quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015

Os quinze conselhos do Papa Francisco para a Quaresma

Dia 18 de fevereiro de 2015, na “Quarta-feira de Cinzas”, o Papa Francisco deu 15 conselhos bem simples que podem nos ajudar a viver bem a Quaresma:

1. Sorrir, um cristão é sempre alegre!
2. Agradecer (mesmo se não “precisar” fazê-lo).
3. Lembrar aos outros que você os ama.
4. Cumprimentar com alegria essas pessoas que você vê todos os dias.
5. Ouvir a história do outro sem preconceito, com amor.
6. Parar para ajudar quando alguém precisar.
7. Incentivar quem está desanimado .
8. Alegrar-se pelas qualidades ou realizações dos outros.
9. Juntar as coisas que você não vai mais usar e dar a quem precisa.
10. Ajudar quando necessário para que outro descanse.
11. Corrigir com amor, e não calar por medo.
12. Ter bons detalhes com os que estão perto de você.
13. Limpar o que eu uso em casa.
14. Ajudar os outros a superar os obstáculos.
15. Ligar para os pais, falar mais com eles.



 

domingo, 22 de fevereiro de 2015

Oração: "O ‪‎recomeçar da ‪‎Quaresma"


Obrigada, Soberano Deus, por instruir a Vossa Igreja, a esclarecer-nos hoje, na prática, que a Quaresma é um tempo de "recomeçar"! Sim... Recomeçar sempre! Recomeçar ... para os propósitos da Quaresma, como mostra do que acontece na vida. Recomeçar em todas as quedas ou fracasso. Recomeçar no simples fato de se ver errando ou se enfraquecendo nos objetivos de vida, de relacionamentos, de cuidados com a própria vida. É importantíssimo, Senhor, perceber, que do período da quaresma, os exercícios espirituais nos ensinam, ao mesmo tempo que nos fortalece, e, fortalece ao mesmo tempo que nos ensinam. É a "pedagogia" amorosa de um Deus Fiel, Justo e Santo que, incansável e eternamente instrui a Sua Igreja. Muito obrigada Senhor por este tempo que nos chega, não como tempo dos que se entregam por derrotas, mas daqueles que se entregam por esperança. Se por um lado, caminhamos liturgicamente para a Cruz com o Senhor Jesus por conseqüência, com Ele caminhamos para a Vitória desta mesma Cruz. Porém, no caminho da Via Crucis, no caminho do calvário dos nossos propósitos espirituais. Muito obrigada, ó Pai, por cuidar conosco de nossas vidas, dando-nos este momento de olhar para nós, e assim, podermos ver-nos refletidos em Vosso Filho Jesus, o Cristo Senhor! Caminhai conosco neste tempo, ó meu Pai Santo, ó meu Cristo Senhor, dando-nos a força e a alegria, que prometes aos que se colocam a caminho do bem maior, a Vitória da Cruz, a Salvação Eterna! Manifestai-Vos em nós!
‪‎
AlmaCarmelita

 

“Aquele que clama dos confins da terra está angustiado, mas não está abandonado” (Santo Agostinho)


“Mas por que clamei? Porque em mim o coração já desfalece. Revela com estas palavras que ele está presente a todos os povos no mundo inteiro, não rodeado de grande glória mas no meio de grandes tentações. Com efeito, nossa vida,enquanto somos peregrinos neste mundo, não pode estar livre de tentações, pois é através delas que se realiza nosso progresso e ninguém pode conhecer-se a si mesmo sem ter sido tentado. Ninguém pode vencer sem ter combatido, nem pode combater se não tiver inimigo e tentações.
Aquele que clama dos confins da terra está angustiado, mas não está abandonado. Porque foi a nós mesmos, que somos o seu corpo, que o Senhor quis prefigurar em seu próprio corpo, no qual já morreu, ressuscitou e subiu ao céu, para que os membros tenham a certeza de chegar também aonde a cabeça os precedeu.
Portanto, o Senhor nos representou em sua pessoa quando quis ser tentado por Satanás. Líamos há pouco no Evangelho que nosso Senhor Jesus Cristo foi tentado pelo demônio no deserto. De fato, Cristo foi tentado pelo demônio. Mas em Cristo também tu eras tentado, porque ele assumiu a tua condição humana, para te dar a sua salvação; assumiu a tua morte, para te dar a sua vida; assumiu os teus ultrajes, para te dar a sua glória; por conseguinte, assumiu as tuas tentações, para te dar a sua vitória.
Se nele fomos tentados, nele também vencemos o demônio. Consideras que o Cristo foi tentado e não consideras que ele venceu? Reconhece-te nele em sua tentação, reconhece-te nele em sua vitória. O Senhor poderia impedir o demônio de aproximar-se dele; mas, se não fosse tentado, não te daria o exemplo de como vencer na tentação.”

 

