CONGREGAÇÃO PARA OS INSTITUTOS DE
VIDA CONSAGRADA
E AS SOCIEDADES DE VIDA APOSTÓLICA
ANO DA VIDA CONSAGRADA
ALEGRAI-VOS
Carta
Circular aos Consagrados e Consagradas
Do
Magistério do Papa Francisco
« Queria dizer-vos uma palavra, e
a palavra é alegria.
Onde quer que haja consagrados, aí está a alegria! ».
Papa
Francisco
ÍNDICE
1. «A
alegria do Evangelho enche o coração e a vida inteira daqueles que se encontram
com Jesus. Com Jesus Cristo, nasce e renasce sem cessar a alegria » [1].
O início
da Evangelii gaudium soa, na linha do
magistério do papa Francisco, com surpreendente vitalidade, apelando ao
mistério admirável da Boa-Nova que, ao ser acolhida no coração de uma pessoa,
transforma a sua vida. É-nos contada a parábola da alegria: o encontro com
Jesus acende em nós a beleza originária, a beleza do rosto no qual resplandece
a glória do Pai (cf. 2Cor 4, 6), no frutto da alegria.
Esta
Congregação para os Institutos de Vida Consagrada e as Sociedades de Vida
Apostólica convida-vos a refletir sobre o tempo de graça que nos é dado viver,
sobre o especial convite que o Papa dirige à vida consagrada.
Acolher
tal magistério significa renovar a vida segundo o Evangelho, não no sentido de
radicalidade entendida como modelo de perfeição e, muitas vezes, de separação,
mas no sentido de adesão toto corde [2]
ao encontro de salvação que transforma a vida: « Trata-se de deixar tudo para
seguir o Senhor. Não, não quero dizer radical. A radicalidade evangélica não é
só para os religiosos: a todos se exige. Mas os religiosos seguem o Senhor de
modo especial, de modo profético. Espero de vós esse testemunho. Os religiosos
devem ser homens e mulheres capazes de despertar o mundo » [3].
Dentro das
limitações humanas, nas preocupações do dia a dia, os consagrados e as
consagradas vivem a fidelidade, dão razão da alegria que vivem, convertem-se em
testemunho luminoso, anúncio eficaz, companhia e proximidade para com as
mulheres e homens do nosso tempo que procuram a Igreja como casa paterna [4].
Francisco de Assis, tomando o Evangelho como forma de vida, « fez crescer a fé,
renovou a Igreja; e, ao mesmo tempo, renovou a sociedade, tornando-a mais
fraterna, mas sempre com o Evangelho, com o testemunho. Pregai sempre o
Evangelho e, se for necessário, pregai-o também com as palavras! » [5].
Muitas são
as sugestões que nascem da escuta das palavras do Santo Padre, mas
interpela-nos particularmente a simplicidade absoluta com a qual o papa
Francisco propõe o seu magistério, conformando-se com a genuinidade desarmante
do Evangelho. Palavra sine glossa [6],
espalhada com o gesto amplo do bom semeador que, cheio de confiança, não faz
discriminação de terreno.
Um convite
autorizado que nos é dirigido com plena confiança; um convite a renunciarmos às
argumentações institucionais e às justificações pessoais; uma palavra
provocadora que questiona o nosso viver, por vezes entorpecido e sonolento, e
com frequência indiferente ao desafio: « Se tivésseis fé como um grão de
mostarda » (Lc 17, 5). Um convite que nos incentiva a elevar o espírito
para darmos razão ao Verbo que habita no meio de nós, ao Espírito que cria e
renova constantemente a sua Igreja.
Esta Carta
surge a partir deste convite e pretende dar início a uma reflexão
partilhada, ao mesmo tempo que se apresenta como simples meio para um confronto
leal entre o Evangelho e Vida. Este Dicastério desencadeia assim um percurso
comum, lugar de reflexão fraterna, pessoal, institucional, rumo a 2015, ano que
a Igreja dedica à vida consagrada. Alimentamos o desejo de que ousadas decisões
evangélicas venham a ser postuladas e se produzam frutos de renovação e de
fecunda alegria: «O primado de Deus é, para a existência humana, plenitude de
significado e de alegria, porque o ser humano é feito para Deus e não descansa
enquanto não encontrar nele a paz » [7].
Alegrai-vos
com Jerusalém, rejubilai com ela, vós todos que a amais; regozijai-vos com ela,
vós todos que estáveis de luto por ela.
Porque
assim diz o Senhor: « Vou fazer com que a paz corra para Jerusalém como um rio,
e a riqueza das nações, como uma torrente transbordante. Os seus filhinhos
serão levados ao colo e acariciaclos sobre os seus regaços.
Como a
mãe consola o seu filho, assim Eu vos consolarei: em Jerusalém sereis
consolados.
Ao
verdes isto, os vossos corações pulsarão de alegria, e os vossos ossos
retomarão vigor, como erva fresca. A mão do Senhor manifestar-se-á aos seus
servos ».
Isaías 66,
10.12-14
2. Com a
palavra alegria (em hebraico: s´imh. â/s´amah. , gyl) a Sagrada
Escritura pretende exprimir uma série de experiências coletivas e pessoais,
particularmente ligadas ao culto religioso e às festas, e destinadas a
reconhecer o sentido da presença de Deus na história de Israel.
Na Bíblia,
há treze verbos e substantivos diferentes para descrever a alegria de Deus, das
pessoas e da própria criação, no diálogo da salvação.
No Antigo
Testamento, é nos Salmos e no profeta Isaías que estes termos aparecem mais
vezes. Com uma variação linguística criativa e original, surge com frequência o
convite à alegria e proclama-se a alegria da proximidade de Deus, alegria por
tudo o que Ele criou e fez. Nos Salmos encontramos, centenas de vezes, as
expressões mais eficazes para indicar, juntamente com a alegria, quer o
fruto da presença benevolente de Deus e os ecos jubilosos que esta provoca, quer
a afirmação da grande promessa que ilumina o horizonte futuro do povo. No que
diz respeito ao profeta Isaías, a segunda e a terceira partes do seu livro
estão, precisamente, ritmadas por esse frequente apelo à alegria, orientado
para o futuro: será superabundante (cf. Is 9, 2); o céu, o deserto e a
terra exultarão de alegria (Is 35, 1; 44, 23; 49, 13); os prisioneiros
libertados chegarão a Jerusalém, gritando de alegria (Is 35,9s.; 51,
11).
No Novo
Testamento, o termo mais frequente está ligado à raiz char (chàirein,
charà), mas também se encontram outros termos como agalliáomai, euphrosy´ne,
que geralmente comportam um júbilo total, abarcando simultaneamente o passado e
o futuro. A alegria é o dom messiânico por excelência, como o próprio
Jesus promete: «A minha alegria esteja em vós e a vossa alegria seja completa »
(Jo 15, 11; 16, 24; 17, 13). Lucas, a partir dos acontecimentos que
antecedem o nascimento do Salvador, assinala o jubiloso difundir-se da alegria
(cf. Lc 1, 14.44.47; 2, 10; cf. Mt 2, 10). Esta acompanha a
difusão da Boa-Nova como um efeito que se expande (cf. Lc 10, 17; 24,
41.52) e que é sinal típico da presença e implantação do Reino (cf. Lc 15,
7.10.32; At 8, 39; 11, 23; 15, 3; 16, 34; cf. Rm 15, 10-13;
etc.).
