quarta-feira, 27 de novembro de 2013

Síntese para o encerramento do Ano da Fé



Baseada na Carta Encíclica LUMEN FIDEI, do Papa FRANCISCO

            Com alegria recebemos das mãos do Papa Francisco, em união com o Papa Emérito Bento XVI, a Lumen Fidei – Encíclica que coroou a proposta deste Ano da Fé. Trazendo em si uma síntese de nossa fé católica, a Encíclica abordou os aspectos fundamentados na Escritura e na Doutrina de nossos documentos, especialmente o Catecismo. Portanto vale a pena destacarmos brevemente alguns pontos cruciais referente ao títulos e subtítulos. A começar da riquíssima introdução, destacamos:

1.       A luz da fé é a expressão com que a tradição da Igreja designou o grande dom trazido por Jesus. Eis como Ele Se nos apresenta, no Evangelho de João: « Eu vim ao mundo como luz, para que todo o que crê em Mim não fique nas trevas » (Jo 12, 46). E São Paulo exprime-se nestes termos: « Porque o Deus que disse: "das trevas brilhe a luz", foi quem brilhou nos nossos corações » (2 Cor 4, 6).

2.       No mundo pagão, com fome de luz, tinha-se desenvolvido o culto do deus Sol, Sol invictus, invocado na sua aurora. Embora o sol renascesse cada dia, facilmente se percebia que era incapaz de irradiar a sua luz sobre toda a existência do homem. De fato, o sol não ilumina toda a realidade, sendo os seus raios incapazes de chegar até às sombras da morte, onde a vista humana se fecha para a sua luz.

A Fé ... Uma luz ilusória? Ou Uma luz a redescobrir?

1.       Nos tempos modernos, pensou-se que tal luz poderia ter sido suficiente para as sociedades antigas, mas não servia para os novos tempos, para o homem tornado adulto, orgulhoso da sua razão, desejoso de explorar de forma nova o futuro. Nesta perspectiva, a fé aparecia como uma luz ilusória, que impedia o homem de cultivar a ousadia do saber.

2.       A fé nasce no encontro com o Deus vivo, que nos chama e revela o seu amor: um amor que nos precede e sobre o qual podemos apoiar-nos para construir solidamente a vida. Transformados por este amor, recebemos olhos novos e experimentamos que há nele uma grande promessa de plenitude e se nos abre a visão do futuro.

3.       O Ano da Fé teve início no cinquentenário da abertura do Concílio Vaticano II. (...) O Concílio Vaticano II fez brilhar a fé no âmbito da experiência humana, percorrendo assim os caminhos do homem contemporâneo. Desta forma, se viu como a fé enriquece a existência humana em todas as suas dimensões.

4.       Na fé, dom de Deus e virtude sobrenatural por Ele infundida, reconhecemos que um grande Amor nos foi oferecido, que uma Palavra estupenda nos foi dirigida: acolhendo esta Palavra que é Jesus Cristo — Palavra encarnada –, o Espírito Santo transforma-nos, ilumina o caminho do futuro e faz crescer em nós as asas da esperança para o percorrermos com alegria.

 CAPÍTULO I - ACREDITAMOS NO AMOR (cf. 1 Jo 4, 16) - Abraão, nosso pai na fé

1.       Deus dirige-lhe a Palavra, revela-Se como um Deus que fala e o chama por nome. A fé está ligada à escuta. Abraão não vê Deus, mas ouve a sua voz.

2.       Esta Palavra comunica a Abraão uma chamada e uma promessa. Contém, antes de tudo, uma chamada a sair da própria terra, convite a abrir-se a uma vida nova, início de um êxodo que o encaminha para um futuro inesperado.

A fé de Israel

1.       A confissão de fé de Israel desenrola-se como uma narração dos benefícios de Deus, da sua ação para libertar e conduzir o povo (cf. Dt 26, 5-11); narração esta, que o povo transmite de geração em geração.

2.       Acreditar significa confiar-se a um amor misericordioso que sempre acolhe e perdoa, que sustenta e guia a existência, que se mostra poderoso na sua capacidade de endireitar os desvios da nossa história.

3.       A fé consiste na disponibilidade a deixar-se incessantemente transformar pela chamada de Deus (...) neste voltar-se continuamente para o Senhor, o homem encontra uma estrada segura que o liberta do movimento dispersivo a que o sujeitam os ídolos.

4.       A fé é um dom gratuito de Deus, que exige a humildade e a coragem de fiar-se e entregar-se para ver o caminho luminoso do encontro entre Deus e os homens, a história da salvação.

A plenitude da fé cristã

1.       A fé cristã está centrada em Cristo; é confissão de que Jesus é o Senhor e que Deus O ressuscitou de entre os mortos (cf. Rm 10, 9).

2.       Na fé, Cristo não é apenas Aquele em quem acreditamos, a maior manifestação do amor de Deus, mas é também Aquele a quem nos unimos para poder acreditar.

3.       A fé não só olha para Jesus, mas olha também a partir da perspectiva de Jesus e com os seus olhos: é uma participação no seu modo de ver.

