quinta-feira, 31 de outubro de 2013

A fé eucarística da Igreja


 
            Vivemos num tempo em que somos chamados a crescer na fé para podermos combater um secularismo desenfreado que teima em retirar do homem a presença de Deus. O Ano da Fé, que se encerra neste mês de novembro de 2013, foi um chamado do então Papa Bento XVI, a todos os cristãos católicos para meditarem e crescerem na sua fé. Baseando-nos na proposta que temos frente à liturgia da missa nesta coluna, gostaria de refletir a respeito de uma Exortação Apostólica do próprio Bento XVI, que trata da Eucaristia como “Sacramento do Amor”. (SACRAMENTUM CARITATIS, I Parte, §6.Fev.2007)
             Em sua inspiração pós-sinodal de fevereiro de 2007, o Papa nos chama a refletir sobre o mistério da fé eucarística que precisa ser acreditada, celebrada e vivida pela Igreja. Na consistência de seu documento, ele nos convida a centralidade da fé da Igreja que encontra o seu ápice – ponto mais alto, na fé eucarística. E nos diz: “A fé da Igreja é essencialmente fé eucarística e alimenta-se, de modo particular, à mesa da Eucaristia”. Portanto, torna-se impossível a nós cristãos, católicos, desejarmos algo maior do que a participação na Eucaristia para crescermos no encontro com o Ressuscitado. E a consequência imediata deste encontro se dá na vida pessoal, familiar e comunitária, particularizada por uma força ainda maior na vida de fé, bem como, para enfrentar os inúmeros desafios que batem a nossa porta. Como dizíamos no início, os apelos seculares tendem a esfriar a essência do homem. Este por sua vez, corre o risco de perder-se na busca de soluções que vem de encontro com os seus próprios limites. É aí, neste momento que o cristão necessita estar em contínua renovação de sua fé. “A fé exprime-se no rito e este revigora e fortifica a fé». Afinal, a fé que se renova, fortifica-se e renova o homem por inteiro, pois o faz transcender da razão, e o reconduz as suas origens, explicadas unicamente em Deus.
              Afirmamos com a Igreja que este retorno acontece e se torna possível, se esta estiver sendo renovada e atualizada continuamente diante da participação eucarística. Confirma Bento XVI: “Por isso, o sacramento do altar está sempre no centro da vida eclesial; ‘graças à Eucaristia, a Igreja renasce sempre de novo!’ Quanto mais viva for a fé eucarística no povo de Deus, tanto mais profunda será a sua participação na vida eclesial por meio duma adesão convicta à missão que Cristo confiou aos seus discípulos”. Assim, peçamos a Deus que estejamos atentos ao “Mistério da fé!” proclamado em cada celebração eucarística, e assim podermos dar testemunho de força e vitalidade, de esperança e amor a Deus e aos irmãos. E que, com a Virgem Maria, modelo de fé e amor, possamos aprender a viver mais e melhor o Mistério de Jesus Cristo que se doa por nós no altar a cada Santa Missa.
              Que Deus e N.Sra. nos abençoe!
Estela Márcia

 

 

domingo, 27 de outubro de 2013

Bento XVI fez Teologia "de joelhos", seus livros despertam a fé (Papa Francisco)


Os livros sobre Jesus escritos por Bento XVI permitiram descobrir ou reforçar a fé em muitas pessoas e abriu uma nova estação de estudos sobre o Evangelho. Foi a consideração central expressa este sábado pelo Papa Francisco, que condecorou dois teólogos – um inglês e um alemão – com o "Prêmio Ratzinger". Promovido pela Fundação Vaticana "Joseph Ratzinger-Bento XVI", o Prêmio este ano chega à sua terceira edição. Não há dúvida que fizeram bem a muitos, quer estudiosos ou pessoas simples, próximos ou distantes de Cristo. Esse é o resultado dos três livros sobre Jesus de Nazaré, escritos por Bento XVI entre 2007 e 2012, e em geral o bem feito por sua sabedoria teológica, antes fruto de oração que de empenho intelectual.
            Francisco reconheceu isso e o celebrou publicamente no dia e no contexto mais apropriados, junto a dois teólogos – o inglês Richard Burridge e o alemão Christian Schaller – que receberam das mãos do Pontífice o Prêmio dedicado ao Papa emérito.

           A entrega do chamado "Nobel da Teologia – como desde a sua instituição, em 2010, é considerado o Prêmio Ratzinger –, ofereceu ao Santo Padre a ocasião para uma reflexão pessoal sobre o valor da trilogia escrita por Bento XVI-Joseph Ratzinger.
           Recordando a admiração de alguns diante de textos que não eram exatamente do magistério ordinário, o Papa Francisco observou:
           "Certamente o Papa Bento se interrogou sobre a questão, mas também nesse caso, como sempre, ele seguiu a voz do Senhor em sua consciência iluminada. Com esses livros ele não fez um magistério em sentido próprio, e não fez um estudo acadêmico. Ofereceu à Igreja e a todos os homens o que tinha de mais precioso: seu conhecimento acerca de Jesus, fruto de anos e anos de estudo, de aprofundamento teológico e de oração – porque Bento XVI fazia teologia de joelhos, e todos sabemos disso –, e colocou esse conhecimento à disposição na forma mais acessível."
           "Todos nós temos uma certa percepção, por ter ouvido muitas pessoas que graças aos livros sobre Jesus de Nazaré alimentaram a sua fé, a aprofundaram, ou até mesmo pela primeira vez se aproximaram de Jesus de modo adulto, conjugando as exigências da razão com as da busca do rosto de Deus. Francisco parabenizou os vencedores do Prêmio Ratzinger 2013, e o fez também em nome de Bento XVI – com o qual disse ter-se encontrado "quatro dias atrás" –, despedindo-se deles com as seguintes palavras: "O Senhor abençoe sempre vocês e seu trabalho a serviço de Seu Reino".