Para
Paulo, a alegria é um fruto do Espírito (cf. Gl 5, 22) e uma nota típica
e estável do Reino (cf. Rm 14, 17), que se consolida também através da
tribulação e das provas (cf. 1Ts 1, 6). Na oração, na caridade, na
constante ação de graças deve encontrar-se a fonte da alegria (cf. 1Ts 5,
16; Fl 3, 1; Cl 1,11s.): nas tribulações, o Apóstolo dos Gentios
sente-se cheio de alegria e participante da glória que todos esperamos (cf. 2Cor
6, 10; 7, 4; Cl 1, 24). O triunfo final de Deus e as núpcias do
Cordeiro completarão toda a alegria e júbilo (cf. Ap 19, 7), fazendo
estalar um Aleluia cósmico (Ap 19, 6).
Vejamos o
sentido do texto: « Alegrai-vos com Jerusalém; rejubilai com ela, vós todos que
a amais. Regozijai-vos com ela » (Is 66, 10). Trata-se do final da
terceira parte do profeta Isaías; os capítulos 65 e 66 de Isaías estão
intimamente unidos, completando-se mutuamente, como era evidente já na
conclusão da segunda parte de Isaías (capítulos 54 e 55).
Em ambos
os capítulos é evocado o passado, por vezes até com imagens cruas: são um convite
a esquecê-lo, porque Deus quer fazer brilhar uma nova luz, uma confiança que
curará infidelidades e crueldades sofridas. A maldição, fruto da não
observância da Aliança, desaparecerá, porque Deus quer fazer de « Jerusalém um
motivo de júbilo, e do seu povo uma fonte de alegria » (cf. Is 65, 18).
Saberão por experiência que a resposta de Deus virá ainda antes de a súplica
ser formulada (cf. Is 65, 24). Este é o contexto que continuará também
nos primeiros versículos de Isaías 66, aflorando aqui e além, e evidenciando
obtusidade de coração e de ouvidos perante a bondade do Senhor e a sua Palavra
de esperança.
É muito
sugestiva a imagem de Jerusalém mãe, inspirada nas promessas de Isaías
49, 18-29 e 54, 1-3: a terra de Judá enche-se com os que regressam da dispersão,
depois da humilhação. Dir-se-ia que os rumores da « libertação » « engravidaram
» Sião de nova vida e esperança. Deus, o Senhor da vida, levará até ao fim a
gestação, fazendo nascer sem sofrimento os novos filhos. Assim, Sião-mãe fica
rodeada de novos filhos, amamentando-os a todos com abundância e ternura. Uma
imagem dulcíssima, fascinante para Santa Teresa de Lisieux, que nela encontrou
uma decisiva chave de interpretação da sua espiritualidade [8].
Um
conjunto de vocábulos intensos: alegrai-vos, exultai, transbordai;
e também consolações, delícia, abundância, prosperidade,
carícias, etc. A relação de fidelidade e de amor tinha falhado, caíra-se
na tristeza e na esterilidade; agora, o poder e a santidade de Deus tornavam a
dar sentido e plenitude de vida e de felicidade. Estas exprimem-se em termos
que têm a sua raiz nos afetos de todo o ser humano, e que provocam sensações
únicas de ternura e segurança.
Delicado e
verdadeiro perfil de um Deus que vibra com entranhas maternas e com intensas
emoções contagiantes; uma alegria vinda do coração (cf. Is 66, 14) que,
a partir de Deus – rosto materno e braço que ergue –, e se difunde num povo
desfigurado por mil humilhações, e, por isso, com ossos frágeis; uma
transformação gratuita que festivamente se estende a « novos céus e nova terra
» (cf. Is 66, 22), para que todos os povos conheçam a glória do Senhor,
fiel e redentor.
3. « Esta
é a beleza da consagração: é a alegria, a alegria... » [9].
A alegria de levar a todos a consolação de Deus. São palavras do papa Francisco
no encontro com os seminaristas, os noviços e noviças. « Não há santidade na
tristeza » [10],
continua o Santo Padre, « não andeis tristes como os que não têm esperança »,
escrevia São Paulo (1Ts 4, 13).
A alegria
não é um adorno inútil, mas exigência e fundamento da vida humana. Nas
preocupações de cada dia, todo o homem e mulher procura alcançar a alegria e
permanecer nela com todo o seu ser.
No mundo
há, muitas vezes, um déficit de alegria. Não somos chamados a realizar gestos
épicos nem a proclamar palavras altissonantes, mas a testemunhar a alegria que
brota da certeza de sentir-se amado, da confiança de ser salvo.
A nossa
memória curta e a nossa experiência fraca impedem-nos muitas vezes de procurar
as « terras da alegria », onde saborear o reflexo de Deus. Temos mil e um
motivos para viver na alegria. A sua raiz alimenta-se da escuta crente e
perseverante da Palavra de Deus. Na escola do Mestre, escuta-se o « esteja em
vós a minha alegria e a vossa alegria seja completa » (Jo 15, 11), e
treinamo-nos com exercícios de alegria perfeita.
«A
tristeza e o medo devem dar lugar à alegria: “Alegrai-vos... exultai...
transbordai de alegria” – diz o profeta (66, 10). É um grande convite à
alegria. […] Cada cristão, mas sobretudo nós, somos chamados a levar esta
mensagem de esperança, que dá serenidade e alegria: a consolação de Deus, a sua
ternura para com todos. Mas só o poderemos fazer, se experimentarmos, nós
primeiro, a alegria de ser consolados por Ele, de ser amados por Ele. […]
Existem pessoas consagradas que têm medo da consolação de Deus e se amofinam,
porque têm medo dessa ternura de Deus. Mas não tenhais medo. Não tenhais medo.
O nosso Deus é o Senhor da consolação, o Senhor da ternura. O Senhor é pai e
Ele disse que procederá conosco como faz uma mãe com o seu filho – com ternura.
Não tenhais medo da consolação do Senhor » [11].
4. «Ao
chamar-vos, Deus diz-vos: “És importante para mim, Eu amo-te; conto contigo”.
Jesus diz isto a cada um de nós! Daqui nasce a alegria! A alegria do momento no
qual Jesus olhou para mim. Compreender e sentir isto é o segredo da nossa
alegria. Sentir-se amado por Deus, sentir que, para Ele, nós não somos números,
mas pessoas; e sentir que é Ele que nos chama » [12].
O papa
Francisco leva-nos a olhar para o fundamento espiritual da nossa humanidade,
para vermos o que nos é dado gratuitamente por livre soberania divina e livre
resposta humana:
« Então
Jesus olhou para ele com simpatia e respondeu: “Falta-te apenas uma coisa: vai,
vende tudo o que tens, dá o dinheiro aos pobres e terás um tesouro no Céu;
depois, vem e segue-me” » (Mc 10, 21).
O Papa faz
memória: «Na Última Ceia, Jesus dirige-se aos Apóstolos com estas palavras:
“Não
fostes vós que me escolhestes; fui Eu que vos escolhi” (Jo 15, 16);
estas palavras recordam a todos, não só a nós sacerdotes, que a vocação é
sempre uma iniciativa de Deus. Foi Cristo que vos chamou a segui-lo na vida consagrada,
e isto significa realizar constantemente um “êxodo” de vós mesmos para
centrardes a vossa existência em Cristo e no seu Evangelho, na vontade de Deus,
despojando-vos dos vossos projetos, a fim de poderdes afirmar com São Paulo:
“Já não sou eu que vivo, é Cristo que vive em mim” (Gl 2, 20) » [13].
O Papa
convida-nos a uma peregrinação ao passado, um caminho sapiencial para
nos encontrarmos nas estradas da Palestina ou junto da barca do humilde
pescador da Galileia; convida-nos a contemplar os inícios de um caminho, ou
melhor, de um acontecimento que, tendo sido inaugurado por Cristo, nos leva a
deixar as redes na margem, o banco dos impostos na beira da estrada, as
veleidades do zelote entre as intenções do passado. Todos meios desapropriados
para estar com Ele.