“Naqueles quarenta dias de solidão, enfrentou satanás” – Papa Francisco

“Naquele tempo, o Espírito levou Jesus para o deserto. E ele ficou no deserto durante quarenta dias, e aí foi tentado por Satanás. Vivia entre animais selvagens, e os anjos o serviam. Depois que João Batista foi preso, Jesus foi para a Galileia, pregando o Evangelho de Deus e dizendo: “O tempo já se completou e o Reino de Deus está próximo. Convertei-vos e crede no Evangelho!” (Mc 1,12-15)
Neste I Domingo da Quaresma o Papa Francisco assomou à janela do apartamento Pontíficio para rezar, com os milhares de fiéis presentes na Praça São Pedro, a oração mariana do Angelus. A Liturgia do dia inspirou a reflexão do Pontífice sobre as lutas vividas durante o tempo Quaresmal, “tempo do combate espiritual contra o espírito do mal”. “No deserto – disse ele - podemos descer em profundidade aonde se joga verdadeiramente o nosso destino, a vida ou a morte”.
O Papa iniciou falando da “prova enfrentada voluntariamente por Jesus”, no deserto, “antes de iniciar sua missão messiânica”. Naqueles quarenta dias de solidão, enfrentou satanás “corpo a corpo”, desmascarou as suas tentações e o venceu. E nele todos vencemos, mas nós devemos proteger esta vitória no nosso dia-a-dia”: “A Igreja nos faz recordar tal mistério no início da Quaresma, porque isto nos dá a perspectiva e o sentido deste tempo, que é o tempo do combate - na Quaresma se deve combater - um tempo de combate espiritual contra o espírito do mal. E enquanto atravessamos o deserto quaresmal, nós temos o olhar dirigido à Páscoa, que é a vitória definitiva de Jesus contra o Maligno, contra o pecado e contra a morte. Eis então o significado deste primeiro Domingo da Quaresma: colocar-nos decididamente no caminho de Jesus, o caminho que conduz à vida. Olhar Jesus, o que fez Jesus e seguir com Ele”. O Papa explicou que este caminho de Jesus passa pelo deserto, local de luta e de silêncio, onde podemos ouvir a voz do Senhor: “Este caminho de Jesus passa pelo deserto e alí é o lugar onde se pode escutar a voz de Deus e a voz do tentador. No barulho, na confusão, isto não pode ser feito; ouve-se somente vozes superficiais. Pelo contrário, no deserto, podemos descer em profundidade onde se joga verdadeiramente o nossos destino, a vida ou a morte”.
“O deserto quaresmal – observou - nos ajuda a dizer não à mundanidade, aos ídolos, nos ajuda a fazer escolhas corajosas conforme o Evangelho e a reforçar a solidariedade com os irmãos. E a presença de Jesus e do Espírito Santo na nossa vida, nos encorajam a entrarmos neste deserto: “Então entremos no deserto sem medo, porque não estamos sozinhos: estamos com Jesus, com o Pai e com o Espírito Santo. Assim como foi para Jesus, é justamente o Espírito Santo que nos guia no caminho quaresmal, o mesmo Espírito descido sobre Jesus e que nos é dado no batismo. A Quaresma, por isto, é um tempo propício que deve nos levar a tomar sempre mais consciência do quanto o Espírito Santo, recebido no Batismo, operou e pode operar em nós. E ao final do itinerário quaresmal, na Vigília Pascal, poderemos renovar com maior consciência a aliança batismal e os compromissos que dela derivam”.
Na sua alocução, o Pontífice mais uma vez reiterou a importância de conhecermos as Escrituras, para sabermos “responder às insídias do maligno”, voltando então, a aconselhar a leitura diária de um pequeno trecho do Evangelho, “dez minutos”, e tê-lo sempre conosco, “no bolso, na bolsa, mas sempre à mão”. Por fim, o Papa pedia a “Virgem Santa, modelo de docilidade ao Espírito, nos ajude a deixar-nos conduzir por Ele, que quer fazer de cada um de nós “uma nova criatura””.
Estela Márcia (Adaptações)
 Alma Carmelita

 

PEREGRINAÇÃO QUARESMAL COM SANTA TERESA DE JESUS - Fr. Alzinir F. Debastiani OCD

                 Neste ano comemorativo do V Centenário do nascimento de Santa Teresa, nada mais aconselhável do que recordar alguns de seus ensinamentos para o crescimento pessoal nas virtudes, com a consequência de um maior empenho pessoal e comunitário no serviço a Deus e ao próximo, objeto da verdadeira conversão que nos pede o Tempo Quaresmal. É um tempo de graça (2 Cor 6,2) para crescer no amor, pelo qual vencemos a globalização da indiferença pessoal e social (cf. Mensagem Papa Francisco para Quaresma 2015). O sentido da ascese cristã, da luta contra o egoísmo, nos oferece a Santa Madre: “... eu gostaria que essas grandes virtudes [amor fraterno, humildade e desapego] fossem objeto do nosso particular esforço, tornando-se a nossa penitência, porque, como já sabeis, não aprovo penitências excessivas, que, se forem feitas sem discernimento, pode provocar malefícios à saúde. Neste caso, porém, não há o que temer, já que, por maiores que sejam, as virtudes interiores não privam o corpo de suas forças para servir à religião, antes fortalecendo a alma. E, como eu disse outras vezes, podemos acostumar-nos a coisas muito pequenas para alcançarmos a vitória nas grandes” (S. Teresa de Jesus, Caminho de perfeição 15,3). O acostumar-se a coisas muito pequenas joga um papel fundamental no crescimento espiritual, já que no dia a dia fazemos tantas pequenas coisas no trabalho, na família, mas sem colher ou dar um sentido cristão a estas coisas, que talvez as façamos rotineiramente. Cabe-nos, então, viver as mesmas ocupações diárias de forma vigilante e do ponto de vista da fé, da esperança e da caridade. Como? A Santa Madre vem ao nosso encontro para dizer-nos que “o verdadeiro amante em todas as partes ama e sempre se recorda do amado” (Fundações 5,16), pois o perfeito amor consiste em contentar a quem amamos (id., 5,10) nas coisas que fazemos. Assim, vivendo na presença de Deus, à luz da fé, as ocupações cotidianas são ocasiões para participar nos ofícios de Cristo pelo exercício do ofício sacerdotal, através do qual prestamos culto a Deus por meio das ocupações da vida familiar, da vida de trabalho e estudo e nos relacionamentos sociais; do ofício profético, pois o fim de tudo o que fazemos é a glória de Deus; do ofício real, pois mostra que cada pequeno gesto, mesmo escondido, feito por amor a Cristo e ao próximo, colabora na edificação do Reino de Deus. Por meio delas nos associamos a Cristo Jesus e vamos transformando ações banais em ações divinas, segundo a B. Elisabeth da Trindade (cf. Céu na terra, 40). Muitas vezes torna-se fácil permanecer um dia ou mesmo algumas horas sem alguma refeição por penitência. Mais difícil poderia ser o estar um dia sem usar a internet, sem assistir a novela preferida ou programa de TV, ou mesmo não comentar alguma fraqueza de um colega ou familiar, para dedicar-se à oração ou ao serviço de algum enfermo ou mesmo na visita a alguma pessoa anciã ou afastado da Igreja ou da Comunidade... Creio que seja importante nesta Quaresma escutar este conselho de S. Teresa: prestar atenção às virtudes e fazer delas objeto de nosso particular esforço, tornando-se nossa penitência. E sabemos que o empenho diário para vivê-las exige esforço, já que o exercício das virtudes é sinal de uma fé e oração vivas, transformadas em obras concretas para o bem dos outros. Perguntemo-nos então: como está minha vivência do amor fraterno, da humildade e do desapego em meio às ocupações diárias na família e em outros lugares? O amor fraterno antepõe o outro a mim; busca o seu bem e o seu crescimento. Favorece o que é bom e interessa-se pelo bem do próximo. É um amor que se nutre do encontro com Cristo, que se une ao sofrimento e necessidades do outro. Ao mesmo tempo é um amor humilde, o qual não olha o outro com superioridade, mas que vê a sua possibilidade de ajudar como um dom da graça divina. É um amor que supera a tentação de desistir diante da enormidade dos problemas, mas é capaz de fazer o que lhe é possível, de dar a sua contribuição, mesmo que seja pequena, para aliviar em alguma coisa o sofrimento de quem lhe está próximo. O resto confia ao Senhor da História, que é quem a conduz (cf. Deus caritas est, 34-35) e que na Cruz assumiu o último lugar da humanidade. Tudo isso nos conduz ao desapego de nós mesmos, do egocentrismo, tentação tão presente em tudo o que habitualmente fazemos. Se conseguirmos encarnar na vida um pouquinho mais destas virtudes neste Tempo Quaresmal, estaremos certos de que haverá mudanças na própria vida e na vida familiar e de Comunidade, transformando-as em ilhas de misericórdia por meio da oração, de gestos concretos e de uma sincera conversão. Assim estaremos agindo contra a globalização da indiferença (Francisco,Mensagem...). Quer fazer a prova? Mãos à obra!
Fraternalmente e com votos de santa peregrinação quaresmal!
 