“É a humildade de tua vida que o faz abaixar a Ti” (Santa Teresinha)


Iniciamos com o pensamento de tão humilde santinha para compreendermos o que Deus quer nos falar: “É a humildade de tua vida que o faz abaixar a Ti”. Na reflexão desta manhã, penso ser pertinente meditarmos na humildade cristã a ser trabalhada em nós por Deus, e ainda, pela busca desta virtude que passa também pela consciência humana e por um exercício contínuo de oração. Oração que precisa ser humilde e sincera, jamais vaidosa e mentirosa. A Liturgia da Missa é sempre a facilitadora desta busca que precisa começar no desejo do fiel de crescer no caminho das variadas virtudes.
           Amplio um pouco mais a ideia para nos questionarmos, o que dizer de nossas práticas diárias de oração? Como nos colocamos diante de Deus em oração, reconhecendo sinceramente o que somos e o que temos feito? As nossas práticas têm sido fruto de nossa oração ou de nossa autossuficiência? Como estamos colocando em prática os ensinamentos evangélicos que superabundam nas Sagradas Escrituras, bem como na doutrina fiel e maternal da Igreja?
          Vemos no Evangelho de São Lucas no capítulo 18 deste 30º Domingo, a conhecida parábola do fariseu e o cobrador de impostos, que segundo as Escrituras, colocaram-se diante de Deus no templo para a oração. O primeiro, tomado de extrema soberba, ora como quem já está plenamente perfeito e salvo. O segundo, na sua fragilidade e reconhecimento dos seus pecados, ora como quem necessita da Graça Divina para ser salvo, sabendo que diante de suas fraquezas humanas e diante do pecado jamais seria salvo, mas ao contrário, contando com a força de Deus clama por piedade.
           Rejeitamos de imediato o fariseu, e acolhemos o publicano. Mas usando em nossas vidas os exemplos desta parábola, percebemos que conosco também poderá está acontecendo algo semelhante. E o Senhor quer nos alertar, como fez com seus discípulos que não podemos nos valer daquilo que fazemos para Deus e/ou para os nossos irmãos, ou ainda para a Igreja, esquecendo-nos que as práticas precisam ser, antes de tudo, o reflexo de uma vida interior comprometida com a verdade. Porém, isso só se alcançará diante da entrega do coração, que acontece num contínuo trabalho de oração, que terá como fruto a humildade. Humildade que nasce de um interior compungido, examinado e penitenciado pela profunda oração.
           Oração e humildade. Humildade e oração. Uma é consequência da outra. Elas nos remetem ainda, a uma máxima de Jesus aos seus discípulos no sermão da montanha em Lucas 6,45b, onde ensinava a serem bem-aventurados e felizes pelas boas práticas, mas que partiria do interior de cada um, ou seja, a felicidade teria seu início no coração. E dizia: “... a boca fala daquilo que o coração está cheio.” Isso nos vale, e muito, se queremos ser agradáveis a Deus precisamos rezar como quem confia no seu Poder e Misericórdia, mas de forma humilde como quem espera unicamente em Deus. Jamais devemos confiar nas próprias convicções apenas. Assim fazendo desfrutaremos do seu perdão, de seu amor e da verdadeira felicidade por ele proposta, precisamos continuamente nos recolher e nos examinar através de uma vida de oração comprometida.
           Refém desta realidade, recorremos a Santa Teresinha quando diz: “Foi a humildade de Maria que atraiu o divino Rei. É a humildade de tua vida que o faz abaixar a Ti.” Que Deus e Nossa Senhora nos ensinem a ser humilde para reconhecer verdadeiramente quem somos e o que precisamos.
           Bom domingo e abençoada semana!
Estela Márcia

segunda-feira, 7 de outubro de 2013

Memória de N.S. do Rosário, mistério de amor e fé



Esta comemoração foi instituída pelo Papa São Pio V no aniversário da vitória obtida pelos cristãos na batalha naval de Lepanto e atribuída ao auxílio da Santa Mãe de Deus, invocada com a oração do Rosário(1571). A celebração deste dia é um convite a todos os fiéis para que meditemos mistérios de Cristo, em companhia da Virgem Maria, que foi associada de modo muito especial à Encarnação,à Paixão e à Ressurreição do Filho de Deus.
            O Ofício das Leituras traz neste dia as riquezas de São Bernardo que nos diz sobre a Senhora do Rosário: “É preciso meditar sobre os mistérios da salvação”.
            Sim através do Rosário experimentamos as riquezas da salvação, pois meditamos a encarnação, nascimento, vida, morte, ressurreição e glorificação de nosso Senhor Jesus Cristo. É um verdadeiro mergulho nos mistérios de nosso chamado. É a intensa experiência de céu aqui na terra, pois com o silêncio da oração, crescemos na contemplação.
            A mística do Rosário traz-nos a docilidade do Espírito Santo, de quem ela, a Virgem, está cheia, está plena, e nos plenifica. É uma verdadeira efusão. Nos transfiguramos em outro Cristo, após a meditação e contemplação dos mistérios. Nos tornamos para o Pai, o Filho que Ele contempla do Céu, e do Céu derramada as suas Graças. Em nossas almas a semelhança que temos com a Trindade torna-se esculpida com a humildade e simplicidade, doação e amor, obediência e beleza que fez de Maria a escolhida para dar a luz ao Salvador.
           Com São Bernardo meditamos as riquezas da Escrituras a nos revelar tamanho Mistério de Amor e Fé, Entrega e Pureza do Filho no ventre de sua Mãe: “O santo, que nascer de ti, será chamado Filho de Deus (cf. Lc 1,35), fonte de sabedoria, o Verbo do Pai nas alturas! Este Verbo, através de ti, Virgem santa, se fará carne, de modo que aquele que diz: Eu no Pai e o Pai em mim (Jo 10,38), dirá também: Eu saí do Pai e vim (Jo 16,28). No princípio, diz João, era o Verbo. Já borbulha a fonte, mas por enquanto apenas em si mesma. Depois, e o Verbo era com Deus (Jo 1,1), habitando na luz inacessível. O Senhor dizia anteriormente: Eu tenho pensamentos de paz e não de aflição (cf. Jr 29,11). Mas teu pensamento está dentro de ti, ó Deus, e não sabemos o que pensas; pois quem conheceu a mente do Senhor ou quem foi seu conselheiro? (cf. Rm 11,34). Desceu, por isto, o pensamento da paz para a obra da paz: O Verbo se fez carne e já habita em nós (Jo 1,14). Habita totalmente pela fé em nossos corações, habita em nossa memória, habita no pensamento e chega a descer até a imaginação. Que poderia antes o homem pensar sobre Deus, a não ser talvez fabricando um ídolo no coração? Era incompreensível e inacessível, invisível e inteiramente impensável; agora, porém, quis ser compreendido, quis ser visto, quis ser pensado. De que modo, perguntas? Por certo, reclinado no presépio, deitado ao colo da Virgem, pregando no monte, pernoitando em oração; ou pendente da cruz, pálido na morte, livre entre os mortos e dominando o inferno; ou ainda ressurgindo ao terceiro dia, mostrando aos apóstolos as marcas dos cravos, sinais da vitória, e, por último, diante deles subindo ao mais alto do céu. O que não se poderá pensar verdadeira, piedosa e santamente disto tudo? Se penso algo destas realidades, penso em Deus e em tudo ele é o meu Deus. Meditar assim, considero sabedoria, e tenho por prudência renovar a lembrança da suavidade que, em essência tão preciosa, a descendência sacerdotal produziu copiosamente, e que, haurindo do alto, Maria trouxe para nós em profusão.” (Dos Sermões de São Bernardo, abade - Séc.XII)
            Rezemos com a Igreja a nossa Mãe que conosco tem vencido lutas e batalhas diárias, mas que sobretudo, nos têm ensinado a viver para Deus. “Não há quem seja semelhante a vós, Virgem Maria,
entre as filhas de Sião. Sois a Mãe do Rei dos reis, sois dos anjos a Senhora e dos céus sois a Rainha. Sois bendita entre todas as mulheres desta terra e bendito é o fruto que nasceu de vosso ventre! Maria, alegrai-vos, ó cheia de graça, o Senhor é convosco”.
           Derramai, ó Deus, a vossa graça em nossos corações, para que, conhecendo pela mensagem do Anjo a encarnação do Cristo vosso Filho, cheguemos, por sua paixão e cruz, à glória da ressurreição. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
Com a Igreja, Estela Márcia
 

