Cristo, o dia da
Páscoa, porque em sua ressurreição Cristo assume o domínio sobre a nova Criação
redimida. Na Ascensão ao céu também, porque nesse dia foi elevado para junto do
Pai, e também em cada Domingo comemoramos o dia do Senhor ao celebrar a
eucaristia. O Advento é um dos tempos do
Ano Litúrgico e pertence ao ciclo do Natal. A liturgia do Advento
caracteriza-se como período de preparação, como pode-se deduzir da própria
palavra advento que origina-se do verbo latino advenire, que quer dizer
chegar.
Advento é tempo de espera d’Aquele
que há de vir. Pelo Advento nos preparamos para celebrar o Senhor que veio, que
vem e que virá; sua liturgia conduz a celebrar as duas vindas de Cristo: Natal e Parusia. Na primeira,
celebra-se a manifestação de Deus experimentada há mais de dois mil anos com o
nascimento de Jesus, e na segunda, a sua desejada manifestação no final dos tempos,
quando Cristo vier em sua glória. O tempo do Advento formou-se progressivamente
a partir do século IV e já era celebrado na Gália e na Espanha. Em Roma, onde
surgiu a festa do Natal, passou a ser celebrado somente a partir do século VI,
quando a Igreja Romana vislumbrou na festa do Natal o início do mistério pascal
e era natural que se preparasse para ela como se preparava para a Páscoa. Nesse
período, o tempo do Advento consistia em seis semanas que antecediam a grande
festa do Natal. Foi somente com São Gregório Magno (590-604) que esse tempo foi
reduzido para quatro domingos, tal como hoje celebramos.
Um dos muitos símbolos do Natal é a
coroa do Advento que, por meio de seu formato circular e de suas cores,
silenciosamente expressa a esperança e convida à alegre vigilância. A coroa
teve sua origem no século XIX, na Alemanha, nas regiões evangélicas, situadas
ao norte do país. Nós, católicos,
adotamos o costume da coroa do Advento no início do século XX. Na confecção da
coroa eram usados ramos de pinheiro e cipreste, únicas árvores cujos ramos não
perdem suas folhas no outono e estão sempre verdes, mesmo no inverno. Os ramos
verdes são sinais da vida que teimosamente resiste; são sinais da esperança.
Em algumas comunidades, os fiéis
envolvem a coroa com uma fita vermelha que lembra o amor de Deus que nos
envolve e nos foi manifestado pelo nascimento de Jesus. Até a figura geométrica
da coroa, o círculo, tem um bonito simbolismo. Sendo uma figura sem começo e
fim, representa a perfeição, a harmonia, a eternidade. Na coroa, também são
colocadas quatro velas referentes a cada domingo que antecede o Natal. A luz
vai aumentando à medida em que se aproxima o Natal, festa da luz que é Cristo,
quando a luz da salvação brilha para toda humanidade. Quanto às cores das
quatro velas, quase em todas as partes do mundo é usada a cor vermelha. No
Brasil, até pouco tempo atrás, costumava-se usar velas nas cores roxa ou lilás,
e uma vela cor de rosa referente ao terceiro domingo do Advento, quando
celebra-se o Domingo de Gaudete (Domingo da Alegria), cuja cor litúrgica é
rosa. Porém, atualmente, tem-se propagado o costume de velas coloridas, cada
uma de uma cor, visto que nosso país é marcado pelas culturas indígena e afro,
onde o colorido lembra festa, dança e alegria.
Estela Márcia (Adaptações)
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