 

“COMEÇANDO O LONGO CAMINHO DA QUARESMA”


(...) Começamos o longo caminho da Quaresma. 40 dias para chegarmos a Páscoa do Senhor Jesus. Um caminho não fácil para Jesus e nem para nós. Ele passou através das tentações, da paixão e da morte antes da ressurreição. Este é o nosso mesmo caminho que devemos percorrer com esperança e com vida, e com uma alegria no coração. O papa Francisco na sua mensagem nos faz a mesma pergunta que Deus fez para Caim depois que ele matou seu irmão: “Caim, onde está seu irmão?” A resposta de Caim é uma terrível resposta que tantas vezes nós damos, começando por mim: “sou por acaso o guardião do meu irmão?” A respostas dos indiferentes não é uma resposta cristã e nem humana. É necessário termos diante de nós a pessoa do outro como parte viva de nós mesmos. Uma parte de nós, do nosso corpo e da nossa alma. Deus nos convida a uma conversão de sentimentos e de vida. Um caminho novo que deve nos levar a uma vida nova. Peçamos ao Senhor olhos novos para ver os outros como irmãos necessitados da ajuda dos outros, assim, todos pobres, de mãos dadas caminharemos para a felicidade da Páscoa fazendo o Bem e nos ajudando a vencer o nosso egoísmo, pai de todos os pecados. Que Santa Teresinha nos envie do céu uma chuva de rosas e bênçãos.

Frei Patrício Sciadini

 

 

A ESCADA DO SILÊNCIO NA QUARESMA - "Uma proposta de Encontro"


"O Barulho adoece, o Silêncio Cura” (Frei Patrício Sciadini, OCD) 

“Estamos entrando na QUARESMA, quero lhe propor um exercício de silêncio, onde será frutuosa a experiência com a ESCADA DO SILÊNCIO. Como a QUARESMA se discorre ao longo de 6 (seis) semanas, sugiro que se faça a meditação de dois degraus por semana. Dessa forma, ao final, os frutos para a Páscoa do Senhor, terá um novo entendimento para a vida interior e para o crescimento espiritual, para o bom uso das obras criadas e para o relacionamento com os irmãos, mas sobretudo, para a INTIMIDADE COM DEUS.”

(Alma Carmelita)

 Conheça e decida-se por uma Quaresma diferente:
"Chega-se ao silêncio de todo o nosso ser, silêncio que evita o barulho, o desgaste físico e mental, não de um dia para o outro, mas lentamente. É caminho. Não devemos forçar o passo, porque cansaremos com facilidade e nunca chegaremos à meta. Mas devagar se vai ao longe'. Toda a nossa vida interior é silêncio, e Deus, nos recorda, João da Cruz, pronunciou uma única palavra, que é seu Filho, seu Cristo. Ele a pronunciou em silêncio e é em silêncio.
A mística Maria Amada de Jesus, carmelita descalça, nasceu na Normandia, em 1839 e faleceu em 1874. Fez-se carmelita em 1859, teve noites escuras duras e terríveis. Escreveu os DOZE DEGRAUS DO SILÊNCIO, que vamos comentar um pouco. São caminhos que podem curar nossas feridas, as doenças abertas pelo BARULHO. (Comentário de Frei Patrício, Ocd.) 

PRIMEIRO DEGRAU DO SILÊNCIO:
Falar pouco com as criaturas e muito com Deus.

É o segredo para começar a cura pelo silêncio: Redescobrir Deus como amigo, como médico, como aquele que vem em nosso socorro, nos ESCUTA a cada momento e nos convida a entrar em comunhão com Ele. O falar muito com as criaturas nos leva a uma hiperagitação. O silêncio da Prudência e da Sabedoria é o silêncio que devemos ter nas conversações, nos encontros. Não é raro que falemos mais forte com “nossos silêncios” que com as palavras. Há silêncios que apavoram, gritam e condenam o palavreado vazio de tantas pessoas. 

SEGUNDO DEGRAU DO SILÊNCIO:
Silêncio no trabalho, silêncio nos movimentos.

Vimos que o silêncio não é, de forma alguma, mutismo, alienação, afastamento dos outros, porque não somos capazes de dialogar, ou de entrar em comunhão. É uma atitude interior que nos leva saber fazer tudo com amor e com recolhimento. Por que deixar que a agitação e o barulho entrem em nós e coloquem nossa morada interior numa confusão insuportável? Os mestres da vida interior nos ensinam que tudo deve ser feito com calma, com silêncio, evitando qualquer barulho que possa perturbar a nós mesmos e aos outros. SILÊNCIO no andar, SILÊNCIO dos olhos, dos ouvidos, da voz. SILÊNCIO de todo o exterior, preparando a alma a unir-se a Deus. 

TERCEIRO DEGRAU DO SILÊNCIO:
Silêncio da imaginação.

A imaginação é boa, é um dom de Deus e devemos aproveitá-la na nossa oração e na nossa memória, para reviver momentos de ação de graças, de alegria e também de dor, de pecado para purificar-nos cada vez mais e estarmos prontos para receber a graça da fonte de Deus que jorra em nós. Porém, a imaginação, pode tornar-se uma fera violenta, que, como tempestade, nos leva longe e sempre fora da nossa casa interior, quando nos faz perder o contato com a vida de cada dia, isso se faz terrível e doloroso. Aí adoecemos na alma, nos tornamos tristes, preocupados. 

QUARTO DEGRAU DO SILÊNCIO:
Silêncio da memória.