domingo, 6 de outubro de 2013

A piedade eucarística é possibilitada pelo silêncio na liturgia

           
 
             Irmãos, precisamos compreender o aspecto primordial para a vivência real da Santa Missa, o Silêncio Litúrgico. Chegamos à Igreja para a Santa Missa, infelizmente, na maioria dos casos, como que aliviados pelo dever que está sendo cumprido. E assim, corremos o risco de estarmos entrando no Mistério da Vida, como que zumbis, mortos para o real Mistério que devemos celebrar. E assim, nos furtamos de entrar nesse Mistério que está acontecendo para nos fazer reviver, nos restaurar e fazer-nos adentrar na morada Eterna estando aqui neste mundo.
            É de se lamentar o descaso que um grande número, na assembleia, faz com os momentos cruciais do sagrado mistério. Atualizar o mistério salvífico de Jesus na Sagrada Eucaristia é celebrar e viver com intensidade cada momento proposto pela Sagrada Liturgia. Portanto, a plena vivência se dá através do silêncio por ela proposto. Silêncio dos movimentos e da alma que precisam estar inteiramente voltados para o Mistério a ser “atualizado” no Santo Altar – É Jesus que se entrega ao Pai, é o mistério da Transubstanciação sendo operado pelo Divino Espírito do Pai e do Filho que, em poucos instantes se tornam o próprio Jesus como alimento de vida e de renovação espiritual e real para nós.
           Assim, não podemos permanecer apenas de corpo presente na celebração da Santa Missa. A consciência da celebração vai além de uma simples presença. Estar mortos para a Vida que se faz presente ocorre para muitos, e com certa frequência. Perdem-se em sua busca. Afinal, ir à Santa Missa significa, ou “precisa” significar que temos o desejo de nos encontrar com Deus, e com Ele vivermos uma experiência de Amor. Amor que cura, liberta e renova. Então, exige de todos nós uma preparação para vivê-la com intensidade. E o silêncio é o meio de ajuda e que nos possibilitará esse encontro.
          O Papa emérito Bento XVI em sua Exortação Apostólica “Sacramentum Caritatis” – Sacramento do Amor, ao nos apresentar a Eucaristia como ápice da vida e da missão da Igreja, substancia o mistério da Eucaristia a ser vivido com “autêntica participação”. Aconselha-nos ele fazendo memória do Concílio Vaticano II: “(...) a participação ativa desejada pelo concílio deve ser entendida, em termos mais substanciais (...) exorta a não assistirem à liturgia eucarística ‘como estranhos ou expectadores mudos’, mas a participarem ‘na ação sagrada, consciente, ativa e piedosamente’. (Exortação Apostólica Pós-Sinodal nº 190, §52).
           Percebemos que quando o Papa Bento XVI fala-nos de participação ativa, deseja despertar em nós algo maior do que estamos vivendo. E ainda, quando nos chama à participação ‘consciente, ativa e piedosa’, quer nos elevar a uma condição de participação mais profunda. Sendo assim, o nosso objetivo desta reflexão encontra o seu ponto alto: a piedade eucaristia. Vale lembrar que a piedade é uma virtude ou dom do Espírito Santo, pelo qual reconhecemos o Senhor, adoramos a Deus e o veneramos como nosso Pai. Fica-nos portanto uma exortação e um exame a ser refletido por todos nós, a fim de aumentar, aperfeiçoar, ou mesmo, renovar o zelo  eucarístico litúrgico na participação da Santa Missa, e que o silêncio litúrgico é o facilitador para essa vivência.
           Que Deus o Pai, com o seu filho Jesus Cristo, sob a ação do Espírito Santo nos permita renovar os nossos propósitos! E que a Virgem Maria, a Senhor do Silêncio, nos ajude a penetrar no silêncio para melhor adorarmos ao Senhor na Eucaristia!
Estela Márcia

 

 

 

 

 

 

 

sábado, 5 de outubro de 2013

“A Escada do Silêncio” (Fr. Patrício, de Maria Amada de Jesus)

                         
 
      

           Chega-se ao silêncio de todo o nosso ser, silêncio que evita o barulho, o desgaste físico e mental, não de um dia para o outro, mas lentamente.  È caminho. Não devemos forçar o passo, porque cansaremos com facilidade e nunca chegaremos à meta. Mas “devagar se vai ao longe”.  Toda a nossa vida interior é silêncio, e Deus, nos recorda, João da Cruz, pronunciou uma única palavra, que é seu Filho, seu Cristo. Ele a pronunciou em silêncio e é em silêncio que ela deve ser ouvida.
             A mística Maria Amada de Jesus, carmelita descalça, nasceu na Normandia, em 1839 e faleceu em 1874.  Fez-se carmelita em 1859, teve noites escuras duras e terríveis.  Escreveu os DOZE DEGRAUS DO SILÊNCIO, que vamos comentar um pouco. São caminhos que podem curar nossas feridas, as doenças abertas pelo BARULHO. (Comentário de Frei Patrício, Ocd.)
 
