domingo, 30 de outubro de 2016

Começa hoje a #Novena de #SantaElisabethDaTrindade.
De 30 de Outubro a 07 de Novembro.
(Completa - Abaixo)
#AlmaCarmelita
Fonte:
- Ir. Viviane Fernandes da Silva
Irmãs Carmelitas Mensageiras do Espírito Santo (Autora)
- Obras Completas Santa Elisabeth da Trindade
- Doutrina Espiritual de Elisabeth da Trindade - M. Philipon
- Memórias da Santa Elisabeth da Trindade - Frei Patrício Sciadini
- Mergulho no Divino - Ardens

Novena de Santa Elisabeth da Trindade - 1º dia

"Agendo contra - Combate a si mesmo"

Sem autodomínio, a vontade fica inconstante, e qualquer outra virtude que se queira edificar sobre ela afunda-se. Para se alcançar o domínio de si mesmo, é necessário uma luta constante, principalmente por meio do sacrifício, da mortificação. Oferecida à Deus, esse sacrifício nos ajuda a purificar os pecados, e unir-nos com mais amor aos padecimentos de Jesus. O sacrifício é apenas aparente, pois vivendo assim, com sacrifício, livra-se de muitas escravidões e no íntimo do seu coração consegue saborear todo o amor de Deus.

Precisamos fortalecer a vontade, forjando-a na fornalha da Graça de Deus, e lutando por adquirir, com garra e mortificação, o autodomínio, que nos deixa verdadeiramente livres. A alma nada consegue sem o calor da Graça de Deus, por isso deve fortificar-se com as fontes de graça, que são os Sacramentos, a oração humilde ao Espírito Santo, com o cumprimento dos deveres cotidianos, “em espírito de amor de Deus, de auto-respeito e de generosidade para com os outros, sem sufocar os sentimentos e as tendências, mas canalizando-as numa vida virtuosa.”  João Paulo II.

Elisabeth, desde pequena tomou a resolução de impor-se a si mesmo uma vigilância constante. Conhecia seu “defeito dominante” e lutou para dominá-lo. Aprendeu a vencer-se por amor. Acompanhava regularmente retiros pregados pelos Padres da Companhia de Jesus, onde inspirou-se em seus propósitos. Habituara-se a renunciar a si mesma, estando sempre pronta a ceder e desaparecer, o que chamou de “agendo contra”. Um verdadeiro combate a si mesma: esta foi a palavra chave de sua alma generosa.

“Hoje, tive a alegria de oferecer a Jesus muitos sacrifícios para vencer o meu defeito maior. Quanto me custou! Por isso, reconheço toda a minha fraqueza. Quando recebo uma observação injusta, parece-me sentir o sangue ferver nas veias, tal é a revolta do meu ser. Mas Jesus estava comigo. Ouvia-lhe a voz no fundo do coração, e então estava disposta a tudo suportar por seu amor.” (Diário 30/01/1899)

Reflexão...

“Toda a nossa capacidade vem de Deus.” (2 Cor 3,2)

“Suporta comigo os trabalhos, como bom soldado de Cristo. Nenhum atleta será coroado se não tiver lutado segundo as regras. É preciso que o lavrador trabalhe entes com afinco, se quer boa colheita.” (2Tm 2, 3-6)

“Posso tudo naquele que me dá forças!” (Fl 4,13).

Para meditar:

Imitação de Cristo Livro I , Caps I e II
Imitação de Cristo Livro IV, Cap. VII

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Novena de Santa Elisabeth da Trindade - 2º dia

“Quotidiae Morior” – Morro cada dia - Renúncia e Desapego

Enquanto alguma coisa nos prender, não poderemos livremente voar para Deus. Não há nada mais tranquilo que um coração simples, livre. Importa, pois, elevar-se acima de todas as coisas, acima até de si mesmo, para unir-se cada vez mais ao Senhor. Para vivermos unidos à Jesus, precisamos nos desprender dos laços que nos prendem ao mundo. A alma que ainda não se desprendeu, “está sempre agitada, inquieta, caminha na escuridão e mil cuidados a atormentam”.

Renunciar é a disposição da alma em não viver, em nada, para si; disposição sincera, contínua, firme de afastar a alma de sua inclinação natural e se fazer o centro da própria vida, de sair de si, de se desinteressar por si, de deixar-se de lado. Renunciar-se é amar! Em escravidão vivem todos os que se amam e buscam a si mesmos.