Nada de mais belo que a nossa memória. Jesus nos mandou celebrar Sua Memória, torná-Lo Presente, Vivo e Real no Sacramento da Eucaristia. A memória não é o reviver da imaginação, mas o recordar e, com força da vontade, tornar presente. É uma mística Eucarística que vivemos no nosso dia-a-dia. É necessário silenciar a memória para que possamos não nos deixar alienar da nossa realidade cotidiana. Esvaziar-nos de nós mesmos. A MEMÓRIA DEVE SER RECONHECIMENTO, AÇÃO DE GRAÇAS por tantas Misericórdias que Deus tem feito em nós. Vale a pena meditar com o canto da memória agradável e vivo do MAGNIFICAT, por exemplo. Recomendação: Não se deixe influenciar pelas suas memórias, ou se condicionar por elas. Não podemos viver de saudosismo, é necessário viver de vida, de esperança e de amor. Nossa memória deve ser vivida, atualizada, e o é assim no Mistério da Eucaristia de Cristo, que nos dá nova força para caminharmos para nosso futuro.

QUINTO DEGRAU DO SILÊNCIO:
Silêncio com as criaturas.

Falamos demais. Isso prejudica a saúde física, psíquica, espiritual. Não importa do que falamos. O que importa é falar e falar muito. Parece ser um impulso incontrolável. Temos uma tendência de fazer monólogos longos, que nunca irão preencher e curar as doenças terríveis da solidão humana. É necessário sim, ter uma lembrança das criaturas de Deus. Sua Criação traz em si mesma a figura do Criador, do Senhor. A Natureza nos fala e nós podemos falar com Ela. Como não lembrar a voz das Criaturas do Cântico de Daniel (Dn 3)?  

SEXTO DEGRAU DO SILÊNCIO:
O Silêncio do Coração.

Somos levados a avançar para as águas mais profundas do silêncio. É necessário entrar agora no silêncio do coração. Silenciando tudo o que está fora de nós e dentro de nós. Nada pode perturbar nossa paz interior; nem as criaturas, nem a memória, nem a imaginação. Tudo é paz. Deixemos, neste caso, tomar-nos pela mão da Virgem Maria e por Cristo Jesus, onde tudo é silêncio.  

SÉTIMO DEGRAU DO SILÊNCIO:
Silêncio da natureza.

Silenciar a natureza humana que vive revoltada com o mínimo vento de dor, de contrariedade, é uma obra lenta, fruto de paciência e de tempo. Não devemos nos revoltar nem achar que tudo isso se dá à toque de caixa. Temos de saber que sem um grande esforço nunca ficaremos curados de nossas feridas físicas e espirituais. Devemos silenciar o orgulho, o amor-próprio ferido, nos afastar das situações que podem nos levar a críticas inúteis e desfavoráveis aos outros e a nós mesmos. “De toda palavra ciosa que pronunciarmos, daremos conta a Deus”. Devemos saber dominar o desejo de vingança, muitas vezes travestido de justiça, de zelo e de verdade.  

OITAVO DEGRAU DO SILÊNCIO:
Silêncio do espírito.

É um ponto muito importante para não adoecer:... de orgulho, de superioridade, de “insubstitutividade”, de” tudo eu faço e sou melhor “- doença terrível, dentro e fora da Igreja. O silêncio do espírito nos leva a agir somente pela Glória de Deus, pois para quem busca a viver a santidade não pode existir duplicidade de vida. Está comprovado que a “ambiguidade de vida” é fonte de sofrimento e doenças físicas e psíquicas. Como pode viver tranquilo e com saúde quem trai os amigos, a esposa, o esposo, ou vive com constante medo do que faz, ou ainda, aqueles que não cumprem com os seus compromissos ou com a palavra dada? É o silêncio do espírito que devemos procurar na paz da nossa consciência mais íntima e profunda do ser.  

NONO DEGRAU DO SILÊNCIO:
Silêncio do julgamento.

Não julgar é também um mandamento de Jesus: “não julgueis e não sereis julgados”. Para que deixar a ânsia e a angústia de julgar entrar em nosso coração? Silenciar o julgamento não é renunciar a emitir nossas opiniões. Estas devem ser conformes à verdade e nada mais. Não devemos impor nosso ponto de vista. Quantas vezes a imposição da nossa maneira de pensar e de julgar, nos levam ao isolamento, à marginalização ou ao sofrimento físico e espiritual.  

DÉCIMO DEGRAU DO SILÊNCIO:
Silêncio da vontade.

É o silêncio nas angústias do coração e nas dores d´alma. É o silêncio de uma alma favorecida por Deus e que, sentindo-se repelida, não pronuncia estas palavras como: “Por quê? Até quando?”. É o silêncio do abandono... Silêncio ante a severidade do olhar de Deus... Silêncio sob o peso da Mão Divina. Silêncio cuja única queixa é a do amor. É o silêncio da Crucifixão. É o silêncio dos mártires. É o silêncio da agonia de Jesus. Enquanto essa vontade humilde e livre - verdadeiro holocausto de amor – procura aniquilar-se para glorificar o Nome de Deus, Deus a transforma em sua vontade.  

DÉCIMO PRIMEIRO DEGRAU DO SILÊNCIO:
Silêncio consigo mesmo.

Uma das piores doenças é “monologar consigo mesmo”, falar e, falar consigo mesmo dos próprios problemas, dificuldades, dramas, traumas e doenças. Torna-se um círculo vicioso a partir do qual não conseguimos ver a vida com os olhos límpidos e transparentes. Para que ruminar o dia todo e a noite inteira as situações conflitantes da vida? Não é melhor dar a volta por cima e lançar-se nos braços de Deus, e rezar com calma o Salmo 130? Este Salmo é do silêncio interior, fruto de ascese e de oferta de si mesmo a Deus.  

DÉCIMO SEGUNDO DEGRAU DO SILÊNCIO:
O Silêncio com Deus.

O silêncio com Deus consiste em ter a certeza no nosso coração do amor do Senhor, de não duvidar Dele, mesmo que nada sintamos. É deixar-se amar por Ele. É talvez o silêncio mais doloroso do ser humano, que em determinados momentos se sente abandonado por todos e até mesmo por Deus. É o grito que surge dentro de nós: “Meu Deus, meu Deus, por que me abandonaste? (Sl 21)”. Esse grito não é falta de fé. Ele é à força da natureza que se rebela diante da dor, da solidão, da doença. Mas Deus sempre vem em nosso socorro. Confirmamos esta experiência com os textos: Dt 6, 4-5/Is 43, 1-5.  

