Nobre
é tudo aquilo que tem qualidade de nobreza ou algo que sirva à nobreza, por
assim dizer, a alguém que seja nobre, um rei, a que se deva majestade. Oculto,
é aquilo que está escondido, guardado, ou ainda não revelado. Portanto, um e
outro, trazem grandezas que serão objetos de nossa meditação.
É com estas figuras que,
inspirada pelo Senhor, queremos - o Espírito Santo e eu, tratarmos da grandeza
deste momento santo em que a Igreja nos convida a viver nesta Sexta-feira
Santa. Dia que celebramos a Paixão, Morte e Ressurreição de Jesus Cristo, Rei e
Senhor, a Majestade Divina que veio ao mundo para resgatar tudo que se perdeu
da bela e divina Criação.
A nobreza do silêncio que
estamos falando, consiste então, não apenas em calar a voz, mas calar o
coração, o oculto da alma – que na figura de Santa de Teresa de Ávila, nossa
mestra de oração, trata-se de um Castelo Interior, “feito de um só diamante ou de limpíssimo cristal”, lugar onde “existem muitos aposentos, assim como no Céu
há muitas moradas” (conf. Jo 14,2) – para que Deus possa falar.
Neste dia de Silêncio
Universal (começado no translado do Corpo do Senhor até o Glória do Sábado
Santo) percebemos que os semblantes, gestos e movimentos se acalmam, os passos
tornam-se mais leves, e tudo ganha uma facilidade maior de entendimento no
exterior das pessoas. Torna-se um sinal de aconchego interior e exterior.
Se por um lado, percebemos
que ao nosso redor a calma conforta e aconchega, começamos a entender que o
‘silêncio’ traz em si um remédio. Remédio hodierno. Sim, remédio para este
mundo que teima em correr, correr e correr, correria que não tem objetivo de
ser. Correria que produz uma simples agitação, na maioria das vezes, sem
realização, sem ponto de chegada, ao contrário, tratando-se de um desmedido
processo de excitação. E dizemos a Deus: Pensamos meu Senhor, que o silêncio é
a grande solução para o homem voltar-se para a sua origem, para o mergulho em
sua essência, para o encontro com o seu Criador.
Portanto, há de se crer que,
até mesmo o oculto de muitas almas já não se encontra em si mesmas, pois o
vazio que se desenvolveu é tão grande que, humanamente, o prejuízo do encontro
é quase que sem solução. Novamente, dirigimo-nos a Deus: O Vosso silêncio meu
Senhor, precisa entrar em
cena. O silêncio precisa calar esta turbulência hodierna que
distrai, aliena e esvazia as pessoas. Só Vós, o senhor do silêncio, pode
socorrer-nos. Que esta centelha de silêncio, vivida e experimentada neste dia
pelas almas fiéis, possa fazer calar e permitir as almas tíbias, escutarem a
Vossa voz em seu interior. Agradeço-Vos, desde então, que a Paixão do Senhor,
vivida e meditada por almas esposas, possa ser frutuosa em despertar as almas
frias e distraídas. Agradeço-Vos ainda, por tamanho bem sentido e atualizado na
salvação do Cristo Senhor para tantas vidas e estruturas teimosas deste mundo
agitado, Senhor! E peço-Vos, concedei-nos alimentar-nos e saborearmos,
continuamente, deste fruto que fala, acalma e cura, preenche e reencontra as almas
com seu Senhor, a Majestade de seu castelo interior, e que se chama SILÊNCIO.
Estela Márcia, 18 de abril
de 2014
Sexta-feira Santa
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