4.       A fé no Filho de Deus feito homem em Jesus de Nazaré não nos separa da realidade; antes permite-nos individuar o seu significado mais profundo, descobrir quanto Deus ama este mundo e o orienta sem cessar para Si; e isto leva o cristão a comprometer-se, a viver de modo ainda mais intenso o seu caminho sobre a terra.

A salvação pela fé

1.       A salvação pela fé consiste em reconhecer o primado do dom de Deus, como resume São Paulo: « Porque é pela graça que estais salvos, por meio da fé. E isto não vem de vós, é dom de Deus » (Ef 2, 8).

2.       A nova lógica da fé centra-se em Cristo. A fé em Cristo salva-nos, porque é n’Ele que a vida se abre radicalmente a um Amor que nos precede e transforma a partir de dentro, que age em nós e conosco.

3.       São Paulo pode afirmar: « Já não sou eu que vivo, mas é Cristo que vive em mim » (Gl 2, 20), e exortar: « Que Cristo, pela fé, habite nos vossos corações » (Ef 3, 17). Na fé, o « eu » do crente dilata-se para ser habitado por um Outro, para viver num Outro, e assim a sua vida amplia-se no Amor.

 

4.       O cristão pode ter os olhos de Jesus, os seus sentimentos, a sua predisposição filial, porque é feito participante do seu Amor, que é o Espírito; é neste Amor que se recebe, de algum modo, a visão própria de Jesus. Fora desta conformação no Amor, fora da presença do Espírito que o infunde nos nossos corações (cf. Rm 5, 5), é impossível confessar Jesus como Senhor (cf. 1 Cor 12, 3).

A forma eclesial da fé

1.       O crente aprende a ver-se a si mesmo a partir da fé que professa. A figura de Cristo é o espelho em que descobre realizada a sua própria imagem.

2.       A imagem do corpo não pretende reduzir o crente a simples parte de um todo anônimo, a mero elemento de uma grande engrenagem; antes, sublinha a união vital de Cristo com os crentes e de todos os crentes entre si (cf. Rm 12, 4-5).

3.       Os cristãos sejam « todos um só » (cf. Gl 3, 28), sem perder a sua individualidade, e, no serviço aos outros, cada um ganha profundamente o próprio ser.

4.       A fé tem uma forma necessariamente eclesial, é professada partindo do corpo de Cristo, como comunhão concreta dos crentes.

CAPÍTULO II - SE NÃO ACREDITARDES, NÃO COMPREENDEREIS (cf. Is 7, 9)

 Fé e verdade
 
1.       Sem verdade, a fé não salva, não torna seguros os nossos passos.

2.       Na cultura contemporânea, tende-se frequentemente a aceitar como verdade apenas a da tecnologia: é verdadeiro aquilo que o homem consegue construir e medir com a sua ciência; é verdadeiro porque funciona, e assim torna a vida mais cômoda e aprazível.

Conhecimento da verdade e amor

1.       A fé transforma a pessoa inteira, precisamente na medida em que ela se abre ao amor; é neste entrelaçamento da fé com o amor que se compreende a forma de conhecimento própria da fé, a sua força de convicção, a sua capacidade de iluminar os nossos passos.

2.       A compreensão da fé é aquela que nasce quando recebemos o grande amor de Deus, que nos transforma interiormente e nos dá olhos novos para ver a realidade.

3.       Sem a verdade, o amor não pode oferecer um vínculo sólido, não consegue arrancar o « eu » para fora do seu isolamento, nem libertá-lo do instante fugidio para edificar a vida e produzir fruto.

4.       Quem ama, compreende que o amor é experiência da verdade, compreende que é precisamente ele que abre os nossos olhos para verem a realidade inteira, de maneira nova, em união com a pessoa amada.

A fé como escuta e visão - O diálogo entre fé e razão

1.       O Beato João Paulo II, na sua carta encíclica Fides et ratio, mostrou como fé e razão se reforçam mutuamente.

2.       Neste movimento circular, a luz da fé ilumina todas as nossas relações humanas, que podem ser vividas em união com o amor e a ternura de Cristo.

3.       A fé desperta o sentido crítico, enquanto impede a pesquisa de se deter, satisfeita, nas suas fórmulas e ajuda-a a compreender que a natureza sempre as ultrapassa.

4.       Convidando a maravilhar-se diante do mistério da criação, a fé alarga os horizontes da razão para iluminar melhor o mundo que se abre aos estudos da ciência.

A fé e a busca de Deus

1.       O homem religioso procura reconhecer os sinais de Deus nas experiências diárias da sua vida, no ciclo das estações, na fecundidade da terra e em todo o movimento do universo. Deus é luminoso, podendo ser encontrado também por aqueles que O buscam de coração sincero.

2.       Quem se põe a caminho para praticar o bem, já se aproxima de Deus, já está sustentado pela sua ajuda, porque é próprio da dinâmica da luz divina iluminar os nossos olhos, quando caminhamos para a plenitude do amor.

Fé e teologia

1.       Como luz que é, a fé convida-nos a penetrar nela, a explorar sempre mais o horizonte que ilumina, para conhecer melhor o que amamos.

2.       Deste desejo nasce a teologia cristã; assim, é claro que a teologia é impossível sem a fé e pertence ao próprio movimento da fé, que procura a compreensão mais profunda da auto-revelação de Deus, culminada no Mistério de Cristo.

