É neste contexto que, sem medo de ser literalmente “politicamente incorreto”, o papa Pio XI institui uma festa litúrgica para celebrar uma verdade de nossa fé: mesmo em meio a ditaduras e perseguições à Igreja, Nosso Senhor Jesus Cristo continua a reinar, soberano, sobre toda a história da humanidade. Recordar que Jesus é Rei do Universo foi um gesto de coragem do Santo Padre. Com as revoluções que se seguiram ao fim do primeiro conflito mundial, em 1917, o título de Cristo Rei tornara-se um tanto impopular. Se o Papa tivesse exaltado Jesus como profeta, mestre, curador de enfermos, servo humilde, vá lá! Qualquer outro título teria sido mais aceitável. Mas Cristo Rei?!… Mesmo assim, nadando contra a correnteza e se opondo ao secularismo ateu e anti-clerical, o Vigário de Cristo na terra instituiu esta solenidade para nos recordar que todas as coisas culminam na plenitude do Cristo Senhor: “Eu sou o Alfa e o Ômega, o Princípio e o Fim de todas as coisas” (Ap 1, 8). É necessário reavivar a fé na restauração e na reparação universal realizadas
Com
esta solenidade o Papa Pio XI esperava algumas mudanças no cenário mundial: Que
as nações reconhecessem que a Igreja dever estar livre do poder do Estado (Quas
primas, 32). Que os líderes das nações reconhecessem o devido respeito e
obediência a Nosso Senhor Jesus Cristo (Quas primas, 31). Que os fiéis, com a
celebração litúrgica e espiritual desta solenidade, retomassem coragem e força
e renovassem sua submissão a Nosso Senhor, fazendo com que ele reine em seus
corações, suas mentes, suas vontades e seus corpos (Quas primas, 33).
Encerrar o Ano
Litúrgico com a Solenidade de Cristo Rei é consagrar a Nosso Senhor o mundo
inteiro, toda a nossa história e toda nossa vida. É entregar à sua infinita
misericórdia um mundo onde reina o pecado. Pilatos pergunta a Jesus se ele é
rei. Nosso Salvador responde que seu Reino não é deste mundo. Ou seja, não é deste
mundo “inventado” pelo homem e pelo pecado: o mundo da injustiça, da
escravidão, da violência, do ódio, da morte e da dor. Ele é rei do Reino de seu
Pai e, como rei-pastor, desde o alto da cruz, guia a sua Igreja em meio às
tribulações. Sabemos que o Reinado de Cristo não se realizará por um triunfo
histórico da Igreja. É isto que nos recorda o Catecismo da Igreja Católica em
seu número 677. Mesmo assim, no final, haverá sem dúvida uma vitória de Deus
sobre o mal. Só que esta vitória acontecerá como acontecem todas as vitórias de
Deus: através da morte e da ressurreição. A Igreja só entrará na glória do
Reino se passar por uma derradeira Páscoa. A Esposa deve seguir o caminho do
Esposo. É assim que, nesta festa, o manto vermelho de Cristo assinala a realeza
de Nosso Senhor, mas também nos recorda o sangue de tantos mártires Cristãos de
nossa história recente. Foram fieis católicos que, ouvindo os apelos do
Sucessor de Pedro, não tiveram medo de entregar suas próprias vidas e de morrer
aos brados de “Viva Cristo Rei!” (História da Solenidade de Cristo Rei, Padre
Paulo Ricardo de Azevedo Jr.)
Oitenta e dois anos
após a Encíclica do Papa PioXI Inúmeras são as situações de cruz vividas por
todos os cantos da terra. Porém, ainda assim, percebemos que muitos renegam a
cristo em detrimento do individualismo, do poder defraudado, do hedonismo
desenfreado, do racionalismo ateu, enfim da personificação de outros senhorios.
Pensemos: Na crucifixão de Cristo a inscrição da Cruz era: “Este é o Rei dos
Judeus”. Dois mil anos se passaram, e a Igreja – desde 1925, nos convida a
celebrar “Jesus Cristo Rei do Universo”. Atualizando o Evangelho de Lc
23,35-43, perguntamos: De qual lado estamos?
Dos chefes que zombavam de Jesus dizendo: “A outros ele salvou. Salve-se a si mesmo, se, de fato, é o Cristo de
Deus, o Escolhido!” Dos soldados que também caçoavam dele oferecendo-lhe
vinagre: “Se és o rei dos judeus,
salva-te a ti mesmo!” De um dos malfeitores crucificados: “Tu não és o Cristo? Salva-te a ti mesmo e
a nós!” Ou com Dimas, o bom ladrão: “Jesus,
lembra-te de mim, quando entrares no teu reinado”. Como autênticos cristãos
católicos alguns questionamentos precisam nos incomodar e nos fazer responder:
Como está sendo o Reinado de Cristo em nossas vidas? Estamos nos deixando ensinar
pelo mundo secularizado ou pela solidez da doutrina de Cristo na Igreja?
Respondamos favorável a Cristo, a fim de um dia ouvirmos Dele: “(...) estarás
comigo no Paraíso”.
Estela
Márcia – Adaptações
(Fonte: Carmelitas Mensageiros do Espírito
Santo)
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