‘Sê bem-vinda, cruz querida’; ‘E ao Céu é a única senda que
conduz’; ‘Monjas do Carmelo’.
Com apelativos ricos de
significado, Santa Teresa encanta ‘suas filhas’, filhos e admiradores de todos
os tempos e lugares.
Confessa Teresa não ser
poeta, mas deixa-nos sempre a certeza, em seus escritos, da presença de Deus
que ‘desatina e embriaga’. Seus contemporâneos afirmam ser ela uma poetisa, não
apenas nos êxtases espirituais em que experimentava, mas, sobretudo, por sua
própria personalidade aberta ao belo e ao encanto de Deus.
As ‘Poesias’ da Santa Madre
Teresa tem um tom especial de elevação ao divino, e hoje, em especial, cabe-nos
apresentar a beleza da relação de Teresa com a Cruz (do Amado) que, ao que
perceberemos, renovará a esperança de quem os lê com a mente, mas deixa-se
embriagar-se na alma.
Portanto, boa leitura... boa
meditação...
Estela Márcia –
OCDS/Petrópolis,RJ.
À Cruz
(Poema XVIII)
“Gostosa
quietação da minha vida,
Sê bem-vinda,
cruz querida.”
Ó
bandeira que amparaste
O
fraco e o fizeste forte!Ó vida da nossa morte,
Quão bem a ressuscitaste!
O Leão de Judá domaste,
Pois por ti perdeu a vida.
Sê bem-vinda, cruz querida.
Quem
não te ama vive atado
E
da liberdade alheio;Quem te abraça sem receio
Não toma caminho errado.
Oh! ditoso o teu reinado,
Onde o mal não tem cabida!
Sê bem-vinda, cruz querida.
Do
cativeiro do inferno,
Ó
cruz, foste a liberdade;Aos males da humanidade
Deste o remédio mais terno.
Deu-nos, por ti, Deus Eterno
Alegria sem medida.
Sê bem-vinda, cruz querida.
O Caminho da
Cruz
(Poema XIX)
O consolo
está, e a vida,
Só na cruz;
E ao Céu é a
única senda
Que conduz.
De céus e terra,
E o gozar de muita paz
Em plena guerra.
Todos os males desterra
Do mundo, a cruz.
E ao Céu é a única senda
Que conduz
Da
cruz é que diz a Esposa
A
seu Querido,Que é a palmeira preciosa
Aonde há subido;
Cujo fruto lhe dá sabido
Ao seu Jesus.
E ao Céu é a única senda
Que conduz
A santa Cruz é oliveira
Mui preciosa,Seu óleo nos unge e inunda
De luz radiosa;
Ó minh’alma, pressurosa,
Abraça a cruz:
Pois ao Céu é a única senda
Que conduz
É o madeiro verdejante
E desejado
Da Esposa, que à sua sombra
Se há sentado,
A gozar de seu amado
O Rei Jesus,
Pois ao Céu é a única senda
Que conduz
A
alma que totalmente a Deus
Está
rendida,Bem deveras deste mundo
Já desprendida,
Árvore de gozo e vida
É a santa Cruz
E ao Céu é o doce caminho
Que conduz.
Desde
que na Cruz foi posto
O
Salvador,Só na cruz se encontra glória,
Honra e louvor;
Vida e consolo na dor
Dá-nos a cruz,
E ao Céu é a estrada segura
Que conduz.
Abraçadas à
Cruz
(Poema XX)
Vamos para o
Céu tão belo
Monjas do
Carmelo
Abracemos bem a Cruz
E sigamos a Jesus,Que é nosso caminho e luz,
Fartura do nosso anelo,
Monjas do Carmelo.
Sereis livres de cuidados
Desconsolo e mil enfados,Se os três votos professados
Observardes com desvelo,
Monjas do Carmelo.
O voto da obediência,
Ainda que de alta ciência,Só quebra a resistência:
Aparte Deus tal flagelo,
Monjas do Carmelo!
A castidade guardai,
E só a Deus desejai;E nele vos encerrai,
Sem do mundo ouvir o apelo,
Monjas do Carmelo.
Nosso voto de pobreza,
Se guardado com pureza,Está cheio de riqueza
E nos abre o Céu tão belo,
Monjas do Carmelo.
Fazendo assim, venceremos
Tudo, e enfim descansaremosNo Criador, que, em seus extremos,
Fez a terra e o Céu tão belo,
Monjas do Carmelo.
(Extraído: “Obras Completas, Teresa de Jesus”
Edições Loyola, 1995)
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