Para ser um cristão de verdade, é preciso renunciar a algumas das coisas que aparentemente nos levam à felicidade, mas na verdade não passam de pura enganação. O conforto excessivo, riqueza exagerada, más companhias, ambição sem controle, egoísmo, vingança, fofocas, etc.

Elisabeth chama de “conversão” o que se deu em sua primeira confissão, que deu origem a um verdadeiro despertar para as coisas divinas. Desde então resolveu lutar energicamente contra o seu defeito dominante, sem que esta aplicação de vencer-se alterasse a sua animação e alegria. Foi progredindo a passos largos.

Sua vontade vinha sempre em último lugar. Quanto não teve de renunciar para dar alegria a sua mãe! Teria até mesmo deixado de entrar no seu amado Carmelo, se sua mãe não o tivesse permitido. Também o desapego da família foi algo de muito doloroso para Elisabeth. Porém, o coração livre dilata-se e tem maiores capacidades de amar: amar como Deus ama!

“Jesus, meu Amor, minha Vida, ajudai-me; é Preciso absolutamente que eu consiga fazer sempre e em tudo o contrário de minha vontade. Bom Mestre, Sublime Amor, eu Vos imolo essa vontade, para que seja transformada na Vossa. Vo-lo prometo, envidarei todos os esforços para ser fiel a esta minha decisão de sempre renunciar a mim mesma. Nem sempre é tão fácil; mas convosco, ó Jesus, minha força, minha Vida, a vitória não será, porventura, certa?” (Diário 24/02/1899)

“Esta doutrina de morrer a si mesmo, que é entretanto lei para toda alma cristã desde que Cristo disse: ´Se alguém quer vir após mim, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me`, esta doutrina que parece tão austera, é de uma suavidade deliciosa quando se olha o termo dessa morte, que é vida de Deus posta em lugar de nossa vida de pecados e misérias. A alma mais livre é, por certo, a que vive esquecida de si mesma. Se me perguntassem qual o segredo da felicidade, responderia que é não mais fazer caso de si, renunciar-se todo o tempo.” Carta 272

Reflexão...

“Se alguém quiser vir comigo, renuncie-se a si mesmo, tome cada dia a sua cruz e siga-me. Porque aquele que quiser salvar sua vida, perdê-la-á; mas aquele que tiver sacrificado a sua vida por amor de mim, salvá-la-á” (Lc 9, 23-24)

“Afeiçoai-vos às coisas lá de cima, e não às da terra. Porque estais mortos e a vossa vida está escondida com Cristo em Deus..” (Col 3,2-3)

Para meditar:
- Imitação de Cristo Livro III Caps. XXXI, XXXII, XXXVII e LVI.

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Novena de Santa Elisabeth da Trindade - 3º dia

“O Céu na Fé” - Confiança e Abandono

É a fé que nos aproxima de Deus. “Para aproximar-se de Deus é preciso crer.” (Hb 11,6). Diz o Catecismo da Igreja Católica: “o ato de fé é um ato humano, ou seja, um ato da inteligência do homem que, sob o impulso da vontade movida por Deus, dá livremente o próprio consenso à vontade divina” (153-163). É um Dom gratuito de Deus. Quando a alma sabe crer no grande Amor de Deus, nada a detém. Ela entrega-se então, sem reservas, com confiança e abandono, nesse amor.

A confiança conserva a alma no equilíbrio, nos dá força e coragem no sofrimento. Na alma confiante a abandonada, o Espírito Santo agirá livremente.

Elisabeth permaneceu fiel até o fim nesse caminhar para Deus na pura fé, mesmo quando gravemente enferma. É o meio de retribuir a Deus amor com amor. Mais sua alma é provada, mais aumenta sua fé, sua entrega total, afetuosa e dócil à Vontade Divina.

“E de que servem as consolações, as doçuras? Estas coisas não são ele, e é Ele que buscamos. Vamos pois a Ele pela pura fé.” (Carta 53)

“... a Ele me entrego e me abandono, de antemão feliz por tudo o que acontecer”. (Carta 250)

“...também eu devo procurar o mestre que se esconde. Mas então, vivo na fé e fico satisfeita de não gozar de sua presença para deixá-Lo gozar do meu amor.” (Carta 298)

Reflexão...