Convida-nos
a parar algum tempo, como peregrinação interior, diante do horizonte da
primeira hora, onde os espaços têm o calor da relação amiga, a inteligência é
levada a abrir-se ao mistério, a decisão estabelece que é bom pôr-se no
seguimento daquele Mestre que só tem « palavras de vida eterna » (cf. Jo 6,
68). Convida-nos a fazer de toda a « existência uma peregrinação de
transformação no amor » [14].
O papa
Francisco chama-nos a deter o nosso espírito no fotograma da partida: «A
alegria do momento no qual Jesus olhou para mim» [15];
a evocar significados e exigências subentendidos na nossa vocação: «É a
resposta a um chamamento, a um chamamento de amor » [16].
Estar com Cristo requer que partilhemos com Ele a vida, opções, obediência de
fé, bem-aventurança dos pobres, radicalidade do amor.
Trata-se
de renascer vocacionalmente. « Convido todo o cristão […] a renovar hoje mesmo
o seu encontro pessoal com Jesus Cristo ou, pelo menos, a tomar a decisão de se
deixar encontrar por Ele, de o procurar dia a dia sem cessar » [17].
Paulo
leva-nos a essa visão fundamental: « Ninguém pode pôr outro alicerce diferente
do que já foi posto » (1Cor 3, 11). O termo vocação indica este dado
gratuito, como um depósito de vida que não cessa de renovar a humanidade e a
Igreja no mais profundo do seu ser.
Na
experiência da vocação, o próprio Deus é o sujeito misterioso do chamamento.
Ouvimos uma voz que nos chama à vida e ao discipulado pelo Reino. O papa
Francisco, ao recordá-lo – « tu és importante para mim» –, usa o discurso
direto, na primeira pessoa, de modo a que a consciência desperta. Chama-me a
ser consciente da minha ideia, do meu juízo, para pedir comportamentos coerentes
com a consciência de mim próprio, com o chamamento que sinto, o meu chamamento
pessoal: « Gostaria de dizer a quantos se sentem indiferentes a Deus, à fé; a
quantos estão distantes de Deus, ou a quem o abandonou; também a nós, com as
nossas “distâncias” e os nossos “abandonos” de Deus, talvez pequenos, mas
demasiado frequentes na vida quotidiana: Olha no fundo do teu coração, olha no
íntimo de ti mesmo e interroga-te: tens um coração que aspira a algo de grande,
ou um coração entorpecido pelas coisas? O teu coração conservou a inquietação
da procura, ou permitiste que ele fosse sufocado pelos bens que, no fim, o
atrofiam? » [18].
A relação
com Jesus Cristo precisa de ser alimentada com a inquietação da procura;
torna-nos conscientes da gratuidade do dom da vocação e ajuda-nos a justificar
as razões que levaram à opção inicial, e que permanecem na perseverança: «
Deixar-se conquistar por Cristo significa estar sempre orientado para aquilo
que está à minha frente, rumo à meta que é Cristo (cf. Fl 3, 14) » [19].
Permanecer constantemente à escuta de Deus requer que estas perguntas se tornem
as coordenadas que marcam o nosso tempo quotidiano.
Este
mistério indizível que trazemos dentro de nós e que participa do inefável
mistério de Deus só pode ser interpretado à luz da fé: «A fé é a resposta a uma
Palavra que interpela pessoalmente, a um Tu que nos chama pelo nome » [20]
e, « enquanto resposta a uma Palavra que precede, será sempre um ato de
memória; contudo, esta memória não o fixa no passado, porque, sendo memória de
uma promessa, torna-se capaz de se abrir ao futuro, de iluminar os passos ao
longo do caminho » [21].
«A fé contém precisamente a memória da história de Deus conosco; a memória do
encontro com Deus, que toma a iniciativa, que cria e salva, que nos transforma;
a fé é memória da sua Palavra que inflama o coração, das suas ações salvíficas,
pelas quais nos dá vida, purifica, cuida de nós e alimenta. […] Quem traz em si
a memória de Deus, deixa-se guiar pela memória de Deus em toda a sua vida, e
sabe despertá-la no coração dos outros » [22].
Memória de ser chamado aqui e agora.
5. O Papa
pede-nos para relermos a nossa história pessoal e a verificarmos no olhar de
amor de Deus, porque, se a vocação é sempre iniciativa sua, cabe-nos a livre
adesão à economia divino-humana, como relação de vida no ágape, caminho
de discipulado, « luz no caminho da Igreja » [23].
Na vida no Espírito não há tempos acabados; ela abre-se constantemente ao
mistério quando faz discernimento para conhecer o Senhor e captar a realidade a
partir dele. Ao chamar-nos, Deus faz-nos entrar no seu repouso e pede-nos que
repousemos nele, como contínuo processo de conhecimento de amor. Ecoa em nós a
Palavra « andas inquieta e preocupada com muitas coisas » (Lc 10, 41).
Na via amoris [24]
progride-se renascendo: a velha criatura renasce para uma nova forma. « Por
isso, se alguém está em Cristo, é uma nova criatura » (2Cor 5, 17).
O papa
Francisco dá um nome a este renascer: « Esta estrada tem um nome, um semblante:
o rosto de Jesus Cristo. É Ele que nos ensina a tornarmo-nos santos. É Ele que,
no Evangelho, nos indica o caminho: a via das bem-aventuranças (cf. Mt 5,
1-12). Esta é a vida dos Santos: pessoas que, por amor a Deus, na sua vida não
lhe puseram condições » [25].
A vida
consagrada é chamada a encarnar a Boa-Nova, no seguimento de Cristo, o
Crucificado ressuscitado; a fazer próprio o « modo de existir e de agir de
Jesus como Verbo encarnado em relação ao Pai e aos irmãos » [26].
Concretamente, é assumir o seu estilo de vida, adotar as suas atitudes
interiores, deixar-se invadir pelo seu espírito, assimilar a sua lógica
surpreendente e a sua escala de valores, partilhar os seus risos e as suas
esperanças: « Guiados pela certeza humilde e feliz de quem foi encontrado,
alcançado e transformado pela Verdade que é Cristo, e não pode deixar de
anunciá-la » [27].
O
permanecer em Cristo permite-nos colher a presença do Mistério que habita em
nós e nos dilatar o coração segundo a medida do seu coração de Filho. Quem
permanece no seu amor, como o ramo ligado à videira (cf. Jo 15, 1-8),
entra na familiaridade com Cristo e produz fruto: « Permanecer em Jesus!
Permanecer ligado a Ele, dentro dele, com Ele, falando com Ele » [28].
« Cristo é
o selo na fronte, é o selo no coração: na fronte, porque o professamos sempre;
no coração, porque o amamos sempre; é o selo no braço, porque atuamos sempre » [29].
A vida consagrada, com efeito, é um constante chamamento a seguir Cristo e a
imitá-lo. « Toda a vida de Jesus, a sua forma de tratar os pobres, os seus
gestos, a sua coerência, a sua generosidade simples e quotidiana e, finalmente,
a sua total entrega, tudo é precioso e fala à nossa vida pessoal » [30].
O encontro
com o Senhor põe-nos em movimento, impele-nos a sair da autorreferencialidade [31].
A relação com o Senhor não é estática nem intimista: «Quem coloca Cristo no
centro da sua vida, descentraliza-se! Quanto mais te unes a Jesus e mais Ele se
torna o centro da tua vida, tanto mais Ele te faz sair de ti mesmo, te
descentraliza e abre aos outros » [32].
« Não estamos no centro; estamos, por assim dizer, “deslocados”, estamos ao
serviço de Cristo e da Igreja » [33].