3.       A fé reta orienta a razão para se abrir à luz que vem de Deus, a fim de que ela, guiada pelo amor à verdade, possa conhecer Deus de forma mais profunda.

4.       Os grandes doutores e teólogos medievais declararam que a teologia, enquanto ciência da fé, é uma participação no conhecimento que Deus tem de Si mesmo.

CAPÍTULO III - TRANSMITO-VOS AQUILO QUE RECEBI - (cf. 1 Cor 15, 3) / A Igreja, mãe da nossa fé

1.       Quem se abriu ao amor de Deus, acolheu a sua voz e recebeu a sua luz, não pode guardar este dom para si mesmo.

2.       A transmissão da fé, que brilha para as pessoas de todos os lugares, passa também através do eixo do tempo, de geração em geração.

3.       Dado que a fé nasce de um encontro que acontece na história e ilumina o nosso caminho no tempo, a mesma deve ser transmitida ao longo dos séculos.

4.       Quem recebe a fé, descobre que os espaços do próprio « eu » se alargam, gerando-se nele novas relações que enriquecem a vida.

Os sacramentos e a transmissão da fé

1.       Como sucede em cada família, a Igreja transmite aos seus filhos o conteúdo da sua memória.

2.       É através da Tradição Apostólica, conservada na Igreja com a assistência do Espírito Santo, que temos contacto vivo com a memória fundadora.

3.       A transmissão da fé verifica-se, em primeiro lugar, através do Batismo. Sobre o catecúmeno é invocado, em primeiro lugar, o nome da Trindade: Pai, Filho e Espírito Santo.

4.       Todas as verdades, em que cremos, afirmam o mistério da vida nova da fé como caminho de comunhão com o Deus Vivo.

Fé, oração e Decálogo - (NÓS)

1.       Há mais dois elementos que são essenciais na transmissão fiel da memória da Igreja. O primeiro é a Oração do Senhor, o Pai Nosso; nela, o cristão aprende a partilhar a própria experiência espiritual de Cristo e começa a ver com os olhos d’Ele.

2.       Igualmente importante é ainda a ligação entre a fé e o Decálogo ... o Decálogo adquire a sua verdade mais profunda, contida nas palavras que introduzem os Dez Mandamentos...

A unidade e a integridade da fé

1.       A unidade da Igreja, no tempo e no espaço, está ligada com a unidade da fé: « Há um só Corpo e um só Espírito, (...) uma só fé » (Ef 4, 4-5).

2.       Qual é o segredo desta unidade? A fé é una, em primeiro lugar, pela unidade de Deus conhecido e confessado.

3.       Depois, a fé é una, porque se dirige ao único Senhor, à vida de Jesus, à história concreta que Ele partilha conosco.

4.       Por último, a fé é una, porque é partilhada por toda a Igreja, que é um só corpo e um só Espírito: na comunhão do único sujeito que é a Igreja, recebemos um olhar comum.

CAPÍTULO IV - DEUS PREPARA PARA ELES UMA CIDADE (cf. Heb 11, 16)

A fé e o bem comum

1.       A luz da fé é capaz de valorizar a riqueza das relações humanas, a sua capacidade de perdurarem, serem fiáveis, enriquecerem a vida comum.

2.       A fé não afasta do mundo, nem é alheia ao esforço concreto dos nossos contemporâneos.

3.       A fé faz compreender a arquitetura das relações humanas, porque identifica o seu fundamento último e destino definitivo em Deus, no seu amor, e assim ilumina a arte da sua construção, tornando-se um serviço ao bem comum.

4.       Por isso, a fé é um bem para todos, um bem comum: a sua luz não ilumina apenas o âmbito da Igreja nem serve somente para construir uma cidade eterna no além, mas ajuda também a construir as nossas sociedades de modo que caminhem para um futuro de esperança.

A fé e a família

1.       O primeiro âmbito da cidade dos homens iluminado pela fé é a família; penso, antes de mais nada, na união estável do homem e da mulher no matrimônio.

2.       Tal união nasce do seu amor, sinal e presença do amor de Deus, nasce do reconhecimento e aceitação do bem que é a diferença sexual, em virtude da qual os cônjuges se podem unir numa só carne (cf. Gn 2, 24) e são capazes de gerar uma nova vida, manifestação da bondade do Criador, da sua sabedoria e do seu desígnio de amor.

3.       Fundados sobre este amor, homem e mulher podem prometer-se amor mútuo com um gesto que compromete a vida inteira e que lembra muitos traços da fé: prometer um amor que dure para sempre é possível quando se descobre um desígnio maior que os próprios projetos, que nos sustenta e permite doar o futuro inteiro à pessoa amada.

4.       A fé não é um refúgio para gente sem coragem, mas a dilatação da vida: faz descobrir uma grande chamada — a vocação ao amor — e assegura que este amor é fiável, que vale a pena entregar-se a ele, porque o seu fundamento se encontra na fidelidade de Deus, que é mais forte do que toda a nossa fragilidade.

Uma luz para a vida em sociedade

1.       A fé ensina-nos a ver que, em cada homem, há uma bênção para mim, que a luz do rosto de Deus me ilumina através do rosto do irmão.