“ A fé é o fundamento da esperança, é uma certeza a respeito do que não se vê. Sem fé é impossível agradar a Deus, pois para se chegar a ele é necessário que se creia primeiro que ele existe e que recompensa os que o procuram.” (Hb 11, 1. 6)

“Ao abandonado, Deus prepara uma casa”. (Sl 67,7)

Para meditar

- Carta de São Paulo aos Hebreus
- Imitação de Cristo Livro III Cap. LIX

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Novena de Santa Elisabeth da Trindade - 4º dia

“Divinum Siletium” - Silêncio e Solidão

“O silêncio é a linguagem da alma para conversar com Deus.” O perfeito silêncio nunca pode estabelecer-se sem grandes esforços. Nos faz, em primeiro lugar, presentes a nós mesmos, e logo presentes a Deus, fazendo-nos atentos a sua presença.
A oração se completa no silêncio. De um lado, está a escuta, de outro a unidade com Deus. Permanecer em silêncio diante de Deus faz crescer o nosso amor por Ele.

O silêncio é presença, procura e encontro; é intimidade. Na medida em que a alma caminha para Deus, as palavras, as imagens e os sentimentos devem dar lugar ao silêncio.

Elisabeth teve um especial atrativo por esse silêncio que foge de todo o convívio para permanecer, pela fé na presença de Deus. É a santa do silêncio. Sonhava em “viver Contigo solitária”. Mesmo em meio às festas e reuniões do mundo, sua alma elevava-se a Deus, imersa no silêncio e adoração. Demonstrava a calma alegria de quem está em paz e pode sorrir, mas seu olhar e seu sorriso manifestavam, irradiavam Nosso Senhor.

“Dentro de mim existe uma solidão onde Cristo mora, que ninguém poderá tirar de mim.”

“Parece-me que nada nos pode distrair Dele, quando só agimos por ele, sempre em sua santa presença, sob o olhar divino que penetra até o mais íntimo da alma; mesmo no meio do mundo, pode-se ouví-Lo no silêncio do coração que só quer pertencer a Ele”. (Carta 38)

“O Carmelo é um canto do Céu: no silêncio e na oração, vive-se só com Deus só”. (Carta 142)

“Permaneçamos ali em silêncio, para escutar Aquele que tem tanto para nos comunicar”. (Carta 140)

Reflexão...

“Quando orares, entra no teu quarto, fecha a porta e ora ao teu Pai em segredo; e teu Pai, que vê num lugar oculto, recompensar-te-á”. Mt 6,6

“Maria conservava todas estas palavras, meditando-as no seu coração”. Lc 2,19

Para meditar
Imitação de Cristo Livro I, Caps. X e XX
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Novena Santa Elisabeth da Trindade - 5º dia

“Hóspede Divino” - Adoração - Jesus Eucaristia

Na adoração esqueço de mim mesmo, porque somente Deus é importante para mim. Na presença Eucarística, Cristo chega até nós, se oferece por nós. Olhamos para Aquele que nos ama. Nele está o nosso desejo profundo de nos libertarmos de nós mesmos, para dependermos única e exclusivamente do Senhor.

O primeiro contato com Jesus, escondido na Sagrada Hóstia foi decisivo para Elisabeth. Nesse dia, Ele tomou posse do seu coração. Sua única aspiração foi entregar-Lhe a vida. “A partir da Primeira Comunhão, vimo-la mudar imediatamente. Sentimo-la tomada por Deus”, nos diz sua irmã Margarida. Assim, arrastada pela torrente de amor, na intimidade mais pura da Primeira Comunhão, Elisabeth responde ao apelo de Jesus.

“A Eucaristia é a plenitude transbordante do Amor Divino. Nela, Jesus não nos dá apenas os seus méritos e as suas dores, mas nos dá plenamente a si mesmo.”

“Como é triste ter de me afastar do sacrário e despedir-me do Hóspede Divino! Mas Vós estais sempre comigo, estais no meu coração, Dileto Meu, único Amor.”

“Após a Comunhão, guardamos o Céu inteiro em nossa alma, menos a visão desse Céu.”