A vida
cristã é determinada por verbos de movimento, mesmo quando vivida na dimensão
monástica e contemplativo-claustral; é uma contínua procura.
« Não se
pode perseverar numa evangelização cheia de ardor, se não se estiver
convencido, por experiência própria, de que não é a mesma coisa ter conhecido
Jesus ou não o conhecer; não é a mesma coisa caminhar com Ele ou caminhar
tateando; não é a mesma coisa poder escutá-lo ou ignorar a sua Palavra; não é a
mesma coisa poder contemplá-lo, adorá-lo, descansar nele, ou não o poder fazer.
Não é a mesma coisa procurar construir o mundo com o seu Evangelho, em vez de o
fazer unicamente com a própria razão. Sabemos bem que a vida com Jesus se torna
muito mais plena, e, com Ele, é mais fácil encontrar sentido para cada coisa » [34].
O papa
Francisco exorta-nos à inquietação da procura, como aconteceu com
Agostinho de Hipona: uma « inquietação do coração que o leva ao encontro
pessoal com Cristo; que o leva a compreender que aquele Deus que ele procurava
longe de si é o Deus próximo de cada ser humano, o Deus próximo do nosso
coração, mais íntimo a nós do que nós mesmos ». É uma procura que continua: «
Agostinho não se detém, não se acomoda, não se fecha em si mesmo, como aquele
que já chegou à meta, mas continua o caminho. A inquietação da busca da
verdade, da busca de Deus, torna-se inquietação de o conhecer cada vez mais
e de sair de si mesmo para o dar a conhecer aos outros. É precisamente a
inquietação do amor » [35].
6. Quem
encontrou o Senhor e o segue com fidelidade é um mensageiro da alegria do
Espírito.
« Só graças
a esse encontro – ou reencontro – com o amor de Deus, que se converte em
amizade feliz, é que somos resgatados da nossa consciência isolada e da
autorreferencialidade » [36].
Quem é chamado é convocado para si mesmo, isto é, para o seu poder ser. Talvez
possamos dizer que a crise da vida consagrada passa também pela incapacidade de
reconhecer esse profundo chamamento, mesmo naqueles que já vivem essa vocação.
Vivemos
uma crise de fidelidade, entendida como adesão consciente a um chamamento que é
um percurso, um caminho, desde o seu início misterioso até ao seu misterioso
fim.
Talvez se
esteja também numa crise de humanização. Estamos a viver os limites de uma
coerência total, feridos pela incapacidade de realizar, no tempo, a nossa vida
como vocação unitária e caminho fiel.
Um caminho
quotidiano, pessoal e fraterno, marcado pelo descontentamento, pela amargura
que nos fecha na tristeza, como que numa permanente saudade, por estradas
inexploradas e sonhos por realizar, torna-se um caminho solitário. A nossa
vida, chamada à relação na construção do amor, pode transformar-se numa charneca
desabitada. Somos convidados, em qualquer idade, a revisitar o centro profundo
da vida pessoal, onde encontram significado e verdade as motivações do nosso
viver com o Mestre, discípulos e discípulas do Mestre.
A
fidelidade é consciência do amor que nos orienta para o Tu de Deus e para
qualquer outra pessoa, de maneira constante e dinâmica, enquanto sentimos em
nós a vida do Ressuscitado:
«Os que se
deixam salvar por Ele são libertados do pecado, da tristeza, do vazio interior,
do isolamento » [37].
O
discipulado fiel é graça e exercício de amor, exercício de caridade oblativa: «
Quando caminhamos sem a Cruz, quando edificamos sem a Cruz ou confessamos um
Cristo sem Cruz, não somos discípulos do Senhor: somos mundanos, somos bispos,
padres, cardeais, papas, mas não discípulos do Senhor » [38].
Perseverar
até ao Gólgota, sentir as dilacerações das dúvidas e do renegar, alegrar-se com
a maravilha e com a estupefação da Páscoa até à manifestação do Pentecostes e à
evangelização aos povos, são etapas da fidelidade alegre porque quenótica,
vivida durante a vida inteira, mesmo na prova do martírio e, ao mesmo tempo,
participante da vida ressuscitada de Cristo: «É da Cruz, supremo ato de
misericórdia e de amor, que se renasce como nova criatura (Gl 6,
15) » [39].
No lugar
teologal em que Deus,
revelando-se, nos revela a nós mesmos, o Senhor pede-nos, portanto, para
voltarmos a procurar, fides quaerens: « Procura a justiça, a fé, o amor
e a paz com todos os que, de coração puro, invocam o Senhor » (2Tm 2,
22).
A peregrinação
interior começa na oração: «A primeira coisa necessária para um discípulo é
estar com o Mestre, ouvi-lo, aprender dele. E isto é sempre válido, é um
caminho que dura a vida inteira. […] Se, no nosso coração, não há o calor de
Deus, do seu amor, da sua ternura, como podemos nós, pobres pecadores, inflamar
o coração dos outros? » [40].
Este itinerário dura a vida inteira, enquanto o Espírito Santo, na humildade da
oração, nos convence do senhorio de Cristo em nós: « Todos os dias, o Senhor
chamanos a segui-lo, corajosa e fielmente; fez-nos o grande dom de nos escolher
como seus discípulos; convida-nos a anunciá-lo jubilosamente como o
Ressuscitado, mas pede-nos para o fazermos, no dia a dia, com a palavra e o
testemunho da nossa vida, no quotidiano. O Senhor é o único, o único Deus da
nossa vida e convida-nos a despojar-nos dos numerosos ídolos e adorá-lo só a
Ele » [41].
O Papa
apresenta a oração como a fonte da fecundidade missionária: « Cultivemos a
dimensão contemplativa, mesmo no turbilhão dos compromissos mais urgentes e
pesados. E quanto mais a missão vos chamar para irdes às periferias
existenciais, tanto mais o vosso coração se mantenha unido ao de Cristo, cheio
de misericórdia e de amor » [42].
O estar
com Jesus leva a ter um olhar contemplativo da história, para vermos e
escutarmos em toda a parte a presença do Espírito e, de forma privilegiada,
discernirmos a sua presença, a fim de vivermos o tempo como tempo de Deus.
Quando
falta um olhar de fé, « a vida perde gradualmente sentido, o rosto dos irmãos
torna-se opaco, impossibilitando descobrir nele o rosto de Cristo; os
acontecimentos da história tornam-se ambíguos, senão mesmo vazios de esperança»
[43].
A
contemplação abre-nos à atitude profética. O profeta é um homem « que tem os
olhos penetrantes e que escuta e diz as palavras de Deus; […] um homem de três
tempos: promessa do passado, contemplação do presente, coragem para indicar o
caminho do futuro » [44].
Por fim, a
fidelidade no discipulado passa e é comprovada pela experiência da
fraternidade, lugar teológico, no qual somos chamados a apoiar-nos no sim
jubiloso do Evangelho: «É a Palavra de Deus que suscita a fé, que a alimenta e
regenera. É a Palavra de Deus que sensibiliza os corações, que os converte a
Deus e à sua lógica, que é tão diferente da nossa; é a Palavra de Deus que
renova continuamente as nossas comunidades » [45].
O Papa
convida-nos, portanto, a renovar e qualificar com alegria e paixão a nossa
vocação, porque o ato totalizante do amor é um processo constante: « Amadurece,
amadurece, amadurece » [46],
num progresso permanente em que o sim da nossa vontade à Sua une vontade,
intelecto e sentimento. «O amor nunca está “concluído” e completado;
transforma-se ao longo da vida, amadurece e, por isso mesmo, permanece fiel a
si próprio » [47].
Consolai, consolai o meu povo,
diz o vosso Deus.