PRIMEIRO DEGRAU DO SILÊNCIO: Falar pouco  com  as  criaturas  e muito com Deus.
È o segredo para começar a cura pelo silêncio:
Redescobrir Deus como amigo, como médico, como aquele que vem em nosso socorro, nos ESCUTA a cada momento e nos convida a entrar em comunhão com Ele.
O falar muito com as criaturas nos leva a uma hiperagitação.
O silêncio da Prudência e da Sabedoria é o silêncio que devemos ter nas conversações, nos encontros. 
Não é raro que falemos mais forte com “nossos silêncios” que com as palavras.
Há silêncios que apavoram, gritam e condenam o palavreado vazio de tantas pessoas.
SEGUNDO DEGRAU DO SILÊNCIO: Silêncio no trabalho, silêncio nos movimentos.
Vimos que o silêncio não é, de forma alguma, mutismo, alienação, afastamento dos outros, porque não somos capazes de dialogar ou de entrar em comunhão. É uma atitude interior que nos leva saber fazer tudo com amor e com recolhimento.
Por que deixar que a agitação e o barulho entrem em nós e coloquem nossa morada interior numa confusão insuportável?
Os mestres da vida interior nos ensinam que tudo deve ser feito com calma, com silêncio, evitando qualquer barulho que possa perturbar a nós mesmos e aos outros.
<< SILÊNCIO no andar, SILÊNCIO dos olhos, dos ouvidos, da voz. SILÊNCIO de todo o exterior, preparando a alma a unir-se a Deus. >>
TERCEIRO DEGRAU DO SILÊNCIO: Silêncio da imaginação.
A imaginação é boa, é um dom de Deus e devemos aproveitá-la na nossa oração e na nossa memória, para reviver momentos de ação de graças, de alegria e também de dor, de pecado para purificar-nos cada vez mais e estarmos prontos para receber a graça da fonte de Deus que jorra em nós. Porém, a imaginação, pode tornar-se uma fera violenta, que, como tempestade, nos leva longe e sempre fora da nossa casa interior, quando nos faz perder o contato com a vida de cada dia,  isso se faz terrível e doloroso. Aí adoecemos na alma, nos tornamos tristes, preocupados.
QUARTO DEGRAU DO SILÊNCIO: Silêncio da memória.
Nada de mais belo que a nossa memória. Jesus nos mandou celebrar Sua Memória, torná-Lo Presente, Vivo e Real no Sacramento da Eucaristia.
A memória não é o reviver da imaginação, mas o recordar e, com força da vontade, tornar presente. É uma mística Eucarística que vivemos no nosso dia-a-dia. É necessário silenciar a memória para que possamos não nos deixar alienar da nossa realidade cotidiana. Esvaziar-nos de nós mesmos.
A MEMÓRIA DEVE SER RECONHECIMENTO, AÇÃO DE GRAÇAS por tantas Misericórdias que Deus tem feito em nós.
Vale a pena meditar com o canto da memória agradável e vivo do MAGNIFICAT, por exemplo.
Recomendação: Não se deixe influenciar pelas suas memórias, ou se condicionar por elas.
Não podemos viver de saudosismo, é necessário viver de vida, de esperança e de amor.
Nossa memória deve ser vivida, atualizada, e o é assim no Mistério da Eucaristia de Cristo, que nos dá nova força para  caminharmos para nosso futuro.
QUINTO DEGRAU DO SILÊNCIO: Silêncio com as criaturas.
Falamos demais. Isso prejudica a saúde física, psíquica, espiritual.
Não importa do que falamos. O que importa é falar e falar muito.
Parece ser um impulso incontrolável. 
Temos uma tendência de fazer monólogos longos, que nunca irão preencher e curar as doenças terríveis da solidão humana.
É necessário sim, ter uma lembrança das criaturas de Deus.
Sua Criação traz em si mesma a figura do Criador, do Senhor. A Natureza nos fala e nós podemos falar com Ela. Como não lembrar a voz das Criaturas do Cântico de Daniel (Dn 3)?
SEXTO DEGRAU DO SILÊNCIO: O Silêncio do Coração.
Somos levados a avançar para as águas mais profundas do silêncio.
É necessário entrar agora no silêncio do coração.
Silenciando tudo o que está fora  de nós e dentro de nós.
Nada pode perturbar nossa paz  interior; nem as criaturas, nem a memória, nem a imaginação.   
Tudo é paz. Deixemos, neste caso, tomar-nos pela mão da Virgem Maria e por Cristo Jesus, onde tudo é silêncio.
SÉTIMO DEGRAU DO SILÊNCIO: Silêncio da natureza.
Silenciar a natureza humana que vive revoltada com o mínimo vento de dor, de contrariedade, é uma obra lenta, fruto de paciência e de tempo.
Não devemos nos revoltar nem achar que tudo isso se dá à toque de caixa.
Temos de saber que sem um grande esforço nunca ficaremos curados de nossas feridas físicas e espirituais.
Devemos silenciar o orgulho, o amor-próprio ferido, nos afastar das situações que podem nos levar a críticas inúteis e desfavoráveis aos outros e a nós mesmos.
“De toda palavra ciosa que pronunciarmos, daremos conta a Deus”.
Devemos saber dominar o desejo de vingança, muitas vezes travestido de justiça, de zelo e de verdade.
OITAVO DEGRAU DO SILÊNCIO: Silêncio do espírito.
É um ponto muito importante para não adoecer:
... de orgulho, de superioridade, de “ insubstitutividade”, de    tudo eu  faço e sou melhor”- doença terrível, dentro e fora da Igreja.
O silêncio do espírito nos leva a agir somente pela Glória de Deus, pois para quem busca a viver a santidade não pode existir duplicidade de vida.
Está comprovado que a “ambiguidade de vida” é fonte de sofrimento e doenças físicas e psíquicas.
Como pode viver tranquilo e com saúde quem trai os amigos, a esposa, o esposo, ou vive com constante medo do que faz, ou ainda, aqueles que não cumprem com os seus compromissos ou com a palavra dada?
É o silêncio do espírito que devemos procurar na paz da nossa consciência mais íntima e profunda  do ser.
NONO DEGRAU DO SILÊNCIO: Silêncio do julgamento.
Não julgar é também um mandamento de Jesus: “não julgueis e não sereis julgados”.
Para que deixar a ânsia e a angústia de julgar entrar em nosso coração?
Silenciar o julgamento não é renunciar a emitir nossas opiniões. Estas devem ser conformes à verdade e nada mais.
Não devemos impor nosso ponto de vista.
Quantas vezes a imposição da nossa maneira de pensar e de julgar, nos levam ao isolamento, à marginalização ou ao sofrimento físico e espiritual.
DÉCIMO DEGRAU DO SILÊNCIO: Silêncio da vontade.
É o silêncio nas angústias do coração e nas dores d´alma. 
É o silêncio de uma alma favorecida por Deus e que, sentindo-se repelida, não pronuncia estas palavras como: “Por quê? Até quando?”. É o silêncio do abandono...
Silêncio ante a severidade do olhar de Deus... Silêncio sob o peso da Mão Divina.
Silêncio cuja única queixa é a do amor.
É o silêncio da Crucifixão. É o silêncio dos mártires. É o silêncio da agonia de Jesus.
Enquanto essa vontade humilde e livre - verdadeiro holocausto de amor - procura aniquilar-se para glorificar o Nome de Deus, Deus  a transforma  em  sua vontade.
DÉCIMO PRIMEIRO DEGRAU DO SILÊNCIO: Silêncio consigo mesmo.
Uma das piores doenças é “monologar consigo mesmo”, falar e, falar consigo mesmo dos próprios problemas, dificuldades, dramas, traumas e doenças.
Torna-se um círculo vicioso a partir do qual não conseguimos ver a vida com os olhos límpidos e transparentes.
Para que ruminar o dia todo e a noite inteira as situações conflitantes da vida?
Não é melhor dar a volta por cima e lançar-se nos braços de Deus, e rezar com calma o Salmo 130?
Este Salmo é do silêncio interior, fruto de ascese e de oferta de si mesmo a Deus.
DÉCIMO SEGUNDO DEGRAU DO SILÊNCIO: O Silêncio com Deus.
O silêncio com Deus consiste em ter a certeza no nosso coração do amor do Senhor, de não duvidar  Dele, mesmo que nada sintamos.
É deixar-se amar por Ele. É talvez o silêncio mais doloroso do ser humano, que em determinados momentos se sente abandonado por todos e até mesmo por Deus.
É o grito que surge dentro de nós: “Meu Deus, meu Deus, por que me abandonaste? (Sl 21)”.
Esse grito não é falta de fé. Ele é à força da natureza que se rebela diante da dor, da solidão, da doença. Mas Deus sempre vem em nosso socorro. Confirmamos esta experiência com os textos:
Dt 6, 4-5/Is  43, 1-5.
“O Barulho Adoece e o Silêncio Cura” ( Frei Patrício )
                                         

