A memória de Nossa Senhora das Dores, ou Nossa Senhora da Piedade, no dia 15 de setembro, é marcada pela Solenidade da Exaltação da Santa Cruz, do dia 14, momento de renovação de nossa fé e esperança na Cruz Redentora. As realidades proféticas da obediência e das dores do Filho e da Mãe fazem eco entre si, um no outro. "Cristo, nos dias de sua vida terrestre, dirigiu preces e súplicas, com forte clamor e lágrimas, àquele que era capaz de salvá-lo da morte. E foi atendido por causa de sua entrega a Deus. Mesmo sendo Filho, aprendeu o que significa a obediência a Deus por aquilo que sofreu. Mas, na consumação de sua vida, tornou-se a causa de salvação eterna para todos os que lhe obedecem." (Hb 5,7-9); "Este menino vai ser causa tanto de queda quanto de reerguimento para muitos
São Bernardo escreve
sobre o martírio da Virgem Maria, "Estava sua mãe junto à cruz": O martírio da Virgem é mencionado tanto na
profecia de Simeão quanto no relato da paixão do Senhor. Este foi posto, diz o santo ancião sobre o
menino, como um sinal de contradição, e a Maria: e uma espada traspassará tua
alma (cf. Lc 2,34-35). Verdadeiramente, ó santa Mãe, uma espada
traspassou tua alma. Aliás, somente traspassando-a, penetraria na carne do
Filho. De fato, visto que o teu Jesus – de todos certamente, mas especialmente
teu – a lança cruel, abrindo-lhe o lado sem poupar um morto, não atingiu a alma
dele, mas ela traspassou a tua alma. A alma dele já ali não estava, a tua, porém,
não podia ser arrancada dali. Por isto a violência da dor penetrou em tua alma
e nós te proclamamos, com justiça, mais do que mártir, porque a compaixão
ultrapassou a dor da paixão corporal. E pior que a espada, traspassando a alma,
não foi aquela palavra que atingiu até a divisão entre a alma e o espírito: Mulher, eis aí teu filho? (Jo
19,26).
Oh!
que troca incrível! João, Mãe, te é entregue em vez de Jesus, o servo em lugar
do Senhor, o discípulo pelo Mestre, o filho de Zebedeu pelo Filho de Deus, o
puro homem, em vez do Deus verdadeiro. Como ouvir isto deixaria de traspassar
tua alma tão afetuosa, se até a sua lembrança nos corta os corações, tão de
pedra, tão de ferro?
Não
vos admireis, irmãos, que se diga ter Maria sido mártir na alma. Poderia
espantar-se quem não se recordasse do que Paulo afirmou que entre os maiores
crimes dos gentios estava o de serem sem afeição. Muito longe do coração de
Maria tudo isto; esteja também longe de seus servos.
Talvez
haja quem pergunte: “Mas não sabia ela de antemão que iria ele morrer?” Sem
dúvida alguma. “E não esperava que logo ressuscitaria?” Com toda a confiança.
“E mesmo assim sofreu com o Crucificado?” Com toda a veemência. Aliás, tu quem
és ou donde tua sabedoria, para te admirares mais de Maria que compadecia, do
que do Filho de Maria a padecer? Ele pôde morrer no corpo; não podia ela morrer
juntamente no coração? É obra da caridade: ninguém a teve maior! Obra de
caridade também isto: depois dela nunca houve igual. (Ofício das Leituras - Dos
Sermões de São Bernardo, abade - Séc.XII)
Nossa
Senhora das Dores, Mãe da Piedade, rogai por nós!
Estela Márcia, adaptações
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