2.       A fé ilumina a vida social: possui uma luz criadora para cada momento novo da história, porque coloca todos os acontecimentos em relação com a origem e o destino de tudo no Pai que nos ama.

Uma força consoladora no sofrimento

1.       Falar da fé comporta frequentemente falar também de provas dolorosas, mas é precisamente nelas que São Paulo vê o anúncio mais convincente do Evangelho, porque é na fraqueza e no sofrimento que sobressai e se descobre o poder de Deus que supera a nossa fraqueza e o nosso sofrimento.

2.       O cristão sabe que o sofrimento não pode ser eliminado, mas pode adquirir um sentido: pode tornar-se ato de amor, entrega nas mãos de Deus que não nos abandona e, deste modo, ser uma etapa de crescimento na fé e no amor.

3.       A luz da fé não nos faz esquecer os sofrimentos do mundo.

4.       A fé não é luz que dissipa todas as nossas trevas, mas lâmpada que guia os nossos passos na noite, e isto basta para o caminho.

FELIZ DAQUELA QUE ACREDITOU (cf. Lc 1, 45)

1.       A Mãe do Senhor é ícone perfeito da fé, como dirá Santa Isabel: « Feliz de ti que acreditaste » (Lc 1, 45).

2.       Na concepção virginal de Maria, temos um sinal claro da filiação divina de Cristo: a origem eterna de Cristo está no Pai — Ele é o Filho em sentido total e único — e por isso nasce, no tempo, sem intervenção do homem.

3.       Maria garantiu, ao Filho de Deus, uma verdadeira história humana, um a verdadeira carne na qual morrerá na cruz e ressuscitará dos mortos.

4.       Maria acompanhá-Lo-á até à cruz (cf. Jo 19, 25), donde a sua maternidade se estenderá a todo o discípulo de seu Filho (cf. Jo 19, 26-27).

5.       (Maria) Estará presente também no Cenáculo, depois da ressurreição e ascensão de Jesus, para implorar com os Apóstolos o dom do Espírito (cf. Act 1, 14).

6.       O movimento de amor entre o Pai e o Filho no Espírito percorreu a nossa história; Cristo atrai-nos a Si para nos poder salvar (cf. Jo 12, 32). No centro da fé, encontra-se a confissão de Jesus, Filho de Deus, nascido de mulher, que nos introduz, pelo dom do Espírito Santo, na filiação adoptiva (cf. Gl 4, 4-6).

A Maria, Mãe da Igreja e Mãe da nossa fé, nos dirigimos, rezando-Lhe:

“Ajudai, ó Mãe, a nossa fé. Abri o nosso ouvido à Palavra, para reconhecermos a voz de Deus e a sua chamada. Despertai em nós o desejo de seguir os seus passos, saindo da nossa terra e acolhendo a sua promessa. Ajudai-nos a deixar-nos tocar pelo seu amor, para podermos tocá-Lo com a fé. Ajudai-nos a confiar-nos plenamente a Ele, a crer no seu amor, sobretudo nos momentos de tribulação e cruz, quando a nossa fé é chamada a amadurecer. Semeai, na nossa fé, a alegria do Ressuscitado. Recordai-nos que quem crê nunca está sozinho. Ensinai-nos a ver com os olhos de Jesus, para que Ele seja luz no nosso caminho. E que esta luz da fé cresça sempre em nós até chegar aquele dia sem ocaso que é o próprio Cristo, vosso Filho, nosso Senhor.” No dia 29 de Junho, solenidade dos Apóstolos São Pedro e São Paulo, do ano 2013, primeiro de Pontificado - FRANCISCUS.

Estela Márcia (Síntese)

 

AS APARIÇÕES DE NOSSA SENHORA DAS GRAÇAS (III)

O Simbolismo da Medalha
 
  • A serpente: Maria aparece esmagando a cabeça da serpente.
  • Maria é a prefiguração do Gênesis: A mulher que esmaga a cabeça da serpente, que é o demônio já estava predita na Bíblia, no livro do Gênesis: "Porei inimizade entre ti e a mulher... Ela te esmagará a cabeça e tu procurarás, em vão, morder-lhe o calcanhar". Deus declara iniciada a luta entre o bem e o mal. Essa luta é vencida por Jesus Cristo, o "novo Adão", juntamente com Maria, a co-redentora, a "nova Eva". É em Maria que se cumpre essa sentença de Deus: a mulher finalmente esmaga a cabeça da serpente, para que não mais a morte pudesse escravizar os homens.
  • Os raios: Simbolizam as graças que Nossa Senhora derrama sobre os seus devotos. A Santa Igreja, por isso, a chama Tesoureira de Deus.
  • As 12 estrelas: Simbolizam as 12 tribos de Israel.Maria Santíssima também é saudada como "Estrela do Mar" na oração Ave, Maris Stella.
  • O coração cercado de espinhos: É o Sagrado Coração de Jesus. Foi Maria quem o formou em seu ventre. Nosso Senhor prometeu a Santa Margarida Maria Alacoque a graça da vida eterna aos devotos do seu Sagrado Coração, que simboliza o seu infinito e ilimitado Amor.
  • O coração transpassado por uma espada: É o Imaculado Coração de Maria, inseparável ao de Jesus: mesmo nas horas difíceis de Sua Paixão e Morte na Cruz, Ela estava lá, compartilhando da Sua dor, sendo a nossa co-redentora.
  • O M: Significa Maria. Esse M sustenta o travessão e a Cruz, que representam o calvário. Essa simbologia indica a íntima ligação de Maria e Jesus na história da salvação.
  • O travessão e a Cruz: Simbolizam o Calvário. Para nós católicos, compreendemos que a Santa Missa é a atualização do sacrifício do Calvário, portanto, ressaltamos a importância do Sacrifício Eucarístico na vida cristã.
  • A Medalha Milagrosa confirma a fé dos cristãos, e como sacramental, cumpre aquilo que promete na medida da fé de cada um.
“O Maria concebida sem pecado, rogai por nós que recorremos a vós!”