“A adoração! Sim! É uma palavra do céu. Me parece que poderia defini-la assim: é o êxtase do amor. É o amor vencido pela Beleza, pela Força, pela Grandeza imensa do Objeto amado que entra no estado como se fosse um desfalecimento, em um silêncio pleno e profundo.” UR 21

“Quanto mais vivemos com este Hóspede Divino, mais felizes nos sentimos, mais fortaleza temos para entregar-nos ao sacrifício.”

Reflexão...
“Eu sou o Pão da Vida. Quem vem a mim não terá fome, e quem crê em mim não terá mais sede.” ( Jo 6,35 )

Para meditar

- Evangelho de São João Capítulo 6
- Imitação de Cristo Livro IV Caps I à XVIII

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Novena de Santa Elisabeth da Trindade - 6º dia

“Janua Coeli” - A Santíssima Virgem

A devoção à Mãe de Jesus é condição essencial para a vida do Cristão. Todos os santos amaram apaixonadamente Maria.

Se através da Virgem Maria, o Verbo se fez carne, ele também continua a se encarnar em nossas vidas por meio de Nossa Senhora. A devoção à Virgem Maria não impede mas auxilia os cristãos a adorar e servir a Nosso Senhor Jesus Cristo.

Maria Santíssima é, depois de Jesus Cristo, o mais sublime modelo de todas as virtudes: piedade, pureza, humildade, paciência, fortaleza e sobretudo de ardente amor a Deus e ao próximo. Jesus, morrendo na cruz, nos legou sua Mãe por nossa mãe: “Filho, eis aí tua mãe. Mãe, eis aí teu filho”.

Elisabeth via em Maria o modela das almas contemplativas. Seu diário de jovem é cheio de referências a Maria. Gostava de contemplá-la na Encarnação, toda silenciosa, adorando o Verbo que nela habitava. A Virgem que tudo guardava no silêncio de seu coração. Encontrava nela seu ideal, alma recolhida e adoradora, ao mesmo tempo caridosa e prestativa. Em especial, nos últimos meses de vida, Maria foi para ela a porta que a levaria ao seio da Trindade Santa. Chamava-a “Janua Coeli”, Porta do Céu, aquela que a revestiria das vestes da glória, que a conduziria ao tão desejado átrio Eterno!

“Ninguém penetrou jamais no Mistério de Cristo, em toda a sua profundidade, senão a Santíssima Virgem; como os santos ficam na sombra, quando olhamos para a claridade da Virgem!...” UR 2

“O Rosário é a corrente que nos une a Maria. Com a prática da recitação do rosário, Maria dirige a nossa barquinha sobre as ondas agitadas desta vida... E temos a certeza de que chegaremos ao porto da salvação eterna.” (Diário – 23/03/1899)

“Existe um coração de Mãe onde você pode refugiar-se. É o coração da Virgem. Ele experimentou todos os tormentos e todas as angústias. No entanto, soube manter-se sempre calmo e forte, porque apoiado no Coração de Cristo.” (Carta 119)

“Com que paz, com que recolhimento Maria se aproximava de tudo e fazia todas as coisas! Até as coisas mais banais ela divinizava! Em tudo e por tudo, a Virgem permanecia em adoração ao Bom Deus. E isso não a impedia de prodigalizar-se ao extremo, quando se tratava de praticar a caridade.” (CF 38-40)


Reflexão...

“Ecce Mater tua - Eis aí tua Mãe! E dessa hora em diante, o discípulo a levou para sua casa.”   ( Jo 19,27 )

Para meditar
Evangelho segundo São Lucas, Caps 1 e 2;
Evangelho segundo São João Cap 2,1-12

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Novena de Santa Elisabeth da Trindade - 7º dia

“Casa de Deus”- Inabitação da Santíssima Trindade

O mistério da Santíssima Trindade é o mistério central da fé e da vida cristã. Pela graça do batismo, somos chamados a compartilhar da vida da Santíssima Trindade, aqui na terra, na obscuridade da fé. Desde já somos chamados a ser habitados pela Trindade: “Se alguém me ama –  diz o Senhor – guardará a minha palavra, e meu Pai o amará e viremos a ele, e faremos nele a nossa morada”  (Jo 14,23).

Com o mistério da Inabitação da Santíssima Trindade, tocamos o ponto central da doutrina de Elisabeth da Trindade. Por uma graça única ela soube encontrar essa presença das Três Pessoas Divinas no íntimo de sua alma, segredo de sua felicidade, que a fez de sua vida um céu antecipado, o “céu na terra”.

