domingo, 3 de fevereiro de 2013

Se não tiver amor, eu nada serei


“Se eu tivesse o dom da profecia, se conhecesse todos os mistérios e toda a ciência, se tivesse toda a fé, a ponto de transportar montanhas, mas se não tivesse amor, eu não seria nada.” (ICor 12,2) Quem de nós não se rende à ungidíssima 1ª Carta de São Paulo aos Coríntios quando nos fala da excelência do amor no capítulo 12,31-13,13? Ou ainda, quem não se verá necessitado desta reflexão para rever a sua vida? Meditando nesta caridade que é o próprio amor, deixemo-nos renovar por trechos que nos farão perceber o quanto estamos enfermos e necessitados da saúde espiritual. Saúde que se alcança na prática diária do relacionamento amoroso com Deus, conosco mesmos e com o próximo.
             A Igreja nos ensina que a caridade é a virtude sobrenatural que nos faz amar a Deus acima de todas as coisas e ao próximo como a nós mesmos, pelo amor de Deus. A caridade tem em Deus seu objetivo e seu fim principal. Por causa desse amor a Deus, leva-nos a amar o próximo como a nós mesmos. Assim, aí, encontra-se uma ordem no amor: Deus, acima de tudo, em primeiro lugar; depois, nós mesmos e, em seguida, o próximo. Sim, antes de nos perguntar pelo que fizemos dos outros ou com os outros, Deus nos perguntará pelo que fizemos dos dons que Ele nos deu, o que fizemos de nós mesmos.
            Sendo assim, é importante pensarmos que nada poderá prescindir ao amor. Vivemos um momento muito sério de volatilidade dos relacionamentos. A constância e a estabilidade já não existe mais em muitos setores da vida humana. As substituições estão sendo “a constância” não dos objetos tecnológicos, mas também dos valores imprescindíveis e inalienáveis à vida humana, como o amor e a amizade. Com isso, o material está substituindo o imaterial. O descartável está tomando lugar do permanente.  
            Com propriedade podemos dizer que por mais interessante que sejam as mídias internáuticas e os variados acessos tecnológicos, nada poderá se comparar aos profundos acessos dos corações que apreendem o amor. Digo isto porque, em função dos relacionamentos virtuais as pessoas estão esquecendo-se de acessar as ondas curtas, médias e longas que o coração sinaliza há todos os instantes, e por isso, acabam tomando uma “overdose” tecnológica. Conclusão: Na sobredose, dose excessiva ou overdose tecnológica, as pessoas se expoem às grandes doses de uma substância pouco humana, e acabam ficando intoxicadas. No princípio, havendo ou não sinais e sintomas clínicos que debilitam o organismo, aos poucos provocando a falência de órgãos vitais como o coração – por falta de amor – acaba esfriando, podendo levar à morte relacionamentos fraternais, conjugais e familiares.
             Portanto, num apelo divino e humano, é hora de pararmos para renovarmos e buscarmos a cura de que talvez estejamos necessitanto, meditando o complemento deste trecho bíblico, e então, poderemos perceber que o ‘não seria nada’, agora já poderá ser tudo, a partir da ‘excelência do amor’: “Aspirai aos dons mais elevados. Eu vou ainda mostrar-vos um caminho incomparavelmente superior. Se eu falasse todas as línguas, as dos homens e as dos anjos, mas não tivesse caridade, eu seria como um bronze que soa ou um címbalo que retine. Se eu gastasse todos os meus bens para sustento dos pobres, se entregasse o meu corpo às chamas, mas não tivesse caridade, isso de nada me serviria.A caridade é paciente, é benigna; não é invejosa, não é vaidosa, não se ensoberbece; não faz nada de inconveniente, não é interesseira, não se encoleriza, não guarda rancor; não se alegra com a iniquidade, mas se regozija com a verdade. Suporta tudo, crê tudo, espera tudo, desculpa tudo. A caridade não acabará nunca. As profecias desaparecerão, as línguas cessarão, a ciência desaparecerá. Com efeito, o nosso conhecimento é limitado e a nossa profecia é imperfeita. Mas, quando vier o que é perfeito, desaparecerá o que é imperfeito. Quando eu era criança, falava como criança, pensava como criança, raciocinava como criança. Quando me tornei adulto, rejeitei o que era próprio de criança. Agora nós vemos num espelho, confusamente, mas, então, veremos face a face. Agora conheço apenas de modo imperfeito, mas, então, conhecerei como sou conhecido. Atualmente, permanecem estas três coisas: fé, esperança, caridade. Mas a maior delas é a caridade.”
               Creiamos então que, Se não tiver amor, eu nada serei ...
 Estela Márcia





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