ORAÇÃO DO PAPA FRANCISCO
Segue, na íntegra, o texto proferido pelo
Papa Francisco no encontro de oração pela paz realizado na tarde deste domingo,
8 de junho, nos Jardins Vaticanos, com os presidentes de Israel e Palestina.
Senhores Presidentes,
Com grande alegria vos saúdo e desejo
oferecer, a vós e às ilustres Delegações que vos acompanham, a mesma recepção
calorosa que me reservastes na minha peregrinação há pouco concluída à Terra
Santa. Agradeço-vos do fundo do coração por terdes aceite o meu convite para
vir aqui a fim de, juntos, implorarmos de Deus o dom da paz. Espero que este
encontro seja o início de um caminho novo à procura do que une para superar
aquilo que divide. E agradeço a Vossa Santidade, venerado Irmão Bartolomeu, por
estar aqui comigo a acolher estes hóspedes ilustres. A sua participação é um
grande dom, um apoio precioso, e é testemunho do caminho que estamos a fazer,
como cristãos, rumo à plena unidade.
A vossa presença, Senhores Presidentes, é um grande sinal de fraternidade,
que realizais como filhos de Abraão, e expressão concreta de confiança em Deus,
Senhor da história, que hoje nos contempla como irmãos um do outro e deseja
conduzir-nos pelos seus caminhos. Este nosso encontro de
imploração da paz para a Terra Santa, o Médio Oriente e o mundo inteiro é
acompanhado pela oração de muitíssimas pessoas, pertencentes a diferentes
culturas, pátrias, línguas e religiões: pessoas que rezaram por este encontro e
agora estão unidas connosco na mesma imploração. É um encontro que responde ao
ardente desejo de quantos anelam pela paz e sonham um mundo onde os homens e as
mulheres possam viver como irmãos e não como adversários ou como inimigos.
Senhores Presidentes, o mundo é uma herança que recebemos dos nossos
antepassados, mas é também um empréstimo dos nossos filhos: filhos que estão
cansados e desfalecidos pelos conflitos e desejosos de alcançar a aurora da
paz; filhos que nos pedem para derrubar os muros da inimizade e percorrer a
estrada do diálogo e da paz a fim de que triunfem o amor e a amizade. Muitos, demasiados destes filhos caíram vítimas inocentes da guerra e da
violência, plantas arrancadas em pleno vigor. É nosso dever fazer com que o seu
sacrifício não seja em vão. A
sua memória infunda em nós a coragem da paz, a força de perseverar no diálogo a
todo o custo, a paciência de tecer dia após dia a trama cada vez mais robusta
de uma convivência respeitosa e pacífica, para a glória de Deus e o bem de
todos. Para fazer a paz é preciso
coragem, muita mais do que para fazer a guerra. É preciso coragem para dizer
sim ao encontro e não à briga; sim ao diálogo e não à violência; sim às
negociações e não às hostilidades; sim ao respeito dos pactos e não às
provocações; sim à sinceridade e não à duplicidade. Para tudo isto, é preciso
coragem, grande força de ânimo.
A história ensina-nos que as nossas meras forças não bastam. Já mais de
uma vez estivemos perto da paz, mas o maligno, com diversos meios, conseguiu
impedi-la. Por isso estamos aqui, porque sabemos e acreditamos que necessitamos
da ajuda de Deus. Não renunciamos às nossas
responsabilidades, mas invocamos a Deus como acto de suprema responsabilidade
perante as nossas consciências e diante dos nossos povos. Ouvimos uma chamada e devemos
responder: a chamada a romper a espiral do ódio e da violência, a rompê-la com
uma única palavra: «irmão». Mas, para dizer esta
palavra, devemos todos levantar os olhos ao Céu e reconhecer-nos filhos de um
único Pai.
A Ele, no Espírito de Jesus Cristo, me dirijo, pedindo a intercessão da Virgem Maria, filha da Terra Santa e Mãe nossa: Senhor Deus de Paz, escutai a nossa súplica! Tentamos tantas vezes e durante tantos anos resolver os nossos conflitos com as nossas forças e também com as nossas armas; tantos momentos de hostilidade e escuridão; tanto sangue derramado; tantas vidas despedaçadas; tantas esperanças sepultadas... Mas os nossos esforços foramem vão. Agora , Senhor, ajudai-nos Vós!