Para Elisabeth, descobrir-se habitação divina deu um sentido novo à sua existência. Descobriu-se membro da “família de Deus” imersa e absorvida por esta verdade: “Deus em mim, e eu nele.”

“Todo o meu exercício consiste em entrar dentro de mim, e perder-me naqueles que aí estão.” (Carta 179)

“Vivamos com Deus como com um amigo. Tornemos nossa fé viva, para em tudo comungarmos com Ele. É isto que faz os santos. Trazemos o Céu em nós, pois Aquele que sacia os bem-aventurados na luz da visão, se dá a nós na fé e no mistério. É o mesmo. Parece-me ter encontrado o Céu na terra, pois o Céu é Deus e Deus está em minha alma. No dia em que compreendi isto, tudo se iluminou para mim, e quisera dizer este segredo, baixinho, àqueles que amo”. (Carta 122)

“Foi isto que fez de minha vida, eu vo-lo confio, um céu antecipado: crer que um Ser, chamado Amor, habita em nós, a todo instante do dia e da noite, e nos pede que vivamos em sociedade com Ele”. (Carta 330)

Reflexão...

“O Reino de Deus está dentro de vós.”  Lc 17,21

Para meditar:
Elevação à Santíssima Trindade
Ó meu Deus, Trindade que adoro, ajudai-me a esquecer-me inteiramente de mim mesma para fixar-me em Vós, imóvel e pacífica, como se minha alma já estivesse na eternidade. Que nada possa tirar a minha paz, nem me fazer sair de Vós, ó meu Imutável, mas que a cada instante eu me adentre mais na profundidade do Vosso Mistério.

Pacificai a minha alma, fazei dela o vosso céu, vossa morada preferida e lugar de vosso repouso. Que eu jamais Vos deixe Só, mas que aí esteja toda inteira, completamente desperta em minha fé, completamente entregue a Vossa Ação Criadora.

Ó meu Cristo Amado, Crucificado por amor, quisera ser uma esposa para Vosso Coração. Quisera cobrir-vos de glória, amar-vos ...até morrer de amor. Sinto, porém minha impotência, e peço revestir-me de Vós mesmo, identificar a minha alma com todos os movimentos da Vossa, substituir-me, invadir-me, subtrair-me para que minha vida seja uma irradiação da Vossa. Vinde a mim como Adorador, como Reparador e como Salvador.

Ó Verbo Eterno, Palavra de meu Deus, quisera passar minha vida a escutar-Vos; quisera ser de uma docilidade absoluta para tudo aprender de Vós. E depois de todas as noites, de todos os vazios, de todas as impotências, quero ter os olhos sempre fixos em Vós, e ficar sobre Vossa Grande Luz. Ó meu Astro Amado, fascinai-me, para que não me seja mais possível sair de Vossa Irradiação.

Ó Fogo Devorador, Espírito de Amor, “vinde a mim” para que se opere em mim como que uma Encarnação do Verbo; que eu seja para Ele uma humanidade de acréscimo onde Ele renove todo o Seu Mistério. E Vós, ó Pai, olhai para vossa pobre e pequena criatura, cobri-a com Vossa Sombra, vendo nela somente Vosso Bem-Amado, no qual pusestes todas as Vossas complacências.

Ó meu Três, meu Tudo, minha Beatitude, Solidão Infinita, Imensidade onde me perco, entrego-me a Vós como uma presa. Sepultai-Vos em mim para que eu me sepulte em Vós, até que possa contemplar em Vossa Luz, o abismo de Vossas grandezas.

21 de novembro de 1904

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Novena de Santa Elisabeth da Trindade - 8º dia

“Conformidade com Cristo” - Sofrimento/Redenção

Elisabeth, desde que escolheu por Cristo, fez suas todas as escolhas de Cristo, e querendo conformar-se totalmente à sua vida e participar de sua missão, desejou não só levar a sua cruz, mas também oferecer-se com Ele. Desejou “não só morrer pura como um anjo, mas transformada em Jesus Crucificado”.

Compreender o valor do sofrimento, em união com o de Cristo, é o que continua, no mundo, o mistério da Redenção, do sofrimento de Cristo para a Salvação das almas. É o ser uma “humanidade de acréscimo, onde Cristo pode renovar a cada dia o seu mistério”.

