sexta-feira, 18 de abril de 2014

“SILÊNCIO NOBRE, SILÊNCIO OCULTO”


            Nobre é tudo aquilo que tem qualidade de nobreza ou algo que sirva à nobreza, por assim dizer, a alguém que seja nobre, um rei, a que se deva majestade. Oculto, é aquilo que está escondido, guardado, ou ainda não revelado. Portanto, um e outro, trazem grandezas que serão objetos de nossa meditação.
            É com estas figuras que, inspirada pelo Senhor, queremos - o Espírito Santo e eu, tratarmos da grandeza deste momento santo em que a Igreja nos convida a viver nesta Sexta-feira Santa. Dia que celebramos a Paixão, Morte e Ressurreição de Jesus Cristo, Rei e Senhor, a Majestade Divina que veio ao mundo para resgatar tudo que se perdeu da bela e divina Criação.
            A nobreza do silêncio que estamos falando, consiste então, não apenas em calar a voz, mas calar o coração, o oculto da alma – que na figura de Santa de Teresa de Ávila, nossa mestra de oração, trata-se de um Castelo Interior, “feito de um só diamante ou de limpíssimo cristal”, lugar onde “existem muitos aposentos, assim como no Céu há muitas moradas” (conf. Jo 14,2) – para que Deus possa falar.
            Neste dia de Silêncio Universal (começado no translado do Corpo do Senhor até o Glória do Sábado Santo) percebemos que os semblantes, gestos e movimentos se acalmam, os passos tornam-se mais leves, e tudo ganha uma facilidade maior de entendimento no exterior das pessoas. Torna-se um sinal de aconchego interior e exterior.
           Se por um lado, percebemos que ao nosso redor a calma conforta e aconchega, começamos a entender que o ‘silêncio’ traz em si um remédio. Remédio hodierno. Sim, remédio para este mundo que teima em correr, correr e correr, correria que não tem objetivo de ser. Correria que produz uma simples agitação, na maioria das vezes, sem realização, sem ponto de chegada, ao contrário, tratando-se de um desmedido processo de excitação. E dizemos a Deus: Pensamos meu Senhor, que o silêncio é a grande solução para o homem voltar-se para a sua origem, para o mergulho em sua essência, para o encontro com o seu Criador.
           Portanto, há de se crer que, até mesmo o oculto de muitas almas já não se encontra em si mesmas, pois o vazio que se desenvolveu é tão grande que, humanamente, o prejuízo do encontro é quase que sem solução. Novamente, dirigimo-nos a Deus: O Vosso silêncio meu Senhor, precisa entrar em cena. O silêncio precisa calar esta turbulência hodierna que distrai, aliena e esvazia as pessoas. Só Vós, o senhor do silêncio, pode socorrer-nos. Que esta centelha de silêncio, vivida e experimentada neste dia pelas almas fiéis, possa fazer calar e permitir as almas tíbias, escutarem a Vossa voz em seu interior. Agradeço-Vos, desde então, que a Paixão do Senhor, vivida e meditada por almas esposas, possa ser frutuosa em despertar as almas frias e distraídas. Agradeço-Vos ainda, por tamanho bem sentido e atualizado na salvação do Cristo Senhor para tantas vidas e estruturas teimosas deste mundo agitado, Senhor! E peço-Vos, concedei-nos alimentar-nos e saborearmos, continuamente, deste fruto que fala, acalma e cura, preenche e reencontra as almas com seu Senhor, a Majestade de seu castelo interior, e que se chama SILÊNCIO.
Estela Márcia, 18 de abril de 2014

Sexta-feira Santa

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