Dando continuidade ao nosso estudo, refletiremos sobre o
tríplice ministério do Bispo frente a Igreja Particular – a Diocese. Para esse
tríplice ministério é importante reconhecermos o Episcopado como Sacramento – Sinal
de Deus, ou seja, presença real do Senhor Jesus Cristo, ‘pontífice máximo’,
sinal de Deus no meio do seu povo, homem cheio do Espírito Santo e Pastor
escolhido para reger as ovelhas rumo à eternidade. Vejamos a seguir trechos do
documento:
O Episcopado como Sacramento
21.
Na pessoa dos Bispos, assistidos pelos presbíteros, está presente no meio dos
fiéis o Senhor Jesus Cristo, pontífice máximo. Sentado à direita de Deus Pai,
não deixa de estar presente ao corpo dos seus pontífices, mas, antes de mais,
por meio do seu exímio ministério, prega a todas as gentes a palavra de Deus,
administra continuamente aos crentes os sacramentos da fé, incorpora por
celeste regeneração e graças à sua ação paternal (1Cor 4,15) novos membros ao
Seu corpo e, finalmente, com sabedoria e prudência, dirige e orienta o Povo do
Novo Testamento na peregrinação para a eterna felicidade. Estes pastores,
escolhidos para apascentar o rebanho do Senhor, são ministros de Cristo e
dispensadores dos mistérios de Deus (1Cor 4,1); a eles foi confiado o
testemunho do Evangelho da graça de Deus (Rm 15,16; At 20,24) e a administração
do Espírito e da justiça em glória (2Cor 3, 8-9). (...)
O tríplice ministério dos Bispos
24.
Os Bispos, com sucessores dos Apóstolos, recebem do Senhor, a quem foi dado
todo o poder no céu e na terra, a missão de ensinar todos os povos e de pregar
o Evangelho a toda criatura, para que todos os homens se salvem pela fé, pelo
Batismo e pelo cumprimento dos mandamentos (Mt 28,18; Mc 16,15-16; At 26,17ss).
Para realizar esta missão, Cristo Nosso Senhor prometeu o Espírito Santo aos
Apóstolos e enviou-o do céu no dia de Pentecostes, para, com o Seu poder, serem
testemunhas perante as nações, os povos e os reis, até aos confins da terra (At
1,8.2,1ss.9,15). Este encargo que o Senhor confiou aos pastores do Seu povo é
um verdadeiro serviço, significativamente chamado «diaconia» ou ministério na
Sagrada Escritura (At 1,17-25.21-19; Rm 11,13; 1Tm 1,12).
O ministério episcopal de ensinar
25.
Entre os principais encargos dos Bispos ocupa lugar preeminente a pregação do
Evangelho. Os Bispos são os arautos da fé que para Deus conduzem novos
discípulos. Dotados da autoridade de Cristo, são doutores autênticos, que
pregam ao povo a eles confiado a fé que se deve crer e aplicar na vida prática;
ilustrando-a sob a luz do Espírito Santo e tirando do tesouro da revelação
coisas novas e antigas (Mt 13,52), fazem-no frutificar e solicitamente afastam
os erros que ameaçam o seu rebanho (2Tm 4, 1-4). Ensinando em comunhão com o
Romano Pontífice, devem por todos ser venerados como testemunhas da verdade
divina e católica. E os fiéis devem conformar-se ao parecer que o seu Bispo
emite em nome de Cristo sobre matéria de fé ou costumes, aderindo a ele com religioso
acatamento. Esta religiosa submissão da vontade e do entendimento é por
especial razão devida ao magistério autêntico do Romano Pontífice, mesmo quando
não fala ex cathedra; de maneira que o seu supremo magistério seja
reverentemente reconhecido, se preste sincera adesão aos ensinamentos que dele
emanam, segundo o seu sentir e vontade; estes manifestam-se sobretudo quer pela
índole dos documentos, quer pelas frequentes repetições da mesma doutrina, quer
pelo modo de falar (...).