Falai ao coração de Jerusalém.
Isaías 40, 1-2
7. Com uma peculiaridade estilística,
que voltará a encontrar-se mais adiante (cf. Is 51, 17; 52, 1: «
Desperta, desperta! »), os oráculos da segunda parte de Isaías (40-55) lançam o
apelo a ir em ajuda de Israel exilado, que tende a fechar-se no vazio de uma memória
falhada. O contexto histórico pertence claramente à fase do prolongado exílio
do povo em Babilónia (587-538 a.C.), com toda a consequente humilhação e o
sentido de impotência daí resultante. Todavia, a desagregação do Império
Assírio sob a pressão da nova potência emergente, a persa, guiada pelo astro
nascente que era Ciro, leva o profeta a intuir que poderia vir daí uma
libertação inesperada; o que, de facto, sucederá. O profeta, sob a inspiração
de Deus, dá voz pública a essa possibilidade, interpretando os movimentos
políticos e militares como ação guiada misteriosamente por Deus através de
Ciro, e proclama que a libertação está próxima e o regresso à terra dos pais
está iminente.
As
palavras que Isaías emprega – consolai... falai ao coração – encontram-se
com uma certa frequência no Antigo Testamento; têm especial relevância as
passagens onde se encontram diálogos de ternura e afeto. Como quando Rute
reconhece que Booz « a consolou e lhe falou ao coração » cf. Rt 2, 12);
ou então, na famosa página ele Oséias, que diz à sua esposa (Gomer) querer
atraí-la ao deserto para lhe « falar ao coração » (cf. Os 2, 16-17), em
ordem a uma nova estação de fidelidade. Mas também há outros paralelismos
semelhantes, como o diálogo de Siquém, filho de Hamor, enamorado de Dina (cf. Gn
34, 1-5) ou o do levita de Efraim, que fala à concubina que o abandonou
(cf. Jz 19, 3).
Trata-se,
portanto, de uma linguagem que deve ser interpretada no contexto do amor, e não
do encorajamento; portanto, ação e palavra ao mesmo tempo delicadas e
encorajadoras, mas que aludem aos laços afetivos e intensos de Deus, « esposo »
de Israel. E a consolação deve ser epifania de uma pertença recíproca,
jogo de intensa empatia, de comoção e ligação vital.
Não são,
portanto, palavras superficiais e adoçadas, mas Misericórdia e visceralidade,
preocupação, abraço que fortalece e paciente proximidade para reencontrar as
estradas da confiança.
8. «
Hoje, as pessoas precisam certamente de palavras, mas sobretudo têm necessidade
de quem testemunhe a misericórdia, a ternura do Senhor que aquece o coração,
desperta a esperança, atrai para o bem. A alegria de levar a consolação de
Deus! » [48].
O papa
Francisco confia aos consagrados e consagradas essa missão: encontrar o Senhor
que nos consola como uma mãe, e consola o povo de Deus. Da alegria do encontro
com o Senhor e do seu chamamento brota o serviço na Igreja, a missão: levar aos
homens e mulheres do nosso tempo a consolação de Deus; testemunhar a sua
misericórdia [49].
Na visão
de Jesus, a consolação é dom do Espírito, o Paráclito, o Consolador que
nos consola nas provas e acende uma esperança que não desilude. Assim, a
consolação cristã torna-se conforto, encorajamento, esperança: é presença
operante do Espírito (cf. Jo 14, 16-17), fruto do Espírito, e o «fruto
do Espírito é caridade, alegria, paz, paciência, benignidade, bondade,
fidelidade, mansidão, temperança » (Gl 5, 22).
Num mundo
que vive de desconfiança, de desânimo e depressão, numa cultura em que os
homens e mulheres se deixam levar por fragilidades e fraquezas, por
individualismos e interesses pessoais, é-nos pedido que introduzamos a
confiança na possibilidade de uma felicidade verdadeira, de uma esperança
possível, que não se apoie unicamente nos talentos, nas qualidades, no saber,
mas em Deus. Todos
podem encontrá-lo; basta procurá-lo de coração sincero.
Os homens
e mulheres do nosso tempo esperam palavras de consolação, proximidade, perdão,
alegria verdadeira. Somos chamados a levar a todos o abraço de Deus, que se
inclina sobre nós com ternura de mãe: consagrados, sinal de humanidade plena,
facilitadores e não controladores da graça [50],
marcados pelo sinal da consolação.
9.
Testemunhas de comunhão para além das nossas maneiras de ver e dos nossos
limites, somos, portanto, chamados a levar o sorriso de Deus; e a fraternidade
é o primeiro e mais credível Evangelho que podemos contar. Pede-se-nos para
humanizar as nossas comunidades: « Cuidai da amizade entre vós, da vida de
família, do amor entre vós. E que o mosteiro não seja um purgatório, mas uma
família. Os problemas existem e existirão, mas como se faz numa família, com
amor, procurai uma solução com caridade; não destruais esta em nome daquela;
que não haja competição. Cuidai da vida de comunidade, pois quando a vida de
comunidade é vida de família, o Espírito Santo encontra-se no seio da
comunidade. Sempre com um coração grande. Deixai passar, não vos vanglorieis,
suportai tudo, sorri com o coração. E o sinal disto é a alegria » [51].
A alegria
consolida-se na experiência da fraternidade, qual lugar teológico, onde cada um
é responsável da fidelidade ao Evangelho e do crescimento de cada um. Quando
uma fraternidade se alimenta do mesmo Corpo e Sangue de Jesus, reúne-se à volta
do Filho de Deus para partilhar o caminho de fé guiado pela Palavra, torna-se
uma só coisa com Ele; é uma fraternidade em comunhão, que sente o amor gratuito
e vive em festa, livre, alegre, cheia de coragem.
«Uma
fraternidade sem alegria é uma fraternidade que se apaga. […] Uma fraternidade
rica de alegria é um verdadeiro dom do Alto para os irmãos que sabem pedi-lo e
que sabem aceitar-se uns aos outros, empenhando-se na vida fraterna com
confiança na ação do Espírito » [52].
No tempo
em que a fragmentação leva a um individualismo estéril e de massa, e a fraqueza
das relações desagrega e asfixia a atenção pelo humano, somos convidados a
humanizar as relações de fraternidade para favorecer a comunhão dos espíritos e
dos corações ao estilo do Evangelho, porque « existe uma comunhão de vida entre
todos aqueles que pertencem a Cristo. Uma comunhão que nasce da fé » e que faz
da « Igreja, na sua verdade mais profunda, comunhão com Deus, familiaridade com
Deus, comunhão de amor com Cristo e com o Pai no Espírito Santo, que se
prolonga numa comunhão Fraterna » [53].
Para o
papa Francisco, o selo da fraternidade é a ternura, uma « ternura eucarística
», porque « a ternura faz-nos bem ». A fraternidade tem « uma enorme força de
convocação. […] A fraternidade religiosa, mesmo com todas as diferenças
possíveis, é uma experiência de amor que ultrapassa os conflitos » [54].
10. Somos
chamados a realizar um êxodo de nós mesmos, num caminho de adoração e de
serviço [55].
« Sair pela porta para procurar e encontrar! Ter a coragem de ir contra a
corrente dessa cultura eficientista, dessa cultura da rejeição. O encontro e o
acolhimento de todos, a solidariedade e a fraternidade, são os elementos que
tornam a nossa civilização verdadeiramente humana. Temos de ser servidores
da comunhão e da cultura do encontro! Quero-vos quase obsessivos neste
aspecto. E fazê-lo sem ser presunçosos » [56].
«O
fantasma que se deve combater é a imagem da vida religiosa entendida como
refúgio e conforto face a um mundo exterior difícil e complexo » [57].