 

 

quarta-feira, 2 de outubro de 2013

Eles te guardem em todos os teus caminhos


A teu respeito ordenou a seus anjos que te guardem em todos os teus caminhos (Sl 90,11). Louvem o Senhor por sua misericórdia e suas maravilhas para com os filhos dos homens. Louvem e proclamem às nações que o Senhor agiu de modo magnífico a favor deles. Senhor, que é o homem para que assim o conheças? Ou por que inclinas para ele teu coração? Aproximas dele teu coração, enches-te de solicitude por sua causa, cuidas dele. Enfim, a ele envias o teu Unigênito, infundes o teu Espírito, prometes até a visão de tua face. E para que nas alturas nada falte no serviço a nosso favor, envias os teus santos espíritos a servir-nos, confias-lhes nossa guarda, ordenas que se tornem nossos pedagogos. 
A teu respeito, ordenou a seus anjos que te guardem em todos os teus caminhos. Esta palavra quanta reverência deve despertar em ti, aumentar a gratidão, dar confiança. Reverência pela presença, gratidão pela benevolência, confiança pela proteção. Estão aqui, portanto, e estão junto de ti, não apenas contigo, mas em teu favor. Estão aqui para proteger, para te serem úteis. Na verdade, embora enviados por Deus, não nos é lícito ser ingratos para com eles, que com tanto amor lhe obedecem e em tamanhas necessidades nos auxiliam. 
Sejamos-lhes fiéis, sejamos gratos a tão grandes protetores; paguemos-lhes com amor; honremo-los tanto quanto pudermos, quanto devemos. Prestemos, no entanto, todo o nosso amor e nossa honra àquele que é tudo para nós e para eles; de quem recebemos poder amar e honrar, de quem merecemos ser amados e honrados. 
Assim, irmãos, nele amemos com ternura seus anjos como futuros co-herdeiros nossos, e enquanto esperamos nossos intendentes e tutores dados pelo Pai como nossos guias. Porque agora somos filhos de Deus, embora não se veja, pois ainda estamos sob tutela quais meninos que em nada diferem dos servos. 
Aliás, mesmo assim tão pequeninos e restando-nos ainda uma tão longa, e não só tão longa, mas ainda tão perigosa caminhada, que temos a temer com tão poderosos protetores? Eles não podem ser vencidos, nem seduzidos, e ainda menos seduzir, aqueles que nos guardam em todos os nossos caminhos. São fiéis, são prudentes, são fortes; por que trememos de medo? Basta que os sigamos, unamo-nos a eles e habitaremos sob a proteção do Deus do céu. (Dos Sermões de São Bernardo – Abade, século XII)
Rezemos ao nosso Anjo da Guarda: Santo Anjo do Senhor, meu zeloso guardador, já que a ti me confiou à piedade divina, sempre me rege, me guarda, me governa e ilumina. Amém.
Estela Márcia (Adaptações, 02.10.2013)
 