O ministério episcopal de santificar
26.
Revestido da plenitude do sacramento da Ordem, o Bispo é o «administrador da
graça do supremo sacerdócio», principalmente na Eucaristia, que ele mesmo
oferece ou providencia para que seja oferecida, e pela qual vive e cresce a
Igreja. Esta Igreja de Cristo está verdadeiramente presente em todas as
legítimas comunidades locais de fiéis, as quais aderindo aos seus pastores, são
elas mesmas chamadas igrejas no Novo Testamento. Pois elas são, no local em que
se encontram, o novo Povo chamado por Deus, no Espírito Santo e com plena
segurança (1Ts 1, 5). Nelas se congregam os fiéis pela pregação do Evangelho de
Cristo e se celebra o mistério da Ceia do Senhor «para que o corpo da inteira
fraternidade seja unido por meio da carne e sangue do Senhor»(...) Toda a
legítima celebração da Eucaristia é dirigida pelo Bispo, a quem foi confiado o
encargo de oferecer à divina Majestade o culto da religião cristã, e de o
regular segundo os preceitos do Senhor e as leis da Igreja, ulteriormente
determinadas para a própria diocese, segundo o seu parecer. Deste modo, os
Bispos, orando e trabalhando pelo povo, espalham multiforme e abundantemente
«plenitude da santidade de Cristo. Pelo ministério da palavra, comunicam a
força de Deus, para salvação dos que crêem (cfr. Rom. 1,16) e, por meio dos
sacramentos, cuja distribuição regular e frutuosa ordenam com a sua autoridade,
santificam os fiéis. São eles que
regulam a administração do Batismo, pelo qual é concedida a participação no
sacerdócio real de Cristo. São eles os ministros originários da Confirmação,
dispensadores das sagradas ordens e reguladores da disciplina penitencial, e
com solicitude exortam e instruem o seu povo para que participe com fé e
reverência na Liturgia, principalmente no santo sacrifício da missa.
Finalmente, devem ajudar com o próprio exemplo aqueles que governam,
purificando os próprios costumes de todo o mal e tornando-os bons, quanto lhes
for possível com o auxílio do Senhor, para que alcancem, com o povo que lhes é
confiado, a vida eterna .
O ministério episcopal de reger
27.
Os Bispos governam as igrejas
particulares que lhes foram confiadas como vigários e legados de Cristo, por meio de conselhos, persuasões,
exemplos, mas também com autoridade e poder sagrado, que exercem unicamente
para edificar o próprio rebanho na verdade e na santidade, lembrados de que
aquele que é maior se deve fazer como o menor, e o que preside como aquele que
serve (Lc 22,26-27). Este poder que exercem pessoalmente em nome de Cristo,
é próprio, ordinário e imediato, embora o seu exercício seja superiormente
regulado pela suprema autoridade da Igreja e possa ser circunscrito dentro de
certos limites para utilidade da Igreja ou dos fiéis. Por virtude deste poder,
têm os Bispos o sagrado direito e o dever, perante o Senhor, de promulgar leis
para os seus súbditos, de julgar e de orientar todas as coisas que pertencem à
ordenação do culto e do apostolado.
A
eles é confiado em plenitude o encargo pastoral, isto é, o cuidado quotidiano e
habitual das próprias ovelhas; nem devem ser tidos por vigários dos Romanos
Pontífices, uma vez que exercem uma autoridade própria e com toda a verdade são
chamados antístites (95) dos povos que governam. O seu poder não é, pois,
diminuído pela autoridade suprema e universal, mas antes, pelo contrário, é por
ela assegurado, fortificado e defendido, dado que o Espírito Santo conserva
indefectivelmente a forma de governo estabelecida por Cristo Nosso Senhor na
Igreja.
Deus abençoe o nosso Pastor Dom
Gregório! Nossa Senhora o conduza sempre!
Estela
Márcia