(Foto: Carmelo de Lisieux - França, Outubro de 2013)
Cantando “eternamente as Misericórdias do Senhor”, é
assim que celebramos Santa Teresinha a Florzinha do Carmelo, com a primaveril
alegria de ter sido conquistada pelo Bom Jesus, que com seus inúmeros prodígios
a prodigalizou, e a tornou a “Doutora do Amor”. Meditando
trechos de seus escritos, experimentamos na terra, o Céu do qual a pequena
Teresa pode experimentar. Podemos assim, experimentar as gotas de Amor que
exalaram, e permanecem exalando de sua pequena grande alma. Desejamos
então, celebrar com Santa Teresinha e toda a Igreja as ‘Misericórdias do
Senhor”... “Durante muito tempo eu me perguntava por que
Deus tinha preferências, por todas as almas não recebiam a mesma medida de
graças. Estranhava ao vê-lo prodigalizar favores extraordinários aos santos que
o haviam ofendido, como são Paulo ou santo Agostinho, a quem forçava, por assim
dizer, a receber suas graças; e quando lia a vida daqueles santos a quem o
Senhor acariciou desde o berço até a sepultura, retirando de seu caminho todos
os obstáculos que os impedisse de se elevar até Ele e provendo essas almas com
tais benefícios para que nada lhes ofuscasse o brilho imaculado de suas vestes
batismais, eu me perguntava por que tantos pobres selvagens, por exemplo, morriam
antes mesmo de ouvir ou sequer pronunciar o nome de Deus... Jesus quis
instruir-me a respeito deste mistério. Pôs diante dos meus olhos o livro da
natureza e compreendi que todas as flores por ele criadas são belas, e que o
esplendor da rosa e a brancura do lírio não tiram o perfume da humilde violeta
nem a simplicidade encantadora da margarida... Compreendi que se todas as
flores quisessem ser rosas, a natureza perderia sua pompa primaveril e os
campos já não seriam salpicados de florzinhas... O mesmo ocorre no mundo das
almas, o jardim de Jesus. Ele quis criar grandes santos, que podem ser
comparados aos lírios e às rosas; mas criou também outros menores, e estes
devem se conformar em ser margaridas ou violetas destinadas a alegrar os olhos
de Deus quando contempla seus pés. A perfeição consiste em fazer sua vontade,
em ser aquilo que Ele quer que sejamos...” (Manuscrito A, Cap. 1 §4-5)
“A ciência do Amor, oh sim! esta palavra soa doce
ao ouvido da minha alma, só desejo essa ciência. Tendo dado por ela todas as
minhas riquezas, calculo, como a esposa dos cânticos sagrados, nada ter dado...
Entendo tão bem que só o amor possa nos tornar agradáveis a Deus, que fiz dele
o único objeto dos meus desejos. Jesus sente prazer em mostrar-me o único
caminho que leva para essa fornalha divina, e esse caminho é a entrega da
criancinha que adormece sem receio no colo do pai... "Quem for criança,
venha cá", disse o Espírito pela boca de Salomão, e esse mesmo Espírito de
Amor disse também que "A misericórdia é dada aos pequenos". (...) Ah!
se todas as almas fracas e imperfeitas sentissem o que sente a menor de todas
as almas, a alma da vossa Teresinha, nenhuma perderia a esperança de atingir o
cimo da montanha do amor, pois Jesus não pede ações grandiosas, apenas o abandono
e a gratidão (...) "Oferece a Deus sacrifício de louvor e cumpre os votos
que fizeste ao Altíssimo." Eis, portanto, tudo o que Jesus quer de nós,
Ele não precisa das nossas obras, só do nosso amor; esse mesmo Deus que declara
não precisar pedir comida a nós não receou mendigar um pouco de água junto à
samaritana. Ele estava com sede... Mas ao dizer "dê-me de beber", o
Criador do universo estava pedindo o amor da sua pobre criatura. Tinha sede de
amor ... Ah! sinto-o mais do que nunca, Jesus está sedento, só encontra
ingratos e indiferentes entre os discípulos do mundo enquanto, nos seus
próprios discípulos, encontra poucos corações que se entregam a Ele sem
reserva, que compreendem toda a ternura do seu Amor infinito.” (Manuscrito B,
Cap. 9 §242-244)
“Ah! que Jesus me perdoe se o magoei, mas ele
sabe que, embora sem o gozo da Fé, procuro, pelo menos, realizar as obras.
Creio ter feito mais atos de fé, neste último ano, do que em toda a minha vida.
A cada nova ocasião de luta, quando meus inimigos vêm me provocar, comporto-me
com bravura; por saber que é covardia bater-se em duelo, viro as costas para
meus adversários", sem dignar-me olhá-los de frente, mas corro para meu
Jesus, digo-lhe que estou pronta para derramar até a última gota do meu
sangue" para confessar que o Céu existe. Digo-lhe que estou feliz por não
gozar desse belo Céu na terra, afim de que Ele o abra para a eternidade aos
pobres incrédulos. Assim, apesar dessa provação que aparta de mim todo o gozo,
posso clamar: "Senhor, vós me cumulais de alegria" por tudo o que
fazeis" (SL XCI). (Manuscrito C, Cap. 10 §279)
Santa
Teresinha do Menino Jesus, rogai por nós!
Estela
Márcia – OCDS, Petrópolis/RJ.
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