Dom Gregório e os encantos de Santa Teresinha no Carmelo de Petrópolis


 
Com beleza e encanto Dom Gregório celebrou a Missa em honra a Santa Teresinha no Carmelo São José de Petrópolis. Fazendo uma comparação com a vida prática de Teresinha, Dom Gregório contou-nos em forma de “historinha”, baseada na infância de seu sobrinho Miguel, que temos sempre o desejo de ser como quem se ama. Para alegria de todos, soube como ninguém, comparar a simplicidade do pequeno Miguel na escolha de sua profissão comparável a de seu avô – ao qual amava e queria se assemelhar, e falou-nos do exemplo de Teresinha que, soube se assemelhar ao seu Amado Jesus. E ainda, ao final de sua bela homilia, contou-nos a “historinha” do “Príncipe e a escolha e negação de sua mesma princesa por três vezes, até que ela descobriu como ser reconhecida e amada por ele, bastando apenas se apresentar como sendo ele próprio”.
           Com alegria e entusiasmo, Gregório concluiu que, como Teresinha precisamos ser como o próprio Jesus, para um dia, na eternidade, ao nos apresentarmos, seremos reconhecidos por Ele, simplesmente por termos nos deixados assemelhar a Ele.
           Antes do término da Santa Missa Dom Gregório, falou-nos do motivo e sentido da cor rosa de nosso seminário diocesano, fazendo história com a realização e propósito do saudoso Dom Cintra – fundador de nossa Diocese de Petrópolis, bem como de seu Seminário N. Sra. do Amor Divino, propósito esse que fazia a Virgem Maria por sua intercessão e realização dessa obra. Assim, ofereceu às nossas irmãs da clausura a homenagem com o canto “Salve Regina”, cantado pelos seminaristas. E pediu-lhes oração por todos eles.
          Sentindo-me parte da vida deste Camelo, agradecemos pela atenção e carinho dispensada por nosso pastor às humildes servas e irmãs de Santa Teresinha que, em espírito de alegria e agradecimento, puderam celebrar sua padroeira e exemplo de monja. E ainda, felizes por terem recebido, cada uma delas e pessoalmente, das mãos do próprio Dom Gregório, uma rosa enviada por Santa Teresinha. Testemunhado por todas elas, uma só era a fala: “Nunca havíamos recebido uma rosa na Festa de Santa Teresinha!”
          Inclusive, lembramos e convidamos a todos para que, no próximo dia 12 de outubro, venha à Santa Missa – às 9h, em que a Ir. Maria Teresa de Jesus e da Santa Cruz fará seus primeiros votos de vida religiosa. A Missa será celebrada por Dom Gregório.
          Que a Virgem do Carmo e São José possam interceder, ao lado de seus filhos carmelitas, para que o Bom Deus abençoe e multiplique as vocações de nosso Carmelo, bem como, de nosso Seminário Diocesano, e derrame poderosamente as Graças e Bênçãos que dom Gregório necessita para o seu ministério episcopal, e seu governo em nossa Diocese.
Nossa Senhora do Carmo e São José, rogai por nós!
Nossa Senhora do Amor Divino, rogai por nós!
Santa Teresinha, Santa Teresa e São João da Cruz, com santos carmelitas e os Anjos do Céu, roguem por nós!
Estela Márcia
 
 
 
 
 
 

"Que o nosso trabalho nos faça mais humildes e pacientes"como Santa Teresinha, diz Papa Francisco


Celebrar Santa Teresinha na Igreja é aprender com ela a colocar o Evangelho em prática. É tornar simples e humilde, manso e bondoso o caminho da Missão e da vida da Igreja, não importando a hierarquia, ou mesmo a condição vocacional a que o bom Deus nos tenha chamado a servi-lo. Dessa forma ouçamos o nosso pastor, o Papa Francisco, fazendo dos exemplos de Teresinha, a humilde freira do Carmelo, um caminho a ser seguido.

O Papa Francisco concelebrou a Missa esta manhã, na Casa Santa Marta, com os membros do “Conselho de Cardeais” que, a partir desta terça-feira, se reúnem com o Pontífice, no Vaticano, para analisar um projeto de reforma da Cúria.
Na homilia, Francisco se inspirou no Evangelho do dia, em que Jesus censura os dois Apóstolos que queriam que descesse fogo do céu sobre os que não queriam acolhê-Lo, para recordar que o cristão não percorre o “caminho da vingança”.
Pelo contrário, a estrada do cristão é a humildade, a mansidão, o espírito de ternura e de bondade como nos recorda Santa Teresinha do Menino Jesus, que a liturgia celebra hoje. A força que nos leva a este espírito, disse o Santo Padre, vem do amor, da caridade, da consciência de que estamos nas mãos do Pai. Quando sentimos isso, não precisamos do fogo que desce do Céu:
Desce outro espírito, o da caridade que tudo sofre, tudo perdoa, que não se vangloria, que é humilde, que não busca a si mesmo. Alguém pode dizer - e alguns filósofos pensavam assim – que isso seja uma humilhação da majestade do homem, da grandeza do homem. Isso é estéril!
A força do Evangelho, prosseguiu o Pontífice, “está justamente ali, porque o Evangelho chega ao ponto mais alto na humilhação de Jesus: humildade que se torna humilhação!”:
A Igreja – nos dizia Bento XVI – não cresce com o proselitismo, mas cresce com a atração, com os testemunhos. E quando as pessoas, os povos veem este testemunho de humildade, de mansidão, sentem a necessidade de que narra o Profeta Zacarias: “Queremos vir convosco!”. As pessoas sentem esta necessidade diante do testemunho da caridade, dessa caridade humilde, sem prepotência, não suficiente, humilde! Adora e serve!
Para Francisco, a caridade é “simples: adorar a Deus e servir os outros! E este testemunho faz crescer a Igreja”. Por isso uma freira “tão humilde, mas tão confiante em Deus”, como Santa Teresinha do Menino Jesus, “foi nomeada Padroeira das Missões, porque o seu exemplo faz com que as pessoas digam ‘Queremos vir convosco!’”.
O Papa concluiu sua homilia fazendo uma referência às reuniões que, a partir desta terça, se realizarão no Vaticano com o Conselho de Cardeais, convocado por Francisco para ajudá-lo no governo da Igreja:
Hoje, aqui no Vaticano começa a reunião com os cardeais consultores, que estão concelebrando a Missa. Peçamos ao Senhor que o nosso trabalho de hoje nos faça mais humildes, mais pacientes, mais confiantes em Deus, para que, assim, a Igreja possa oferecer um belo testemunho às pessoas que, vendo o Povo de Deus, vendo a Igreja, sintam a vontade de “vir conosco!”.
SANTA TERESINHA, rogai por nós!
Estela Márcia, adaptações-02.10.2013