O Barulho Adoece e o Silêncio Cura” (Frei Patrício)

 

 

terça-feira, 17 de fevereiro de 2015

"Quaresma, tempo de lutar contra "O FERMENTO DOS FARISEUS E DE HERODES"...em nossas vidas"

Como Jesus advertiu aos seus discípulos quanto a disputa de apenas um pão que haviam levado para a barca na saída com Ele para a missão, assim também adverte a nós hoje, missionários da Igreja militante.
Somos advertidos, especialmente neste tempo da Quaresma em viveremos a partir da Quarta-feira de Cinzas: "Tomai cuidado com o fermento dos fariseus e com o fermento de Herodes".
Quaresma é um tempo de purificação, que passa pelas lutas pessoais e comunitárias.

Podemos comparar então, a barca com a Igreja, a missão com a nossa vocação e o nosso chamado missionário, o pão com os nossos trabalhos pastorais na Igreja, ou mesmo com o dom da fé, ou ainda, e sobretudo, com a Eucaristia, como alimento celebrado e partilhado, o fim último e necessário para a salvação de todo o ser cristão. E partindo então, do fim para os meios, somos chamados por Jesus e pela Igreja - nestes dias de grandes apelos do mundo à salvação - ameditarmos como estamos vivendo a nossa prática vocacional, missionária e cristã.

Será que em nosso meio cristão a preponderância das disputas, invejas e maldades estão tomando o lugar da união, partilha e comprometimento?

Será que estamos esquecendo de que o nosso serviço à Igreja é um serviço a Deus e aos irmãos, jamais a nós mesmos, e as promoções humanas e próprias?

Será que esquecemos que em cada Santa Missa o Corpo de Cristo é partilhado, e se atualiza o Mistério Salvífico para todos nós igualmente?

Será que compreendemos que no Mistério da Fé está o Mistério da nossa salvação, e que a nossa salvação pessoal passsa pela salvação comunitária que somos chamados a contribuir?

Quando agimos apenas com críticas alheias, com maledicências e julgamentos, estamos fazer desenvolver em nós e na vida da Igreja o fermento dos fariseus, e/ou a inveja e a maldade de Herodes. E assim fazendo, demonstramos que ainda não compreendemos qual o sentido real de nosso chamado. Mas nem tudo está perdido.

A Igreja, como Mãe e Mestra, atualiza conosco, a cada ano, a QUARESMA. Neste tempo, de jejum e abstinência, oração e caridade, temos a oportunidade de revermos à nossa prática cristã, seja no plano pessoal e pastoral, como também no plano familiar, estudantil e profissional, e todos os lugares, onde nós, cristãos deste tempo de proliferação dos meios de comunicação, muitas vezes, ao invés de somar esforços cristãos para melhorar o individualismo humano, e a "globalização da indiferença" - como disse o Papa Francisco, acabamos sendo os proliferadores das divisões e das contendas.

Aproveitemos o Tempo forte de silêncio que a QUARESMA nos proporciona. Reflitamos Lutemos...
Busquemos reavaliar as nossas vidas... as nossas práticas. Ouçamos a voz do Mestre que nos adverte e nos recorda os bens que Ele tem multiplicado em nossas vidas, com sobras proporcionadas pelos "Milagres da Multiplicação", ora oferecido a nós em tantas circunstâncias de nossas vidas.

Se nos ajuda a reconhecer-nos melhor, meditemos no diálogo do Senhor com os discípulos ... e a contundência de Suas próprias palavras:"Prestai atenção e tomai cuidado com o fermento dos fariseuse com o fermento de Herodes (...) 'Por que discutis sobre a falta de pão? Ainda não entendeis e nem compreendeis? Vós tendes o coração endurecido?18 Tendo olhos, vós não vedes, e tendo ouvidos, não ouvis? Não vos lembrais de quando reparti cinco pães para cinco mil pessoas? Quantos cestos vós recolhestes cheios de pedaços?' Eles responderam: 'Doze.' Jesus perguntou:E quando reparti sete pães com quatro mil pessoas,quantos cestos vós recolhestes cheios de pedaços? Eles responderam: 'Sete.' Jesus disse: 'E vós ainda não compreendeis?' (Mc 8,14-21)
Que Deus nos dê a Sua Graça e Sua Bênção para vivermos bem a QUARESMA! Abençoada QUARESMA!
Abençoado silêncio interior!

Por Alma Carmelita

(Estela Márcia, 17.02.2015)

sábado, 14 de fevereiro de 2015

O que é a Quaresma


O que é a Quaresma
O tempo quaresmal é o tempo litúrgico de conversão estabelecido pela Igreja para que nos preparemos para a grande festa da Páscoa. É tempo de nos arrependermos dos nossos pecados e de mudar algo em que precisamos ser melhores para viver mais próximos de Cristo. A Quaresma dura 40 dias; começa na Quarta-feira de Cinzas e termina no Domingo de Ramos. Ao longo desse período, sobretudo na liturgia do domingo, fazemos um esforço para recuperar o ritmo e o chamado de verdadeiros filhos de Deus. A cor litúrgica desse período é o roxo, que significa luto e penitência. É um período de reflexão, de penitência, de conversão espiritual em preparação para o mistério pascal. Na Quaresma, Cristo nos convida a mudar de vida. A Igreja nos convida a viver esse tempo como um caminho a Jesus Cristo, escutando a Palavra de Deus, orando, compartilhando com o próximo e praticando boas obras. Ela nos convida a viver atitudes cristãs a fim de que nos pareçamos mais com Jesus Cristo, já que por ação do pecado, nos afastamos de Deus. Por isso, a Quaresma é o tempo especial do perdão e da reconciliação fraterna. A cada dia, durante a vida, devemos retirar de nosso coração o ódio, o rancor, a inveja, os zelos que se opõem ao nosso amor a Deus e aos irmãos. Nesse tempo, aprendemos a conhecer e a apreciar a cruz de Jesus. Com isso aprendemos também a tomar nossa cruz com alegria para alcançar a glória da ressurreição.