O Papa exorta-nos a « sair do ninho » [58],
para habitarmos na vida dos homens e mulheres do nosso tempo, e a nos
entregarmos a Deus e ao próximo.
«A alegria
nasce da gratuidade de um encontro! […] E a alegria do encontro com Ele e do
seu chamamento faz com que não nos fechemos, mas que nos abramos; leva ao
serviço na Igreja. São Tomás dizia: “Bonum est diffusivum sui” (o bem
difunde-se). E a alegria também se difunde. Não tenhais medo de mostrar a
alegria de haverdes respondido ao chamamento do Senhor, à sua escolha de amor,
e de testemunhar o seu Evangelho no serviço à Igreja. E a alegria, a verdadeira
alegria, é contagiosa; contagia... faz-nos ir em frente » [59].
Perante o
testemunho contagioso de alegria, de serenidade, de fecundidade, o testemunho
da ternura e do amor, da caridade humilde, sem prepotência, muitos sentem a
necessidade de vir ver [60].
Várias
vezes o papa Francisco indicou o caminho da atração, do contágio, como
caminho para fazer crescer a Igreja, caminho da nova evangelização. «A Igreja
deve atrair. Despertai o mundo! Sede testemunhas de um modo diferente de fazer,
de agir, de viver! É possível viver diversamente neste mundo. […] Eu espero de
vós um tal testemunho » [61].
Confiando-nos
a missão de despertar o mundo, o Papa impele-nos a encontrar as
histórias dos homens e mulheres de hoje à luz de duas categorias pastorais, que
têm as suas raízes na novidade do Evangelho: a proximidade e o encontro,
duas modalidades, através das quais o próprio Deus se revelou na história a
ponto de encarnar.
Na estrada
de Emaús, como Jesus com os discípulos, acolhamos na companhia quotidiana as
alegrias e dores das pessoas, dando « calor ao coração » [62],
esperando com ternura os cansados, os fracos, para que o caminho feito em comum
tenha em Cristo luz e significado.
O nosso
caminho « amadurece até à paternidade pastoral, até à maternidade pastoral e,
quando um sacerdote não é pai da sua comunidade, quando uma religiosa não é mãe
de todos aqueles com os quais trabalha, torna-se triste. Eis o problema. Por
isso vos digo: a raiz da tristeza na vida pastoral consiste precisamente na
falta de paternidade e maternidade, que vem do viver mal esta consagração;
esta, pelo contrário, deve-nos conduzir à fecundidade » [63].
11. Ícones
vivos da maternidade e da proximidade da Igreja, vamos ao encontro dos que
esperam a Palavra da consolação, inclinando-nos com amor materno e espírito
paterno sobre os pobres e os fracos.
O Papa
convida-nos a não privatizar o amor, mas, com a inquietação de quem
procura, « procurar sempre, sem tréguas, o bem do outro, da pessoa amada » [64].
A crise de
sentido do homem moderno e a crise económica e moral da sociedade ocidental e
das suas instituições não são um acontecimento passageiro dos tempos em que
vivemos, mas desenham um momento histórico de excepcional importância. Somos
chamados então, como Igreja, a sair para ir às periferias geográficas, urbanas
e existenciais – as do mistério do pecado, da dor, das injustiças, da miséria
–, aos lugares recônditos da alma, onde cada pessoa experimenta a alegria e o
sofrimento do viver [65].
« Vivemos
numa cultura do desencontro, uma cultura da fragmentação, uma cultura na qual o
que não me serve é jogado fora […]. Hoje, encontrar um sem-abrigo morto de frio
não é notícia ». «A pobreza é uma categoria teologal porque o Filho de Deus
humilhou-se, para caminhar pelas estradas. […] Uma Igreja pobre para os pobres
começa por dirigir-se à carne de Cristo. Se nos fixarmos na carne de Cristo, começamos
a compreender qualquer coisa, a compreender o que é esta pobreza, a pobreza do
Senhor » [66].
Viver a bem-aventurança dos pobres significa ser sinal de que a angústia da
solidão e do limite é vencida pela alegria de quem é verdadeiramente livre em
Cristo e aprendeu a amar.
Durante a
sua visita pastoral a Assis, o papa Francisco perguntava de que devia
despojar-se a Igreja. E respondia: «De qualquer ação que não é para Deus, que
não é de Deus; do medo de abrir as portas para ir ao encontro de todos,
sobretudo dos mais pobres, dos necessitados, dos distantes, sem esperar;
certamente, não para se perder no naufrágio do mundo, mas para levar com
coragem a luz de Cristo, a luz do Evangelho, também à escuridão, aonde não se
vê, aonde pode acontecer que se tropece; despojar-se da tranquilidade aparente
que as estruturas oferecem, estruturas certamente necessárias e importantes,
mas que nunca devem obscurecer a única verdadeira força que a Igreja tem em si:
Deus. Ele é a nossa força! » [67].
Eis um
convite a « não ter medo da novidade que o Espírito Santo faz em nós, não ter
medo da renovação das estruturas. A Igreja é livre. Condu-la o Espírito Santo.
É o que Jesus nos ensina no Evangelho: a liberdade necessária para encontrar
sempre a novidade do Evangelho na nossa vida e também nas estruturas. A
liberdade de escolher odres novos para esta novidade » [68].
Somos convidados a ser homens e mulheres audazes, de fronteira: «A nossa fé não
é uma fé-laboratório, mas uma fé-caminho, uma fé histórica. Deus revelou-se
como história, não como um compêndio de verdades abstratas. […] Não é preciso
levar a fronteira para casa, mas viver na fronteira e ser audazes » [69].
Juntamente
com o desafio da bem-aventurança dos pobres, o Papa convida a visitar as
fronteiras do pensamento e da cultura, a favorecer o diálogo, inclusive a nível
intelectual, para darmos razão da esperança, na base de critérios éticos e
espirituais, interrogando-nos sobre o que é bom. A fé nunca limita o espaço da
razão, mas abre-o a uma visão integral do homem e da realidade, e defende do
perigo de reduzir o homem a « material humano » [70].
A cultura,
chamada a servir constantemente a humanidade em todas as condições, se for
autêntica, rasga caminhos inexplorados, passagens que fazem respirar esperança,
consolidam o sentido da vida, conservam o bem comum. Um autêntico processo
cultural « faz crescer a humanização integral e a cultura do encontro e do
relacionamento; este é o modo cristão de promover o bem comum, a alegria de
viver. E aqui convergem fé e razão, a dimensão religiosa com os diferentes
aspectos da cultura humana: arte, ciência, trabalho, literatura » [71].
Uma autêntica busca cultural encontra a história e abre caminhos para procurar
o rosto de Deus.
Os lugares
onde se elabora e comunica o saber são também os lugares onde se cria uma
cultura da proximidade, do encontro e do diálogo, abaixando as defesas, abrindo
as portas, construindo pontes [72].
12. O
mundo, como rede global em que todos estamos integrados, onde nenhuma tradição
local pode ambicionar ter o monopólio da verdade, onde as tecnologias têm
efeitos que atingem a todos, lança um desafio constante ao Evangelho e a quem
vive a vida à maneira do Evangelho.
O papa
Francisco está a realizar, neste momento histórico, através de opções e
modalidades de vida, uma hermenêutica viva do diálogo Deus-mundo. Introduz-nos
num estilo de sabedoria, que, radicada no Evangelho e na escatologia do humano,
lê o pluralismo, procura o equilíbrio, convida a habilitar a capacidade de ser
responsáveis da mudança, para que a verdade do Evangelho seja comunicada cada vez
melhor, enquanto nos movemos « por entre as limitações da linguagem e das
circunstâncias » [73]
e, conscientes destes limites, cada um de nós se torna « fraco com os fracos...
tudo para todos » (1Cor 9, 22).