 

terça-feira, 1 de outubro de 2013

Meditando o Ofício Divino com SANTA TERESINHA DO MENINO JESUS


 

Nasceu em Alençon (França) no ano1873. Entrou ainda muito jovem no mosteiro das Carmelitas de Lisieux e exercitou-se de modo singular na humildade, na simplicidade evangélica e confiança em Deus,virtudes que também procurou inculcar especialmente nas noviças do seu mosteiro. Morreu a 30 de setembro de 1897, oferecendo a sua vida pela salvação das almas e pela Igreja.
            O que cantar a Deus pelas graças que concede a Igreja de tão pequena flor que concedeste o Carmelo?
            Como agradecê-Lo por tão bela esposa que deste ao Seu Filho único Jesus Cristo?
            Penso que nesta manhã de 1º de outubro que a Igreja dedicou a Santa Teresinha do Menino de Jesus e da Sagrada Face, nada melhor que o “Hino do Ofício Divino” para expressarmos unidos a Igreja, que temos a felicidade de ter uma amiga tão fiel para nos ensinar a amar a Jesus e a sua Igreja.  

 Hino
O mais suave dos hinos
entoe o povo de Deus,
pois eis que hoje uma virgem
subiu à glória dos céus.

No exílio ainda da terra,
já se entregava ao louvor;
agora, junta-se aos santos
nos mesmos hinos de amor.

A frágil carne domando,
rosa entre espinhos floriu;
calcando as pompas do mundo,
do Cristo os passos seguiu.

As suas preces ouvindo,
Jesus nos dê sua mão,
sempre a guiar nossos passos
para a celeste mansão.

Ao Pai e ao Espírito unido,
nós te adoramos, Jesus:
caminho estreito e seguro
que à vida eterna conduz.

Como salmodiar ao Senhor pelos seus santos, e em especial neste dia, pela vida da doce Teresinha?
Como entoar-Lhe um perfeito canto de agradecimento e amor, se não pelos salmos que cantam a beleza e formosura de sua nobre “Flor do Carmelo”

Ant. 1 Virgem sábia e vigilante, já brilhais na eterna glória
com Jesus, o eterno Verbo, vosso Esposo imaculado.

Salmo 18 (19)A
2 Os céus proclamam a glória do Senhor, *
e o firmamento, a obra de suas mãos;
3 o dia ao dia transmite esta mensagem, *
a noite à noite publica esta notícia.

4 Não são discursos nem frases ou palavras, *
nem são vozes que possam ser ouvidas;
5 seu som ressoa e se espalha em toda a terra, *
chega aos confins do universo a sua voz. 

6 Armou no alto uma tenda para o sol; *
ele desponta no céu e se levanta
– como um esposo do quarto nupcial, *
como um herói exultante em seu caminho.

7 De um extremo do céu põe-se a correr *
e vai traçando o seu rastro luminoso,
– até que possa chegar ao outro extremo, *
e nada pode fugir ao seu calor.

– Glória ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo. *
Como era no princípio, agora e sempre. Amém.


Ant. Virgem sábia e vigilante, já brilhais na eterna glória
com Jesus, o eterno Verbo, vosso Esposo imaculado.


Como não enaltecer ao lado da Virgem Maria, sua Mãe e nossa, Senhor, a beleza de tua esposa escolhida para enfeitar o Carmelo ao lado de tantas esposas fiéis?

Como não cantar os brocados das vestes da alma de tão primaveril florzinha? Penso que através deste belíssimo salmo entoado pela Igreja.

Ant. 2 Todo o amor eu consagrei a Jesus Cristo, meu Senhor;
e o preferi aos bens do mundo e à glória desta terra.


Salmo 44(45)

=2 Transborda um poema do meu coração; †
vou cantar-vos, ó Rei, esta minha canção; *
minha língua é qual pena de um ágil escriba.

=3 Sois tão belo, o mais belo entre os filhos dos homens! †
Vossos lábios espalham a graça, o encanto, *
porque Deus, para sempre, vos deu sua bênção.

4 Levai vossa espada de glória no flanco, *
herói valoroso, no vosso esplendor;
5 saí para a luta no caro de guerra *
em defesa da fé, da justiça e verdade!

= Vossa mão vos ensine valentes proezas, †
6 vossas flechas agudas abatam os povos *
e firam no seu coração o inimigo!

=7 Vosso trono, ó Deus, é eterno, é sem fim; †
vosso cetro real é sinal de justiça: *
8 Vós amais a justiça e odiais a maldade.

= É por isso que Deus vos ungiu com seu óleo, †
deu-vos mais alegria que aos vossos amigos. *
9 Vossas vestes exalam preciosos perfumes.

– De ebúrneos palácios os sons vos deleitam. *
10 As filhas de reis vêm ao vosso encontro,
– e à vossa direita se encontra a rainha *
com veste esplendente de ouro de Ofir.


– Glória ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo. *
Como era no princípio, agora e sempre. Amém. 


Ant. Todo o amor eu consagrei a Jesus Cristo, meu Senhor;
e o preferi aos bens do mundo e à glória desta terra.

Ant. 3 O Rei se encantou com a vossa beleza;
prestai-lhe homenagem: é o vosso Senhor!


II
11 Escutai, minha filha, olhai, ouvi isto: *
'Esquecei vosso povo e a casa paterna!
12 Que o Rei se encante com vossa beleza! *
Prestai-lhe homenagem: é vosso Senhor!

13 O povo de Tiro vos traz seus presentes, *
os grandes do povo vos pedem favores.
14 Majestosa, a princesa real vem chegando, *
vestida de ricos brocados de ouro.

15 Em vestes vistosas ao Rei se dirige, *
e as virgens amigas lhe formam cortejo;
16 entre cantos de festa e com grande alegria, *
ingressam, então, no palácio real'.