O sofrimento, por si só, não é nada. Mas revestido do amor de Deus, transforma-se em sacrifício, torna-se sagrado. É uma sinal de predileção da parte de nosso Deus. O verdadeiro amor a Deus se manifesta no oferecimento de si próprio, como vítima para a salvação do mundo. Deus não quer para nós sofrimentos inúteis.

Nos diz nosso Santo Padre, o Papa João Paulo II, em seu documento “Salvific Dloloris”:

“Cristo não explica abstratamente as razões do sofrimento; mas antes de mais nada, diz: Segue-me!. A medida que o homem toma a sua cruz, unindo-se espiritualmente à Cruz de Cristo, vai-se-lhe manifestando mais o sentido salvífico do sofrimento. É então que o homem encontra no seu sofrimento a paz interior e mesmo a alegria espiritual.”

Elisabeth ama a cruz, porquê encontra nela uma grande prova de amor do seu Amado Jesus, e a forma de se tornar “conforme o seu Cristo”.

“Confesso que sinto uma alegria íntima e profunda ao pensar que Deus me escolheu para associar-me à Paixão de seu Cristo, e este caminho do Calvário, que devo subir a cada dia, parece-me mais o caminho da bem-aventurança!”

“O sofrimento é coisa tão grande, tão divina! Parece-me que, se no Céu os bem-aventurados pudessem ambicionar alguma coisa, seria este tesouro”. (Carta 207)

“Jesus só dá sua Cruz para os verdadeiros amigos para aproximar-se cada vez mais deles.” (Carta 95)

“Deixemos-nos crucificar com nosso Dileto. É tão belo sofrer por Ele! Com esse sofrimento, cresce em nós a sua semelhança e assim, devolvemos a Ele um pouco de amor. Não há nada mais belo de que dar alguma coisa a quem se ama.” (Carta 41)

Reflexão...

“Alegro-me em completar em minha carne o que falta à Paixão de Cristo, pelo seu Corpo que é a Igreja.”  (Cl 1,24)

“Anseio pelo conhecimento de Cristo e do poder da sua Ressurreição, pela participação em seu sofrimentos, tornando-me semelhante a ele na morte”  (Fl 3,10)

Para meditar
- Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo
- Imitação de Cristo Livro II Caps. XI e XII
- Imitação de Cristo Livro IV Caps. VIII

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Novena de Santa Elisabeth da Trindade - 9º dia

“Laudem Gloriae” - Louvor de Glória

Foi em São Paulo que Elisabeth encontrou o que chamou de “sua vocação”, o “nome novo” que o Senhor prometeu aqueles que vencerem:

“Ao vencedor darei o maná escondido e lhe entregarei uma pedra branca, na qual está escrito um nome novo que ninguém conhece, senão aquele que o receber.” Ap 2, 17

Elisabeth tomou para si a expressão de São Paulo, e fez daí sua divisa, o seu programa de vida: buscar ser o louvor incessante, ininterrupto, da Trindade Santa: “Deus nos adquiriu para o louvor da sua glória” (Ef 1, 14)

Passa a denominar-se Laudem Gloriae. Sua vida é apenas deixar-se transformar no louvor da glória de Deus. É sua única preocupação. Esse é o carisma próprio de Elisabeth: Laudem Gloriae, introduzir as almas no íntimo de si mesmas, para saírem de si pelo amor e o louvor de glória (Doutrina Espiritual de Elisabeth da Trindade).

“Vivo no Céu da fé, no centro da minha alma, e procuro tornar o meu Mestre feliz, sendo desde esta vida o louvor da sua glória”. (Carta 274)

“A alma é um céu que louva a Deus”. Elisabeth nos deixa aí um programa de vida: silêncio, despojamento absoluto, amor à Trindade, devoção à vontade Divina, configuração com Cristo Crucificado.

“Penso que alegraríamos imensamente o Coração de Deus se, no céu da alma, nos exercitássemos nesse ofício dos bem-aventurados.” (Último Retiro 8)

Reflexão...

Retiro: O Céu na fé
“Nele, predestinados pelo propósito daquele que tudo opera segundo o conselho da sua vontade, fomos feitos sua herança, para sermos o louvor de sua glória”.

É São Paulo quem assim fala, São Paulo instruído pelo próprio Deus. Como realizar este grande sonho do coração de Deus, este seu desejo imutável sobre nossas almas? Enfim, como correspondermos à nossa vocação, e tornar-nos perfeitos Louvores de Glória da Santíssima Trindade?