Dai-nos Vós a paz, ensinai-nos Vós a paz, guiai-nos Vós para a paz. Abri os
nossos olhos e os nossos corações e dai-nos a coragem de dizer: «nunca mais a
guerra»; «com a guerra, tudo fica destruído»! Infundi em nós a coragem de
realizar gestos concretos para construir a paz. Senhor, Deus de Abraão e dos
Profetas, Deus Amor que nos criastes e chamais a viver como irmãos, dai-nos a
força para sermos cada dia artesãos da paz; dai-nos a capacidade de olhar com
benevolência todos os irmãos que encontramos no nosso caminho. Tornai-nos
disponíveis para ouvir o grito dos nossos cidadãos que nos pedem para
transformar as nossas armas em instrumentos de paz, os nossos medos em
confiança e as nossas tensões em perdão. Mantende acesa em nós a chama
da esperança para efetuar, com paciente perseverança, opções de diálogo e reconciliação,
para que vença finalmente a paz. E que do coração de todo o homem sejam banidas
estas palavras: divisão, ódio, guerra! Senhor,
desarmai a língua e as mãos, renovai os corações e as mentes, para que a
palavra que nos faz encontrar seja sempre «irmão», e o estilo da nossa vida se
torne: shalom, paz, salam! Amém.
A Ele, no Espírito de Jesus Cristo, me dirijo, pedindo a intercessão da Virgem Maria, filha da Terra Santa e Mãe nossa: Senhor Deus de Paz, escutai a nossa súplica! Tentamos tantas vezes e durante tantos anos resolver os nossos conflitos com as nossas forças e também com as nossas armas; tantos momentos de hostilidade e escuridão; tanto sangue derramado; tantas vidas despedaçadas; tantas esperanças sepultadas... Mas os nossos esforços foram
Oração do Presidente de
Israel, Shimon Peres
Eis as palavras do Presidente de Israel,
Shimon Peres, no encontro de oração pela paz, realizado neste domingo, no
Vaticano.
Sua Santidade Papa Francisco
Sua Excelência Presidente Mahmoud Abbas
Vim da Cidade Santa de Jerusalém para
agradecer-lhes por este vosso convite excepcional. A Cidade Santa de Jerusalém
é o coração pulsante do povo judaico. Em hebraico, a nossa língua antiga, a
palavra Jerusalém e a palavra “paz” têm a mesma raiz. E, de fato, paz é a visão
própria de Jerusalém. Como se lê no Livro dos Salmos (122, 6-9): “Pedi a paz para Jerusalém. Que tuas tendas
repousem. Haja paz em teus muros e repouso em teus palácios. Por meus irmãos e
meus amigos. Eu desejo: “A paz esteja contigo”. Pela casa do Senhor nosso Deus,
eu peço: “Felicidade para ti!””.
Durante a Sua histórica visita à Terra Santa, Sua Santidade nos tocou com o calor do Seu coração, a sinceridade de Suas intenções, a Sua modéstia, a Sua gentileza. Sua Santidade tocou os corações das pessoas– independentemente de sua fé e nacionalidade. Sua Santidade se apresentou como um construtor de pontes de fraternidade e de paz. Nós todos precisamos da inspiração que acompanha o seu caráter e o seu caminho. Obrigado. Dois povos – os israelenses e os palestinos – ainda desejam ardentemente a paz. As lágrimas das mães sobre seus filhos ainda estão marcadas em nossos corações. Nós devemos pôr fim aos gritos, à violência, ao conflito. Nós todos necessitamos de paz. Paz entre iguais. O Seu convite a unir-se à Sua Santidade nesta importante cerimônia para invocar a paz, aqui nos Jardins Vaticanos, na presença de autoridades Judaicas, Cristãs, Muçulmanos e Drusas, reflete maravilhosamente a Sua visão da aspiração que todos compartilhamos: Paz. Nesta ocasião comovente, repletos de esperança e fé, elevamos com o Senhor, Santidade, uma invocação pela paz entre as religiões, as nações, as comunidades, entre homens e mulheres. Que a verdadeira paz se torne em breve e rapidamente, nossa herança. O nosso Livro dos Livros nos impõe o caminho da paz, nos pede que trabalhemos por sua realização. Diz o Livro dos Provérbios: “Suas vias são vias de graça, e todas as suas sendas são paz”. Assim devem ser as nossas vias. Vias de graça e de paz.