Duração da Quaresma

A duração do período quaresmal está baseada no símbolo que envolve o número quarenta na Bíblia, na qual são narrados os quarenta dias do dilúvio, os quarenta anos da peregrinação do povo judeu pelo deserto, os quarenta dias de Moisés e de Elias na montanha, os quarenta dias em que Jesus passou no deserto antes de começar Sua vida pública, os 400 anos que durou o exílio dos judeus no Egito. Na Bíblia, o número quatro simboliza o universo material, seguido do número zero significa o tempo de nossa vida na terra, seguido de provações e dificuldades. A vivência da Quaresma data do século IV, quando esse tempo passa a ser dedicado, de forma especial, à penitência e à renovação para toda a Igreja, com a prática do jejum e da abstinência. Conservada com bastante vigor, ao menos em um princípio, nas Igrejas do Oriente, a prática penitencial desse período tem sido cada vez mais abrandado no Ocidente, mas deve-se observar um espírito penitencial e de conversão.

O Tempo da Quaresma

Um tempo com características próprias.

A Quaresma é o tempo que precede e nos prepara para a celebração da Páscoa. Período de escuta da Palavra de Deus e de conversão, de preparação e de memória do batismo, de reconciliação com Deus e com os irmãos, de vivência mais frequente e aprofundada das armas da penitência cristã: a oração, o jejum e a esmola (cf. Mt 6,1-6.16-18).
De maneira semelhante ao povo de Israel, que partiu durante quarenta anos pelo deserto para ingressar na Terra Prometida, a Igreja, o novo povo de Deus, prepara-se durante quarenta dias para celebrar a Páscoa do Senhor. Embora seja um tempo penitencial, não é um período triste e depressivo. Trata-se de uma época especial de purificação e de renovação da vida cristã para podermos participar com maior plenitude e gozo do mistério pascal do Senhor.
A Quaresma é um tempo privilegiado para intensificar o caminho da própria conversão. Esse caminho supõe que cooperemos com a graça divina para que o "homem velho", existente em nosso interior, morra gradativamente. De forma a rompermos com o pecado, que habita em nossos corações, e nos afastarmos de tudo aquilo que nos separa do plano de Deus, e por conseguinte, de nossa felicidade e realização pessoal.
A Quaresma é um dos quatro tempos fortes do ano litúrgico e isso deve ser refletido com intensidade em cada um dos detalhes de sua celebração. Quanto mais forem acentuadas suas particularidades, tanto mais intensamente poderemos viver toda sua riqueza espiritual.

Portanto, é preciso se esforçar, entre outras coisas, para entender e viver bem esse tempo:
- Para que se compreenda que, neste tempo, são distintos tanto o enfoque das leituras bíblicas (na Santa Missa praticamente não há leitura contínua), como os textos eucológicos (próprios e determinados quase sempre de modo obrigatório para cada uma das celebrações).
- Para que os cantos sejam totalmente distintos dos habituais e reflitam a espiritualidade penitencial, própria desse período.
- Por obter uma ambientação sóbria e austera, refletindo o caráter de penitência quaresmal.

Sentido da Quaresma

A primeira coisa a ser dita a respeito desse tempo litúrgico é que a finalidade da Quaresma é ser um tempo de preparação para a Páscoa. Por isso é definida “como caminho para a Páscoa”. Esse tempo não é um período fechado em si mesmo ou um tempo “forte” ou importante em si mesmo.

É, antes de tudo, um tempo de preparação para a Páscoa. O tempo quaresmal, como preparação para a Páscoa, se apoia em dois pilares: de um lado, a contemplação da Páscoa de Jesus; de outro, a participação pessoal na Páscoa do Senhor por intermédio da penitência e da celebração e da preparação dos sacramentos pascais –batismo, confirmação, reconciliação, Eucaristia-, com os quais incorporamos nossa vida à Páscoa do Senhor Jesus.

O ato de nos incorporarmos ao “mistério pascal” de Cristo supõe participar do mistério de Sua Morte e Ressurreição. Não esqueçamos que o batismo nos configura com a Morte e Ressurreição do Senhor. A Quaresma procura fazer com que essa dinâmica batismal (morte para a vida) seja vivida mais profundamente nesse tempo, para que o nosso pecado vá morrendo e sejamos ressuscitados com Cristo para a verdadeira vida, pois o Senhor nos assegura que se o grão de trigo morrer dará fruto.

A esses dois aspectos há que se acrescentar outro ponto mais eclesial: a Quaresma é tempo apropriado para cuidar da catequese e oração das crianças e jovens que se preparam para a confirmação e a primeira comunhão e para que toda a Igreja ore pela conversão dos pecadores.

Vivendo a Quaresma

Durante esse tempo especial de purificação e santificação, contamos com diversos meios propostos pela Igreja que nos ajudam a viver a dinâmica quaresmal.

Antes de tudo, a vida de oração é condição indispensável para o encontro com Deus. Na oração, quando o cristão inicia um diálogo íntimo com o Senhor, a graça divina penetra em seu coração e, a semelhança da Virgem Maria, se abra à ação do Espírito cooperando com ela com sua resposta livre e generosa (cf.Lc 1,38).

Como também devemos intensificar a escuta e a meditação atenta à Palavra de Deus, a assistência frequente ao sacramento da reconciliação e a Eucaristia, e mesmo a prática do jejum, segundo as possibilidades de cada um.

A mortificação e a renúncia nas circunstâncias ordinárias de nossa vida também constituem um meio concreto para viver o espírito de Quaresma. Não se trata tanto de criar ocasiões extraordinárias, mas de saber oferecer aquelas circunstâncias cotidianas que nos são incômodas, de aceitar com alegria os diferentes contratempos que nos são apresentados no dia a dia. Da mesma maneira, o saber renunciar a certas coisas nos ajuda a viver o desapego e o desprendimento. Dentre as diversas práticas quaresmais que a Igreja nos propõe, a vivência da caridade ocupa um lugar especial. Assim nos recorda São Leão Magno: "Estes dias de Quaresma nos convidam de maneira apremiante ao exercício da caridade; se desejamos chegar à Páscoa santificados em nosso ser, devemos por um interesse especialíssimo na aquisição desta virtude, que contém em si as demais e cobre multidão de pecados".

Esta vivência da caridade deve ser vivida de maneira especial com aqueles a quem temos mais próximos, no ambiente concreto em que nos movemos. Assim, vamos construindo no outro "o bem mais precioso e efetivo, que é o da coerência com a própria vocação cristã" (João Paulo II)

Como viver a Quaresma

1. Arrepender-se dos pecados e confessar-se
Pensar em que ofendi a Deus, Nosso Senhor, se me dói tê-Lo ofendido, se estou realmente arrependido. Este é um bom momento do ano para realizar uma confissão preparada e de coração. Revise os mandamentos de Deus e da Igreja para poder fazer uma boa confissão. Sirva-se de um livro para estruturar sua confissão. Busque tempo para realizá-la.