No céu, cada alma é um louvor de glória ao Pai, ao Verbo, ao Espírito Santo, porque cada alma está fixada no puro amor e “não vive mais da própria vida, mas sim da vida de Deus”. “Então ela o conhece, diz São Paulo, como é por ele conhecida”. Em outros termos: “seu entendimento é o entendimento de Deus, sua vontade a vontade de Deus, seu amor o próprio Amor de Deus. É na realidade o Espírito de amor e de força que transforma a alma, porque ele, tendo-lhe sido dado para suprir o que lhe falta – como diz ainda São Paulo –, opera nela esta grandiosa transformação”. São João da Cruz afirma que falta pouco para que a alma, entregue ao amor, não se eleve, pela virtude dom Espírito Santo, e ainda nesta vida, ao grau de que acabamos de falar! Eis o que eu chamo um perfeito louvor de glória!

- Um louvor de glória é uma alma que permanece em Deus, que o  ama com amor puro e desinteressado sem procurar consolações; que o ama acima de todos os seus dons, e o amaria mesmo se nada dele tivesse recebido, e que deseja o bem ao Objeto amado. Ora, como desejar e querer efetivamente algum bem a Deus, senão pelo cumprimento de sua vontade, visto como essa vontade tudo ordena para sua maior glória? Por conseguinte, esta alma deve entregar-se a ele plena e apaixonadamente, até não poder querer outra coisa senão o que Deus quer.

- Um louvor de glória é uma alma de silêncio que se mantém como uma lira sob o toque misterioso do Espírito Santo, que nela tange harmonias divinas. Sabe que o sofrimento é uma corda que produz sons ainda mais belos, e por isso gosta de vê-la no seu instrumento, porque assim agradará mais deliciosamente o Coração de Deus.

- Um louvor de glória é uma alma que fita Deus na fé e simplicidade; é um refletor de tudo o que ele é. É   como   um  abismo  insondável  onde ele pode derramar-se, expandir-se. É ainda como um cristal onde ele pode refletir-se e contemplar as próprias perfeições e esplendor. Uma alma que permite assim o Ser Divino satisfazer nela a necessidade de comunicar tudo o que ele é e tudo o que tem, é realmente o louvor de glória de todos os seus dons.

- Enfim, um louvor de glória é um ser sempre em ação de graças. Cada um de seus atos, movimentos e pensamentos, cada uma de suas aspirações, ao mesmo tempo em que enraízam mais profundamente no amor, são como um eco do Sanctus Eterno.

- No céu da glória, os bem-aventurados proclamam, “dia e noite sem parar: Santo, Santo, Santo, Senhor Deus Todo-Poderoso... E prostrando-se, adoram aquele que vive pelos séculos dos séculos...”

No céu de sua alma, o louvor de glória começa já o seu ofício de eternidade. Seu cântico é ininterrupto porque está sob a ação do Espírito Santo, que opera tudo nela. E mesmo sem ter sempre consciência disto – porque a fraqueza humana não lhe permite fixar-se em Deus sem distrações –, ela canta sempre, adora constantemente e transforma-se, por assim dizer, em louvor, em amor apaixonado pela glória da Santíssima Trindade, louvores de amor de nossa Mãe Imaculada. Um dia o véu cairá e seremos introduzidos nos átrios eternos, onde cantaremos no seio do Amor Infinito, e Deus nos dará o “nome novo prometido ao vencedor”. Qual será ele?... Laudem gloriae

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Santa Elisabeth da Trindade - Conclusão

Oração

Senhor, enraizai em nossos corações a busca constante de uma vida de intimidade com a Trindade Santa, e a nos configurarmos a ela, sendo desde esta vida “louvores de glória”, irradiando e vivendo o “céu na terra”. Por Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo. Amém.