Não é por acaso que Rabi Akiva colheu a essência da nossa Lei com uma só frase: “Ama o teu próximo como a ti mesmo”. Nós todos somos iguais diante do Senhor. Nós somos todos parte da família humana. Por isso, sem paz nós não somos completos e devemos ainda realizar a missão da humanidade. A paz não vem facilmente. Nós devemos trabalhar com todas as nossas forças para alcançá-la. Para alcançá-la rapidamente. Mesmo que isso requeira sacrifícios ou comprometimentos. O Livro dos Salmos nos diz: “Se amas a vida e desejas ver longos dias, contenhas a tua língua do mal e teus lábios da mentira. Afasta-te do mal e faz o bem, busca a paz e persegue-a”. Isso significa que devemos perseguir a paz. Todos os anos. Todos os dias. Nós nos saudamos com esta bênção: Shalom, Salam. Nós devemos ser dignos do significado profundo desta bênção. Mesmo quando a paz parecer distante, nós devemos persegui-la para torná-la mais próxima. E se nós perseguimos a paz com perseverança, com fé, nós a alcançaremos. E esta durará graças a nós, a todos nós, de todas as religiões, de todas as nações, como foi escrito: “Esses transformarão suas espadas em arados e suas lançasem foices. Um povo não
levantará mais a espada contra outro povo e não se exercitarão mais na arte da
guerra”. A alma se eleva à leitura desses versos de visão eterna. E
nós podemos – juntos e agora, israelenses e palestinos – transformar a nossa
nobre visão numa realidade de bem-estar e prosperidade. É em nosso poder levar
a paz aos nossos filhos. Este é o nosso dever, a santa missão dos pais. Permitam-me concluir com uma oração: Aquele
que faz a paz nos céus, faça paz sobre nós e sobre todo Israel sobre o mundo
inteiro, e dizemos: Amém.
Durante a Sua histórica visita à Terra Santa, Sua Santidade nos tocou com o calor do Seu coração, a sinceridade de Suas intenções, a Sua modéstia, a Sua gentileza. Sua Santidade tocou os corações das pessoas– independentemente de sua fé e nacionalidade. Sua Santidade se apresentou como um construtor de pontes de fraternidade e de paz. Nós todos precisamos da inspiração que acompanha o seu caráter e o seu caminho. Obrigado. Dois povos – os israelenses e os palestinos – ainda desejam ardentemente a paz. As lágrimas das mães sobre seus filhos ainda estão marcadas em nossos corações. Nós devemos pôr fim aos gritos, à violência, ao conflito. Nós todos necessitamos de paz. Paz entre iguais. O Seu convite a unir-se à Sua Santidade nesta importante cerimônia para invocar a paz, aqui nos Jardins Vaticanos, na presença de autoridades Judaicas, Cristãs, Muçulmanos e Drusas, reflete maravilhosamente a Sua visão da aspiração que todos compartilhamos: Paz. Nesta ocasião comovente, repletos de esperança e fé, elevamos com o Senhor, Santidade, uma invocação pela paz entre as religiões, as nações, as comunidades, entre homens e mulheres. Que a verdadeira paz se torne em breve e rapidamente, nossa herança. O nosso Livro dos Livros nos impõe o caminho da paz, nos pede que trabalhemos por sua realização. Diz o Livro dos Provérbios: “Suas vias são vias de graça, e todas as suas sendas são paz”. Assim devem ser as nossas vias. Vias de graça e de paz.
Não é por acaso que Rabi Akiva colheu a essência da nossa Lei com uma só frase: “Ama o teu próximo como a ti mesmo”. Nós todos somos iguais diante do Senhor. Nós somos todos parte da família humana. Por isso, sem paz nós não somos completos e devemos ainda realizar a missão da humanidade. A paz não vem facilmente. Nós devemos trabalhar com todas as nossas forças para alcançá-la. Para alcançá-la rapidamente. Mesmo que isso requeira sacrifícios ou comprometimentos. O Livro dos Salmos nos diz: “Se amas a vida e desejas ver longos dias, contenhas a tua língua do mal e teus lábios da mentira. Afasta-te do mal e faz o bem, busca a paz e persegue-a”. Isso significa que devemos perseguir a paz. Todos os anos. Todos os dias. Nós nos saudamos com esta bênção: Shalom, Salam. Nós devemos ser dignos do significado profundo desta bênção. Mesmo quando a paz parecer distante, nós devemos persegui-la para torná-la mais próxima. E se nós perseguimos a paz com perseverança, com fé, nós a alcançaremos. E esta durará graças a nós, a todos nós, de todas as religiões, de todas as nações, como foi escrito: “Esses transformarão suas espadas em arados e suas lanças
Oração do Presidente da
Palestina, Mahmoud Abbas
Em nome de Deus, supremamente Clemente,
supremamente misericordioso,
Sua Santidade Papa Francisco
Sua Excelência Presidente Shimon Peres
Beatitudes, Senhores Xeques e Rabinos
Senhoras e Senhores,
É realmente uma grande honra para nós encontrar-nos novamente com Sua
Santidade o Papa Francisco, para cumprir seu convite gentil de desfrutar de sua
presença espiritual e nobre, e ouvir o seu pensamento e sabedoria cristalina,
que emanam de um coração saudável, de uma consciência vibrante, como também de
um elevado sentido ético e religioso. Agradeço a Sua
Santidade do profundo do meu coração por ter promovido este importante encontro
aqui no Vaticano. Ao mesmo tempo, apreciamos muito a sua visita à Terra Santa
Palestina, sobretudo em nossa cidade santa Jerusalém e em Belém, cidade do amor
e da paz, local do nascimento de Jesus Cristo. A visita é uma expressão sincera
de sua fé na paz e uma tentativa crível para alcançar a paz entre palestinos e
israelenses.