 Estela Márcia (Adaptações)

AS APARIÇÕES DE NOSSA SENHORA DAS GRAÇAS (II)

          1ª Aparição: 18 a 19 de Julho de 1830.
 A primeira aparição ocorreu durante a noite do dia 18 a 19 de julho de 1830. A Virgem Gloriosa apareceu à irmã Catarina Labouré, Filha da Caridade de São Vicente de Paulo.
Às onze e meia da noite, a irmã Catarina se acordou e ouviu claramente chamar 3 vezes: "Irmã".
Olhou para o lado de onde vinha a voz, afastou a cortinado e viu um menino vestido de branco. Catarina viu nele o seu Anjo da Guarda.
O menino lhe disse: "Venha à capela, a Santa Virgem Te espera".
Ela vestiu-se depressa e seguiu o Anjo, tendo-o sempre à esquerda.
As luzes por onde passaram estavam acesas, o que sobre tudo lhe causou admiração; mas muito maior foi o seu espanto quando, ao chegar à capela, a porta se abriu; mal o menino a tocou com a ponta dos dedos.
Na capela todas as velas estavam acesas. O menino a conduzia ao santuário, junto à cadeira do padre diretor.
Catarina espera e reza. Passado uma meia hora, o Anjo disse de repente: "Eis a Santíssima Virgem".
Ao lado do altar, onde normalmente se lê a epístola, Maria desceu, dobrou o joelho diante do Santíssimo e vai sentar-se numa cadeira no coro dos sacerdotes.
Num abrir e fechar dos olhos a vidente se atirou aos seus pés, apoiado suas mãos sobre os joelhos maternais da Santa Virgem. Foi esse o momento mais belo de sua vida. Durante duas horas Maria falou com Catarina duma missão que Deus queria confiar-lhe e também das dificuldades que iria encontrar na realização da mesma.
Conta-nos Catarina: Ela me disse como eu devia proceder para com meu diretor, como devia proceder nas horas de sofrimento e muitas outras coisas que não posso revelar”.
Essas coisas que ela não podia contar em 1830, revelou-as depois:
"Várias desgraças vão cair sobre a França; o trono será derrubado; o mundo inteiro será revolto por desgraças de toda sorte”. Falou também de “grandes abusos” e “grande relaxamento” nas comunidades de sacerdotes e freiras vicentinas, e que deveria alertar disso os superiores.
Voltou, em seguida, a falar de outros terríveis acontecimentos que ocorreriam em futuro mais distante, prevendo com 40 anos de antecedência as agitações da Comuna de Paris e o assassinato do Arcebispo; prometeu sua especial proteção, nessas horas trágicas, aos filhos e às filhas de São Vicente de Paulo.
Depois Maria desapareceu, e o Anjo a reconduziu para o dormitório.
2ª Aparição: 27 de Novembro de 1830.
A Segunda aparição realizou-se no dia 27 de Novembro de 1830, sábado antes do primeiro domingo do Advento. Neste dia, estando a venerável irmã na oração da tarde as 05h30min na Capela da Comunidade - rua du Bac, Paris.
Relata Catarina: “Depois da leitura da meditação, em grande silêncio, pareceu-me ouvir um ruído do lado da tribuna, tendo olhado para esse lado, percebi a Santíssima Virgem. Estava de pé, vestida de branco aurora, os pés apoiados numa bola, de que só via a metade; nas mãos, elevadas à altura do peito, trazia um globo que sustentava num gesto muito natural, com os olhos erguidos para o céu... Seu rosto era de tal beleza que não poderia descrever. De repente, percebi anéis nos seus dedos, cobertos de pedras preciosas - umas maiores e outras menores que lançavam raios, uns mais belos que outros.”
E ainda Catarina: “Enquanto eu me embevecia, em contemplá-la, a Virgem abaixou os olhos, fixou-os sobre mim e uma voz interior me falou:
‘Este globo que vedes, representa o mundo inteiro, especialmente a França... e cada pessoa em particular.’
Aqui não sei exprimir o que senti, nem como eram belos, deslumbrantes os raios que via! A voz me disse ainda: ‘Estes raios são o símbolo das graças que derramo sobre as pessoas que mas pedem.’