2. Lutar para mudar:
Analise sua conduta para conhecer em que está falhando. Faça propósitos para cumprir dia a dia e revise à noite se os alcançou. Lembre-se de não colocar muitos propósitos porque será muito difícil cumpri-los todos. Deve-se subir as escadas degrau por degrau, não se pode subi-la de uma só vez. Conheça qual é o seu defeito dominante e faça um plano para lutar contra ele. Seu plano deve ser realista, prático e concreto para poder cumpri-lo.

3. Fazer sacrifícios:

A palavra "sacrifício" vem do latim sacrum-facere e significa "fazer sagrado". Então, fazer um sacrifício é fazer alguma coisa sagrada, quer dizer, oferecê-la por amor a Deus, por amá-Lo, coisas que dão trabalho. Por exemplo, ser amável com um vizinho com quem você não simpatiza ou ajudar alguém em seu trabalho. A cada um de nós há algo que nos custa fazer na vida todos os dias. Se oferecemos isso a Deus por amor, esstamo fazendo um sacrifício.

4. Oração:

Aproveite estes dias para rezar, para conversar com Deus, para dizer que O ama e que quer estar com Ele. Pode ser útil um bom livro de meditação para Quaresma. Você pode ler na Bíblia passagens relacionadas com esse período.

Jejum e abstinência

O jejum consiste em fazer uma só refeição completa ao dia. A abstinênica consiste em não comer carne. A Quarta-feira de Cinzas e a Sexta-feira Santa são dias de abstinência e jejum, que é obrigatória a partir dos quatorze anos e o jejum dos dezoito aos cinquenta e nove anos de idade.
O objetivo dessas práticas cristãs é fazer com que todo nosso ser (alma e corpo) participe de um ato por meio do qual reconheça a necessidade de fazer obras com as quais reparemos o dano causado com nossos pecados e para o bem da Igreja.
O jejum e a abstinênica podem ser trocados por outro sacrifício, dependendo do que ditem as Conferências Episcopais de cada país, pois elas têm autoridade para determinar as diversas formas de penitências cristãs.

Por que o jejum?

É necessário dar uma profunda resposta a esta pergunta, para que fique clara a relação entre o jejum e a conversão, isto é, a transformação espiritual que aproxima o homem de Deus.
O abster-se de comida e bebida tem com como fim introduzir na existência do homem não somente o equilíbrio necessário, mas também o desprendimento do que se poderia definir como "atitude consumística".Tendo em vista que o consumismo é uma das características mais marcantes da civilização ocidental. O homem, cada vez mais voltado para os bens materiais, muito frequentemente abusa deles. Essa civilização consumista faz uso dos bens materiais não somente para que estes lhe sirvam para o desenvolvimento de atividades criativas e úteis, mas cada vez mais para satisfazer-lhes os sentidos, a excitação que deriva deles, o prazer, uma multiplicação de sensações cada vez mais intensas.
O homem de hoje precisa abster-se de muitos meios de consumo, de estímulos, de satisfação dos sentidos para voltar a ser como Deus o criou. Jejuar significa abster-se de algo. O homem cresce e adquire autodomínio ao dizer a si mesmo: "Não".
Não é uma renúncia simplesmente; o objetivo dessa prática é o desenvolvimento mais equilibrado de si mesmo para a vivência mais aprofundada dos valores superiores e a conquista do autocontrole.

Exame de consciência

Precisamente por sermos pecadores, ficamos cegos diante de nossos pecados. Satanás quer nos fazer ver que não há mal no que fazemos. Então o coração se endurece, torna-se insensível às exigências do amor. Por isso é tão importante a conversão do coração.
"Por isso, como diz o Espírito Santo: "Se escutardes hoje MINHA voz, não endureceis o coração... Atenção irmãos! Que nenhum de vós tenhais um coração mau e incrédulo [...]" (Hb 3).
Deus é um Pai amoroso que nos faz ver o pecado para nos dar a graça do arrependimento e nos perdoar. Porque nos quer livres. No entanto, o demônio não quer que vejamos nosso pecado. Mas se procurarmos o caminho de Deus, o maligno tratará de nos acusar com nossos pecados para que desanimemos e voltemos atrás. Podemos discernir então a diferença. Deus mostra o pecado para libertar e perdoar; o demônio o esconde, mas quando o mostra é para que nos desesperemos e nos distanciemos de Senhor. Devemos rejeitar energicamente estes pensamentos e ir à confissão com toda confiança no perdão de Deus Pai. Deus SEMPRE nos perdoa quando há arrependimento.
É muito proveitoso fazer exame de consciência diário e também, com toda humildade, nos abrir a que pessoas próximas de nós nos corrijam. "Se examinássemos a nós mesmos, não seríamos condenados" (I Cor. 11, 31)
O exame se faz diante de Deus, escutando Sua voz na consciência.

Preparação para a confissão

  • Preparação remota: Educamo-nos na fé pelo estudo da Palavra de Deus, do Catecismo e demais obras e documentos da Igreja, assim como com a leitura e a imitação da vida dos santos, a vivência dos sacramentos, a participação na Santa Missa e o seguimento aos ensinamentos de Cristo.
  • Preparação imediata: Fazer o exame de consciência antes da confissão. Ir a um lugar tranquilo, preferivelmente diante do sacrário, para orar. Só Deus pode iluminar nossa realidade e nos dar os meios para responder à graça.
Contemplamos a vida de Jesus e Seu amor manifesto na cruz. "Contemplai ao que transpassaram" (cf. Jo 19,37). Como tenho respondido a tanto amor e a tantas graças? Examinamos nossa vida diante da lei de Deus. Por isso ajuda fazer um exame escrito que nos recorde o que esquecemos. Recordamos que não se trata de sugestões, Deus nos deu MANDAMENTOS. Quebrá-los é quebrar nossa aliança com Deus e cair em pecado.

Não se trata tão somente de enumerar pecados, mas sim de descobrir a atitude do coração e com dor por nossos pecados, FAZER O FIRME PROPÓSITO DE NÃO VOLTAR A COMETÊ-LOS.

Sempre há áreas nas quais somos mais fracos e requerem atenção especial, mas se compreendermos que Cristo - não a cultura - é o exemplo que debvemos seguir –, veremos que em tudo temos muito o que crescer. A confissão só pode ser feita diante de um sacerdote.

