Para a Natividade de Jesus - POESIA "XIII", de Santa Teresa de Jesus
Já
Deus nos há dado
O
amor: assim, pois,
Não
há que temer,
Morramos
os dois.
Seu
Único Filho
O
Pai nos envia:
Nasce
hoje na lapa,
Da
Virgem Maria.
O
homem — que alegria!
É
Deus: assim pois,
Não
há que temer,
Morramos
os dois.
—
Olha bem, Vicente:
Que
amor! e que brio!
Vem
Deus, inocente,
A
padecer frio;
Deixa
o senhorio
Que
tem; assim, pois,
Não
há que temer,
Morramos
os dois.
—
Mas como, Pascoal,
Tem
tanta franqueza,
Que
veste saial,
Deixando
riqueza?
Mais
quer à pobreza!
Sigamo-lo
pois:
Se
já vem feito homem,
Morramos
os dois.
Mas
qual sua paga
Por
tanta grandeza?
—
Só grandes açoites
Com
muita crueza.
—
Que imensa tristeza
Teremos
depois!
Ah!
se isto é verdade,
Morramos
os dois.
—
Mas como se atrevem,
Sendo
Onipotente?
—
Será morto um dia
Por
perversa gente.
—
Se assim é, Vicente,
Furtemo-lo
pois:
—
Não vês que o deseja?
Morramos
os dois!
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