Oferecimento:
“Meu Jesus, eu vos darei amor por Amor, sacrifício por sacrifício. Vós vos imolastes por mim, e eu, por minha vez, ofereço-me a Ti como vítima. Eu Vos consagro a minha vida: quero consolar-Vos e, para isso, com a Vossa graça, sem a qual nada posso, estou pronta a tudo. Ó meu Jesus, eu te amo tanto, queria tanto fazer um pouco de bem... Ó Deus Todo-poderoso. Ofereço-me como vítima pelos pecados do mundo. Ofereço-me com Jesus, meu Esposo. Jesus, Holocausto supremo. Aceitai esta pobre vítima.” (Diário 30/03/1899)

“O Amor, esquecendo a sua própria dignidade, está sequioso de elevar e engrandecer o ente amado. Só tem uma medida, diz Santo Agostinho, é o de ser sem medida. Peço a Deus que vos cumule com essa medida, segundo as riquezas de Sua glória. Que o peso de seu Amor nos arraste a esta perda bem-aventurada a que se refere o Apóstolo, quando exclamava: ‘Não sou eu mais quem vive, é Cristo quem vive em mim! ’ Peço-Lhe que o realize plenamente em nós. Sejamos-lhe uma humanidade de acréscimo, na qual possa renovar o seu mistério. Pedi-Lhe que permanecesse em mim como Adorador, como Reparador e como Salvador; não pode imaginar que paz invade a minha alma, de pensar que Ele supre todas as minhas fraquezas, e que se caio a todo instante, Ele aí está para me levantar e levar-me longe, n´Ele, no fundo dessa essência Divina, onde já habitamos pela graça, e onde quisera sepultar-me em tal profundidade que coisa alguma me pudesse fazer sair daí. É aí que me calo para adorar Aquele que me amou tão divinamente. ” (Carta 214)
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Santa Elisabeth da Trindade - Ladainha

Senhor, tende piedade de nós
Jesus Cristo, tende piedade de nós,
Senhor, tende piedade de nós
Jesus Cristo, ouvi-nos,
Jesus Cristo, atendei-nos,
Deus, Pai dos Céus, tende piedade de nós
Deus Filho, Redentor do Mundo, ...
Deus Espírito Santo, ...
Santíssima Trindade que sois um só Deus, ...

Santa Maria, Tabernáculo da Trindade, rogai por nós;
Santa Maria, arca da aliança, ...

Santa Elisabeth, louvor de glória, ...
Santa Elisabeth, casa de Deus, ...
Santa Elisabeth, morada santa da Trindade, ...
Santa Elisabeth, escutadora da Palavra de Deus, ...
Santa Elisabeth, praticante da Palavra de Deus, ...
Santa Elisabeth, esposa crucificada de Cristo Crucificado, ...
Santa Elisabeth, mestra do silêncio, ...
Santa Elisabeth, alma de perfeito silêncio, ...
Santa Elisabeth, mestra da oração, ...
Santa Elisabeth, amante do Carmelo, ...
Santa Elisabeth, adoradora de Deus em Espírito e verdade, ...
Santa Elisabeth, modelo de amizade santa, ...
Santa Elisabeth, protetora de quem busca a intimidade com Deus, ...
Santa Elisabeth, protetora dos doentes terminais, ...
Santa Elisabeth, protetora das vocações sacerdotais, ...
Santa Elisabeth, alma apaixonada por Maria, ...
Santa Elisabeth, harpa mística de Deus, ...
Cordeiro de Deus, que tirais os pecados do mundo, perdoai-nos Senhor;
Cordeiro de Deus, que tirais os pecados do mundo, ouvi-nos Senhor;
Cordeiro de Deus, que tirais os pecados do mundo, tende piedade de nós.
Rogai por nós, Santa Mãe de Deus, para que sejamos dignos das promessas de Cristo.

Oremos

Senhor, nosso Deus e Pai, nós te louvamos e bendizemos porque suscitastes na tua Igreja e no Carmelo a Santa Elisabeth da Trindade, para que nos ajudasse a descobrir-nos cada vez mais habitação eterna do Amor Trinitário. Senhor, que toda alma que sofre de solidão, depressão e tristeza possa buscar em Elisabeth um modelo de comunhão e de intimidade com o mistério Trinitário. Saber-nos amados, habitados pela Trindade Santa, é motivo para sermos desde já sempre felizes e o céu, o paraíso sem fim. Que Maria, habitação da Trindade e Porta do Céu nos abençoe. É o que te pedimos, por Cristo, Vosso Filho e nosso Senhor, na unidade do Espírito Santo. Amém.

Um comentário:

  1. Adorei a Novena, especialmente pela profundade das palavras de quem realmente conhece a vida e a obra de Santa Elizabete da Trindade.

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