Somos
convidados a cultivar uma dinâmica generativa, não simplesmente administrativa,
para acolher os acontecimentos espirituais, presentes nas nossas comunidades e
no mundo; movimentos e graça, que o Espírito realiza em cada pessoa, vista como
pessoa. Somos convidados a empenhar-nos na desestruturação de modelos sem vida
para narrar o humano marcado por Cristo e nunca revelado de forma absoluta nas
linguagens e nos modos.
O papa
Francisco convida-nos a uma sabedoria que seja sinal de uma consistência
dúctil, capacidade dos consagrados de se moverem segundo o Evangelho, de
atuarem e fazerem escolhas segundo o Evangelho, sem se perderem nas diversas
esferas de vida, linguagens, relações e mantendo o sentido da responsabilidade,
dos laços que nos ligam, da restrição dos nossos limites, da infinidade das
formas como a vida se exprime. Um coração missionário é um coração que conheceu
a alegria da salvação de Cristo e partilha-a como consolação no sinal do limite
humano: « Sabe que ele mesmo deve crescer na compreensão do Evangelho e no
discernimento das sendas do Espírito, e assim não renuncia ao bem possível,
ainda que corra o risco de se sujar com a lama da estrada » [74].
Acolhamos
as solicitações que o Papa nos propõe para olhar para nós próprios e para o
mundo com os olhos de Cristo, e assim ficar inquietos.
• Queria
dizer-vos uma palavra, e a palavra é alegria. Onde estão os consagrados,
os seminaristas, as religiosas e os religiosos, os jovens, há sempre alegria,
há sempre júbilo! É a alegria do vigor, é a alegria de seguir Jesus; a alegria
que nos dá o Espírito Santo, não a alegria do mundo. Há alegria! Mas, onde
nasce a alegria? [75].
• Olha no
fundo do teu coração, olha no íntimo de ti mesmo, e interroga-te: tens um
coração que aspira a algo de grande ou um coração entorpecido pelas coisas? O
teu coração conservou a inquietação da procura ou permitiste que ele fosse
sufocado pelos bens, que terminam por atrofiá-lo? Deus espera por ti,
procura-te: o que lhe respondes? Apercebeste desta situação da tua alma? Ou
dormes? Acreditas que Deus te espera ou, para ti, esta verdade não passa de «
palavras »? [76].
• Somos
vítimas desta cultura do provisório. Gostaria que pensásseis nisto: como posso
ser livre, como posso libertar-me desta cultura do provisório? [77].
• Esta é
uma responsabilidade, em primeiro lugar dos adultos, dos formadores: dar um
exemplo de coerência aos mais jovens. Queremos jovens coerentes? Sejamos nós
coerentes! Caso contrário, o Senhor nos dirá o que dizia dos fariseus ao povo
de Deus: « Fazei o que dizem, mas não o que fazem! » Coerência e autenticidade!
[78].
• Podemos
perguntar-nos: eu vivo inquieto por Deus, por anunciá-lo, por dá-lo a conhecer?
Ou então deixo-me fascinar por aquela mundanidade espiritual que leva a fazer
tudo por amor-próprio? Nós, consagrados, pensamos nos interesses pessoais, no
funcionalismo das obras, no carreirismo. Mas podemos pensar em tantas coisas...
Por assim dizer, « acomodei-me » na minha vida cristã, na minha vida
sacerdotal, na minha vida religiosa, e até na minha vida de comunidade, ou
conservo a força da inquietação por Deus, pela sua Palavra, que me leva a «
sair » e ir rumo aos outros? [79].
• Como
vivemos a inquietação do amor? Cremos no amor a Deus e ao próximo, ou somos
nominalistas a este propósito? Não de modo abstrato, não somente pelas
palavras, mas o irmão concreto que encontramos, o irmão que está ao nosso lado!
Deixamo-nos inquietar pelas suas necessidades, ou permanecemos fechados em nós
mesmos, nas nossas comunidades, que com frequência são para nós «
comunidades-comodidades »? [80].
• Este é
um bom caminho para a santidade! Não falar mal dos outros. « Mas, padre, há
problemas... »: di-lo ao superior, di-lo à superiora, ao bispo, que pode
remediar. Não o digas a quem nada pode fazer. Isto é importante: fraternidade!
Mas diz-me, tu falarás mal da tua mãe, do teu pai, dos teus irmãos? Nunca. E
porque o fazes na vida consagrada, no seminário, na vida presbiteral? Só isto:
pensai, pensai... Fraternidade! Este amor fraterno! [81].
• Aos pés
da cruz, Maria é a mulher da dor e, ao mesmo tempo, da vigilante espera de um
mistério, maior que a dor, que está para se cumprir. Tudo parece realmente
acabado; toda a esperança poderíamos dizer que se apagou. Também ela, naquele
momento, poderia ter exclamado, recordando as promessas da anunciação: não se
cumpriram, fui enganada. Mas não o disse. Contudo ela, bem-aventurada porque
acreditou, desta sua fé vê brotar um futuro novo e aguarda com esperança o
amanhã de Deus. Às vezes, penso: nós sabemos esperar o amanhã de Deus? Ou
queremos o hoje? O amanhã de Deus é para ela o amanhecer da Páscoa, daquele
primeiro dia da semana. Far-nos-á bem pensar, em contemplação, no abraço do
Filho com a Mãe. A única lâmpada acesa no sepulcro de Jesus é a esperança da
Mãe, que naquele momento é a esperança de toda a Humanidade. Pergunto a mim e a
vós: nos mosteiros, esta lâmpada ainda está acesa? Nos mosteiros, espera-se o
amanhã de Deus? [82].
• A
inquietação do amor impele-nos sempre a ir ao encontro do outro, sem esperar
que seja o outro a manifestar a sua necessidade. A inquietação do amor
oferece-nos a dádiva da fecundidade pastoral, e nós devemos perguntar-nos, cada
um de nós: como está a minha fecundidade espiritual, a minha fecundidade
pastoral? [83].
• Uma fé
autêntica exige sempre um desejo profundo de mudar o mundo. Eis a pergunta que
nos devemos fazer: temos também nós grandes visões e estímulos? Somos também
nós audazes? O nosso sonho voa alto? O zelo devora-nos (cf. Sl 69, 10),
ou somos medíocres e satisfazemo-nos com as nossas programações apostólicas de
laboratório? [84].
13. « Alegra-te,
cheia de graça» (Lc 1, 28). «A saudação do Anjo a Maria constitui um
convite à alegria, a um júbilo profundo; anuncia o fim da tristeza […].
Trata-se de uma saudação que marca o início do Evangelho, da Boa-Nova » [85].
Junto a
Maria, a alegria expande-se: o Filho que traz no seio é o Deus da alegria, do
júbilo que contagia, que envolve. Maria abre de par em par as portas do coração
e corre para Isabel.
« Feliz de
realizar o seu desejo, delicada no seu dever, solícita na sua alegria,
apressou-se a dirigir-se para a montanha. Onde, se não para os cimos, devia
solicitamente tender aquela que já estava cheia de Deus? » [86].
Dirige-se
« apressadamente » (Lc 1, 39) para levar ao mundo o feliz anúncio, a
todos a alegria irreprimível que acolhe no seio: Jesus, o Senhor.
Apressadamente: não é apenas a velocidade com que Maria se move.
Exprime-nos a sua diligência, a atenção solícita com que enfrenta a viagem, o
seu entusiasmo.
« Eis a
serva do Senhor » (Lc 1, 38). A serva do Senhor corre apressadamente,
para se tornar criada dos seres humanos.