Enquanto Maria estava rodeada duma luz brilhante, o globo desaparece das suas mãos. Formou-se então em torno da Virgem um quadro de forma oval em que havia em letras de ouro estas palavras:
"Ó Maria concebida sem pecado, rogai por nós que recorremos a Vós".
Então uma voz se fez ouvir que dizia:
’'Fazei cunhar uma Medalha conforme este modelo. Todas as pessoas que a trouxerem ao pescoço, receberão grandes graças; as graças serão abundantes para os que a trouxerem com confiança.” 
As pedras preciosas não reluziam. E dizia:
         “Estas pedras que permanecem sombrias representam as graças que esquecem de me pedir.”
No mesmo instante, a imagem luminosa transformou-se. As mãos carregadas de anéis, que seguravam o globo abaixaram-se, abrindo-se despejando raios, sobre o globo em que a Virgem pousava os pés, esmagando a serpente infernal.
Depois, o quadro voltou-se, mostrando no reverso um conjunto de emblemas, no centro um grande M, o monograma de Maria, encima do M, por uma cruz sobre uma barra; abaixo do monograma havia dois corações: o da esquerda cercado de espinhos, o da direita transpassado por uma espada.
Eram os corações de Jesus e Maria. “Pareceu-me ouvir uma voz que me dizia: ‘O M e os dois corações dizem bastante!’
Enfim uma constelação de doze estrelas, em forma oval, cercando este conjunto.
Dois anos se passaram. Somente em maio de 1932 foi autorizada a cunhagem da medalha por parte de Monsenhor de Quélen – Arcebispo de Paris. O próprio Monsenhor exorta os fiéis a trazerem consigo a Medalha que a fé popular chama “Medalha Milagrosa”.
Paris sofria com a peste que dizimava milhares todos os dias e aos doentes nos hospitais onde as Irmãs da Caridade serviam foram distribuídas as primeiras medalhas e os mesmos milagrosamente ficavam curados, daí grande parte do povo na época passou a crer e usar as medalhas e as curas foram incontáveis até os nossos dias; isso justo numa França que na época era o berço do iluminismo e de um materialismo crescente.
Entre outros prodígios é célebre a conversão do judeu Afonso Ratisbonne, acontecida depois da visão que ele teve na Igreja de Santo Andrea delle Frate, em Roma, em que a Santíssima Virgem lhe apareceu como se representa na Medalha Milagrosa.
Para logo, começou a espalhar-se com muita rapidez a devoção pelo mundo inteiro, acompanhada sempre de prodígios e milagres extraordinários, reanimando a fé quase extinta em muitos corações, produzindo notável restauração dos bons costumes e da virtude, sarando os corpos e convertendo as almas.
O primeiro a aprovar e abençoar a Medalha foi o Papa Gregório XVI, confiando-se à proteção dela e conservando-a junto de seu crucifixo. Pio IX, seu sucessor, o Pontíficie da Imaculada, gostava de dá-la como prenda particular da sua benevolência pontífica. Não admira que, com tão alta proteção e à vista de tantos prodígios, se propagasse rapidamente. Só no espaço de quatro anos, de 1832 a 1836, a firma Vechette, incumbida de a cunhar, produziu dois milhões delas em ouro e prata e dezoito milhões em cobre.
Graças a esta difusão prodigiosa, foi-se radicando mais e melhor no povo cristão a crença na Imaculada Conceição de Maria e a devoção para com tão excelsa Senhora. Este grande privilégio da Virgem Maria foi proclamada dogma em 1854 pelo Papa Pio IX. Logo Nossa Senhora ficou também conhecida por Nossa Senhora da Medalha Milagrosa ou Nossa Senhora das Graças.
Em 1858, a Virgem Maria veio confirmar essa verdade de fé pelas suas aparições em Lourdes à pequena Bernadette, que trouxe a medalha ao pescoço, Maria se fez conhecer com estas palavras:
"Eu sou a Imaculada Conceição".
Em outras aparições subseqüentes a Santíssima Virgem falou a Catarina de Labouré da fundação de uma Associação das Filhas de Maria que depois o Papa Pio IX aprovou a 20 de junho de 1847, enriquecendo-a com as indulgências da Prima-primária. Espalhou-se pelo mundo inteiro e conta hoje com mais de 150.000 associadas.
Leão XIII a 23 de junho de 1894 instituiu a Festa da Medalha Milagrosa; a 2 de Março de 1897 encarregou o Cardeal Richard, Arcebispo de Paris, de coroar em seu nome a estátua da Imaculada Virgem Milagrosa que está no altar-mor da Capela da Aparição, o que se fez a 26 de julho do mesmo ano. Pio X não esqueceu a Medalha Milagrosa no ano jubilar; a 6 de junho de 1904 concedeu 100 dias de indulgência de cada vez que se diga a invocação: "Ó Maria concebida sem pecado, etc", a todos quantos tenham recebido canonicamente a Santa Medalha; a 8 de julho de 1909 instituiu a Associação da Medalha Milagrosa com todas as indulgências e privilégios do Escapulário azul. Bento XV e Pio XI encheram a Medalha e a Associação de novas graças e favores.
Hoje, todo o interior da Igreja de Nossa Senhora das Graças em Paris e o pátio externo são cheios das manifestações dos fiéis pelas graças alcançadas, principalmente placas de mármore com a palavra "Merci"- obrigado em francês – e a data, existem placas desde a época em que os primeiros milagres aconteceram, pouco depois da distribuição das primeiras medalhas ao povo, década de 1830.
Estela Márcia (Adaptações)
 

AS APARIÇÕES DE NOSSA SENHORA DAS GRAÇAS (I)


 
QUEM FOI SANTA CATARINA LABOURÉ?

