É de se lamentar o descaso que um grande número, na
assembleia, faz com os momentos cruciais do sagrado mistério. Atualizar o
mistério salvífico de Jesus na Sagrada Eucaristia é celebrar e viver com
intensidade cada momento proposto pela Sagrada Liturgia. Portanto, a plena
vivência se dá através do silêncio por ela proposto. Silêncio dos movimentos e
da alma que precisam estar inteiramente voltados para o Mistério a ser
“atualizado” no Santo Altar – É Jesus que se entrega ao Pai, é o mistério da
Transubstanciação sendo operado pelo Divino Espírito do Pai e do Filho que, em
poucos instantes se tornam o próprio Jesus como alimento de vida e de renovação
espiritual e real para nós.
Assim,
não podemos permanecer apenas de corpo presente na celebração da Santa Missa. A
consciência da celebração vai além de uma simples presença. Estar mortos para a
Vida que se faz presente ocorre para muitos, e com certa frequência. Perdem-se
em sua busca. Afinal, ir à Santa Missa significa, ou “precisa” significar que
temos o desejo de nos encontrar com Deus, e com Ele vivermos uma experiência de
Amor. Amor que cura, liberta e renova. Então, exige de todos nós uma preparação
para vivê-la com intensidade. E o silêncio é o meio de ajuda e que nos
possibilitará esse encontro.
O Papa
emérito Bento XVI em sua
Exortação Apostólica “Sacramentum
Caritatis” – Sacramento do Amor, ao nos apresentar a Eucaristia como ápice da
vida e da missão da Igreja, substancia o mistério da Eucaristia a ser vivido
com “autêntica participação”. Aconselha-nos ele fazendo memória do Concílio
Vaticano II: “(...) a participação ativa desejada pelo concílio deve ser
entendida, em termos mais substanciais (...) exorta a não assistirem à liturgia
eucarística ‘como estranhos ou expectadores mudos’, mas a participarem ‘na ação
sagrada, consciente, ativa e piedosamente’. (Exortação Apostólica Pós-Sinodal
nº 190, §52).
Percebemos
que quando o Papa Bento XVI fala-nos de participação ativa, deseja despertar em
nós algo maior do que estamos vivendo. E ainda, quando nos chama à participação
‘consciente, ativa e piedosa’, quer nos elevar a uma condição de participação
mais profunda. Sendo assim, o nosso objetivo desta reflexão encontra o seu
ponto alto: a piedade eucaristia. Vale lembrar que a piedade é uma virtude ou dom do Espírito Santo,
pelo qual reconhecemos o Senhor, adoramos a Deus e o veneramos como nosso Pai. Fica-nos portanto uma
exortação e um exame a ser refletido por todos nós, a fim de aumentar,
aperfeiçoar, ou mesmo, renovar o zelo
eucarístico litúrgico na participação da Santa Missa, e que o silêncio
litúrgico é o facilitador para essa vivência.
Que
Deus o Pai, com o seu filho Jesus Cristo, sob a ação do Espírito Santo nos
permita renovar os nossos propósitos! E que a Virgem Maria, a Senhor do
Silêncio, nos ajude a penetrar no silêncio para melhor adorarmos ao Senhor na
Eucaristia!
Estela Márcia
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