Exame de consciência com base nas três rupturas

Examine-se - ajudado por estas perguntas - quais pecados você cometeu desde sua última confissão? Trate de não ficar no exterior, mas sim nas atitudes do coração e as omissões.
  • Ruptura com Deus: Amo verdadeiramente a Deus com todo meu coração ou vivo mais apegado às coisas materiais? Preocupei-me por renovar minha fé cristã com a ajuda da oração, da participação ativa e atenta da Santa Missa dominical, a leitura da Palavra de Deus, etc.? Guardo os domingos e dias de festa da Igreja? Cumpri com o preceito anual da confissão e a comunhão pascal? Tenho uma relação de confiança e amizade com Deus, ou cumpro somente com ritos externos? Professei sempre, com vigor e sem temores, minha fé em Deus? manifestei minha condição de cristão na vida pública e privada? Ofereço ao Senhor meus trabalhos e alegrias? Recorro a Ele constantemente, ou só O busco quando necessito d'Ele? Tenho reverência e amor para o nome de Deus ou O ofendo com blasfêmias, falsos juramentos ou usando Seu santo nome em vão?
  • Ruptura comigo mesmo: Sou soberbo e vaidoso? Considero-me superior a outros? Procuro aparentar algo que não sou para ser valorizado pelos outros? Aceito a mim mesmo ou vivo na mentira e no engano? Sou escravo de meus complexos? Que uso tenho feito do tempo e dos talentos que Deus me deu? Eu me esforço por superar os vícios e inclinações más como a preguiça, a avareza, a gula, a bebida, a droga? Caí na luxúria com palavras e pensamentos impuros, com desejos ou ações impuras? Realizei leituras ou assisti a espetáculos que reduzem a sexualidade a um mero objeto de prazer? Caí na masturbação ou a fornicação? Cometi adultério? Recorri a métodos artificiais para o controle da natalidade?
  • Ruptura com os irmãos e com a criação: Amo de coração o meu próximo como a mim mesmo e como o Senhor Jesus me pede que O ame? Em minha família colaboro em criar um clima de reconciliação com paciência e espírito de serviço? Tenho sido um filho obediente a meus pais, prestando-lhes respeito e ajuda em todo momento? Preocupo-se em educar na vida cristã meus filhos e de respirá-los em seu compromisso de vida com o Senhor Jesus? Abusei de meus irmãos mais fracos e indefesos, usando-os para meus interesses? Insultei meu próximo? Escandalizei-o gravemente com palavras ou com ações? Se me ofenderam, sei perdoar, ou guardo rancor e desejo de vingança? Compartilho meus bens e meu tempo com os mais pobres, ou sou egoísta e indiferente à dor de outros? Participo das obras de evangelização e promoção humana da Igreja? Eu me preocupo pelo bem e a prosperidade da comunidade humana em que vivo ou passo a vida preocupado tão somente comigo mesmo? Tenho cumprido com meus deveres cívicos? Pago meus tributos? Sou invejoso? Sou fofoqueiro e enganador? Difamei ou caluniei alguém? Violei segredos? Fiz julgamentos temerários sobre outros? Sou mentiroso? Causei algum dano físico ou moral a outros? Inimizei-me com ódios, ofensas ou brigas com meu próximo? Tenho sido violento? Procurei ou induzi alguém ao aborto? Tenho sido honesto em meu trabalho? Usei corretamente a criação ou abusei dela com fins egoístas? Roubei? Sou justo na relação com meus subordinados tratando-os como eu gostaria de ser tratado por eles? Participei do negócio ou consumo de drogas? Caí na fraude ou estelionato? Recebi dinheiro ilícito?
(Conf. Canção Nova)

Quaresma... Já escolheu sua “‎Penitência”?














 
“Neste tempo, nossa Santa Mãe Igreja nos ensina a nos disciplinarmos um pouco, contrariando nossa própria vontade e nos privando de certas satisfações, porque isso faz bem para o nosso caráter... algumas sugestões para escolhermos nossa própria penitência.”
(Conf. Padre José Eduardo – Secretariado Rainha da Paz do Rio de Janeiro)

1) Penitências gastronômicas - “Sou daqueles que acham que devemos fazer pelo menos uma penitência deste tipo, pois o jejum nos coloca dentro de um padrão bíblico”.
 - Trocar a carne por peixe, ovos ou queijo (ou mesmo comer puro)
 - Comer menos arroz, feijão, pão, macarrão, para sair da mesa com um pouco de apetite
 - Diminuir doces, refrigerantes, chocolate e demais guloseimas
 - Nas refeições, acrescentar algo que seja desagradável, como diminuir a quantidade de sal ou colocar um condimento que quebre um pouco o sabor
 - Comer algum legume ou verdura que não se goste muito
 - Diminuir ou mesmo tirar as refeições intermediárias (como o lanche da tarde).
 - Tomar café sem açúcar, ou água numa temperatura menos agradável
 - Reservar algum dia para o jejum total ou parcial
 
2) Penitências corporais - “Apenas para ajudar a não perdermos o sentido do sacrifício ao longo do dia, a não sermos relaxados, devendo ser pequenas e discretas”.
 - Dormir sem travesseiro
 - Sentar-se apenas em cadeiras duras
 - Rezar alguma oração mais prolongada de joelhos
 - Não usar elevadores ou escadas rolantes
 - Trabalhar sem se encostar na cadeira
 - Cuidar da postura corporal
 - Descer um ponto antes do ônibus e fazer uma parte do caminho à pé
 - Deixar de usar o carro e pegar um transporte coletivo
 
3) Penitências Morais - “São as mais importantes”.
 - Não reclamar das contrariedades do dia, mas agradecer e louvar a Deus
 - Sorrir sempre, mesmo quando haja um nervoso
 - Moderar a frequência às redes sociais, celular e computador (reduzir a poucas vezes ao dia)
 - Desligar as notificações do celular
 - Fazer os serviços mais incômodos na casa e no trabalho, ajudando os outros
 - Acordar mais cedo para fazer oração
 - Não ouvir música no carro
 - Não assistir TV, mas dedicar este tempo à leitura
 - Não usar jogos eletrônicos, caso seja viciado
 - Fazer algum trabalho voluntário
 - Rezar mais pelos outros, do que por si mesmo
 - Reservar dinheiro para dar esmolas, mas sobretudo atenção aos mendigos
 - Não se defender quando alguém lhe acusa
 - Falar bem das pessoas que se gostaria de criticar
 - Ouvir as pessoas incômodas sem as interromper
 - Dormir no horário, mesmo sem vontade

Estela Márcia (Adaptações)