"Naquele tempo, o
Senhor escolheu outros setenta e dois discípulos e os enviou dois a dois, na
sua frente, a toda cidade e lugar aonde ele próprio devia ir. E dizia-lhes: “A
messe é grande, mas os trabalhadores são poucos”. Por isso, pedi ao dono da
messe que mande trabalhadores para a colheita. Eis que vos envio como cordeiros
para o meio de lobos. Não leveis bolsa nem sacola nem sandálias, e não
cumprimenteis ninguém pelo caminho! Em qualquer casa em que entrardes, dizei
primeiro: ‘A paz esteja nesta casa!’ Se ali morar um amigo da paz, a vossa paz
repousará sobre ele; se não, ela voltará para vós". (Lc 10,1-6)
A propósito
deste dia dedicado a São Francisco de Assis, precisamos agradecer a Deus pela
unção da Liturgia diária da Santa Missa que nos trouxe o envio dos setenta e
dois discípulos. Digo isto por se tratar da universalidade da missão do
Evangelho que conquistou a Francisco de Assis, e após ele, milhares de outros
seguidores.
Francisco nasceu
em Assis (Itália), no ano 1182.
Quando jovem, filho de
um próspero fabricante de tecidos da cidade de Assis, rejeitou o conforto no
qual foi criado e dedicou sua vida a ajudar os pobres. Na sua radicalidade de
vida, viveu o que nos diz o Evangelho "Eis
que vos envio como cordeiros para o meio de lobos. Não leveis bolsa nem sacola
nem sandálias, e não cumprimenteis ninguém pelo caminho!" (Lc 10,3-4). Compreendeu
o mistério da Cruz, e por ela se deixou seduzir. Anunciou o Reino de Paz e
pobreza evangélica. Fez muitos discípulos para o seu Mestre e Senhor. Morto em
1226, ele se tornou um santo dois anos depois.
Aprendamos
um pouco daquilo que São Francisco nos deixou: "O Pai
Altíssimo anunciou a vinda do céu do tão digno, tão santo e glorioso Verbo do
Pai, através de seu santo, Gabriel, à santa e gloriosa Virgem Maria, em cujo
seio recebeu a verdadeira carne de nossa humanidade e fragilidade. Ele quis, no
entanto, sendo incomparavelmente mais rico, escolher a pobreza junto com a sua
santíssima mãe. Nas vésperas de sua paixão, celebrou a Páscoa com os
discípulos. Depois, orou ao Pai dizendo: Pai,
se for possível, afaste-se de mim este cálice (Mt 26,39). Pôs,
contudo, sua vontade na vontade do Pai. E a vontade do Pai era que seu Filho
bendito e glorioso, dado a nós e nascido para nós, se oferecesse em sacrifício
e vítima no altar da cruz, pelo seu próprio sangue. Sacrifício não para si, por
quem tudo foi feito, mas por nossos pecados, deixando-nos o exemplo para lhe
seguirmos as pegadas (cf. 1Pd 2,21). E quer que todos nos salvemos por ele e o
acolhamos com coração puro e corpo casto.
Ó como são
felizes e benditos aqueles que amam o Senhor e fazem o que o mesmo Senhor diz no
evangelho: Amarás o Senhor, teu Deus, de
todo o teu coração, de toda a tua alma e ao próximo como a ti mesmo!
(Lc 10,27). Amemos, portanto, a Deus e adoremo-lo com coração puro e mente pura
porque, acima de tudo, disto está ele à procura e diz: "Os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito
e em verdade" (Jo 4,23). É necessário que todos que o adoram,
o adorem no espírito da verdade. E dia e noite elevemos para ele louvores e
orações, dizendo: Pai nosso que estás nos
céus (Mt 6,9); porque é preciso
orar sempre e não desfalecer (cf. Lc 18,1).
Além disto, produzamos dignos frutos de penitência
(cf. Mt 3,8). E amemos os próximos como a nós mesmos. Tenhamos caridade e
humildade e façamos esmolas, já que estas lavam as almas das nódoas dos
pecados. Os homens perdem tudo o que deixam neste mundo. Levam consigo somente
a paga da caridade e as esmolas que fizeram: delas receberão do Senhor o prêmio
e a justa recompensa.
Não nos
convém sermos sábios e prudentes segundo a carne, mas temos antes de ser
simples, humildes e puros. Jamais desejemos ficar acima dos outros, mas
prefiramos ser servos e submissos a toda criatura humana, por causa de Deus.
Sobre todos
os que assim agirem e perseverarem até o fim repousará o Espírito do Senhor e
fará neles sua casa e mansão. Serão filhos do Pai celeste, pois fazem suas
obras, e são esposos, irmãos e mães de nosso Senhor Jesus Cristo.
(Da Carta a
todos os fiéis, de São Francisco de Assis, Opuscula, edit. Quarachi1949,87-94, Séc.XIII).(Liturgia
das Horas)
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