domingo, 24 de novembro de 2013

“A História da Solenidade de Cristo Rei nos questiona”

         
            “Sabe-se que a Igreja encerra seu Ano Litúrgico com a Solenidade Nosso Senhor Jesus Cristo, Rei do Universo. No entanto, poucos se dão conta de que se trata de uma festa relativamente recente, pois só foi instituída em 1925, portanto há menos de cem anos. Mas o que levou o papa Pio XI a dedicar a primeiríssima encíclica de seu pontificado à criação de uma festa de Cristo Rei? (cf. carta encíclica Quas primas, 11/12/1925). No início do século XX, o mundo, que ainda estava se recuperando da Primeira Guerra Mundial, fora varrido por uma onda de secularismo e de ódio à Igreja, como nunca visto na história do Ocidente. O fascismo na Itália, o nazismo na Alemanha, o comunismo na Rússia, a revolução maçônica no México, anti-clericalismos e governos ditatoriais grassavam por toda parte.

           É neste contexto que, sem medo de ser literalmente “politicamente incorreto”, o papa Pio XI institui uma festa litúrgica para celebrar uma verdade de nossa fé: mesmo em meio a ditaduras e perseguições à Igreja, Nosso Senhor Jesus Cristo continua a reinar, soberano, sobre toda a história da humanidade. Recordar que Jesus é Rei do Universo foi um gesto de coragem do Santo Padre. Com as revoluções que se seguiram ao fim do primeiro conflito mundial, em 1917, o título de Cristo Rei tornara-se um tanto impopular. Se o Papa tivesse exaltado Jesus como profeta, mestre, curador de enfermos, servo humilde, vá lá! Qualquer outro título teria sido mais aceitável. Mas Cristo Rei?!… Mesmo assim, nadando contra a correnteza e se opondo ao secularismo ateu e anti-clerical, o Vigário de Cristo na terra instituiu esta solenidade para nos recordar que todas as coisas culminam na plenitude do Cristo Senhor: “Eu sou o Alfa e o Ômega, o Princípio e o Fim de todas as coisas” (Ap 1, 8). É necessário reavivar a fé na restauração e na reparação universal realizadas em Cristo Jesus, Senhor da vida e da história.

             Com esta solenidade o Papa Pio XI esperava algumas mudanças no cenário mundial: Que as nações reconhecessem que a Igreja dever estar livre do poder do Estado (Quas primas, 32). Que os líderes das nações reconhecessem o devido respeito e obediência a Nosso Senhor Jesus Cristo (Quas primas, 31). Que os fiéis, com a celebração litúrgica e espiritual desta solenidade, retomassem coragem e força e renovassem sua submissão a Nosso Senhor, fazendo com que ele reine em seus corações, suas mentes, suas vontades e seus corpos (Quas primas, 33).
            Encerrar o Ano Litúrgico com a Solenidade de Cristo Rei é consagrar a Nosso Senhor o mundo inteiro, toda a nossa história e toda nossa vida. É entregar à sua infinita misericórdia um mundo onde reina o pecado. Pilatos pergunta a Jesus se ele é rei. Nosso Salvador responde que seu Reino não é deste mundo. Ou seja, não é deste mundo “inventado” pelo homem e pelo pecado: o mundo da injustiça, da escravidão, da violência, do ódio, da morte e da dor. Ele é rei do Reino de seu Pai e, como rei-pastor, desde o alto da cruz, guia a sua Igreja em meio às tribulações. Sabemos que o Reinado de Cristo não se realizará por um triunfo histórico da Igreja. É isto que nos recorda o Catecismo da Igreja Católica em seu número 677. Mesmo assim, no final, haverá sem dúvida uma vitória de Deus sobre o mal. Só que esta vitória acontecerá como acontecem todas as vitórias de Deus: através da morte e da ressurreição. A Igreja só entrará na glória do Reino se passar por uma derradeira Páscoa. A Esposa deve seguir o caminho do Esposo. É assim que, nesta festa, o manto vermelho de Cristo assinala a realeza de Nosso Senhor, mas também nos recorda o sangue de tantos mártires Cristãos de nossa história recente. Foram fieis católicos que, ouvindo os apelos do Sucessor de Pedro, não tiveram medo de entregar suas próprias vidas e de morrer aos brados de “Viva Cristo Rei!” (História da Solenidade de Cristo Rei, Padre Paulo Ricardo de Azevedo Jr.)
              Oitenta e dois anos após a Encíclica do Papa PioXI Inúmeras são as situações de cruz vividas por todos os cantos da terra. Porém, ainda assim, percebemos que muitos renegam a cristo em detrimento do individualismo, do poder defraudado, do hedonismo desenfreado, do racionalismo ateu, enfim da personificação de outros senhorios. Pensemos: Na crucifixão de Cristo a inscrição da Cruz era: “Este é o Rei dos Judeus”. Dois mil anos se passaram, e a Igreja – desde 1925, nos convida a celebrar “Jesus Cristo Rei do Universo”. Atualizando o Evangelho de Lc 23,35-43, perguntamos: De qual lado estamos? Dos chefes que zombavam de Jesus dizendo: “A outros ele salvou. Salve-se a si mesmo, se, de fato, é o Cristo de Deus, o Escolhido!” Dos soldados que também caçoavam dele oferecendo-lhe vinagre: “Se és o rei dos judeus, salva-te a ti mesmo!” De um dos malfeitores crucificados: “Tu não és o Cristo? Salva-te a ti mesmo e a nós!” Ou com Dimas, o bom ladrão: “Jesus, lembra-te de mim, quando entrares no teu reinado”. Como autênticos cristãos católicos alguns questionamentos precisam nos incomodar e nos fazer responder: Como está sendo o Reinado de Cristo em nossas vidas? Estamos nos deixando ensinar pelo mundo secularizado ou pela solidez da doutrina de Cristo na Igreja? Respondamos favorável a Cristo, a fim de um dia ouvirmos Dele: “(...) estarás comigo no Paraíso”.
Estela Márcia – Adaptações
   (Fonte: Carmelitas Mensageiros do Espírito Santo)

 

 

 

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