A vida de peregrinação cristã suscita
questionamentos diversos. A todo instante somos pegos de surpresa por clamores
interiores, ou por clamores externos de dúvidas referentes à fé. Um grande
exemplo disso ocorre diante das inúmeras festas que o ano litúrgico nos propõe.
E a melhor coisa a fazer é buscar a devida resposta, nos devidos lugares, e,
com as devidas fontes de ensino da Igreja.
No mês de dezembro a Igreja celebra a Imaculada Conceição de Maria,
título concedido à Mãe de Jesus. Diante desta festa, no dia 8 (oito), muitos
questionamentos mal resolvidos vêm à tona. Seja quanto a Maternidade ou quanto a Concepção.
Diz D.Estevão:
“A Maternidade Divina é o privilégio fundamental que Maria recebeu. Deste
dom muito especial decorrem as outras graças recebidas pela Virgem Santíssima.
Duas delas se referem respectivamente ao início e ao fim da vida terrestre de
Maria: a Imaculada Conceição e a Assunção Corporal. Para ser a digna Mãe do
Verbo Encarnado, Maria foi isenta de todo o pecado e, porque isenta do pecado
ou imaculada, foi também preservada da deterioração que a morte impõe ao corpo
humano. O seu corpo, tabernáculo da Divindade, foi isento do poder do pecado e
da morte. Assim, a Imaculada Conceição e a Assunção de Maria estão em íntima
correlação entre si (...)” – BETTENCOURT, Pe. Estevão Tavares, Curso de
Mariologia. Parte III/Mód. 17) .
A mensagem que nos propomos apresentar, neste número, trata exatamente do
Dogma de “Imaculada Conceição” de Maria, como nos propõe o título. O Catecismo
da Igreja esclarece bem a fundamentação de nossa fé para tão nobre dogma. Na
Primeira Parte, na Segunda Seção da Profissão da Fé Cristã encontramos os
artigos que nos podem esclarecer tais questões.
A predestinação de Maria é biblicamente confirmada em toda a Sagrada
Escritura."Deus enviou Seu Filho" (Gl 4,4), mas, para "formar-lhe
um corpo" quis a livre cooperação de uma criatura. Por isso, desde toda a
eternidade, Deus escolheu, para ser a Mãe de Seu Filho, uma filha de Israel,
uma jovem judia de Nazaré na Galiléia, "uma virgem desposada com um varão
chamado José, da casa de Davi, e o nome da virgem era Maria" (Lc 1,26-27).
(CIC 488)
Ao longo de toda a Antiga Aliança, a missão de Maria foi
preparada pela missão de santas mulheres. No princípio está Eva: a despeito de
sua desobediência, ela recebe a promessa de uma descendência que será
vitoriosa sobre o Maligno e a de ser a mãe de todos os viventes Em virtude
dessa promessa, Sara concebe um filho, apesar de sua idade avançada. Contra
toda expectativa humana, Deus escolheu o que era tido como impotente e fraco
para mostrar sua fidelidade à sua promessa: Ana, a mãe de Samuel, Débora, Rute,
Judite e Ester, e muitas outras mulheres. Maria "sobressai entre (esses)
humildes e pobres do Senhor, que dele esperam e recebem com confiança a
Salvação. Com ela, Filha de Sião por excelência, depois de uma demorada espera
da promessa, completam-se os tempos e se instaura a nova economia" (CIC
489).
A
IMACULADA CONCEIÇÃO
Para ser a Mãe do Salvador, Maria "'foi enriquecida por
Deus com dons dignos para tamanha função". (CIC 490)
A excelência da escolha do Senhor dispõe sobre Maria a graça
da vocação, graça essa que a cumulou e a tornou redimida de todo o pecado desde
a concepção, levando a Igreja a confessar e proclamar, no ano de 1854 o dogma
da Imaculada Conceição, pelo Papa Pio IX. Dizia:
“A beatíssima Virgem Maria, no primeiro
instante de sua Conceição, por singular graça e privilégio de Deus onipotente,
em vista dos méritos de Jesus Cristo, Salvador do gênero humano foi preservada
imune de toda mancha do pecado original”. (Ref. / CIC 491)
É notório assinalarmos também que, diante da obediência de
Maria a humanidade ganha um modelo de fé que assumiria com o Messias o cumprimento
da promessa de salvação da humanidade.
Como diz Santo
Irineu, "obedecendo, se fez causa de salvação tanto para si como para todo
o gênero humano". Do mesmo modo, não poucos antigos Padres dizem com ele:
"O nó da desobediência de Eva foi desfeito pela obediência de Maria; o que
a virgem Eva ligou pela incredulidade a virgem Maria desligou pela fé".
Comparando Maria com Eva, chamam Maria de "mãe dos viventes" e com
freqüência afirmam: "Veio à morte por Eva e a vida por Maria".
Ref./CIC 494)
O grande testemunho da maternidade de Maria encontra-se nos
Evangelhos: "a Mãe de Jesus" (João 2,1;19,25). Aclamada por Isabel,
sua prima, como "a Mãe de meu Senhor" (Lc 1,43), Maria reveste-se do
poder infinito do Deus Uno e Trino. Sendo assim, a Igreja confessa que Maria é
verdadeiramente Mãe de Deus (Theotókos).
A
VIRGINDADE DE MARIA
"O que foi gerado nela vem do Espírito Santo", diz
o anjo a José acerca de Maria, sua noiva (Mt 1,20). "Eis que a virgem
conceberá e dará à luz um filho" (Is 7,14) segundo a tradução
grega de Mt 1,23. Promessas como essas levaram a Igreja a confessar a eleição
de Maria seguida de toda a participação do Mistério da vida pública de Jesus,
bem como de sua Paixão (Jo 19,25).
“A isto objeta-se por vezes, que a Escritura menciona Irmãos
e irmãs de Jesus. A Igreja sempre entendeu que essas passagens não designam
outros filhos da Virgem Maria: com efeito, Tiago e José, "irmãos de
Jesus" (Mt 13,55), são os filhos de uma Maria discípula de Cristo que
significativamente é designada como "a outra Maria" (Mt 28,1). Trata-se
de parentes próximos de Jesus, consoante uma expressão conhecida do Antigo
Testamento”. (CIC 500)
Concluímos, juntamente com a Igreja de todos os tempos, que
Maria é Virgem e Mãe na ordem da graça. Em Maria, nós cristãos deste novo
tempo, temos o compromisso de buscar nela o modelo de fé e obediência, pois
nela e com ela, através de sua intercessão, encontraremos o sentido da nossa
peregrinação terrestre. Busquemos portanto, em Maria o modelo de vida cristã
agradável ao Senhor, para que no limiar da eternidade tenhamos a certeza de que
estar com Maria é estar com o seu Filho Jesus.
N. S. IMACULADA CONCEIÇÃO, rogai por nós !!!
Estela Márcia
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