17 Deixareis vossos pais, mas tereis muitos filhos; *
fareis deles os reis soberanos da terra.
18 Cantarei vosso nome de idade em idade, *
para sempre haverão de louvar-vos os povos!

– Glória ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo. *
Como era no princípio, agora e sempre. Amém. 


Ant. O Rei se encantou com a vossa beleza;
prestai-lhe homenagem: é o vosso Senhor!

Como aprender tão bem os ensinamentos sólidos da Mãe Igreja que a Palavra de Deus concedeu a Teresinha, se não nos voltarmos às Escrituras?
Como não bebermos das fontes que Teresinha bebeu, para nos alimentarmos de tão denso alimento?
Como não recorrermos aos caminhos trilhados por Santa Teresinha para encontrarmos a “pequena via” do Amor e das Pequenas coisas?
Penso que só recorrendo ao denso ensinamento de Jesus e de seus Apóstolos.

Primeira leitura
Da Primeira Carta de São Paulo aos Coríntios             7,25-40
A virgindade cristã

Irmãos: 25A respeito das pessoas solteiras, não tenho nenhum mandamento do Senhor. Mas, como alguém que, por misericórdia de Deus, merece confiança, dou uma opinião: 26Penso que, em razão das angústias presentes, é vantajoso não se casar, é bom cada qual estar assim. 27Estás ligado a uma mulher? Não procures desligar-te. Não estás ligado a nenhuma mulher? Não procures ligar-te.28Se, porém, casares, não pecas. E, se a virgem se casar, não peca. Mas as pessoas casadas terão as tribulações da vida matrimonial; e eu gostaria de poupar-vos isso. 29Eu digo, irmãos: o tempo está abreviado. Então, que, doravante,os que têm mulher vivam como se não tivessem mulher; 30e os que choram, como se não choras em, e os que estão alegres, como se não estivessem alegres, e os que fazem compras, como se não possuíssem adquirindo coisa alguma; 31e os que usam do mundo, como se dele não estivessem gozando. Pois a figura deste mundo passa. 32Eu gostaria que estivésseis livres de preocupações. O homem não casado é solícito pelas coisas do Senhor e procura agradar ao Senhor. 33O casado preocupa-se com as coisas do mundo e procura agradar à sua mulher34e, assim, está dividido. Do mesmo modo, a mulher não casada e a jovem solteira têm zelo pelas coisas do Senhor e procuram ser santas de corpo e espírito. Mas a que se casou preocupa-se comas coisas do mundo e procura agradar ao seu marido. 35Digo isto para o vosso próprio bem e não para vos armar um laço. O que eu desejo é levar-vos ao que é melhor, permanecendo junto ao Senhor, sem outras preocupações. 
             36Se alguém, transbordando de paixão, acha que não vai poder respeitar sua noiva, e que as coisas devem seguir o seu curso, faça o que quiser; não peca; que se casem. 37Quem, ao contrário, por uma firme convicção, sem constrangimento, mas por livre vontade, resolve respeitar a sua noiva, fará bem. 38Portanto, quem se casa com sua noiva faz bem, e quem não se casa procede melhor. 
             39A mulher está ligada ao marido enquanto ele vive; uma vez que o marido faleça, ela fica livre de casar com quem quiser, mas só no Senhor. 40Mais feliz será ela se permanecer assim, conforme meu conselho. Pois também creio ter o Espírito de Deus.

Como compreender a entrega e abandono de Teresinha se não conhecermos a sua Autobiografia?
Como aprendermos com Teresinha os valores deste mundo, se não recorrermos à sua pequena via, a via do Amor?

Segunda leitura
Da Autobiografia de Santa Teresa do Menino Jesus, virgem
(Manuscrits autobiographiques, Lisieux1957,227-229)            (Séc.XIX)

No coração da Igreja serei o amor
                   Meus imensos desejos me eram um autêntico martírio. Fui, então, às cartas de São Paulo a ver se encontrava uma resposta. Meus olhos caíram por acaso nos capítulos doze e treze da Primeira Carta aos Coríntios. No primeiro destes, li que todos não podem ser ao mesmo tempo apóstolos, profetas, doutores, e que a Igreja consta de vários membros; os olhos não podem ser mãos ao mesmo tempo. Resposta clara, sem dúvida, mas não capaz de satisfazer meu desejo e dar-me a paz. 
                  Perseverei na leitura sem desanimar e encontrei esta frase sublime: Aspirai aos melhores carismas. E vos indico um caminho ainda mais excelente (1Cor 12,31). O Apóstolo esclarece que os melhores carismas nada são sem a caridade, e esta caridade é o caminho mais excelente que leva com segurança a Deus. Achara enfim o repouso. 
                  Ao considerar o Corpo místico da Igreja, não me encontrara em nenhum dos membros enumerados por São Paulo, mas, ao contrário, desejava ver-me em todos eles. A caridade deu-me o eixo de minha vocação. Compreendi que a Igreja tem um corpo formado de vários membros e neste corpo não pode faltar o membro necessário e o mais nobre: entendi que a Igreja tem um coração e este coração está inflamado de amor. Compreendi que os membros da Igreja são impelidos a agir por um único amor, de forma que, extinto este, os apóstolos não mais anunciariam o Evangelho, os mártires não mais derramariam o sangue. Percebi e reconheci que o amor encerra em si todas as vocações, que o amor é tudo, abraça todos os tempos e lugares, numa palavra, o amor é eterno. 
                 Então, delirante de alegria, exclamei: Ó Jesus, meu amor, encontrei afinal minha vocação: minha vocação é o amor. Sim, encontrei o meu lugar na Igreja, tu me deste este lugar, meu Deus. No coração da Igreja, minha mãe, eu serei o amor e desse modo serei tudo, e meu desejo se realizará.
Como orarmos a Deus e com Ele festejar este dia de Festa dos Carmelos do mundo inteiro?
Orando com a Esposa pela qual Jesus se entregou, a Igreja. Oremos! 

Oração

Ó Deus, que preparais o vosso Reino para os pequenos e humildes, dai-nos seguir confiantes o caminho de Santa Teresinha, para que, por sua intercessão, nos seja revelada a vossa glória. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

Conclusão da Hora
V. Bendigamos ao Senhor.
R. Graças a Deus.

 Estela Márcia (Adaptações - 01.10.2013)