Ó Deus, nós te louvamos sempre por ter
feito de Jerusalém a nossa porta para o céu. Como diz o Alcorão Sagrado, "Glória a Ele que fez com que Seu servo
viajasse de noite do lugar sagrado da adoração ao mais alto lugar de adoração,
cujas redondezas nós abençoamos". Tu tornaste a peregrinação e a
oração neste lugar os melhores atos que os fiéis podem cumprir em sua honra, e
expressaste a tua promessa fiel com as palavras: "Entre no Masjid como fizeram pela primeira vez". O Deus
Onipotente disse a verdade.
Ó, Deus do Céu e da Terra, acolhes a minha
oração para a realização da verdade, da paz e da justiça em minha pátria, a
Palestina, na região, e no mundo inteiro.
Suplico-te, ó Senhor, em nome do meu povo, o povo da
Palestina, muçulmanos e cristãos e samaritanos, que desejam ardentemente uma
paz justa, uma vida digna e a liberdade; Peço-te, Ó Senhor, para tornar o
futuro de nosso povo próspero e promissor, com liberdade num Estado soberano e
independente. Concede, Ó Senhor, à
nossa região e ao seu povo segurança, salvação e estabilidade. Salva cidade a
nossa abençoada Jerusalém; primeira Kiblah, segunda Mesquita Santa, terceira
das duas Mesquitas Santas, e cidade das bênçãos e da paz com tudo o que a
circunda.
Reconciliação e paz, Ó Senhor, são a nossa meta. Deus, em seu Livro Sagrado
disse aos fiéis: "Fazei a paz entre vós!" "Nós estamos aqui,
Senhor, orientados em direção à paz. Torna firmes os nossos passos e coroa com
o sucesso os nossos esforços e nossas iniciativas. Tu que és o promotor da
virtude e aquele que previne o vício, o mal e a agressão. Tu falas e tu és o
mais verdadeiro, e se eles se inclinam pra a paz, inclinas também tu em direção
a ela, e tenhas confiança em
Alá. Ele é aquele que escuta, conhece". Como diz o Profeta Muhammad, “Difundi
a paz entre vós".
Hoje, nós repetimos aquilo que
Jesus Cristo disse dirigindo-se a Jerusalém: "Se tu tivesses conhecido hoje o
caminho da paz!” Recordamos também as palavras de São João Paulo II,
quando disse: "Se a paz se realiza
em Jerusalém, a paz será testemunhada no mundo inteiro". E ao mesmo
tempo, em nossa oração de hoje, proclamamos várias vezes para aqueles que lutam
pela paz: "Bem-aventurados os que
promovem a paz!"e "Pede paz para Jerusalém" como se diz nas
Sagradas Escrituras.
Por isso, pedimos-te, Senhor, a paz na Terra Santa, Palestina, e Jerusalém junto com o seu povo. Nós te pedimos para tornar a Palestina e Jerusalém, em particular, uma terra segura para todos os fiéis, e um lugar de oração e culto para os seguidores das três religiões monoteístas, Hebraísmo, Cristianismo e Islã, e para todos aqueles que desejam visitá-la como estabelecido no Alcorão Sagrado.
Ó Senhor, tu és a paz e a paz vem de ti. Que o Deus da glória e majestade doe a todos nós segurança e salvação, e alivia o sofrimento do meu povo na pátria e na diáspora.
Por isso, pedimos-te, Senhor, a paz na Terra Santa, Palestina, e Jerusalém junto com o seu povo. Nós te pedimos para tornar a Palestina e Jerusalém, em particular, uma terra segura para todos os fiéis, e um lugar de oração e culto para os seguidores das três religiões monoteístas, Hebraísmo, Cristianismo e Islã, e para todos aqueles que desejam visitá-la como estabelecido no Alcorão Sagrado.
Ó Senhor, tu és a paz e a paz vem de ti. Que o Deus da glória e majestade doe a todos nós segurança e salvação, e alivia o sofrimento do meu povo na pátria e na diáspora.
Ó Senhor, concede uma paz compreensiva e justa ao nosso país e à
região para que o nosso povo e os povos do Oriente Médio e o mundo inteiro
possam gozar do fruto da paz, da estabilidade e da coexistência. Desejamos a
paz para nós e nossos vizinhos. Procuramos a prosperidade e pensamentos de paz
para nós como também para os outros. Ó
Senhor, responde às nossas orações e dá sucesso às nossas iniciativas porque tu
és o justo, o misericordioso, Senhor dos mundos. Amém!
Estela Márcia (Adaptações)
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