Em Maria,
é a Igreja toda que caminha junta: na caridade de quem se move ao encontro
daquele que é mais frágil; na esperança de quem sabe que será acompanhado neste
seu andar, e na fé de quem tem um dom especial a partilhar.
Em Maria,
cada um de nós, levado pelo vento do Espírito, vive a própria vocação a ir!
Estrela da nova evangelização,
ajudai-nos a refulgir
com o testemunho da comunhão,
do serviço, da fé ardente e generosa,
da justiça e do amor aos pobres,
para que a alegria do Evangelho
chegue até aos confins da Terra
e nenhuma periferia fique privada da sua luz.
Mãe do Evangelho vivo,
manancial de alegria para os pequeninos,
rogai por nós.
Ámen. Aleluia! [87]
Roma, 2 de fevereiro de 2014
Festa da Apresentação do Senhor
João Braz Card. de Aviz
Prefeito
José Rodríguez Carballo, O.F.M.
Arcebispo
Secretário
[1] Francisco, Exortação Apostólica Evangelii gaudium (24 de novembro de
2013), Cidade do Vaticano, Libreria Editrice Vaticana [LEV], 2013, n. 1.
[2] Com todo o coração (NdE).
[3] Antonio Spadaro, «Sede profetas
verdadeiros e não brinqueis a sê-lo: Diálogo do Papa com os
Superiores-Gerais dos Institutos de vida religiosa, 29 de novembro de 2013 »,
in L’Osservatore Romano, ed. portuguesa, n. 2, domingo, 9 de janeiro de
2014, p. 8.
[5] Id., « Anunciai o Evangelho, se
necessário também com palavras » – usando a expressão de São Francisco, o Papa confiou a sua mensagem aos jovens reunidos em
Santa Maria dos Anjos (Assis, 4 de outubro de 2013) –, in L’Osservatore
Romano, ed. portuguesa, n. 41, domingo, 13 de outubro de 2013, p. 9.
[6] Sem glosa, sem comentário (NdE).
[7] João Paulo II, Exortação Apostólica
pós-sinodal Vida consagrada (25 de março de 1996),
n. 27; AAS 88 (1996), pp. 377-486.
[8] Entre outras citações, cf. Santa
Teresa do Menino Jesus, Obras completas, Cidade do Vaticano, LEV/Ed.
OCD, 1997: Manuscrito A, 76v; B, 1r; C, 3r; Carta 196.
[12] Id., « Autênticos e coerentes », loc.
cit., p. 5.
[15] Id., « Autênticos e coerentes », loc.
cit., p. 4.
[20] Id., Carta Encíclica Lumen fidei (29 de junho de 2013), n.
8; AAS 105 (2013), pp. 555-596.
[22] Id., « Memória de Deus » – na missa, na Praça de São Pedro,
no dia que lhes é dedicado, o Papa falou da missão do catequista
(Roma, 29 de setembro de 2013) –, in L’Osservatore Romano, ed.
portuguesa, n. 40, domingo, 6 de outubro de 2013, p. 5.
[23] Id., «Um caminho de adoração e
serviço », loc. cit., p. 2.
[24] O caminho do amor (NdE).
[25] Francisco, « Não super-homens, mas amigos de Deus » – no Angelus,
no dia de Todos os Santos (Roma, 1 de novembro de 2013) –, in L’Osservatore
Romano, ed. portuguesa, n. 45, domingo, 7 de novembro de 2013, p. 8.
[26] João Paulo II, Exortação Apostólica
pós-sinodal Vida consagrada (25 de março de 1996),
n. 22; AAS 88 (1996), pp. 377-486.
[27] Francisco, « Nas encruzilhadas das estradas » – aos bispos,
sacerdotes, religiosos, religiosas e seminaristas, durante as JMJ, o Papa
confiou a missão de formar os jovens na fé (Rio de Janeiro, 27 de
julho de 2013) –, in L’Osservatore Romano, ed. portuguesa, n. 31,
domingo, 4 de agosto de 2013, p. 12.
[29] Ambrósio, De Isaac et anima,
75; PL 14, cols. 556-557.
[32] Id., «A vocação do ser catequista
», loc. cit., p. 4.
[33] Id., « Caminhos criativos radicados
na Igreja », loc. cit., p. 28.
[35] Id., «Com a inquietação no coração
», loc. cit., p. 6.
[39] Id., «A evangelização faz-se de
joelhos », loc. cit., p. 7.
[40] Id., «A vocação de ser catequista
», loc. cit., p. 4.
[42] Id., «A evangelização faz-se de
joelhos », loc. cit., p. 7.
[45] Id., «A atração que faz crescer a Igreja » – encontro com
os sacerdotes, os religiosos, as religiosas e os leigos, na catedral de São
Rufino (Assis, 4 de outubro de 2013) –, in L’Osservatore Romano,
ed. portuguesa, n. 41, domingo, 13 de outubro de 2013, p. 6.
[46] Id., « Autênticos e coeremes », loc.
cit., p. 5.
[47] Bento XVI, Carta Encíclica Deus caritas est (25 de dezembro de
2005), n. 17; AAS 98 (2006), pp. 217-252.
[48] Francisco, «A evangelização faz-se
de joelhos », loc. cit., p. 7.
[49] ]Cf. Id., « Autênticos e coerentes
», loc. cit., p. 4.
[54] Antonio Spadaro, Sede profetas
verdadeiros e não brinqueis a sê-lo, op. cit., pp. 10 e 11.
[55] Cf. Francisco, «Um caminho de
adoração e serviço », loc. cit., p. 2.
[56] Id., « Nas encruzilhadas das
estradas », loc. cit., pp. 11 e 12.
[57] Antonio Spadaro, Sede profetas
verdadeiros e não brinqueis a sê-lo, op. cit., p. 10.
[59] Francisco, « Autênticos e coerentes
», loc. cit., p. 4.
[61] Antonio Spadaro, Sede profelas
verdadeiros e não brinqueis a sê-lo, op. cit., p. 8.
[63] Id., « Autênticos e coerentes », loc.
cit., p. 5.
[64] Id., «Com a inquietação no coração
», loc. cit., p. 6.
[65] Cf. Id., «Uma Igreja que vai ao encontro de todos » – vigília
de oração presidida pelo papa Francisco por ocasião do dia dos movimentos, das
novas comunidades, das associações e das agregações laicais no Ano da Fé (Roma,
18 de maio de 2013) –, in L’Osservatore Romano, ed.
portuguesa, n. 21, domingo, 26 de maio de 2013, p. 10.
[68] Id., « Renovação sem temores » –
meditação matinal na capela da Casa de Santa Marta (6 de julho de 2013) –, in L’Osservatore
Romano, ed. típica, domingo, 7 de julho de 2013, CLIII (154), p. 7. A
edição portuguesa não reproduz o texto.
[72] Cf. Id., « Homens de fronteira » –
discurso do Papa aos membros equipe da revista La Civiltà Cattolica
(Roma, 14 de junho de 2013) –, in L’Osservatore Romano, ed.
portuguesa, n. 25, domingo, 23 de junho de 2013, p. 13.
[75] Id., « Autênticos e coerentes », loc.
cit., p. 4.
[76] Id., «Com a inquietação no coração
», loc. cit., p. 6.
[77] Id., « Autênticos e coerentes », loc.
cit., p. 4.
[79] Id., «Com a inquietaçao no coraçao
», loc. cit., p. 6.
[81] Id., « Autênticos e coerentes », loc.
cit., p. 5.
[83] Id., «Com a inquietação no coração
», loc. cit., p. 7.
[86] Ambrósio, Expositio Evangelii
secundum Lucam, II, 19; CCL 14, p. 39.