A importância das Graças de N.Sra. em suas aparições estão sempre acompanhadas das verdades já reveladas por Deus aos homens através da Sagrada Escritura. Os séculos XVIII, XIX e XX foram enriquecidos por manifestações da Virgem Maria aos escolhidos mais simples e humildes que a Igreja poderia ter. Pessoas que na sua simplicidade – fizeram-se confirmar o Evangelho de Jesus Cristo, que apresenta o Reino dos Céus com prioridade para as crianças, os doentes e os pobres e marginalizados.
Poderíamos citar a aparição de sua imagem – como Imaculada Conceição aos pescadores de Aparecida do Norte, SP, Brasil. Em 1830 – Paris; marcando o início de outras de grandes revelações Marianas. Momentos que se seguiram em La Salette (1846), em Lourdes (1858) – as três respectivas, na França, e culminou em Fátima – Portugal (1917).
Em suas aparições as preocupações da Virgem Maria são a oração e a conversão dos pecadores, ou seja, o clamor de seu filho Jesus cristo se atualizando no mundo, especialmente, nos últimos séculos de intensa difusão do racionalismo.
Desde 1830 Nossa Senhora se manifesta deplorando os pecados do mundo, oferecendo perdão e misericórdia à humanidade pecadora e prevendo severos castigos caso ela não se convertesse. Mas também anunciando que, após esses castigos, viria um triunfo esplendoroso do Bem.
Em novembro de 1876, um mês antes de sua morte, Santa Catarina Labouré afirmou: “Virão grandes catástrofes.... o sangue jorrará nas ruas. Por um momento, crer-se-á tudo perdido. Mas tudo será ganho. A Santíssima Virgem é quem nos salvará. Sim, quando esta Virgem, oferecendo o mundo ao Padre Eterno, for honrada, seremos salvos e teremos a paz”.
E em 13 de julho de 1917, Nossa Senhora prometeu formalmente em Fátima: “Por fim, o meu Imaculado Coração triunfará”.
A Medalha Milagrosa é um rico presente que Maria Imaculada quis oferecer ao mundo no século XIX, como penhor dos seus carinhos e bênçãos maternais, como instrumento de milagres e como meio, de antecipação, e posteriormente, de confirmação da definição do Dogma da Imaculada Conceição, em 1854 com o Papa Pio IX.
Foi na comunidade das Filhas da Caridade, fundada por São Vicente de Paulo, que a Santíssima Virgem escolheu a confidente dos seus desígnios, para recompensar de certo a devoção que o Santo São Vicente de Paulo, sempre teve à Imaculada Conceição de Nossa Senhora, e que deixou por herança aos seus filhos e filhas espirituais. O instrumento que a Virgem escolheu para revelar seu desejo chamava-se Catarina Labouré.
QUEM FOI SANTA CATARINA LABOURÉ? Noviça muito humilde, inocente e unida com Deus, era ternamente devota à Santíssima Virgem, a quem escolhera por Mãe que desde pequenina ficara órfã. Ardia em contínuos desejos de ver Nossa Senhora e instava com o seu Anjo da Guarda para que lhe alcançasse este favor.
          
 De sua vida: Na pequena aldeia de Fain-les-Moutiers, na Borgonha, nasceu Catarina a 2 de maio de 1806, na Côte d'Or, na França, e aos 24 anos de idade tomou o hábito das Filhas da Caridade. Era a nona dos onze filhos de Pedro e Luísa Labouré, honestos e religiosos agricultores.
Quando tinha apenas nove anos, Catarina perdeu a mãe. Após o funeral, a menina subiu numa cadeira em seu quarto, tirou uma imagem de Nossa Senhora da parede, osculou-a e pediu-lhe que Ela se dignasse substituir sua mãe falecida.
Três anos depois, sua irmã mais velha entrou para o convento das Irmãs da Caridade de São Vicente de Paulo. Couberam a Catarina, então com 12 anos, e à sua irmã Tonete, com 10, todas as responsabilidades domésticas. Foi nessa época que ela recebeu a Primeira Comunhão. A partir de então a menina passou a levantar-se todos os dias às quatro horas da manhã, para assistir à Missa e rezar na igreja da aldeia. Apesar dos inúmeros afazeres, não descuidava sua vida de piedade, encontrando sempre tempo para meditação, orações vocais e mortificações. O tempo foi passando, e Catarina crescendo em graça e santidade.
Certo dia ela sonhou que estava na igreja e viu um sacerdote já ancião celebrando a Missa. Quando esta terminou, o sacerdote fez-lhe um sinal com o dedo, chamando-a para perto de si. Porém, tímida, Catarina retirou-se do recinto sagrado e foi visitar um doente. O mesmo sacerdote apareceu-lhe, e disse: “Minha filha, é uma boa obra cuidar dos enfermos; você agora foge de mim, mas um dia será feliz de me encontrar. Deus tem desígnios sobre você, não se esqueça”. Catarina acordou sem entender o significado do sonho.
 
