terça-feira, 30 de dezembro de 2014

“Chamados a serem «exegeses vivas» do Evangelho” - Papa aos consagrados em Vigília para o Ano da Vida Consagrada


Com alegria e fé iniciamos o Ano da Vida Consagrada proclamado neste último dia 30 de novembro pelo Papa Francisco. Somos chamados a viver este “tempo forte” irmanados pela força  do Espírito Santo, o Espírito de Nosso Senhor Jesus Cristo, que nos chama, por meio da Igreja, a “reavivar” nossa vocação e missão. Com olhar claro da realidade que nos rodeiam e que de nós espera uma resposta, ouçamos a voz da Igreja que nos incentiva: Habitem as fronteiras. Isto vos exigirá vigilância para descobrir as novidades do Espírito; lucidez para reconhecer a complexidade das novas fronteiras; discernimento para identificar os limites e a maneira adequada de proceder; e imersão na realidade, “tocando a carne sofredora de Cristo no povo” (Vida Consagrada 24). Atentos à voz do nosso Pastor que nos diz: “Que o Evangelho seja o terreno sólido onde avançar com coragem. Chamados a serem «exegeses vivas» do Evangelho. Seja este, queridos consagrados, o fundamento e a referência última de vossa vida e missão.”
 O Papa Francisco enviou uma vídeo-mensagem para os participantes da Vigília de Oração realizada na Basílica Santa Maria Maior na noite de sábado, 29, véspera da abertura do Ano da Vida Consagrada. O Secretário do Pontifício Conselho para os Institutos de Vida Consagrada e as Sociedades de Vida Apostólica, Arcebispo José Rodriguez Carballo, coordenou os trabalhos. Segue a íntegra da mensagem:
“Queridos irmãos e irmãs,
Mesmo se distante fisicamente por motivo do meu serviço à Igreja universal, me sinto intimamente unido a todos os consagrados e às consagradas no início deste ano que quis fosse dedicado à vida consagrada. Saúdo com afeto todos os membros da Congregação para os Institutos de Vida Consagrada e as Sociedades de Vida Apostólica e todos aqueles que estão presentes na Basílica Santa Maria Maior, sob o terno olhar da Bem-aventurada Virgem Maria Salus Populi Romani, para esta Vigília de Oração. Com vocês saúdo também todos os consagrados e as consagradas que vivem e trabalham no mundo. Nesta ocasião as minhas primeiras palavras são de gratidão ao Senhor pelo dom precioso da vida consagrada à Igreja e ao mundo. Que este ano da Vida Consagrada seja uma ocasião para que todos os membros do povo de Deus agradeçam o Senhor, do qual provém todo bem, pelo dom da vida consagrada, valorizando-a de maneira conveniente. A vós, queridos irmãos e irmãs consagrados, vai igualmente a minha gratidão por aquilo que sois e fazem na Igreja e no mundo. Que este seja um “tempo forte” para celebrar com toda a Igreja o dom da vossa vocação e para reavivar a vossa missão profética. Repito-vos também hoje o que vos disse outras vezes: « “Despertai o mundo” Despertai o mundo” ». Como? Colocando Cristo no centro de vossa existência. Sendo norma fundamental de vossa vida «seguir Cristo como é ensinado no Evangelho» (Perfectae caritatis, 2), a vida consagrada consiste essencialmente na adesão pessoal a Ele.
Busquem, queridos consagrados, Cristo constantemente, busquem a sua Face, que Ele ocupe o centro de vossa vida de modo a serem transformadas em «memória viva do modo de existir e de agir de Jesus, como Verbo Encarnado diante do Pai e diante dos irmãos » (Vida consagrada, 22). Como o apóstolo Paulo, deixai-vos conquistar por Ele, assumam os seus sentimentos e a sua forma de vida (cfr ibid., 18); deixai-vos tocar pela sua mão, conduzir pela sua voz, apoiar pela sua graça (cfr ibid., 40). E com Cristo, partam sempre do Evangelho. Assumam-no como forma de vida e traduzam-no em gestos cotidianos marcados pela simplicidade e pela coerência, superando assim a tentação de transformá-lo em uma ideologia. O Evangelho conservará jovem a vossa vida e missão, e as tornará atuais e atraentes. Que o Evangelho seja o terreno sólido onde avançar com coragem. Chamados a serem «exegeses vivas» do Evangelho. Seja este, queridos consagrados, o fundamento e a referência última de vossa vida e missão. Saiam de vossos aconchegos em direção às periferias do homem e da mulher de hoje! Por isto, deixai-vos encontrar por Cristo. O encontro com Ele vos impelirá ao encontro com os outros e vos levará em direção aos mais necessitados, aos mais pobres. Ides às periferias que aguardam a luz do Evangelho (cfr Evangelii gaudium, 20). Habitem as fronteiras. Isto vos exigirá vigilância para descobrir as novidades do Espírito; lucidez para reconhecer a complexidade das novas fronteiras; discernimento para identificar os limites e a maneira adequada de proceder; e imersão na realidade, “tocando a carne sofredora de Cristo no povo” (ibid.,24).
Queridos irmãos e irmãs: diante de vós se apresentam muitos desafios, mas eles existem para serem superados. “Sejamos realistas, mas sem perder a alegria, a audácia e a dedicação plena de esperança! Não deixemos que nos roubem a força missionária” (ibid., 109).
Que Maria, mulher em contemplação do mistério de Deus no mundo e na história, mãe diligente em ajudar com prontidão os outros (cfr Lc 1, 39) e por isto modelo de todo discípulo missionário, nos acompanhe neste Ano da Vida Consagrada que colocamos sob seu olhar materno.
A todos vocês participantes da Vigília de Oração na Santa Maria Maior e a todos os consagrados e as consagradas, concedo de coração a minha Bênção e vos peço, por favor, para rezarem por mim. Que o Senhor vos abençoe e Nossa Senhora vos guarde”.
Despertemos irmãos para o nosso chamado e vocação, envio e missão, e saibamos anunciar com a intrepidez dos Apóstolos e Santos, nossos pais espirituais, a Verdade do Evangelho, a partir do carisma a que somos chamados. Rezemos para que neste ano de 2015, todas as Congregações e Institutos Seculares, Comunidades de Vida e Aliança, possam viver o dinamismo do Espírito Santo que nos chama à conversão vocacional e missionária. Que saibamos olhar para a Virgem Maria, e encontrar o modelo de fidelidade e humildade, obediência e amor a Boa Nova do Evangelho que seu próprio Filho Jesus Cristo. Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo! Para sempre seja louvado!
Por Estela Márcia – OCDS/Petrópolis RJ.

 

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