domingo, 14 de setembro de 2014

Santa Teresa de Jesus e a Cruz do Senhor - SOLENIDADE DA EXALTAÇÃO DA SANTA CRUZ – 14 de setembro de 2014


‘Sê bem-vinda, cruz querida’; ‘E ao Céu é a única senda que conduz’; ‘Monjas do Carmelo’.
Com apelativos ricos de significado, Santa Teresa encanta ‘suas filhas’, filhos e admiradores de todos os tempos e lugares.
Confessa Teresa não ser poeta, mas deixa-nos sempre a certeza, em seus escritos, da presença de Deus que ‘desatina e embriaga’. Seus contemporâneos afirmam ser ela uma poetisa, não apenas nos êxtases espirituais em que experimentava, mas, sobretudo, por sua própria personalidade aberta ao belo e ao encanto de Deus.
As ‘Poesias’ da Santa Madre Teresa tem um tom especial de elevação ao divino, e hoje, em especial, cabe-nos apresentar a beleza da relação de Teresa com a Cruz (do Amado) que, ao que perceberemos, renovará a esperança de quem os lê com a mente, mas deixa-se embriagar-se na alma.
           Portanto, boa leitura... boa meditação...
Estela Márcia – OCDS/Petrópolis,RJ.

À Cruz
(Poema XVIII)
“Gostosa quietação da minha vida,
Sê bem-vinda, cruz querida.”

Ó bandeira que amparaste
O fraco e o fizeste forte!
Ó vida da nossa morte,
Quão bem a ressuscitaste!
O Leão de Judá domaste,
Pois por ti perdeu a vida.
Sê bem-vinda, cruz querida.

Quem não te ama vive atado
E da liberdade alheio;
Quem te abraça sem receio
Não toma caminho errado.
Oh! ditoso o teu reinado,
Onde o mal não tem cabida!
Sê bem-vinda, cruz querida.

Do cativeiro do inferno,
Ó cruz, foste a liberdade;
Aos males da humanidade
Deste o remédio mais terno.
Deu-nos, por ti, Deus Eterno
Alegria sem medida.
Sê bem-vinda, cruz querida.

 
O Caminho da Cruz
(Poema XIX)
O consolo está, e a vida,
Só na cruz;
E ao Céu é a única senda
Que conduz.

 
Está na cruz o Senhor
De céus e terra,
E o gozar de muita paz
Em plena guerra.
Todos os males desterra
Do mundo, a cruz.
E ao Céu é a única senda
Que conduz
 
Da cruz é que diz a Esposa
A seu Querido,
Que é a palmeira preciosa
Aonde há subido;
Cujo fruto lhe dá sabido
Ao seu Jesus.
E ao Céu é a única senda
Que conduz

A santa Cruz é oliveira
Mui preciosa,
Seu óleo nos unge e inunda
De luz radiosa;
Ó minh’alma, pressurosa,
Abraça a cruz:
Pois ao Céu é a única senda
Que conduz

É o madeiro verdejante
E desejado
Da Esposa, que à sua sombra
Se há sentado,
A gozar de seu amado
O Rei Jesus,
Pois ao Céu é a única senda
Que conduz

A alma que totalmente a Deus
Está rendida,
Bem deveras deste mundo
Já desprendida,
Árvore de gozo e vida
É a santa Cruz
E ao Céu é o doce caminho
Que conduz.

Desde que na Cruz foi posto
O Salvador,
Só na cruz se encontra glória,
Honra e louvor;
Vida e consolo na dor
Dá-nos a cruz,
E ao Céu é a estrada segura
Que conduz.


Abraçadas à Cruz
(Poema XX)
Vamos para o Céu tão belo
Monjas do Carmelo

Abracemos bem a Cruz
E sigamos a Jesus,
Que é nosso caminho e luz,
Fartura do nosso anelo,
Monjas do Carmelo.

Sereis livres de cuidados
Desconsolo e mil enfados,
Se os três votos professados
Observardes com desvelo,
Monjas do Carmelo.

O voto da obediência,
Ainda que de alta ciência,
Só quebra a resistência:
Aparte Deus tal flagelo,
Monjas do Carmelo!

A castidade guardai,
E só a Deus desejai;
E nele vos encerrai,
Sem do mundo ouvir o apelo,
Monjas do Carmelo.

Nosso voto de pobreza,
Se guardado com pureza,
Está cheio de riqueza
E nos abre o Céu tão belo,
Monjas do Carmelo.

Fazendo assim, venceremos
Tudo, e enfim descansaremos
No Criador, que, em seus extremos,
Fez a terra e o Céu tão belo,
Monjas do Carmelo.

(Extraído: “Obras Completas, Teresa de Jesus”
Edições Loyola, 1995)

 

 

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