 
 Mais tarde, visitando o convento das Irmãs da Caridade de Chatillon, onde estava sua irmã, viu na parede um quadro representando o mesmo ancião. Perguntou quem era, e responderam-lhe que se tratava de São Vicente de Paulo, fundador da Congregação. Catarina entendeu então que sua vocação era a de ser uma das filhas do Santo da caridade.
Mas seu pai não queria ouvir falar disso. Já bastava ter dado uma filha a Deus, e ele tinha muito apego a Catarina. Para distraí-la dessa idéia, mandou-a a Paris, para ajudar seu irmão que tinha lá uma pensão. Foi uma provação para a santa ver-se em meio aos rudes fregueses do estabelecimento, o que a fez redobrar as orações para manter sua pureza de coração e o fervor de espírito.
Uma cunhada a convidou a ir para sua casa, em Chatillon, onde mantinha uma escola para moças. Ali Catarina podia ir freqüentemente ao mosteiro das Irmãs da Caridade, que ficava perto.
 
 
 
E foi nessa casa religiosa que ela entrou a 22 de janeiro de 1830, quando seu pai deu-lhe finalmente a devida permissão. Catarina tinha então 24 anos de idade.
Foi neste mesmo ano de 1830 que Nossa Senhora lhe apareceu mostrando-lhe  a  Medalha  Milagrosa e mandou que a  propagasse. Encontrou primeiro resistência  até  do seu diretor  espiritual – Padre Aladel, mas afinal  as autoridades  eclesiásticas convenceram-se  da  verdade das aparições.
Muitos milagres, curas de doentes e conversões foram feitas pela Medalha Milagrosa. 
 
 
 
 
 
Catarina, porém,  desejava ficar oculta como  São João Batista. A respeito de  Jesus dizia: "Ele  deve  crescer, e eu diminuir". E ainda assim Catarina desejava:  "Maria  deve crescer e  eu diminuir". Levou uma vida religiosa simples, mesmo após o início das aparições. Rezava, obedecia, submetia-se sem comentários. Dedicou-se ao asilo de velhinhos em Enghein. As aparições são uma luz para a vida de Irmã Catarina. A Virgem Maria lhe revelou a fisionomia de Deus. E ali, no seu ofício, ela aprende a reconhecê-lo nas pessoas que sofrem. Vive num constante estado de recolhimento. Ao que se sabe, uma oração lhe brotava do coração, como relata:
“Quando vou à capela, coloco-me diante de Deus e Lhe digo:
‘Senhor, ei-me aqui, daí-me o que quiseres. Se me dá alguma coisa, fico muito contente e Lhe agradeço. Se não me dá nada, agradeço-Lhe também, porque não mereço mais.’
E depois digo-Lhe o que me vem a ideia, conto-Lhe minhas tristezas, minhas alegrias, e... ESCUTO.’”
“As meninas do campo, dizia São Vicente, dando como exemplo às Filhas da Caridade, só querem o que Deus lhes deu e se contentam com o seu alimento e o seu vestuário.” Assim se passou a vida da Irmã Catarina, uma série de ações modestas: “As mãos no trabalho e o coração em Deus.”Cercava os velhinhos de cuidados atenciosos e abnegados, e isto, durante mais de quarenta anos.
Assim, a 31 de dezembro de 1876, com 70 anos de vida, com a sala na penumbra, mas a radiosa evocação de Maria a ilumina, e ela diz: “Ouvi como o frufru de um vestido de seda... Eu a vi bela, em sua maior beleza...”.
Após ter recebido os últimos sacramentos, irmã Catarina adormece. “Quase nem percebemos que ela deixara de viver. Jamais vi morte tão calma e serena”, disse Irmã Dufés que a acompanhou nos últimos instantes de vida.
Em 21 de março de 1933, cinquenta e seis anos (56 anos) mais tarde, feita a exumação de seu corpo na presença de dois médicos legistas e da superiora Geral e de outras testemunhas, identificaram a “Incorrupção de seu corpo” – tal como havia sido posta no caixão a 03 de janeiro de 1876. O corpo e os olhos estavam intactos e os membros flexíveis. Foi transferida para a Rue Du Bac, na Capela atual - Igreja de Nossa Senhora das Graças na rue du Bac, 140, no centro de Paris. E se encontra sob o altar da Virgem do globo que lhe aparecera no século anterior, numa caixa de cristal.
Foi ela beatificada  pelo Papa Pio XI  em  28 de maio de 1933, domingo  entre  Ascensão de  Nosso  Senhor e Pentecostes. Solenemente  canonizada pelo Papa  Pio XII em  27  de  julho de 1947, e incluída no número dos santos, denominada por sua humildade e modéstia como “A SANTA DO SILÊNCIO”.
Milhões de peregrinos se dirigem ao Santuário da Medalha Milagrosa para implorar a intercessão de Maria Santíssima e da sua confidente a Santa Catarina Labouré.
 
 “Eu só era instrumento. Não foi por mim que a Santíssima Virgem apareceu.
Se ela me escolheu, não sabendo nada, é a fim de que ninguém possa duvidar dela.”
(Santa Catarina Labouré)
Santa Catarina Labourié, rogai por nós!
Estela Márcia (Adaptações)